Até Que Meu Coração Pare De Bater... escrita por Vany Myuki


Capítulo 11
Terrível erro


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal, queridos leitores!
Realizando um pedido de uma das leitoras, a quem eu realmente tenho um forte carinho, esse capítulo vai para Iasmin Pevensie e para tantas outras leitoras que esperaram pacientemente pela atualização da fic.
Eu desejo à todos vocês amor, carinho, prosperidade nesse novo ano que está chegando e, mais do que tudo, muita sorte para que vocês possam realizar todos os seus desejos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195145/chapter/11

P.O.V Suzana

Eu sabia que estava sonhando no momento em que me senti em perfeita paz.
Eu estava novamente em Nárnia.
Eu sentia isso antes de abrir meus olhos para aquele mundo inacreditável.
Sorri sozinha, apreciando daquele milagre que era a Terra abençoada por Aslam.
_Você poderia ter se sentindo assim.
Meu corpo enrijeceu ao ouvir sua voz e logo senti meu coração fraquejar dentro do peito.
Era ele.
Era a voz dele.
Abri meus olhos ansiando mais do que tudo encontrar os olhos negros de Caspian a me observarem.
Ele estava lá sentado em um pedra na beira do riacho, sua roupa folgada ao corpo oscilava com o vento fraco de uma primavera exuberante.
Permaneci onde estava por medo de mover-me e acordar desse belíssimo sonho.
As lágrimas desciam como cascatas em minha face.
A dor de vê-lo era insuportável, mas não mais do que a dor de jamais poder encarar seus olhos novamente.
Caspian me observava furtivamente, seu rosto uma máscara de serenidade.
_Eu te amava, Suzana. Como pode partir sem lutar? Sem lutar por mim? Sem lutar por nós?_sua voz era cortante, rasgando-me por dentro lentamente.
Sacudi a cabeça, as palavras sufocadas em minha garganta.
_Eu não podia..._lamentei sem deixar de encara-lo, minha força demasiadamente fraca para me auxiliar em uma frase.
Caspian riu sem humor, enquanto levantava-se da pedra e me encarava ao longe.
_O que lhe impedia de correr até mim e implorar a Aslam para reconsiderar sua decisão?_Caspian estava bravo, mas sua voz era mais carregada de mágoa do que de outro sentimento.
_Aslam sempre soube o que fazer, Caspian. Eu aprendi isso e, por mais que eu tenha sofrido com a decisão que ele impôs, ainda assim a aceitei de bom grado, pois sei que nele eu posso confiar._minhas palavras saiam trêmulas devido as lágrimas.
Caspian olhou para o chão, tentando absorver minhas palavras com calma.
_Eu também confiaria minha vida à Aslam, mas, ainda assim, faria de tudo por você, Suzana.
Não consegui mais me aguentar e desabei no chão, os soluços atingindo-me gradativamente enquanto as lágrimas lavavam meu rosto.
Eu amava Caspian.
Jamais me permitiria esquecê-lo.
Mas, mesmo assim, eu sabia que meu lugar não era em Nárnia. Aslam fora bem claro quando explicou-me isso.
Quando abri meus olhos novamente Caspian estava próximo de mim, agachado em minha frente.
Seus olhos, mesmo entristecidos, transmitiam preocupação.
_Desculpe-me._falou beijando minhas mãos demoradamente.
A dor em meu peito se intensificou quando ele, tomado pelo desespero e pela angústia, deixou que lágrimas rolassem de seu belo rosto.
_Por favor, não chore._implorei me aproximando de si e enxugando suas lágrimas.
Encostei minha testa na sua, enquanto ambos compartilhávamos de nossa tristeza profunda.
_Entenda uma coisa._disse segurando-me o rosto, os olhos transbordando lágrimas quentes e verdadeiras._Eu jamais, nunca, amarei outra mulher como a amo. Pois o meu amor por você é puro e incorruptível. Jamais se esqueça disso...jamais se esqueça de mim._implorou abraçando-me forte.
Por mais que a dor tomasse conta de minha alma, eu ainda podia sentir a chama do amor crepitando em meu peito, clamando para se expandir pelo meu corpo.
Agarrei Caspian com mais força, aproveitando dos minutos que nos restavam. Aproveitando para declarar ao homem que eu amava que jamais o deixaria partir de meus pensamentos e do meu coração.
_Eu lhe prometo que você sempre estará aqui_disse apontando para o lado esquerdo do peito_Jamais será esquecido, porque eu te amo. Te amo mesmo que o sol desapareça e não haja mais noite, vou te amar até no meu epitáfio. Vou te amar eternamente..._o que eu prometi era de grande valia e, mesmo assim, eu tinha certeza da verdade de minhas palavras, pois eu tinha certeza de meu amor por Caspian.
Ele sorriu e beijou-me ternamente.
Não fora um beijo urgente.
Eram apenas Caspian e Suzana.
Era apenas nosso amor mostrando-se mais puro e inegável do que nunca.
_Eu te amo._dissemos em uníssono, antes de nos perdermos nos olhos um do outro e sermos sugados para a escuridão.
Acordei chorando.
O gosto dos lábios de Caspian ainda pairavam nos meus como um lembrete de que tudo fora real, embora que vivido apenas em nosso subconsciente.
Naquele momento eu tinha mais do que certeza sobre meus sentimentos sobre Caspian e sabia que viesse quem fosse, seja Call, Pedro ou qualquer outro homem, ainda assim meu coração não seria inteiramente deles, pois Caspian havia o roubado para si no dia em que nos vimos pela primeira vez.
Seu olhar havia roubado meu coração tão rapidamente que nem mesmo eu percebera.
Ele era meu primeiro amor e para sempre seria...

