O Estranho no Sótão escrita por Karina Ferreira


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Cap dedicado a Zuukitta que recomendou a fic *.*

Não deixem de ler as notas finais



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195227/chapter/18

Edward subiu ao palco e imediatamente todos os músicos que já estavam ali sentados em suas posições com seus instrumentos em mãos pararam suas conversas baixas para olhar o rapaz. O estranho encolheu-se incomodado com a atenção e caminhou a passos lentos até o piano de cauda lustroso posicionado na ponta do palco separado do restante da orquestra em local de destaque

Conforme passava os demais músicos cochichavam entre eles e alguns até retorciam os narizes incomodados com a presença do outro. Sentou-se de frente para o instrumento olhando fixamente as teclas brancas e pretas, sentia um frio na barriga em expectativa

Viu o momento em que o senhor Stanley posicionou-se sorrindo de maneira encorajadora para ele e então as cortinas foram abertas, olhou instintivamente para a plateia em busca de sua pentelha mas a escuridão não permitia que enxergasse nitidamente os rostos ali que aplaudiam empolgados

O professor fez movimento com a mão para que ele começasse o logo as notas soavam por todo o ambiente tímidas e sozinhas, Edward levantou os olhos para o ancião em confusão vendo o senhor com uma mão instruir os demais músicos a permanecerem em silêncio e com a outra incentivar o jovem a prosseguir

Ainda confuso Edward fez o que o maestro instruía, concentrando-se nas notas que ensaiara com muito afinco, sentia cada nota fundir-se a ele, completando-o, enchendo-o de satisfação e alegria a ponto de esquecer-se que estava em cima de um palco sendo avaliado por inúmeras pessoas, imaginava unicamente Isabella sentada ali o olhando com um sorriso no rosto

Logo os violinos entraram na equação acompanhando cada nota do piano, encorpando a música, trazendo um tempero novo a melodia sem que as notas do piano fossem abafadas, e o estranho gostou do que escutou. Um a um, os demais instrumentos foram sendo introduzidos tornando a música uma bela sinfonia

Edward sorria deliciado com o que escutava, e extremamente feliz por fazer parte daquele momento, os olhos a todo instante buscando as instruções do maestro que parecia prestar atenção unicamente nele.

Logo os demais instrumentos pararam novamente fazendo o estranho procurar por orientação, o professor sorria para ele claramente o desafiando, e então com um único movimento, mandou que fizesse um solo livre. Edward o olhou espantado, mas então sorriu abertamente correndo os dedos pelas teclas acrescentando um novo tom, tornando a melodia rápida e precisa

Na plateia, todos estavam em silêncio olhando embasbacados o palco onde o pianista da noite explorava algo totalmente novo para o mundo da música clássica, dando um ar jovial ao som ao mesmo tempo, agradando todas as idades que o assistiam

O loiro sentado estrategicamente na última fileira para não ser visto sorriu inclinando-se para a frente enquanto segurava-se na cadeira para reprimir o desejo de colocar-se de pé e iniciar uma salva de palmas em homenagem ao filho brilhante que tinha

Stanley gargalhou eufórico pela ousadia de seu pupilo fazendo um gesto para que o garoto voltasse a melodia original e fora prontamente atendido, sem perder o ritmo, Edward abaixou gradativamente o tom e assim que alcançou as notas iniciais o senhor liberou o restante da orquestra a acompanhar o pianista. A plateia explodiu em aplausos, um a um colocando-se de pé mesmo todos tendo consciência de que não havia chegado ao fim ainda

...

— Entra! – gritou a mulher de maneira ensandecida apontando a arma para a adolescente que a olhava apavorada com as mãos erguidas na altura da cabeça

— As coisas não precisam serem assim, pensa bem no que você está...

— Calada! Eu não quero escutar a sua voz! – gritou segurando a arma apontada para a outra enquanto tateava a parede em busca de um interruptor, uma única lâmpada foi acesa de forma fraca e ociosa, mas deveria agradecer pelo lugar ainda ter energia elétrica – A culpa é toda sua! – gritava de olhos arregalados para a menina – Você se colocou no meu caminho, você tirou tudo o que eu tinha! – puxou a ultima palavra prolongando o grito e Isabella se encolheu sentindo o coração bater tão forte que imaginou que o órgão lhe saltaria fora do peito a qualquer momento

...

Edward correu eufórico para fora dos bastidores olhando por sobre a cabeça das pessoas a procura de seus irmãos e amigos, assim que os avistou parados em uma roda próximo a saída do auditório abriu ainda mais o sorriso. Queria abraçar um a um tamanha a felicidade que sentia naquele momento mas o sorriso morrera no exato momento em que os olhos de Jasper o encontraram e percebeu que o loiro prendera a respiração ao vê-lo

— Onde está Isabella? – praticamente gritou ao ver todos o olhando apreensivos e não encontrar os olhos chocolate junto aos demais. Queria acreditar que a pentelha não tinha ido vê-lo e estava em casa, mas uma ponta de desespero que gritava dentro dele lhe dizia que não era isso o que estava acontecendo

— Em casa!

— Presa no transito – os gêmeos falaram ao mesmo tempo e então se encararam um repreendendo o outro

As pernas de Edward fraquejaram e ele permitiu deixar-se cair a poltrona aveludada fitando o vazio enquanto o medo o preenchia

— Hei ela está bem, você vai ver, tem uma explicação bem logica para a falta dela – confortou Emmett sentando-se ao lado do irmão, mas no fundo duvidava das próprias palavras. Já tinha ligado em casa e Angela tinha garantido que a adolescente saíra pronta para o concerto.

Edward retirou o celular do bolso já discando o numero que sabia de cor, todos o olharam sem grandes expectativas já que um a um já tinham ligado para a adolescente escutando o aparelho tocar até cair na caixa postal

— Coloca no viva-vos – pediu Rosalie sentando do outro lado do estranho olhando o aparelho que brilhava enquanto a ligação era completada. No quarto toque o coração de Edward já estava pequeno de tão esmagado no peito que se encontrava

— Edward querido! – o estranho fechou os olhos implorando que fosse um sonho ruim e que ele acordasse logo – estávamos aguardando a sua ligação – continuou a voz feminina em tom de deboche, nenhuma das pessoas paradas aquela roda encontravam-se surpresas, todos já tinham levantado aquela hipótese, só não queriam acreditar que fosse verdade

— Se você a machucar eu vou mata-la! – rosnou – muito lentamente! – completou entredentes olhando em fúria o aparelho que tremia em suas mãos nervosas

— Isso soou tão sexy – falou a outra em risadas maliciosas – você deveria ter aberto a porta querido, teria evitado tantos aborrecimentos a nós dois – soou forçadamente melancólica – Mas estou te dando uma nova oportunidade, venha me encontrar, vamos ser felizes juntos – Ashley acenou em negativa para o estranho

— Eu vou! Irei onde você quiser, mas solte ela

— Mas ela ficou entre nós amor, ela tentou te roubar de mim – continuou com o tom triste – mas vamos fazer assim, você vem e aqui decidimos juntos o que fazer com ela – voltou a soar animada

— Pergunte de Bella, peça garantias de que ela está bem – cochichou o senhor Halle no ouvido do estranho

— Como vou saber que ela realmente está com você?

— Não confia em mim? – perguntou ofendida – Mas está bem, se é provas que você quer... Isabella, nosso namorado quer falar com você

— Edward ela está... – Bella gritou no telefone mas logo a voz foi afastada para longe misturando-se a gritos indecifráveis de Victória

— Eu vou te matar! – gritou o estranho enquanto os gritos das duas mulheres ainda eram escutados através do telefone – Vou te matar está me ouvindo Victoria? Vai pagar por tudo o que fez!

— Você tem meia hora para chegar aqui – voltou a falar – traga seu cartão e senha ou a linda Isabella não sairá tão linda dessa

— Onde vocês estão? – a outra riu debochada

— Pergunta pra sua mãe! – encerrou a ligação e todos se olharam. Atrás da porta, Carlisle que observava e escutava toda a movimentação pensou por dois segundos na fala final da mulher e então saiu correndo dali em direção ao estacionamento.

— O que ela quis dizer com isso? – perguntou Ashley

— Ela está no cemitério? – colocou Jasper em voz baixa com medo de que o estranho se ofendesse

— No sótão! É lá que está o quadro da mãe do Edward – falou Rosalie de maneira intuitiva

— Ela não está no sótão – murmurou Emmett puxando os cabelos para trás

— Você sabe o que ela quis dizer com isso? – perguntou o senhor Halle olhando o rapaz que assentiu – Onde ela está então?

