Wakeru escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 25
Capítulo 24 - Não Tenho Mais Asas...


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais por favor!
Boa leitura



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Não se devem desatar os laços que Deus decidiu unir;
Seremos sempre filhos da urze e do vento.
Mesmo muito longe de casa, para você e para mim
A giesta floresce sempre linda nas terras do Norte.
O Médico e o Monstro Robert Louis Stevenson
Kaoru POV
Um mês...
Sem que eu tenha saído dessa casa.
Minha vida está parada por um mês...
E o julgamento do Tooru será daqui uma hora.
Tem sido um tanto complicado ficar aqui, de mãos atadas até agora.
Olhei pelo espelho, a cicatriz bem visível e horrível, eu estava tentando me acostumar com ela, mas estava sendo difícil.
Eu não tive coragem de ver o Tooru, não com essa imagem horrível...
Eu sei que ele deve estar magoado comigo... Mas não queria que ele me visse assim...
- Kaoru? Shinya bateu na porta do meu quarto. Temos que ir...
Não respondi, apenas continuei me olhando.
- Kaoru... ele entrou. Kaoru... Você tem que parar de se preocupar com isso.
- Se ele tivesse atirado de longe, não teria feito esse estrago. respondi.
- Você sabe que tem que esperar só mais um pouco para que cicatrize totalmente e que eles possam dar um jeito. sorriu.
- O que o Tooru vai achar?
- Ele gosta de você, não da sua aparência... Agora vamos! Não podemos nos atrasar...
- Ok... me levantei.
Eu ainda estava tentando compreender o porquê a Wakeru ficou estável, e se continuaria assim por mais tempo.
Segui em silencio, vendo que o Jun estava sentado no sofá agitando as pernas, como se estivesse impaciente.
Mas é claro, estava preocupado com o irmão.
Ele se levantou e veio perto de mim, e sorriu de leve.
- Vamos ... disse
[...]
Tooru POV
Eu não agüentava mais ficar ali sentado esperando, fechei os olhos e respirei fundo.
Por que eu não consigo voltar?
Para piorar as coisas? Não você fica aqui, não preciso mais me esconder na sua falta de senso...
Você pensa que manda, mas no fundo sempre vai ser o fraco...
Você pensa que manda...você só é uma pequena parte... e se depender de mim, não voltará mais...
Reabri os olhos, conflitos com o Kyo agora não...
Eu preciso estar calmo, para enfrentar o que está por vir...
E estou ansioso para ver o Kaoru... Eu sei que hoje ele virá... Eu quero ver ele... Por mais que eu não possa me aproximar... Só vê-lo já será bom para mim...
- Nishimura-san... Me acompanhe... disse o advogado.
Acho que se não fosse pelo Shinya... Eu estaria mais ferrado ainda.
Segui o advogado, pelo longo corredor... E tentando me manter calmo... Eu já estava surtando naquele lugar... Mas, eu não quero voltar a ser o Kyo. É só isso que eu tenho que manter em mente.
Entrei naquela sala, onde todos me olharam com desprezo. Exceto quem estava ao fundo.
O Shinya... Que me olhou de maneira doce, de uma maneira que tentava me confortar em meio a tanto pré-julgamentos.
Aquelas pessoas deviam estar pensando o pior de mim.
Mas...se só o Shinya-san está ali... Então quer dizer que o Kaoru, e o Jun... Vão testemunhar ao meu favor!
A idéia já fez o meu coração se acelerar.
Me sentei no banco dos réus, e senti aquela energia de desprezo se tornando quase um vento gelado, arrepiando todo o meu corpo.
Agora eu estava com medo de tudo dar errado, e eu acabar ficando ainda mais longe do Kaoru... E do meu irmão.
...
Quando o julgamento começou, eu nem estava prestando atenção.
E apenas olhei para minha mãe... Que me olhava com o mesmo desprezo de sempre...
Fechei os olhos, e me lembrei de novo daquele velho nojento...
Flashback On
- Fica quieto!- gritou me jogando no canto. E vai tomar um banho... disse saindo do quarto.
Chorei em silêncio... Por alguns minutos, e depois fui me arrastando até o banheiro... Ainda bem que o Jun, tinha ido com minha mãe.
Consegui me levantar e ligar o chuveiro.
Por que tudo isso se repetia mais uma vez, por quê?
- O que eu fiz pra você, Kami-sama... Eu me comportei mal? Eu queria apenas ter meu pai de volta, ele não permitiria que isso acontecesse, mas até isso você tirou de mim...
Bufei, estava com raiva de ser tão fraco, com raiva de não saber o porquê aquilo acontecia, e raiva por minha mãe ser tão cega, a ponto de não ver o que esse homem é capaz.