P.O.V Pedro


Não retornei a ver Suzana desde o minuto em que Keyna beijou-me e ela desapareceu pelos degraus.
Eu sabia que a havia machucado e eu me sentia terrível por isso.
Mas, apesar de tudo, eu também sentia que o beijo entre mim e Keyna não era algo predominantemente proibido, afinal eu Suzana prometemos seguir com nossas vidas e esquecer um ao outro.
E eu tinha que seguir minha vida fosse ao lado de Keyna ou qualquer outra mulher.
_Pedro?_a voz de Edmundo despertou-me de minha conversa interna.
Ele estava trajado com seu pijama de flanela no alto da escada, observando-me curioso.
_O que está fazendo dormindo no sofá?
Eu não estava dormindo, mas explicar isso a Edmundo acarretaria em uma longa e duradoura explicação a qual eu não estava disposto a dar.
_Acho que cochilei. De qualquer maneira, obrigado por me acordar._disse enquanto subia a escada até onde ele estava parado.
_Não foi nada._disse me encarando uma última vez antes de descer a mesma e marchar até a cozinha.
Na verdade eu estava evitando adentrar o corredor onde ficavam tanto o meu quarto quanto o de Suzana, mas eu sabia que uma hora teríamos que encarar a realidade, mesmo que isso machucasse a ambos.
Andei devagar até a última porta do corredor, com cuidado para não acordar nem Lúcia nem Suzana.
Antes de seguir até a última porta demorei-me de frente a porta de minha irmã mais velha.
Percebi, olhando pelas frestas da porta, que a luz estava ligada, o que alertava que Suzana também não estava conseguindo dormir.
Fechei os olhos, acariciando o cenho.
Talvez eu devesse ver como ela estava, eu não teria um outro momento tão oportuno, agora que estava namorando Keyna e a mesma não saia aqui de casa.
Levei minha mão até a fechadura, eu tinha esperanças que ela não tivesse a trancado.
Suspirei aliviado e meio receoso quando a porta, com um ruído baixo, abriu-se devagar revelando o interior do quarto.
Me surpreendi quando Suzana, que estava sentada na cama trajando uma fina camisola, aproximou-se de mim e puxou-me para dentro do quarto fechando a porta com cuidado.
Encarei-a sem entender, tentando forçar meus olhos a não olharem o seu corpo quase desnudo pela camisola transparente.
_Você estava me esperando?_perguntei curioso, a dúvida formigando em meu ser.
Suzana assentiu, uma mecha de seu cabelo caindo na frente de seu rosto.
Foi necessário muito esforço para que eu não levantasse minha mão e retirasse a delicada mecha de sua face.
_Eu quero experimentar uma coisa e, por Aslam, deixe-me tentar._seus olhos estavam tão azuis e nítidos que foi impossível negar-lhe tal pedido, mesmo que eu não fizesse ideia do que seria.
Suzana se aproximou ficando na ponta dos pés, enquanto suas mãos passeavam livremente por meu peito.
Minha respiração começou a fraquejar.
E do nada, como se um apito avisando-lhe a hora, Suzana beijou-me ferozmente, com uma intensidade que eu não imaginava que existia em seu ser.
Correspondi ao beijo com igual volúpia, meu corpo entregue à ela.
Mas, antes que qualquer coisa a mais fosse feita, Suzana se afastou, os lábios rosados.
_Bom, você já pode ir embora._falou fria, enquanto endireitava sua camisola.
Meus olhos se estreitaram.
_O quê?_minha voz era um murmúrio quase inaudível.
Ela olhou-me séria, seus olhos tão indecifráveis quanto nunca.
_É isso que eu sinto por você Pedro: desejo, apenas._declarou com uma certeza irredutível.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Na verdade eu não desejava acreditar em suas palavras.