— Na escola – responderam Alice, Emmett e Edward ao mesmo tempo e Edward levantou-se pronto para ir atrás de sua pentelha mas Rosalie e Emmett o seguraram no lugar

— Você não vai a lugar algum – declarou autoritária Rosalie

— Ela vai matar a Bella! – gritou em desespero

— Vai matar os dois se você for! – impôs a loira – vamos chamar a polícia! É a única chance de todos saírem bem

— Rosalie está certa – declarou Ashley enquanto o marido já discava o numero no celular e se afastava

— Desculpe interromper – todos olharam para o senhor Stanley que aproximava-se com um sorriso de satisfação no rosto, ao seu lado um homem de meia idade o acompanhava – Edward este é Billy Black e ele gostou muito da sua participação essa noite

— Eu sou produtor musical e gostaria de lhe oferecer uma parceria – começou o homem estendendo a mão ao estranho, Edward olhou embasbacado o mão estirada do homem sem retribuir ao cumprimento

— Muito prazer, Rosalie Halle – respondeu Rose apertando a mão do homem – Infelizmente estamos no meio de uma situação familiar aqui então não é uma boa hora – respondeu a adolescente loira sabendo que por mais difícil que fosse o momento era uma grande oportunidade para o amigo

— Não Rose – falou Edward olhando a amiga – o momento não poderia ser melhor - levantou-se estendendo a mão ao homem e logo Rosalie já estava de pé também segurando discretamente o ombro do amigo – Como Rosalie disse, estamos no meio de uma situação, mas tenho certeza que minha família pode resolver tudo enquanto conversamos em um lugar mais reservado

— Eu não acho uma boa ideia Edward – sorriu Rosalie olhando o amigo em aflição

— É uma ótima ideia Rose, como você disse, não há nada que eu poça fazer e essa é uma grande oportunidade, vamos? – perguntou ao homem que assentiu sorrindo. Todos olhavam a sena preocupados, mas nenhum deles ousou falar nada com medo de causar uma má impressão ao homem

— Eu vou com vocês! – impôs Rosalie já enlaçando o braço do tal Billy enquanto se afastavam

— Então Edward, Stanley me falou muito bem de você – começou o homem de maneira simpática – mas devo confessar que tudo o que escutei não faz jus ao tamanho do talento que vi essa noite. Você me impressionou lá em cima – o estranho mal escutava o que o homem dizia, assim que estava longe o suficiente de todos os que queriam segurá-lo no lugar correu em direção a saída

— Edward! – Rosalie gritou dando dois passos a frente – Edward! – gritou mais alto olhando as costas do amigo que corria, não correu, sabia que não o alcançaria nem mesmo se não estivesse de salto – Não morra seu desgraçado! – gritou uma última vez e então virou-se enfurecida olhando o produtor que estava paralisado no lugar olhando incrédulo a cena – me desculpe por isso está legal? – falou de maneira rude – nossa melhor amiga foi sequestrada e o idiota quer bancar o herói – viu o homem ficar ainda mais espantado do que estava – como eu disse anteriormente, não é uma boa hora, mas me dê seu cartão, entraremos em contato – o homem ainda em choque retirou um cartão da carteira e estendeu a adolescente que pegou o pequeno pedaço de papel e o escondeu no decote largando o homem sozinho em seguida

...

O movimentar da porta chamou a atenção de Victoria que rapidamente colocou-se pé apontando a arma para a adolescente amarrada a uma cadeira a sua frente. Isabella derramava grossas lágrimas enquanto imaginava o que seria da mãe se morresse naquela noite, sozinha na vida, presa ao luto eterno pela perda do marido em seguida da filha

— Pelo amor de Deus Carlisle! – gritou insatisfeita olhado o loiro que entrava no local de maneira apreensiva – Mas é claro que você apareceria não é mesmo? O salvador da pátria! – desdenhou

— Solte a garota Vick, vamos conversar – pediu em tom calmo

— O que pretende com essa atitude heroica? O perdão do filho depressivo? – riu de maneira maldosa ainda apontando a arma para Isabella – Você nunca vai ter e sabe disso, ele nunca te amou, sempre preferiu a mãe a você e por sua culpa agora ela está morta

— Você quer dinheiro, eu tenho, sabe disso. Deixe a menina ir – continuou se aproximando

— Eu não quero dinheiro! – gritou apontando a arma para o homem – Eu quero ser amada! – gritou ainda mais alto enquanto lágrimas se acumulavam nos olhos

— Eu te amei – rebateu Carlisle – Eu ainda amo, deixe a menina ir e podemos recomeçar, o que acha?

— Você nunca me amou! Eu era apenas a distração pra fugir do seu casamento falido! Só casou-se comigo por pena por eu ter perdido um filho seu! E adivinha só? Eu nunca estive gravida! Eu fingi por que sabia que a sua consciência pesada te obrigaria a me assumir seu otário! - vangloriou-se – Você não sabe amar, não amou a bailarina o suficiente para manter-se fiel e apoia-la em seus sonhos. Não amou a mim o suficiente para abandona-la e assumir-me! – completou com rancor – Agora ele, ele a amou a cada dia, a amou enquanto a assistia morrer, manteve-se fiel a ela mesmo depois de morta. Amou essa pobre asquerosa o suficiente para abandonar os próprios traumas e lutar por ela. Eu quero esse amor pra mim!

— E você terá! – todos olharam Edward entrar pela porta, assim como Carlisle, a passos cuidadosos – Mas precisa deixar Bella ir primeiro

— Edward! – falou Carlisle em sinal de alerta ao ver o filho aproximar-se demais da mulher de olhos vidrados nele

— Mas amor, ela se colocou entre nós! Eu mandei ela ficar longe do sótão e ela não ficou. Ela precisa pagar por isso – argumentou com a voz melancólica

— Ela me ama, vai sofrer muito mais ao me ver escolhendo você ao invés dela

Quando eram crianças, Carlisle sempre que possível, levava Emmett e Edward para acampar, era algo que seu pai fazia com ele quando pequeno e que ele gostava de repetir com os próprios filhos. Emmett sempre apreciou mais o tal passeio do que Edward, isso era verdade, mas o menino sempre acabava divertindo-se também quando já estava lá. Durante tais noites, sentado em frente a uma fogueira, Carlisle ensinava aos filhos sinais manuais de escoteiro que aprendera com o pai anos antes

Naquela noite, enquanto Edward caminhava de encontro a Victoria com as mãos presas atrás das costas, Carlisle viu o filho repetir os tais sinais, o estranho lhe dizia que deveria desamarrar Isabella

— É pouco comparado a tudo o que ela nos fez passar! – continuou

— Imagine como ela ficaria arrasada nos vendo juntos – falou já diante da mulher que ainda segurava a arma próxima ao peito dele, as mãos tremendo e os olhos fixos no rosto do estranho sem jamais piscar – ao me ver te tocando dessa forma – quebrou completamente a distancia entre eles acariciando o rosto da mulher com as costas das mãos enquanto dava sutis passos que eram acompanhados pela mulher, inverteu a posição entre eles a deixando de costas para Isabella, a arma no meio deles totalmente friccionada contra o peito do estranho

Carlisle correu na ponta dos pés até Isabella e começou a desamarrar as cordas, os olhos o tempo inteiro fixos no filho, Bella estava estática no lugar olhando o estranho com uma arma engatilhada presa ao peito

— Me beijando? – perguntou a mulher em meio as lágrimas

— Com certeza te beijando! – respondeu tomando a boca da outra em um beijo enquanto olhava o homem desamarrar sua pentelha. Mas ao invés de correr como deveria quando livrou-se das amarrar Isabella permaneceu imóvel no lugar. O estranho fez um gesto com a mão para que Carlisle a tirasse dali

O medico engoliu em seco sem saber o que fazer, olhou para a garota imóvel em seguida para o filho agarrado a ruiva em um beijo enquanto lhe fazia sinais cada vez mais desesperados e então levantou a garota que pareceu voltar a si naquele momento o olhando temerosa

— Você está mentindo! – gritou Victoria empurrando o estranho

— Corre! – falou para Isabella no momento em que a ruiva começava a virar-se, a adolescente correu para a escada desesperada no exato momento em que a outra atirou contra ela

Bella pulou para trás quando a bala acertou a parede próximo a ela, não olhou para a autora do disparo, simplesmente continuou subindo os degraus de maneira apressada, escutou um novo disparo mas não viu onde acertara, ao menos achava q não acertara ela já que não sentia dor

Edward segurava a mão da ruiva para cima impedindo que a mulher atirasse em sua pentelha. A ruiva debatia-se e gritava tentando soltar-se do aperto do estranho. Carlisle corria de encontro a eles para ajuda-lo, mas antes que os alcançasse, com a mão livre, Victoria esmagou os testículos do estranho que urrou de dor afrouxando o aperto e a mulher libertou-se

Edward empurrou a ruiva que caiu ao chão, a arma deslizou pelo piso de madeira chocando-se contra a parede

— Corre Edward! Corre! – orientou Carlisle e o estranho correu, assim como Isabella, na direção das escadas que dariam ao segundo andar da escola enquanto a ruiva arrastava-se rápida atrás da arma

— Não vai ser meu, não vai ser de mais ninguém! – blasfemou apontando para as costas do estranho que chegava a escada e disparou. Carlisle se jogou na frente do tiro no exato momento em que as sirenes de polícia começaram a soar do lado de fora da escola. Victória olhou do homem caído ao chão para a porta por onde luzes piscantes eram vistas acompanhando o barulho estridente das sirenes e então levantou-se do chão e correu para o segundo andar

Edward não viu a mulher passar por ele, ou escutou a voz falando ordens de rendimento em um megafone do lado de fora, estava imóvel no lugar, olhando o corpo do homem caído ao chão. O homem que segurou sua mão quando deu os primeiros passos, que passou espuma de barbear em seu rosto na frente de um espelho e o barbeou, mesmo ainda sendo muito pequeno para ter pelos naquela região, que lhe presenteou com um livro de biologia quando totalmente constrangido entrou em seu quarto para lhe explicar sobre sexo. O homem que traiu sua mãe! O homem que ele odiava, mas que, por algum motivo que não conhecia, estava doendo vê-lo ali, morrendo diante de seus olhos

Aproximou-se a passos lentos, os olhos fixos em Carlisle que também o olhou cheio de expectativas, abriu a boca para lhe falar mas fora impedido por uma bola de sangue que saltou para fora de sua boca e Edward rendeu-se, não existiam mais mágoas ou rancores naquele momento.

— Pai! - Jogou-se no chão puxando o homem para seus braços – não faz isso! Por favor não morre! – implorou, exatamente como a seis anos atrás também implorara a mãe – não morre! Você não pode morrer! – Chorou tentando limpar o sangue do rosto do homem que continuava saltando pela boca o fazendo engasgar

— Me perdoa! – implorou entre uma tosse e outra – e me prometa que vai ser melhor do que eu

— Você não vai morrer! – gritou em meio ao choro enquanto embalava o pai como uma criança pequena, mais uma vez, como fizera com a mãe anos antes – eu não vou prometer nada por que você não vai morrer!