Sai do banheiro decidido, peguei minha mochila minhas coisas, e pulei a janela...
Teria uma nova vida longe dali?
Eu não sabia, eu só queria me manter longe daquele velho...
Flashback off
- Nishimura-san, eu lhe fiz uma pergunta... disse o advogado de acusação.
Ergui os olhos.
- Não te ouvi, poderia repetir? disse sem animo.
Ele respirou fundo.
- Perguntei, se havia premeditado tudo...
O advogado me cutucou dizendo que eu podia responder.
- Não. Não premeditei nada.
- Certo, no depoimento do réu, ele disse estar sob o efeito de diversas drogas, incluindo uma criada pelo Niikura Kaoru-san, e que ele alegou mudar as personalidade das pessoas. Então chamo ao júri, o citado Niikura-san.
Quando vi o Kaoru entrando, com o cabelo curto e mais claro e uma enorme cicatriz que parecia bem recente no lado direito do rosto.
Era por isso que ele não vinha me ver?
Estava com vergonha da cicatriz?
Ele me encarou por alguns segundos, e eu me permiti sorrir de leve.
Ele retribuiu, e logo se sentou, e fez o juramento.
- Niikura Kaoru, você confirma a versão do réu sobre a droga, criada por você?
- A Wakeru, foi feita para dividir as personalidades.
- Então, o réu tinha ingerido a tal droga no dia do crime?
- Sim. Como também várias vezes antes... Do fato. falou com desprezo, por mais que eu tivesse convivido bem pouco com o Kaoru, eu sabia o quanto ele podia mostrar o desprezo que ele sentia de algumas pessoas.
- Ele por algum acaso, citou sobre o queria fazer ao padrasto?
- Ele nunca falou sobre qualquer tipo de vingança...
- Vingança?
- Isso não cabe a mim responder, senhor.
- Não tenho mais perguntas para você por enquanto. Já que o Niikura-san, citou sobre vingança... O que o réu tem a dizer sobre o que levou a cometer a o crime?
- Protesto! gritou o advogado me assustando.
- Negado... disse a juíza.
- Continuando... Há algum motivo para que você tenha cometido o crime, já que é um réu confesso...
- Por algo que por mais que eu tente eu não vou conseguir esquecer. Eu tinha nojo dele, ele era falso, ele batia no meu irmão, e abusava de mim... Você sabe o que é que acontece com uma criança de nove anos é abusada sexualmente? Não deve, ninguém entende, ninguém quis me escutar... Eu sempre tinha que agüentar tudo calado...como se eu fosse o errado não ele. eu tinha que me controlar para que não deixasse minhas lágrimas serem percebidas, mas não adiantou, senti como se elas fosse me limpar por dentro, tirando todos aqueles sentimentos e pensamentos ruins que me atormentavam desde a infância.
- Então você alega que sofreu abuso sexual por parte da vítima?
- Ele não é uma vitima! Ele sempre teve a culpa! retruquei.
- Abaixe o tom, Nishimura-san. disse a juíza.
- Por que você não o denunciou?
- Por que alguém acreditaria em mim? Segundo as pessoas naquela época, eu já era um perturbado. Eu só tentei me livrar do problema com a solução errada. respondi abaixando a cabeça. Eu só espero que entendam, que eu não estava em mim, eu tinha me tornado um monstro, e agora me arrependo amargamente disso.
- Como o júri ouviu, o réu, diz que foi uma solução, uma vingança, por ter sofrido abuso sexual na infância. Mas ponderem, os fins justificam os meios? Pensem bem...
- Excelência, venho agora pedir que a testemunha Niikura Kaoru, conte tudo o que aconteceu no suposto dia. Na visão dele, de amigo do réu, para que os jurados vejam, os fatos com outros olhos.
- Ele tinha usado há Wakeru algumas horas antes. E como sempre, havia também usado muitos outros tipos de drogas, quando ele entrou na minha casa, com o recado de um dos membros de uma certa gangue para mim, ele já estava sujo de sangue, e fora de si, sua fala e seu jeito irônico estavam tão acentuados, que poderia assustar qualquer um. Mas assim que os efeitos das drogas passaram, e ele voltou a ser apenas o Tooru, assustado e horrorizado consigo mesmo.
- Certo, e essa reação, Niikura-san, como foi? perguntou o meu advogado.
Eu apenas olhava fixadamente para o Kaoru, nele, eu me sentia mais seguro.
- Ele chorou. Ele pediu ajuda para mim, ele não queria se afastar ainda mais do irmão. E eu entendi isso, eu o protegi.
- Como vêem, o acusado apenas estava fora de si, e quando a realidade caiu, ele não conseguia aceitar o próprio erro. Mas para que possamos entender melhor... Quero que ouçam o irmão mais novo da vitima, que foi testemunha de muitos dos abusos.
