Ele passou conosco por corredores quase desertos, e dizia para os outros guardas que o “chefe” havia pedido para que ele nos levasse para um lugar mais reservado, porque seria uma coisa pessoal e ele queria privacidade, para acabar com nós duas. Todos acreditaram e conseguimos chegar até a garagem, onde Caleb e o motorista estavam. Não havia tempo para explicar, mas eles concordaram em nos ajudar, então entramos em um jipe parecido com o que eu havia pegado carona para vir para o Mossad, mas era menor.

– Pessoal, tenho que tirar isso agora. Sinto muito. Vejo vocês em breve, certo?

– Certo – todos disseram, menos Ducky, que por algum motivo não foi junto com a Abby para o MTAC, e preferiu ficar no laboratório.

– Ela mudou – Gibbs disse, depois de eu ter tirado a escuta – não se despediu desta vez, ela está confiante.

– Qualquer pessoa com uma arma ganha mais confiança, certo? – Tony disse, e Mcgee riu.

Quando eu tirei as escutas, tive que tirar a câmera também, e isso doeu. Afinal, foi um presente de Caitlin. Assim que pensei em jogar as escutas no chão, Caleb segurou minha mão e as pegou, e então as jogou bem longe, no meio da floresta, e depois pegou o colar da minha outra mão, e guardou no bolso.

– Isso vai despista-los por um tempo, e eu posso guardar isso pra você. É muito bonito pra se jogar fora.

– Obrigada – eu disse.

Então um dos celulares tocou, era o do motorista. Hassam o pegou e começaram a falar em hebraico novamente, e aquilo já estava me irritando. Porque eles não podiam usar um bom e velho inglês de vez em quando? Quando ele desligou o celular, seu olhar não estava mais tranquilo como antes, estava nervoso, quase aflito.

– Eles sabem.

– Sabem? E agora? – Ziva disse, olhando para mim.

– Vocês tem que voltar, ou eles vão desconfiar que vocês sabem do nosso paradeiro – eu disse – Eu e Ziva continuamos daqui, vocês tem que ir embora agora. Já!

– Mas Jess, eu não estou conseguindo andar, então eu volto com eles, eles perdem um tempo me torturando pra descobrir seu paradeiro, e então você foge – Ziva disse, quando eles pararam o jipe.

– Sem chance – eu a peguei, e ela colocou um braço sobre meu ombro, e o outro segurava a faca – eu não sei onde fica a casa, eles iriam me encontrar e me matar. Você me leva até a casa, e eu te levo. Certo?

– Não temos muito tempo – o motorista disse – você fica?

– Ela fica – eu disse, virando de costas para o jipe, e depois virei o rosto para agradecer. Eles realmente nos ajudaram muito.

– De nada – Caleb disse, e sorriu.

Ziva disse que a casa parecia ser perto, mas estávamos demorando muito. Na verdade, eu havia apanhado bastante, mas nem se compara ao tanto que ela apanhou. Mal conseguia andar, e eu estava cansada também, e com o peso dela, estávamos indo cada vez pior. Ziva não parava de pedir para que eu a deixasse e fosse sozinha, mas eu negava sempre. E a floresta realmente não estava ajudando. Pedras, terra, arvores, troncos caídos no meio do chão. Até que me lembrou um pouco do Brasil, todo aquele verde em volta de nós. Então chegou um momento que tivemos que parar, eu não estava aguentando e ela muito menos. Paramos por cinco minutos, e ouvimos bem longe uma voz, gritando:

– Eu sei que vocês estão por aqui.

Então veio o desespero, afinal, tínhamos que andar mais rápido, mas isso só nos deixava nervosa, e Ziva até caiu em uma tentativa de correr. Então, ela virou e me pediu mais uma vez que a deixasse, mas antes que eu pudesse negar, ela continou:

– Me deixe por um minuto, a casa é nesta reta, só ir reto e virar depois de uma pedra enorme. Vá até lá, e ligue para Gibbs, então vocês voltam pra me buscar.

A voz se aproximava.

– Não posso te deixar aqui, eles podem te pegar!

– É o único jeito, você não vai aguentar me levar até lá sozinha. Anda, corre até lá e liga pra eles, depois vem me buscar, eu vou estar aqui – ela se levantou e entrou em um tipo de clareira, meio afastada do resto da floresta, e havia muitas pedras e arvores ali – escondida. Vai lá e boa sorte.

– Ok – eu disse, e então corri como nunca corri na vida. Eu ouvi a voz se aproximando, e ela estava tão perto que eu quase voltei para ver como Ziva estava. Mas não podia, então pedi a Kate e Jenny que olhassem por ela, enquanto eu tentava chegar a o que parecia a única salvação.

Eu estava correndo, até que vi a pedra que Ziva tinha mencionado. Era realmente enorme, e a casa estava logo em seguida. Eu entrei e sem pensar peguei o telefone.

– Gibbs?

– Jess, fique com o telefone ligado, Mcgee esta rastreando. Muito bem, você conseguiu.

– Gibbs, Ziva me fez deixa-la no meio do caminho, vocês tem que vir logo, por favor – eu disse, choramingando.

– Está tudo bem, esta acabado, você conseguiu. Agora vai ficar tudo bem, só fique nessa casa, cabana, sei lá o que é isso. Fique aí, vai dar tudo certo.

– Ok, estou conseguindo imagem via satélite. – Abby disse para Gibbs.

– Pegamos Abs, é um pouco longe, teremos que correr – Tony disse, e eu ouvi o carro arrancando e ri.

– Graças a Deus, está tudo bem – ela disse, e logo depois soltou uma exclamação de terror.

– O que foi Abby? – Gibbs perguntou, e eu perguntei “O que foi Gibbs” logo em seguida.

– Meu Deus, Jess tem que sair de lá agora Gibbs! Rápido!

– O que houve? – Gibbs perguntou, e logo depois ouvi a mesma exclamação em Mcgee.

– Jess – Agora era Mcgee que falava – tem algum lugar onde você possa se esconder?

– Por quê? – eu perguntei, meio alto.

– Fale baixo. Tem ou não?

– Tem uma escada aqui, que leva a um tipo de porão.

– Desça ela, e fique lá escondida. Rápido.

– O que esta acontecendo?

– Ainda não acabou – Mcgee disse, e eu, sem ter muita escolha, corri escada a baixo.