— Eu te amo tanto! – tossiu e mais sangue explodiu pela boca – Orgulhe a sua mãe – pediu e então amoleceu nos braços do estranho, os olhos fechando gradativamente

— Não! Não! Não! Não! – gritou o estranho alongando a palavra na última vez fazendo com que a sílaba se transformasse em um grito longo e doido enquanto enterrava o rosto sobre o homem ainda em seu colo

...

Isabella estava encolhida dentro de um armário velho na sala de espelhos quando escutou os passos no corredor, respirava em arfadas enquanto olhava temorosa a porta

— Isabella? – cantarolava a ruiva de maneira sombria – Não adianta se esconder, eu vou te achar – continuava cantando, tal como filme de terror e o coração da adolescente batia descontrolado no peito e então a porta se abriu. Bella colocou a mão na boca, tentando abafar o som da própria respiração

Victoria entrou na sala de espelhos olhando cada canto do lugar, viu a porta de um armário tremelicar e sorriu abertamente, era o tipo de mulher que gostava de pagar suas dividas, e estava em debito com a garota, a infeliz a desafiou desde o primeiro momento em que pôs os pés em sua casa

— Achei você! – cantarolou em comemoração enquanto se aproximava do armário mas parou no meio do caminho olhando o espelho. A bailarina, a maldita bailarina a olhava carrancuda, aproximando-se por trás dela, instintivamente virou-se para trás, deparando-se com outro espelho por onde a bailarina continuava a aproximar-se

Deu um giro por toda a sala procurando a maldita mas não podia vê-la se não pelo espelho. Parou no lugar vendo a mulher vestida em roupas de dança para a seu lado no reflexo do espelho a olhando enfurecida nos olhos e então encurvar-se na direção de seu ouvido como quem lhe conta um segredo

— Assassina! – sussurrou a voz em seu ouvido e Victoria gritou enquanto atirava contra o espelho, o objeto de vidro quebrou-se em inúmeros pedaços caindo com estrondo ao chão

— Assassina! Sussurrou em seu outro ouvido e a ruiva imediatamente virou-se para o outro espelho vendo a morta abraçada a ela sorrindo de maneira diabólica. Com outro grito a mulher atirou contra o espelho que também despedaçou caindo ao chão

— Assassina, Assassina, Assassina – repetia a voz sem parar

— Cala a boca! – gritou Victoria em meio ao choro fechando os olhos e tampando os ouvidos com a mão, mas a voz não parava, tão pouco deixava de ver a mulher que girava em torno dela repetindo a palavra “assassina” – Para! – ordenou, mas não foi obedecida – Para! Para! Para! – implorou em meio a gritos, mas as acusações da outra ficavam cada vez mais altas enquanto sentia tudo girar a sua volta e um vento gélido cortar-lhe a espinha. Apertou ainda mais os ouvidos tentando abafar a voz da outra, mas não funcionava. Em uma medida drástica para calar a outra, colocou o cano da arma na boca e puxou o gatilho

— Pai! – gritou Isabella saltando de seu esconderijo olhando a mulher caída ao chão, uma poça de sangue começando a formar-se em torno dela – não pai! – gritou aproximando-se do corpo a passos lentos, em sua visão não via a mulher ruiva ali, mas sim o homem que a criara e que ela tanto amava

...

Assim que houve o primeiro disparo a policia invadiu o lugar, do lado de fora, Alice abraçava Emmett escondendo o rosto no peito do irmão enquanto rezava baixinho pedindo que a mãe protegesse Edward e Isabella

Um segundo disparo foi ouvido e foi a vez de Rosalie tremer nos braços do irmão que a apertou firme contra si olhando atento para a porta por onde esperava que seus melhores amigos saíssem com vida. Dentro do carro em que estavam encostados os pais pediam insistentemente que os gêmeos entrassem para que saíssem da zona de risco e fossem aguardar por noticias em casa. Tanto Jasper quanto Rosalie ignoravam os pedidos insistentes

— Jazz eu não quero perder nenhum dos dois – choramingou Rose e o loiro prendeu a respiração olhando os olhos da irmã avermelhados pelo choro – Eu os amo!

— Não vamos perde-los! – garantiu depositando um beijo no alto da cabeça da outra enquanto tentava manter-se forte no lugar

O terceiro disparo soou e os gêmeos tiveram ao mesmo tempo o pressentimento de que os amigos precisavam deles e em um ato de loucura correram de mãos dadas para dentro da escola, atrás deles podiam escutar os gritos desesperados da mãe pedindo que eles parassem

Assim que passaram pela porta viram Edward chorando no chão abraçado ao pai

— Fica com ele, eu vou atrás da Bella! – orientou Jasper já correndo para as escadas, tal como se tivesse certeza de que seria lá que encontraria a amiga, já no corredor viu os policiais andarem apressados mas com as armas relaxadas, como se não tivesse perigo ali, nem bem chegou a porta escutou os gritos de Isabella o que o fez correr ainda mais empurrando alguém para fora de seu caminho

— Hei garoto, não pode entrar ai!

— Pro inferno que eu não posso! – gritou empurrando outra pessoa e então a viu, em pé no meio de um monte de pedaços de espelho totalmente fora de si, chorando de olhos vidrados ao chão, acompanhou o olhar da amiga vendo Victoria caída em uma poça de sangue e miolos expostos, fazendo com que seu estomago revirasse

— Pai! – chocou o corpo contra o da amiga a apertando contra ele e empurrando com a mão a cabeça dela contra seu pescoço enquanto a virava de costas para a cena

— Não olha! – falou ternamente a amiga

— É meu pai Jasper! É meu pai! – gritou a garota contra seu ouvido em meio ao choro

— Não! Não é seu pai! – falou a apertando ainda mais contra ele

— Meu pai Jazz, ele estava com medo, ele... Ele... Meu pai Jazz!

— Está tudo bem, vai ficar tudo bem – repetiu afagando o cabelo da garota desistindo de convence-la

...

Edward andava de um lado a outro na porta onde uma equipe medica cuidava de Carlisle. A camisa social branca completamente lavada de sangue, assim como suas mãos e face. Nas cadeiras dispostas ali, Alice chorava descontroladamente nos braços de Emmett que também chorava

A porta foi bruscamente aberta e uma maca rodeada por pessoas vestidas de branco que gritavam coisas desconexas ao mesmo tempo foi empurrada para fora, em cima dela, Carlisle estava ligado a diversos aparelhos, alguém segurava um respiradouro preso em sua boca e nariz e uma mulher sentada em seus quadris massageava o coração do homem

Um homem a frente corria pedindo por passagem enquanto outros dois empurravam a maca, assim que a comitiva passou os irmãos correram atrás da confusão de médicos. Um elevador foi aberto e a maca, assim como toda a confusão que a acompanhava, fora empurrada para dentro, Edward já ia entrar também quando um braço foi colocado a sua frente

— Você não pode entrar aqui – falou o homem, a voz sobressaindo-se as demais

— Ninguém vai me impedir de ficar ao lado dele! – gritou exaltado forcando a entrada no elevador, todos o olharam assustados, do lado de fora Alice e Emmett estavam em igual nível de espanto – Cuida dela! – falou para Emmett antes que a porta se fechasse

Enquanto subia, o estranho ficou imóvel olhando a face desacordada de Carlisle, totalmente alheio as inúmeras mãos que mexiam ao mesmo tempo no corpo do homem. A porta se abriu e a comitiva saiu novamente apressada em meio a gritos

Desde criança, Carlisle sempre incentivava os filhos a irem até o hospital conhecer um pouco mais de seu ofício, Edward nunca se interessara em aceitar o convite, sempre foi muito claro para ele, qual carreira seguiria quando adulto, e esta com toda a certeza, não envolvia sangue e corpos sendo abertos por faca

E ali estava ele, anos após toda a insistência do pai, parado, olhando atentamente por um vidro na parede todas aquelas pessoas vestidas de branco abrirem o corpo de seu progenitor. Não entendia nada do que estava acontecendo ali, além de que aquelas pessoas estavam lutando desesperadamente para salvar o homem na maca. E em seu mais profundo íntimo, desejava que elas conseguissem

Jasper e Rosalie estavam em pé cada um de um lado da cama em que Bella dormia devido a sedativos, parecia que aquela cena já estava tornando-se um hábito. Na porta, Esme conversava com o médico que atendera a filha que lhe explicava que a menina tivera um surto devido ao trauma emocional que sofrera

Rosalie alisava os cabelos da amiga perdida em pensamentos enquanto zelava pelo sono da outra

— Obrigada por estarem aqui – falou Esme aproximando-se dos dois com olhos lacrimosos – Vocês são ótimos amigos – completou rompendo em choro

— Não existe nenhum outro lugar que deveríamos estar além daqui – garantiu Jasper puxando a mulher para seus braços a reconfortando. Era bem verdade que a mãe insistira para que fossem para casa, mas os gêmeos bateram o pé e afirmaram que não sairiam dali enquanto Edward e Bella estivessem no hospital

— Ela é tão novinha e já passou por tanta coisa – lamentou a mulher acariciando o braço da filha

— Ela é mais forte do que aparenta – respondeu Jasper orgulhoso da amiga

— Eu vou cuidar dela! – prometeu Rosalie não ao irmão ou a mãe da melhor amiga, mas a própria Bella que dormia em sua frente – Eu juro que nunca mais ela irá sofrer por nada nem ninguém, eu não vou deixar – uma única lágrima escorreu do olho da loira enquanto permanecia olhando a amiga

...