O Kaoru se levantou, ele não podia falar comigo, mas ele veio na minha direção, e tocou minha mão.
- Eu estarei sempre com você... Só quero que saiba disso. sorriu.
- Obrigado...
O policial afastou ele.
E logo eu vi o Jun. Com medo dos olhares alheios, ele se sentou encolhido no banco, e fez o juramento, que tenho certeza de que não havia necessidade alguma, por que eles realmente estavam falando a verdade plena.
- Você pode contar o que você lembra, do que seu padrasto fazia.
- Ele machucava muito o meu irmão, ele aproveitava quando minha mãe ia trabalhar, as vezes para que meu irmão ficasse quieto e não chorasse tal alto, ele me amarrava no pé da cama, e assim como o meu nii-san não queria me assustar, ficava sofrendo em silencio.
- No dia da morte do seu padrasto, o seu irmão estava...
- Claramente drogado, eu sei quando ele não está, e ele estava tão drogado, a ponto de falar em detalhes para mim o que aconteceu. E eu sei que ele nunca faria isso, nem falaria o que fez para mim, ele sempre quis me proteger de tudo, não seria agora que ele iria me expor por livre e espontânea vontade. Ele não estava em si, é só isso que eu sei.
-Minhas perguntas encerraram. disse o meu advogado se sentando, novamente.
- Agora, eu chamo a testemunha, Chieko Nishimura. disse o advogado de acusação.
Minha mãe... Vai testemunhar contra mim??
Fechei os olhos e tentei me desligar por alguns segundos, eu não queria ouvir, não mesmo...
- Como testemunha ocular do ocorrido, como ele estava se portando?
- Comportava-se do mesmo modo mal-educado que sempre teve, é certo, que também parecia mais sádico e já entrou ameaçando...
- Mentira! Mentira!!!! Meu nii-san não faria isso! gritou Jun que estava sentado do outro lado.
- Silêncio! gritou a juíza.
- Continue, senhora... disse o advogado.
- Disse que ia acabar com ele, e algo como Vá para o Inferno e me conta depois como ele é...
Eu ouvi tudo isso, por mais que eu me negasse a ouvir... Eu abaixei minha cabeça... Eu não ia me livrar de passar um bom tempo preso, ou até o fim dos meus dias...
Fiquei tão atordoado com o que ela disse, que nem prestei mais atenção... Do que foi dito a seguir, só percebi que todos começaram a levantar
O Tribunal entrará em recesso para que o júri tomasse uma decisão e exposse à juíza, que avaliaria a pena.
- Eu posso ficar aqui... Daisuke-sama? olhei para ele que passou ao meu lado.
- Fique... disse se afastando.
Continuei sentado e vi novamente o Kaoru próximo à mim.
Ele se sentou ao meu lado.
- Kao... eu o abracei e deixei que minhas lágrimas caíssem molhando o ombro dele.
- Calma... Não se desespere... Ainda há esperança, você não irá ficar sozinho.
- Se eu for condenado... percebi que o Jun veio correndo perto de nós. Os dois... Os dois prometam que se eu for condenado... Vocês não irão ir me ver... Não quero que vejam ma situação, quero que prometam que não virão até prisão... Por favor!
- Mas... Nii-san...
- Prometam! gritei.
- Sim... Tooru, por mais que seja contra minha vontade, eu prometo...
Senti o Jun me abraçando, como se fosse sua maneira de prometer...
Ficamos um minuto ali juntos... Sem falar nada... Somente sentindo a presença um do outro.
Não demorou muito para que ouvíssemos todos voltando, os dois se afastaram, e eu senti o Kaoru selar levemente o meus lábios.
Os dois se afastaram, e logo aquela sensação de frio voltou.
Falaram algumas coisas, mas eu apenas estava me prendendo na lembrança dos lábios do Kaoru.
- Nishimura-san, levante-se. A sentença... disse o advogado tocando meu braço.
Me levantei e encarei a juíza.
- Pela decisão do júri o réu que já havia confessado o crime, mostrou que a intenção sempre fora matar, pela palavra das testemunhas, nunca pensou em outra maneira de resolver o problema. Então declararam o réu culpado.
Pude ouvir um murmúrio, que logo silenciou, quando a juíza retomou a palavra.
- Claro que devido ao fato do réu ter confessado o crime acentua diminui a pena. E, por ele ter apresentado os motivos que o levou a agir dessa forma. O Condeno... A doze anos de pena, sem direito a condicional, e redução da mesma. ela bateu o martelo, e eu senti meus joelhos acertarem o chão, as lágrimas correram pelo meu rosto, e apenas vi o Kaoru me olhando.