_Como assim? Você me ama!_declarei com um pouco de dúvida, devido a força da certeza em sua voz.
_Não, você está enganado e eu me enganei todo esse tempo. Eu não te amo, eu me sinto atraída por você e por seu corpo, é só!_finalizou com um olhar que pedia desculpas.
Não pude evitar deixar uma lágrima solitária percorrer meu rosto. Seria verdade? Estaria eu amando por nós dois?
_Como você chegou a essa conclusão?_perguntei com a voz abafada devido as lágrimas.
Era óbvio que ela estava se sentindo mal por me dizer isso, mas eu necessitava saber da verdade.
_Porque eu sempre amei e sempre vou amar Caspian, você é só atração, assim como Call e os demais homens que já passaram por minha vida._sua voz era baixa para não chamar a atenção de nossos irmãos, mas eu podia ver o quão convicta ela estava disso.
Funguei uma última vez antes de segurar a maçaneta em minha mão, as lágrimas rolando livremente por meu rosto.
Eu sabia que deveria fechar a porta e ir embora, acabar com esse sentimento, mas eu não podia partir antes de lhe dizer a verdade.
Atravessei a curta distância entre nós dois e a beijei com delicadeza. Suzana entregou-se em meus braços, deixando, como ela mesmo dissera, seu corpo falar por ela, uma vez que sua alma estava fadada a amar apenas Caspian.
Eu lhe deitei na cama com cuidado.
Ela era o meu mundo. Era a pessoa que eu mais amava, eu não podia deixa-la antes de mostrar-lhe uma última vez meu amor.
Naquela noite, em seu pequeno quarto, eu lhe mostrei o homem que eu era.
A figura de irmão desapareceu no momento que eu a fiz mulher. Tudo o que eu estava fazendo era errado, mas Suzana tinha que me ver, nem que fosse uma única vez, como o homem que a amava acima de tudo.
Eu lhe tratei da forma mais carinhosa que um homem apaixonado pode tratar um mulher e, em nenhum segundo, ela relutara se entregar a mim.
Quando amanheceu nossos corpos nus ainda estavam colados um ao outro, abraçados apreciando o momento.
Eu me levantei e vesti minha roupa, os olhos de Suzana me seguindo em todos os movimentos.
Eu me sentia o homem mais feliz do mundo e, ao mesmo tempo, o homem mais amaldiçoado.
Antes de abrir a porta e ir embora não só do seu quarto como de sua vida eu me virei para falar as palavras que meu coração insistiam em serem ditas:
_Essa noite eu pude sentir meu amor por você com tamanha intensidade que eu nunca imaginei que um homem pudesse sentir. Sinto muito se você só sentiu o prazer carnal, pois o que eu senti é muito maior e forte do que uma simples noite de prazer. Adeus, Suzana. E agora, eu lhe prometo, que não a perturbarei mais. Meu amor acaba aqui nesse quarto e nesse instante. Daqui para frente você é apenas a minha irmã, como desde o começo deveria ter sido.
E com o coração pulsando em meu peito saí do seu quarto, retirando-a por completo de meu coração.

P.O.V Autora

Suzana observou Pedro sair sem demonstrar nenhuma expressão, mas, no segundo em que a porta foi fechada indicando o final de tudo, seus olhos soltaram as lágrimas guardadas ali.

Suzana não se moveu nos minutos que se seguiram.

Sua pele alva, coberta pelo lençol, ardia, mas não se tratava de desejo.

Ela estava errada.

Mas sabia que havia feito o que era certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um grande e sincero beijo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Até Que Meu Coração Pare De Bater..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.