Jasper e Rosalie saíram do elevador varrendo com os olhos a grande área da lanchonete do hospital, assim que encontraram os Cullen foram direto a mesa em que estavam, Emmett alisava o braço da irmã que chorava em silêncio encarando o chão, na mesa a frente dela, uma xícara de café e um pão de queijo, ambos intocados. Os gêmeos nada disseram, apenas puxaram cadeiras e sentaram-se junto aos irmãos

— Como ela está? – Emmett quebrou o silêncio perguntando em voz baixa, envergonhado de toda aquela situação

— Dormindo – respondeu Jasper – Está sedada claro, toda a situação mexeu com questões muito particulares para ela e ela não aguentou. Mas estamos todos na expectativa de que amanhã é um novo dia e tudo ficará bem. Um psiquiatra vai avalia-la pela manhã – completou – E o pai de vocês? – perguntou mais interessado no emocional do estranho do que de fato na saúde do médico. Não sabia qual a reação do amigo se o pai morresse aquela noite, dado ao fato de o ter encontrado chorando sobre o corpo do homem

— Está em cirurgia, Edward está lá com ele – respondeu o outro com desânimo

Algumas horas se passaram e os quatro permaneceram sentados exatamente no mesmo lugar, sem preocuparem-se em procurar qualquer assunto para preencher o silêncio. Dado momento, um homem aproximou-se da mesa de forma respeitosa

— Onde encontro o senhor Cullen? – perguntou olhando para eles

— O que seria? – perguntou Emmett avaliando o homem

— Preciso resolver questões do enterro da senhora Victoria Cullen – Alice bufou sonoramente encarando em revolta o homem

— Joga em um córrego qualquer – respondeu a menina com a expressão carrancuda

— Como? – perguntou o homem surpreso

— Você pode falar comigo mesmo – respondeu Emmett endireitando-se na cadeira

— Você ficou louco Emmett? - exaltou-se Alice indignada

— Alguém vai ter que cuidar disso Alice – respondeu de maneira séria

— Emmett, caso não se lembre, essa mulher matou a minha mãe, atirou no meu pai e destruiu a nossa família – pontuou

— Sim me lembro de tudo isso, e acredite, a odeio tanto quanto você e Edward, mas alguém aqui precisa bancar o diplomata. Caso não se lembre, essa mulher possuí o nosso sobrenome, é nossa responsabilidade para com a sociedade garantir que ela não apodreça em um córrego

— Vai coloca-la no jazigo da família? – praticamente gritou, as narinas infladas pela raiva

— Claro que não! – respondeu em tom alterado – Minha mãe está lá. Mas ainda assim, preciso garantir que ela seja enterrada em algum lugar, não me interessa onde - colocou-se de pé – quero resolver isso o quanto antes – falou para o homem que o avaliou de alto abaixo

— Eu esperava falar com alguém um pouco mais velho – falou de forma educada

— Meu pai esta passando por uma cirurgia complicada agora e meu irmão mais velho o está acompanhando sem condições emocionais nenhuma de tratar desse assunto agora, e acredite em mim, o respeito dele para com o corpo dessa mulher são ainda mais inexistentes do que os de minha irmã. Você pode tratar comigo e resolver tudo logo de uma vez, ou como minha caçula sugeriu, pode joga-la em um córrego. Para mim não faz diferença

O homem de olhos arregalados assentiu indicando que Emmett o acompanhasse, o rapaz respirou fundo tentando se manter firme e então murmurou um pedido aos Halle para que cuidassem de Alice e saiu seguindo o homem

Rosalie olhou o enorme homem esforçando-se para se manter firme em sua posição de alfa daquela família tão debilitada imaginando em que momento as rachaduras cederiam e ele cairia ao chão. Em um salto levantou-se da cadeira e correu atrás do outro segurando-lhe a mão. Emmett a olhou confuso

— Eu te ajudo.

...

O dia amanhecera e Edward permanecia imóvel em sua posição de telespectador atrás do vidro. As enfermeiras começavam a sutura enquanto os médicos preparavam-se para sair da sala. Olhou com expectativa o primeiro homem a abandonar o local e vir em sua direção

— Fizemos tudo o que estava a nosso alcance – começou – agora está nas mãos de Deus – falou com honestidade – ele ainda está em situação de risco, perdeu muito sangue, teve órgãos internos perfurados. As próximas horas serão decisivas, vamos coloca-lo na UTI e observar como reage – o estranho assentiu olhando a agulha e linha entrarem e saírem da carne do homem na maca – a bala atingiu a coluna – avisou o médico – infelizmente não há nada que pudéssemos fazer sobre isso. Ainda que Carlisle acorde e se recupere, e torcemos para que aconteça, ele jamais voltará a andar – o estranho suspirou pesadamente ante as palavras do outro

— Obrigada doutor – respondeu sem desviar os olhos da sala de cirurgia

Aguardou ate que Carlisle fosse instalado no andar da UTI, acompanhando cada passo das pessoas a volta do homem. Quando este finalmente foi deixado sozinho desceu para o andar em que o consultório do homem ficava, entrou o lugar indo direto ao banheiro, onde sabia ter um chuveiro, lavou-se da melhor forma que pode livrando-se de todo o sangue ressecado em sua pele e então vestiu algumas roupas do medico que encontrou por ali

As roupas ficaram largas e ele não sentia-se confortável dentro delas, mas era o que tinha no momento, precisava encontrar sua pentelha e garantir que ela estava bem, e aparecer ensanguentado e fétido a frente dela com toda a certeza apenas desencadearia o contrário de bem

Empurrou a porta com delicadeza encontrando Alice, Jasper e Esme em pé em torno da cama onde Isabella estava sentada olhando firme as próprias mãos totalmente perdida em pensamentos, a menina o olhou aliviada, mas não sorriu

Alice abriu os olhos claramente esperando que ele lhe desse noticias sobre o pai e ele o faria, assim que tivesse garantias de que Bella ficaria bem. Aproximou-se da cama e tomou os lábios da amada em um beijo. Bella se remexeu incomodada com o contato e o empurrou. Imediatamente o estranho a olhou buscando por uma explicação e esta logo veio ao ver a menina corada olhando a mãe. Eles nunca tinham se beijado na frente de Esme. A mulher sorria parecendo achar graça da situação e ele também acabou encolhendo-se constrangido

— E Emmett e Rose? – perguntou para fugir daquele momento embaraçoso

— Foram enterrar a assassina – rosnou Alice e Bella estremeceu, mais do que de pressa Edward segurou suas mãos lembrando que estava ali lançando um olhar duro de repreensão a irmã

— Bom dia – falou de maneira educada John entrando no quarto – Como está essa mocinha hoje? – perguntou de maneira cordial

O estranho se afastou para que o psicólogo examinasse Bella, enquanto prestava atenção as perguntas feitas a pentelha atualizava a Irmã e Jasper do estado de Calisle

— Você vai ficar bem – garantiu John olhando Isabella deitada a cama – foram grandes emoções e é totalmente compreensivo que tenha ficado abalada com elas, só precisa descansar e logo estará novinha em folha – sorriu simpático – Vai ficar descansando aqui mais um pouquinho – Bella pareceu não gostar do que escutou, mas não protestou – Edward, - voltou-se para o estranho – pedi para minha secretária desmarcar alguns pacientes hoje e encaixar você. Nós precisamos conversar também e quero que fique claro que isso não é um convite

— Estarei aqui o dia todo, é só me avisar a hora – respondeu, o medico pareceu satisfeito Com a resposta e saiu do quarto avisando que voltaria logo para ter uma conversa em particular com a menina. – Jasper, leve Alice e Esme para casa por favor, depois vá parava sua, ligue para Rose no caminho e mande que ela também vá descansar – orientou o estranho

— Vou ficar aqui com minha filha – falou Esme decidida

— Você passou a noite aqui, vá descansar. Eu fico com ela, não se preocupe

...

Rosalie e Emmett estavam sentados nas cadeiras da capela no cemitério local, não era um velório, estava claro, não estavam ali velando e lamentando a morte de um ente querido, muito pelo contrário, mas como Emmett dissera, alguém tinha que fazer

O caixão lacrado com o corpo da mulher havia chegado a poucos minutos, aguardavam somente o coveiro para fazerem o pagamento do homem e irem embora. Ambos sentiam-se completamente exaustos

— Detesto cemitérios! – começou Emmett chamando a atenção da loira – me trazem lembranças extremamente ruins – falou e Rosalie sabia exatamente que lembranças eram essas – Eu tinha acabado de completar treze anos quando aconteceu – suspirou – uma criança, uma criança que precisou lidar com a morte da mãe, o surto do irmão, o desamparo da irmã e a amante do pai recebendo o sobrenome da família – Rosalie depositou a mão na coxa dele o incentivando a desabafar, estava claro para ela que o rapaz precisava daquilo

— Eu achei que não ia dar conta, ficava tão irado as vezes por Edward estar trancado naquele sótão ao invés de me ajudando com tudo aquilo. Alice declarou guerra a Victoria desde o primeiro momento e eu tinha que estar sempre no meio do fogo cruzado garantindo que a mulher não se aborrecesse demais e a mandasse a um colégio de freiras como sempre prometia fazer. Meu pai agia como se nada tivesse acontecido, e Edward fingia que tinha morrido também. Eu era o único lucido naquele hospício, e precisava permanecer assim para garantir que o frágil fio que mantinha minha família não estourasse de vez. Assumi responsabilidades que não eram minhas, fiz sacrifícios que criança alguma deveria fazer. – continuou aborrecido

— Eu sempre fui bom com futebol americano saca? Todos os treinadores falavam em uma bolsa universitária por esporte e ai Alice pegou Victoria no sótão pela primeira vez, a baixinha surtou, saiu no tapa com a mulher, Victoria fez ameaças mais sérias do que somente interna-la em um colégio e eu sai do time, larguei o que mais gostava de fazer pelo simples fato de não poder ir a uma faculdade e abandonar minha irmã tão temperamental sozinha com aquela mulher.