Sussurrei um adeus, e me senti sendo erguido pelos policiais.
Essa seria a ultima vez que eu veria os olhos castanhos do Kaoru?
A ultima vez que veria as lágrimas do meu irmão...
O Kyo venceu mais uma vez... Ele estava me destruindo mais uma vez.
Mas nem por isso ele vai voltar, eu não vou deixar que ele piore minha situação nesse lugar...
Segui novamente para a prisão, vendo as grades se fechando diante de mim.
- Kyo-san... Você...está chorando? perguntou Koji.
- Não te interessa... respondi raivoso Me deixa em paz! gritei me sentando no meu colchão.
- Achei que fosse insensível, nanico.
- Cala a sua boca... respondi. Fica quieto ai, eu não quero ouvir a voz de nenhum dos dois...
...
Kaoru POV

Me arrependo amargamente de ter prometido aquilo para o Tooru, eu não queria simplesmente o abandonar naquele lugar.
- Por que, se a juíza entendeu os motivos por que tanto tempo?! gritou o Jun Por que vão afastar o meu irmão mais uma vez de mim...?
- Jun, gritar não vai ajudar... Por favor... Entenda... disse o Shinya se abaixando um pouco para ficar na altura dele. O seu irmão, vai voltar são e salvo. disse o abraçando.
- Vamos, eu não quero ficar nem mais um minuto aqui, eu... Eu quero organizar minha mente longe daqui. falei, com os olhos cheios de lágrimas, o Jun se soltou do Shinya e segurou minha mão.
- Vamos Kao-nii-san... disse num sussurro.
Saímos os três, fomos embora, com as esperanças abaladas, quase inexistentes, reduzidas a pó.
Quem somos nós para julgarmos uns ao outros, achar o que é certo e o que é errado, sem entender de fato o que culminou as ações de cada um.
Somos meras carnes podres que lutam para encontrar suas razões, para no fim vê-las destruídas por apenas um piscar de olhos.
Eu não me arrependo de criar a wakeru, por que isso me aproximou do Tooru, mas também o afastou de mim.
Eu queria apenas não ter sentimentos... Só para não ter esse sensação.
Quando notei, já estávamos parados na frente da minha casa.
- Obrigado, Shin... Eu não sei como agradecer tanto esforço. disse tirando o cinto.
- Kaoru você vai ficar bem? Precisa de algo? perguntou.
- Não... Eu só preciso dormir um pouco... Jun você quer ficar aqui comigo, ou vai com o Shinya para casa dele?
- Eu vou ficar com você... respondeu, um pouco choroso.
Descemos do carro, e agradecemos o Shinya.
- Kao-nii-san... Vamos ficar sem ver o meu irmão?
- Temos que respeitar a vontade dele. Por mais que isso corte nossos corações. disse abrindo a porta.
- Meu nii-san... Está voltando a ser totalmente o Tooru, ele não devia estar lá...
- Eu também acho isso, mas não podemos fazer nada, não agora...
Entramos... A sensação era de perda, e realmente tínhamos perdido.
Era como se eu tivesse asas e elas fossem arrancadas sem piedade.
Me sentei no sofá... Eu nem sabia mais o que fazer...
Eu não tinha mais emprego, nem mais o meu Tooru...
Estava sendo sustentado por um amigo... Isso não é vida... Não mesmo...
Quero achar uma solução para tudo isso, mas... O que...
- Kaoru?!
- O que foi Jun?
- Você vai me largar?
- Por que eu faria isso? Eu gosto de estar com você...
Ele sorriu de leve, e se sentou ao meu lado.
- Hey... Vamos jogar vídeo-game?

Mas...
Pensando melhor... Eu posso esperar pelo Tooru, eu vou esperar por ele, vou me dedicar a isso...
E sei que o Jun, e o Shinya vão me ajudar...
Se realmente for verdade, que kami-sama existe, eu posso ainda ter esperanças?

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Notas finais do capítulo

Eu sou uma mala mesmo, pode dizer, eu iria colocar um lemon aqui, mas ia ficar sem sentido, a idéia era um lemon num flashback, do KyoxKaoru, mas vou deixar pro ultimo(ou penultimo) que acham?
Eu deixei bastante sentimental, espero que tenham sentido o que eu senti escrevendo (quase chorei!)
Enfim, tá terminando! Enfim, essa é minha ultima fic no Nyah, e espero que vocês possam acompanhar as outras aqui ----> http://animespirit.com.br/kamui-nishimura
Wakeru vai ser repostada lá também, assim como todas as minhas outras fics.
Então, ainda essa semana eu posto o restante dessa fic, da qual eu amei escrever, e espero que vocês gostem do que o fim reserva!
Até o próximo!