— Desde os meus treze anos que sou totalmente racional e o que ganho com isso? – falou exaltado – ganho a rica oportunidade de estar aqui, no meio de um cemitério velando o corpo da mulher que eu mais odeio no mundo! A mulher que matou a minha mãe, destruiu a minha família e acabou com a minha vida de todas as formas possíveis. Estou aqui única e exclusivamente por que essa é a coisa certa a ser feita, quando na verdade a minha vontade é gritar um sonoro foda-se e sair sem preocupação ou responsabilidade alguma por ai – chorou cansado de ser forte com as mãos sobre o rosto

— Hei está tudo bem – falou Rose puxando o homem para seus braços – Você se tornou alguém mais forte, um homem de muito valor devido a tudo o que enfrentou sozinho. Deve sentir orgulho disso, olhar como um legado, e não como um fardo, veja tudo de bom que fez as pessoas a sua volta e esteja satisfeito por ter feito bem a elas – Emmett se permitiu ser abraçado por mais algum tempo até que conseguisse se recompor e então afastou-se da amiga de seu irmão olhando o caixão de madeira a sua frente

— Qual o bem que eu fiz organizando o enterro dessa ai? – falou em desprezo

Rosalie não pode responder, a atenção dos dois foi tomada por uma mulher entrando o local de maneira cabisbaixa, os cabelos escuros com inúmeros fios brancos estavam presos em uma trança grossa jogada por cima do ombro. As roupas simples e surradas ornando perfeitamente com a pele mal cuidada de alguém que trazia o sofrimento nos olhos, nas mãos, um pequeno vaso de violetas roxas, as únicas flores ali

Sem preocupar-se com os outros dois a mulher alisou com a ponta dos dedos toda a extensão do caixão, olhando perdida em pensamentos o objeto depositou a flor ali e então começou a chorar debruçada sobre a tampa que lhe impedia de ver uma ultima vez a pessoa ali dentro. O casal trocou olhares confusos perguntando-se quem era aquela

— Oh filha! – chorou – Tanto que eu te avisei! Tanto que te falei que essa sua ganância não te levaria a um lugar bom. Olha ai minha filha, por que você nunca escuta o que te falo?

Emmett olhou a mulher abraçada ao caixão chorando em lamentos e engoliu em seco sem saber o que fazer, não conseguia lamentar a morte daquela mulher tão odiosa, mas lamentava a perda da senhora tão sentida chorando a sua frente

E foi ali que ele descobriu o bem que fizera organizando aquele enterro, Victoria não merecia o esforço de um enterro decente, mas a senhora que a amava apesar de qualquer erro, merecia poder despedir-se da filha

O coveiro finalmente chegou e Emmett seguiu de encontro ao homem sendo seguido por Rosalie de perto. Entregou o envelope que reservara com o pagamento pelo serviço que iria prestar e em seguida abriu a carteira pegando mais algumas notas ali

— Um extra, para que deixe a senhora vela-la

...

Era realmente curioso como o tempo podia arrastar-se em algumas situações e correr em outras. Os dias se passaram, a princípio, quando Carlisle ainda estava em uma situação de risco, os dias se passaram lentos, agonizantes, Edward permanecia parado na antessala da UTI olhando pelo espelho o homem desacordado deitado na maca com um tubo preso a boca

Aguardava que ele acordasse a qualquer momento, ou que alguém lhe desse uma noticia fatal, mas não, nenhuma notícia chegava fosse ela boa ou ruim. E então a notícia veio, o homem estava estável e fora de risco e os dias se aceleraram

A cada novo momento, uma nova informação de melhora gradativa até que finalmente o homem acordou e ele estava lá quando aconteceu, em pé diante do vidro, o homem abriu os olhos com dificuldade e olhou a volta de maneira confusa e então o encontrou parado atrás do vidro firmando os olhos nele

Edward sentiu vontade de correr para longe, não queria que o medico soubesse que estava ali, não queria que soubesse que tinha se importado com ele, mas não conseguiu, permaneceu imóvel no lugar, olhando estranhamente com alivio o homem de olhos abertos fixos nele

Nos dias que se seguiram Alice e Emmett passaram a entrar na sala um de cada vez utilizando roupas especiais e por períodos curtos de tempo, o homem esforçava-se para manter-se acordado quando os filhos estavam com ele, pouco conseguia falar, mas tinha sempre um olhar feliz durante essas visitas, Edward nunca entrou, não entraria naquela sala pois estaria admitindo sua fraqueza, estaria admitindo importar-se com o adúltero que fora responsável pela morte de sua amada mãe. Mas todos os dias, em determinado momento, o olhar de ambos encontrava-se através do vidro

Naquela manhã Edward fora mais cedo para o hospital, teria um dia corrido pela frente, precisava conversar com John, e ao fim da tarde pegaria seu diploma no evento da escola onde estudara por mais tempo do que o necessário. Não importava-se com a tal formatura, mas era um momento importante para Isabella e queria estar lá por ela. O que deixava aquele dia ainda mais corrido, existia um colar, sonhara com ele naquela noite, uma corrente fina e delicada de prata ornamentada por uma única pedra azul clara com pequenos diamantes cravejados em torno dela

O colar pertencia a sua mãe, era uma herança de família, ele sabia, no sonho Isabella e Elizabeth sorriam felizes no jardim, o vento soprava os cabelos delas e Elizabeth prendia o tal colar no pescoço da adolescente

Ele gostou muito daquele sonho, e amou como a pedra azul combinou perfeitamente com o tom de pele da amada, daria o colar a pentelha. O problema, a bons anos não via a tal joia, teria que procura-la e provavelmente levar a uma joalheria para limpar antes de entregar a pentelha ainda aquela noite

Saiu da sala de Jhon completamente animado, as conversas com o psicólogo se tornavam cada vez mais fáceis e já via o homem como um amigo, ou uma espécie de diário, não sabia ao certo. Riu com os próprios pensamentos entrando no elevador e apertando o botão que levaria ao andar da UTI

Assim que as portas se abriram viu Emmett parado a antessala aparentando grande empolgação, o irmão sorriu indo de encontro a ele o puxando para um abraço

— Ele vai para um quarto – comemorou, o estranho sorriu enquanto abraçava o irmão tentando convencer a si mesmo que sua felicidade era pelo alívio aparente de Emmett

Aproximou-se do vidro vendo o homem falar de maneira robótica com uma mulher de branco que segurava uma prancheta onde escrevia coisas conforme Carlisle ia falando, reparou que a mulher não usava a roupa especial que todos eram obrigados a utilizar quando entravam ali e supôs que isso seria uma coisa boa. A expressão do medico na cama não combinava em nada com a expressão esperada de alguém que acaba de receber a noticia de que sairá da UTI

— Já contaram a ele? – perguntou sem desviar os olhos do homem atrás do vidro, a seu lado Emmett suspirou

— Já sim, como é de se imaginar, ele não esta muito feliz com a notícia. A mulher saiu da sala e os olhos tristes do homem encontraram o do estranho, ao contrario de todas as outras vezes que isso aconteceu, Carlisle não sustentou o olhar como se esperasse que o filho lhe desse um aceno, apenas o olhou e então abaixou os olhos para o chão – Vai entrar para falar com ele? – todos os dias, quando via a troca de olhares entre os dois, Emmett fazia a mesma pergunta, não como alguém que o pressionava a tomar uma decisão, mas como alguém que o incentivava a fazer algo que ele aparentava querer

E era exatamente esse o problema, ele queria, queria falar com o homem, mas não podia, não podia por que não era certo aquele desejo, não era certo sabendo de todo o sofrimento que o homem causou

— Você vai a formatura? – como em todas as outras vezes em que a pergunta lhe foi feita, simplesmente mudo o assunto

— Vai ficar muito chateado se não for? É a primeira noite dele no quarto depois de receber a notícia, não quero deixa-lo sozinho – Edward olhou o irmão e então sorriu para ele segurando em seu ombro

— Você já pode descansar agora marujo, eu assumo o leme – falou em tom de brincadeira e o outro sorriu

— Como quiser capitão – respondeu entrando na brincadeira

— Você foi um grande homem Emmett, sei que é um pouco tarde para isso, mas vou cuidar das coisas agora, esse ano você vai se preocupar somente com você, vai formar-se na escola que eu sei muito bem que fica retido propositalmente e ano que vem vai para a universidade, a de sua escolha, não da Alice. Nossa irmã não precisa mais de seus cuidados

— Eu sou repetente, tenho um histórico terrível e...

— E nós somos ricos. Subornaremos o presidente se for preciso – debochou tirando um sorriso do outro, no fundo Emmett sentia-se satisfeito, tal como alguém que recebeu uma missão e finalmente a concluía

...

No sótão, Edward remexia em todas as gavetas do guarda roupa onde os pertences da mãe ainda estavam, a caixa de jóias em cima da cama totalmente revirada, mas o colar não estava lá, também não estava nas gavetas, ao que parecia. Olhou em volta os poucos moveis dispostos ali imaginando onde a mãe poderia ter guardado o colar

Parou os olhos sobre o armário onde os figurinos de dança estavam, o colar nada tinha haver com o balé, não tinha por que estar ali. Mas, já havia procurado por toda a parte e as opções estavam se esgotando

Caminhou ate o armário o abrindo lentamente, mas de forma mais relaxada do que quando pegara uma sapatilha ali para Isabella na semana de artes da escola. Diferente da outra vez, que queria fechar o mais rápido possível aquelas portas com medo das lembranças que elas poderiam trazer, parou analisando todos os vestidos, saias, meias e colans organizados ali. Passou lentamente os dedos sobre as peças tentando lembrar-se de como era tocar a pele da própria mãe

Encurvou-se olhando as caixas de sapatos onde estavam as sapatilhas, abrindo uma a uma até que no meio encontrou uma caixa diferente, era fina e de madeira em um designer antigo. Sorriu sentando-se ao chão, tinha a encontrado, tinha certeza

Abriu o objeto todo aveludado por dentro, e lá estava ele, não brilhava tanto quanto no sonho, mas nada que um bom joalheiro não pudesse resolver. Pegou a corrente nos dedos tendo a atenção roubada por um papel abaixo do colar, um envelope amarelado pelo tempo e destinado a ele na caligrafia bonita da mãe

Devolveu o colar de volta a caixa ficando com o envelope em mãos, analisava o papel em temor do que encontraria ali, seria um adeus? Ele estava pronto para esse adeus? Decidiu por fim que já vivera fugindo de seus medos por muito tempo. Abriu o envelope puxando o papel para fora

Forks, 07 de Julho de 2006

Meu filho amado, sinto que meu tempo está se esgotando e que minha vida tem sido tirada de mim gradativamente e temo que não consigamos ter uma última conversa apropriada, por isso lhe escrevo agora.
Sofro com o temor de que não estarei presente em seus dias para guia-lo e sofro ainda mais por saber que fui eu própria quem me entreguei a essa situação. Eu juro para você meu filho, que queria muito lutar contra essa tristeza que me consome mas não consigo, é mais forte do que eu. Olho para mim mesma e não me vejo como antes, não sou atraente ao meu marido, não tenho sido uma boa mãe aos meus filhos e não posso mais encantar pessoas com minha dança. Sequer consigo ir ao banheiro sem que precise de ajuda para isso, me perdoe, mas não vejo motivos para continuar vivendo. Mas estas palavras não são para falar de mim, mas sim sobre você.
Filho eu desejo do mais profundo do meu ser que você seja feliz e não siga nunca o meu exemplo! Não dê-se por vencido a primeira dificuldade, não desista jamais do que queira, lute sempre até o fim.
Você sempre foi um menino maravilhoso, amável e gentil, tenho certeza que tornara-se um grande homem e eu sempre vou me orgulhar de você. Cuide de seus irmãos e acima de tudo, seja feliz meu amor
Como último pedido, perdoe seu pai. Os filhos não devem ser envolvidos nos problemas do casal e lamento muito pelo que viu aquele dia no hospital, saiba que parte da culpa também é minha, um dia, terá seu próprio relacionamento e verá que os dois lados tem responsabilidades semelhantes em todas as situações. Eu deixei faltar, eu dei espaço para que seu pai sentisse necessidade de estar com outra pessoa e você como filho não deveria ter sido envolvido nisso, por favor, perdoe-o e diga a ele que eu também o perdoei e que espero que ele possa fazer o mesmo por mim
Com muito amor a você e seus irmãos
Mamãe

...

Certa vez, alguém disse que o garoto que perdera a mãe ainda estava sentado ao lado do túmulo dela aguardando que ela levantasse, lhe desse a mão e fosse com ele para casa. Esse alguém estava certo, de fato existia um garoto de quinze anos sentado no chão do cemitério, abraçado as próprias pernas, que sem querer aceitar que a mãe estava morta, aguardava que ela levantasse do túmulo e lhe dissesse que fora somente um sonho ruim. Isso não aconteceria, e estava na hora de Edward ir buscar o tal garoto.

O estranho aproximou-se do túmulo olhando a foto da mulher gravada ali, aquela era a primeira vez que ia ao lugar desde o dia do enterro. Beijou a rosa branca e a depositou sobre a lápide em um pedido mudo de desculpas por todos os anos que decepcionou a mulher que ali descansava

Não falou nada, não tinha palavras adequadas para descrever o quanto amava e amaria eternamente aquela mulher, ou o quanto sentia falta dela. Ao invés disso, chorou, sentou-se ao chão e chorou, não com desespero ou agonia. Mas o choro silencioso de alguém que finalmente despedia-se da mãe e a permitia partir

Ele não pode ver, mas parada a sua frente a mulher chorava exatamente como ele, um choro de adeus, abaixou-se ate ele depositando um beijo demorado em seu rosto e então, sem olhar para trás caminhou para longe, em direção a luz, o vento ricocheteando o vestido branco de tecido leve e os cabelos acobreados. Com uma ultima olhada no filho ela sumiu

...

Bella acordou antes que o celular despertasse naquela manhã. Na verdade, mal dormira a noite tamanha a empolgação que sentia com a viagem que fariam. Os gêmeos, dado os últimos acontecimentos sugeriram que adiassem a viagem. Mas tanto ela quanto Edward, insistiram, iriam separa-se dali alguns dias e mereciam uma despedida adequada

Arrumou-se em poucos minutos e correu para o sótão, iria acordar Edward com um belo susto. Seus planos foram colocados abaixo no momento em que entrou pela porta. O estranho já estava de pé rodeado por caixas de papelão rabiscadas em letras grandes, doação ou lavanderia

— O que está fazendo? – perguntou confusa. O estranho lhe sorriu terminando de lacrar uma última caixa.

— Estou organizando as coisas da minha mãe, vou doar as roupas e sapatos e os figurinos vão pra escola quando estiver pronta – respondeu satisfeito e Bella sorriu sentando-se na cama. Edward foi ate a parede do quadro retirando o objeto dali e o olhando por alguns segundos

— O que vai fazer com ele? – perguntou indo de encontro ao outro

— Mandar trocar a moldura e aplicar uma película de proteção a tela, depois, ele vai voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído, a recepção da Masen – respondeu orgulhoso e Bella o beijou no rosto o abraçando, a cabeça apoiada no pescoço do estranho admirando a arte em suas mãos. A mulher de olhos verdes, pele clara e cabelos acobreados sorria segurando a rosa vermelha como os lábios próximo ao rosto

— Você mexeu no rosto? – perguntou espantada lembrando-se exatamente da primeira vez em que entrara no sótão e ficara parada olhando o rosto triste, como o de alguém que sofre, retratado na imagem

— Como assim? – perguntou o estranho confuso

— O rosto, ela está feliz – falou olhando novamente a mulher que sorria

— Do que está falando? Ela sempre esteve assim – respondeu divertido

— Não. Ela estava...

— Bella, fui eu quem pintei esse quadro. Posso garantir que sempre foi uma expressão feliz! Você pode me explicar do que esta falando? Pois eu não estou entendendo

— Não, nada. Deixa pra lá, eu devo estar confusa, é a empolgação pela viagem – respondeu sorrindo enquanto o beijava nos lábios tentando afastar de sua mente as lembranças de todas as vezes que olhou para aquele quadro e a mulher lhe pareceu entristecida

Edward desprendeu a tela da moldura a enrolando e guardando em um canudo de proteção, então colocou-o nas costas, pegou a mala em cima da cama e arrastou Bella porta afora. O casal saiu ainda de mãos dadas pelo elevador encontrando Alice e Emmett tomando o café da manhã. Angela e Esme terminavam de trazer coisas para a mesa e rapidamente Isabella soltou a mão do estranho olhando a mãe

— Como se eu não soubesse – falou Esme revirando os olhos de maneira relaxada, o estranho sorriu

— Vocês duas, sentem, nós vamos tomar café – mandou às duas mulheres enquanto jogava a bolsa com roupas em um canto, as duas se entreolharam mas acabaram sentando junto aos patrões – Emmett, você poderia mandar emoldurar e velar essa tela? – perguntou estendendo o canudo ao irmão e sentando-se de frente para ele, a cabeceira da mesa vazia aguardando pelo retorno do patriarca daquela família

— Claro que sim – respondeu o outro já puxando a tela de dentro do canudo para admirar o novo trabalho do irmão, engoliu em seco reconhecendo de imediato a imagem – procurarei o lugar de maior confiança e escolherei a moldura mais bonita que tiverem – garantiu enquanto passava a tela cuidadosamente para as mãos da irmã que também a queria ver melhor

— Ótimo – falou o estranho sorrindo – Angela, preciso da sua ajuda também, no meu quarto tem alguma caixas identificadas para doação ou lavanderia, cuide disso para mim por favor? – pediu enquanto começava a comer – encontre uma boa instituição para fazer a doação. Estou doando as roupas da mamãe – falou para Alice e Emmett que o olharam imediatamente – Tudo bem para vocês? – perguntou e ambos assentiram - As jóias dela estão todas em caixas no guarda roupa, tenho certeza que ela gostaria que você ficasse com elas Alice – os olhos da menina brilharam olhando o irmão mais velho – Eu fiquei somente com um colar ao qual tenho um destino especial – olhou sugestivamente para a pentelha que estava distraída com a comida e a irmã sorriu em aprovação – Tem alguma coisa que você queira Emmett?

— Na verdade sim – começou aparentando constrangimento – Se não for problema para você Alice, eu gostaria de ficar com o anel de noivado – Alice pareceu surpresa com o pedido mas acabou dando de ombros

— Não. Tudo bem – respondeu e Emmett sorriu ainda constrangido e evitando o olhar do estranho. Edward tinha um bom palpite sobre o motivo de tal ato. Mas deixaria que o próprio irmão resolvesse o chamar para aquela conversa

— Alice, - se interrompeu, aquele seria o último passo e por um curto momento vacilou – redecore o meu quarto – foi a vez do estranho abaixar os olhos constrangido

— Quando diz o seu quarto, você quer dizer... – se interrompeu prendendo o choro de emoção que subia pela garganta

— Quero dizer o quarto que sempre foi meu aqui no segundo andar, e pelo amor de Deus, tire aqueles pôsteres ridículos da parede – pediu em tom descontraído – e pinte, qualquer cor, menos azul – Alice assentiu sem conseguir dizer mais nada – Eu gostaria de já ficar nele quando voltar, contrate uma equipe também para descer o piano de volta ao lugar dele. Foi uma grande idiotice minha

Angela enxugou discretamente as lagrimas que lhe fugiam aos olhos. Durante muito tempo desejou que seu menino voltasse e esse dia finalmente havia chegado. Edward levantou-se da mesa assim que terminou o café

— Onde vai? – perguntou Bella quando ele despedira-se dela

— Fazer algo que já protelei por muito tempo – falou já virando-se parava saída – falar com o meu pai

Silêncio

...

Os dois homens se olharam intensamente, ambos cheios de palavras mudas que não sabiam como colocar para fora.

O estranho fechou a porta atrás de si e caminhou até próximo a cama puxando a poltrona ali consigo e então sentou-se a ela

— Como você está? – perguntou olhando para o homem de maneira tímida

— Tão bem quanto um aleijado pode estar – respondeu em tom duro olhando as próprias pernas

— Estamos no século XXI, a tecnologia tem avançado muito, existem diversas atividade de inclusão, você poderá levar uma vida normal, só vai te que se adaptar – falou em incentivo

— Eu nunca mais vou fazer nada sozinho, precisarei de ajuda para tudo – falou em melancolia

— E você terá! Eu vou te ajudar – os olhos do homem se encheram de lágrimas olhando o filho

— Edward, eu preciso te pedir perdão por tudo o...

— Você não precisa me pedir nada, sou eu quem te devo um pedido de desculpas. Eu te desrespeitei como meu pai, te maltratei e te culpei por uma infelicidade que era minha e tão somente minha. O que aconteceu entre você e minha mãe, os erros cometidos ou o que fosse, dizia respeito somente a vocês e eu não deveria nunca ter tomado partido por nenhum dos lados

— Eu... Eu não sei o que dizer – respondeu embasbacado

— Não precisa dizer nada. Não vim aqui para remoer passado. Vim para dar inicio a um futuro diferente. Vamos começar de novo – o homem sorriu estendendo os braços para o filho que o abraçou

— Eu te amo filho!

— Eu também te amo pai! – respondeu com sinceridade - Eu pensei que você gostaria de saber que ela não partiu guardando magoas de você – falou estendendo a carta ao homem que a pegou já iniciando a leitura

— Ela sempre foi a pessoa mais generosa do mundo – falou com emoção, os olhos ainda presos ao papel. Dentro dele um novo sentimento crescendo, um sentimento que a muito tempo não sentia. Tranquilidade, a culpa que sentia por todos aqueles anos finalmente o abandonara deixando a sensação de alívio e sentia-se extremamente bem com isso. Tão bem que não pode sufocar o choro de felicidade que irrompeu por sua garganta. Edward imediatamente o abraçou permitindo que o pai desabafasse em seu ombro

...

— Dez dólares uma coxinha? – gritou Jasper na lanchonete do aeroporto, a atendente o olhava espantada – Isso é um absurdo! Absurdo! – enfatizou jogando as mãos para o ar enquanto Rosalie se escondia constrangida atrás de um cardápio e Edward e Bella davam risadas da situação. Sentada no colo do estranho, Bella filmava toda a sena com a câmera digital de Rosalie. Eles teriam ótimas recordações para o futuro

— Senhor, não sou eu quem coloco o preço nos produtos – falou de maneira educada

— Pode trazer a coxinha moça – falou Rosalie recebendo um olhar de repreensão do outro

— É exatamente por isso que eles vendem a esse preço! Por que existem bestas como você que pagam – falou carrancudo e a moça o olhou boquiaberta

— Tudo bem moça, é que ele vai fazer sociologia então já esta aprendendo a viver economizando grana. Todos sabem que não dá pra ganhar dinheiro com isso – confidenciou

— Quando é que você vai parar de falar mal da carreira que eu escolhi? – explodiu batendo com as mãos na mesa e a garçonete se afastou assustada

— Quando você finalmente admitir que não dá pra ter uma carreira com sociologia - respondeu a outra com deboche. Os gêmeos já iam iniciar uma nova discussão quando o voo deles foi anunciado

Tal como se não estivessem prontos para se engalfinharem instantes antes, os irmãos se abraçaram soltando gritinhos de comemoração empolgados. Edward e Bella gargalharam se colocando de pé e pegando as malas

— Chicago, aqui vamos nós! – gritou a adolescente apontando a câmera para eles mesmos e então os quatros gritaram e abriram os braços no momento em que o flash os cegou

...

Todos no avião estavam em silêncio, a maioria dos passageiros dormiam em seus assentos enquanto uma comissária de bordo passava com um carrinho oferecendo aperitivos aqueles que ainda estavam acordados até que chegou a um casal de loiros. O rapaz lia um livro enquanto a moça foleava despreocupada uma revista. Educadamente e em tom baixo para não despertar os demais passageiros a moça ofereceu os serviços de bordo a eles

— Esta incluso no valor da passagem? – quis saber Jasper

— É que ele vai fazer sociologia....

— Já chega! – gritou Jasper pegando o travesseiro de pescoço e batendo na cabeça da irmã – Eu odeio você! Odeio! Eu queria nunca ter sido seu irmão!

— Para com isso! Seu louco! É por isso que vai estudar sociologia! Por que é louco! Louco! – gritava Rosalie batendo de volta no irmão com a própria almofada enquanto a comissária de bordo tentava desesperadamente os separar

O avião estourou em burburinhos incomodados dos demais passageiros que foram acordados pelos gritos dos irmãos e pediam por silêncio, mas os gêmeos não importavam-se com isso, permaneciam em seus gritos enquanto estapeavam um ao outro

— Devemos nos intrometer? – perguntou Edward abraçado a pentelha ainda de olhos fechados

— Não. – respondeu também de olhos fechados aconchegando-se melhor ao peito do estranho – vamos fingir que ainda estamos dormindo e não os conhecemos

...

— Ela vai vomitar – cantarolou Jasper para a câmera que Bella segurava filmando Rosalie com aparência esverdeada enquanto o homem mal encarado utilizava uma maquina extremamente barulhenta para trabalhar do tornozelo da loira

— Falta pouco minha loira – incentivou Bella atrás da câmera filmando o desenho já quase finalizado da amiga. A loira apenas gemeu com expressão de dor enterrando as unhas ainda mais fundo nos braços de Edward que a abraçava enquanto Jasper segurava a perna da irmã parada no lugar

Era o ultimo dia de viagem, os quatro amigos divertiram-se muito na cidade, foram a pontos turísticos, conheceram lugares, pessoas novas era tudo como um sonho para Bella, um sonho que estava chegando ao fim

Na manhã seguinte eles voltariam a Forks, Bella e os gêmeos partiriam para suas universidades logo em seguida, Edward cuidaria da reinauguração da escola e ainda teria as participações em musicas de alguns cantores famosos que estava negociando com Billy Black, e acabou. Fim da quadrilha

Os quatro estavam pilhando com a ideia do fim do que compartilhavam de mais especial, por isso, em um ato de loucura, de uma ideia que só poderia ter partido dos gêmeos, ali estavam, eternizando a amizade deles sobre a pele

O homem decretou que tinha acabado e Bella deu um bom close em Rosalie vomitando em um balde enquanto Edward estendia uma nota de vinte dólares para Jasper que pulava eufórico esticando o dinheiro ganho na aposta para a câmera

Bella pediu que o tatuador tirasse uma foto dos quatro tornozelos juntos e sorriu olhando satisfeita a imagem na câmera. Os quatro tinham algo exatamente igual riscado naquela parte do corpo. A palavra friends em letras garrafais e logo em baixo uma corrente com quatro pingentes. Um coração, pois eram ligados pelo amor. Um infinito, pois a amizade deles jamais teria um fim, um zibu, símbolo para amizade e um trevo de quatro folhas, pois reconheciam a sorte de terem um ao outro

...

— Eu gostaria de encerrar essa noite dizendo um muito obrigada – começou Jasper aquela noite na praia quando os quatro estavam sentados em mantas jogadas na areia, os quatro tornozelos devidamente cobertos com plástico – obrigada a cada um de vocês por estarem comigo em todo esse tempo

— Foi um período muito conturbado – colocou Bella – Por diversas vezes eu pensei em desistir, mas ai vocês estavam ali, me motivando, incentivando. Obrigada!

— Seria até ridículo da minha parte agradecer por outro motivo que não o de nunca terem desistido de mim, mesmo quando eu próprio já havia desistido – colocou o estranho sorrindo.

— Obrigada pela paciência que vocês tiveram comigo, mesmo quando eu não merecia, obrigado por permanecerem firmes até o fim, mesmo com todos os meus atrasos e demoras para me atualizar – sorriu Rosalie com os olhos úmidos lembrando em tudo o que aquelas pessoas significavam a ela.

— Quadrilha! – gritaram os quatro abraçando-se. Edward puxou Bella para um beijo, e discretamente Jasper fez sinal a irmã dizendo que deveriam sair dali.

Os gêmeos caminharam em silêncio lado a lado pela orla da praia, as mãos unidas enquanto eles olhavam a frente especulando o futuro que os aguardava, ate que sentaram na areia olhando as ondas do mar quebrarem-se

— Você sabe que não é fácil para mim né? – iniciou Jasper sem olhar a irmã

— O que? Admitir que não dá pra ter uma carreira com sociologia? Sim eu sei – respondeu a loira também sem olha-lo, o vento soprando seus cabelos claros e ondulados

— Vá se ferrar Rosalie! – mandou carrancudo e a loira riu, mas continuou sem olhar para ele

— Não é fácil para mim também, não estou pronta para dizer adeus, eu simplesmente não consigo, não consigo imaginar as coisas daqui pra frente sem que o nós exista – choramingou

— O nós sempre vai existir – falou colocando o braço em torno da irmã que se aconchegou a ele – e quando estivermos com saudades, sempre vamos saber onde nos encontrarmos – consolou beijando o alto da cabeça dela que fechou os olhos absorvendo aquele sensação gostosa

...

Edward olhava sua pentelha em pé riscando o nome deles na areia com um graveto e sentia um nó travar-lhe o estômago. O que seria deles a partir daquele momento? Ela iria para a faculdade, ficaria seis anos longe, tanta coisa pode mudar em seis anos. Ela poderia conhecer outra pessoa, poderia esquecer-se dele e tais suposições acabavam com ele

Seria egoísta o suficiente para obriga-la a assumir compromissos tão difíceis como manter-se fiel estando longe? Pediria que se privasse de vivenciar todas as situações novas que a universidade tinha para oferecer somente para que não tivesse seu coração despedaçado?

E se não pedisse, se fosse altruísta o suficiente para deixa-la livre, o que aconteceria com ele? Voltaria para o sótão? Trancar-se-ia para a vida novamente?

— Um beijo pelos seus pensamentos – falou sorrindo enquanto ajoelhava-se a frente dele. O estranho fingiu pensar na resposta e então a beijou

— Estou pensando que você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida e que eu ainda estaria trancado no sótão sofrendo se você não fosse tão intrometida – puxou-a para seu colo a beijando com todo o sentimento que tinha guardado dentro de si

— Eu te amo! – falou a menina entre um beijo e outro

— Eu te amo pra sempre! – respondeu tendo total convicção daquelas palavras. Naquela noite na praia, o estranho beijou, tocou, acariciou e fez amor com sua pentelha com toda a dedicação de alguém que despedia-se do amor de sua vida

...

O celular tocou e Isabella já estava acordada olhando o teto a alguns minutos, não queria levantar, não queria encarar o peso daquele dia. Por que ser adulto parecia ser tão difícil? Remexeu-se na cama e dando-se por vencida sentou olhando a mãe que ainda dormir

— Por ela Bella – murmurou e então espreguiçou-se e sorriu olhando a rosa vermelha em cima de seu criado mudo, acompanhada de um envelope branco endereçado a ela na caligrafia de Edward. Ainda sorrindo levou a rosa ao nariz absorvendo o perfume da flor e abriu a correspondência

Forks, 27 de janeiro de 2013

Quando se perde alguém em quem se apoia é possível superar?
Quando o ser que você mais admira e confia vai embora sem te dar direito a se quer um adeus. É possível superar e seguir em frente?
É possível continuar vivendo mesmo quando a razão de sua existência não esta mais ali para segurar sua mão e dizer-lhe um “vem comigo”?
Eu jurava que a resposta para todas essas perguntas fossem NÃO
NÃO, eu NÃO posso continuar vivendo sem o meu porto seguro, não posso continuar vivendo em um mundo em que a minha mãe não exista.
Fui covarde, muitas vezes fraco. Confesso-te que em certos momentos pensei em tirar minha vida.
“Quem vai sentir minha falta?” eu me perguntava.
Confesso também, que em nenhuma dessas vezes realizei esse desejo pelo mesmo motivo que me levava a tê-lo, covardia, o medo de encarar a morte me era maior do que o desejo de morrer.
Por isso a maneira mais fácil de resolver meu problema era me fingir de morto, e durante seis anos eu fiz exatamente isso, obriguei minha família a viver não só com a morte de minha mãe, mas também com a minha.
Ai você apareceu e invadiu minha vida de um jeito que não tem explicação, com essa mania de menina pentelha que vive metendo o nariz onde não foi chamada mergulhou em um drama que não era seu, submergiu-se em um mar de depressão e rancor e me trouxe de volta consigo.
De um jeito extremamente irritante me mostrou que sim, era possível continuar vivendo, e que para ser feliz eu preciso unicamente de mim.
Hoje após um ano que te conheço, só tenho a te agradecer, sem você eu não teria conseguido
O problema é que sou fraco, me apeguei a você, hoje não sei se realmente superei tudo, ou se simplesmente transferi minhas emoções, fazendo de você meu novo refugio
E agora você esta partindo, não sei se a verei novamente, tenho uma intuição de que não, você vai seguir com sua vida, fazer faculdade, conhecer alguém e ser feliz
Sei que é injusto e ate egoísta de minha parte pedir-lhe para que fique, e é por isso que com grande dor em meu coração não o farei
Mais não sei se irei resistir a mais uma perda. Mais uma vez sou obrigado a ver a fonte de minhas forças indo embora, porem, desta vês, tenho direito a um adeus. Acho que é ainda mais doloroso desta forma.
Confesso que por muitas vezes já me imaginei voltando para meu abrigo no terceiro andar, e veja só que ironia, o quadro que pintei com tua face no outono passado cabe perfeitamente no lugar em que costumava ficar o de minha mãe
Não vou te pedir que te lembre de mim. Muito menos que volte para mim um dia, pois não me vejo no direito de obrigá-la a assumir compromissos. Peço-te unicamente que sejas feliz e não se preocupe comigo. Não prometerei que conseguirei, mas prometo-te que tentarei

Com amor, Edward Cullen
Eternamente teu

— O que significa isso? – gritou jogando a carta encima do estranho sentado na beira da cama de olhos tristes e vazios

— Significa exatamente o que acabou de ler ai, estou te deixando livre

— Me deixando livre? Quem foi que disse que eu quero estar livre? – perguntou em revolta

— Eu estou dizendo! Não vou te obrigar a assumir nenhum tipo de compromisso comigo que a impressa de ter novas experiências

— Você ficou louco? – gritou – Eu não quero ter nenhuma nova experiência!

— Mas precisa! Esse é o ciclo da vida – falou de costas para ela, as duas mãos apoiadas em um gaveteiro, o peito repleto de dor

— Você esta sendo irracional, nós podemos fazer dar certo – choramingou

— Por favor, não insista, eu não vou mudar de ideia – implorou, pedindo que ela saísse logo dali antes que ele fizesse o contrário do que acabara de dizer e implorasse para que não fosse a lugar algum

— Edward, eu te amo – falou deixando que uma lágrima caísse de seus olhos

— Seja feliz Bella – pediu de olhos fechados respirando fundo. Bella respirou fundo, enxugou as lagrimas com a mão saiu do quarto batendo a porta atrás de si. Edward imediatamente se deixou ir ao chão chorando toda a dor de vê-la partir

...

— Eu pensei que você não iria vir! – gritou Jasper eufórico ao ver o estranho aproximar-se do local onde todos esperavam o voo ser anunciado

— Oras, e por que eu não viria me despedir dos meus três melhores amigos? - Bella abraçada a mãe apenas o olhou de relance e então aconteceu, os dois voos foram anunciados ao mesmo tempo e as pessoas dispostas ali começaram a se abraçar e desejar boa sorte

— Se você não fosse meu melhor amigo, eu iria arrancar as suas bolas com as minha próprias mãos – sussurrou Rosalie no ouvido do estranho que a apertou ainda mais contra ele

— Cuida dela!

— É logico que eu vou cuidar!

Bella e Edward trocaram um abraço rápido e desajeitado e a menina pegou o carrinho com as malas dela e Rosalie já empurrando para o corredor.

Quando nasceram, os gêmeos dividiram o mesmo quarto durante todo o primeiro ano, a senhora Halle decorou o ambiente em tons azul e rosa e comprou dois ursos soneca gêmeos, um de pijama rosa e o outro azul para decorar a borda do berço dos filhos. Durante muito tempo, os tais ursos eram maiores do que as crianças

Naquela manhã, antes de saírem para o aeroporto, os gêmeos fizeram uma troca de presentes, cada um entregou o seu próprio urso ao outro.

Rosalie abraçou o urso azul com um braço e ofereceu o outro ao irmão, Jasper colocou a mochila nas costas, enroscou o urso rosa na alça da mala que puxava e aceitou a mão estendida da irmã

Os gêmeos não se olharam, mas sabiam exatamente como o outro sentia-se naquele momento. Caminharam a passos firmes pelo corredor com Bella ao lado de Rose, as mãos firmes segurando o outro até que a separação se fez necessária. Gradativamente eles foram separando-se, os braços esticando um na direção em que o outro ia, os dedos soltando-se um a um, ate que o último dedo se soltou e os braços caíram com um baque contra os corpos

Não olharam pro lado, não pararam no lugar eu sabiam que não conseguiriam, continuaram firmes, cada um em direção ao caminho que tinham escolhido

Ashley estourou em um choro audível no momento em que as mãos dos filhos soltaram-se afundando o rosto no peito do marido. Edward trincou os lábios lutando para conter a vontade de correr atrás da pentelha e implora-la que não fosse embora.

Enquanto a olhava sumir de suas vistas, desejava intimamente que a visse novamente

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah qual é? Por que estão bravas comigo? Vcs sabia que isso ia acontecer, era o prólogo, foi a primeira coisa que leram quando embarcaram nessa kkkkk

Agradecimento muito muito especiais a Zuukitta!! Sério linda muito obrigada, amei ler cada palavra, VC é uma fofa *.*

Vamos aos avisos...

1° e mais importante de tudo, próximo cap (último) vamos ter vaaaaaarias passagens de tempo. Eu não vou especificar quanto tempo passou, podem sem dias, meses ou anos, vou deixar algum indicio sutil na fala dos personagens então vcs precisam estar atentas. Outra coisa, a passagem vai ser mostrada com o símbolo a seguir: #@# então toda vez que virem isso significa q passou algum tempo certo?

2° Eu NÃO estou pronta pra dizer adeus a OES! (Chorando e esperniando na cama), mas principalmente, não estou pronta pra dizer adeus a vcs, me apeguei :( eu sei que não mereço, que demoro trezentos anos pra atualizar, que falo q vou postarve não posto, eu sei, seu sei, eu sou pecima kkkk mas sou bem cara de pau tbm então vim implorar, ajoelhada e chorando que vcs não me abandonem!! Continuem comigo pfv, eu preciso de vcs, amoooo ler o comentário de cada uma, me divirto muito com eles.
Me acompanhem em eu sou a lenda, eu sei, tem título de clichê, sinopse de clichê, enredo de clichê... Mas não é clichê eu juro kkkk garanto q é totalmente diferente.
Se n gostam de tema sobrenatural, estou trabalhando em um novo drama (pq a gente é fadada ao drama Kkk) que vai ficar no lugar de OES. Ele vai ter muitos conflitos internos tbm, distúrbio de personalidade, mas ao mesmo tempo será totalmente diferente do nosso doce estranho. Vai ser classificação +18, vai ter muitas senas mais hot, linguagem de baixo calão e um universo definitivamente mais pesado.
Vou lançar amanhã ou sexta e adoraria ter vcs comigo de novo

É isso, amo vcs, e ate sábado (ai q difícil)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Estranho no Sótão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.