Conquistador escrita por Bastet


Capítulo 1
Conquistador


Notas iniciais do capítulo

ONE SHOT.
Grandpa ROME x Mama GREECE, apesar de eu ter uma preferência pela Mama Egypt.
Fiz a One porque eu sempre quis escrever uma Long Fic sobre todos os Ancients de Hetalia. Mas é complicado, preciso de muita pesquisa, por exemplo: quem é o Ancient do Rússia? E o do China? Fora a criação de OC's. MUITOS OC's. Mas a ideia permanece, e espero que um dia eu consiga concretizá-la.
Nos vemos nas notas finais?



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Conquistador

Grécia achava que Roma era cego, ou melhor, estúpido. E não era porque ele podia ser cabeça dura, avoado, distraído, abobalhado, pervertido, egocêntrico e a lista continua por aí. Não, ele era idiota porque continuava junto dela.

Egito.

“O que ela tem que eu não tenho?”, era a pergunta retórica que Grécia se lançava ao se encarar no espelho. Ela era muito mais o tipo de Roma do que aquela outra: tinha um corpo musculoso, cabelos chocolates ondulados que prendia num rabo de cavalo para que deixasse de cair sobre as suas lindas maçãs do rosto salientes e seu nariz bem feito apesar de ligeiramente empinado. Grécia tinha uma pele da cor de oliva e olhos amendoados. Quanto a jóias, usava apenas um bracelete de ouro e ocasionalmente mudava seus pequeninos brincos. Trajava usualmente túnicas drapeadas azuis, brancas ou arroxeadas.

E o que é que Egito tinha? Uma pele escura bronzeada, olhos que pareciam fendas felinas escuras que ela contornava com o mesmo kajal que delineava o contorno de suas sobrancelhas. O nariz dela tinha uma curvatura engraçada e uma ponta quase triangular e seus lábios eram carnudos até demais. Grécia não sabia qual era a verdadeira cor ou o comprimento do cabelo da outra, que vivia trocando de perucas pretas: curtas ou longas, cacheadas ou lisas, enfeitadas com contas ou não. E ainda tinha a excentricidade de andar com mil e uma jóias, ouro e diversidade de pedras preciosas adornando sua cabeça, colo, orelhas e pulsos. E a suas roupas? Aquelas túnicas de linho transparentes que delineavam o corpo da africana eram indecorosas e indecentes.

Roma devia estar louco quando se apaixonara por aquela mulher. Os dois eram completamente opostos: cultuavam deuses diferentes, seus estilos de fazer arte eram antagônicos (Grécia repudiava aquelas figuras sem relevo e com um perfil falso que a outra produzia) tinham ideias políticas diferentes (a outra era atrasada, com aquela idéia fixa de monarquia absoluta ultrapassada) e uma moda diferente.

Já comparando Roma com ela mesma, eram visíveis suas semelhanças: ambos eram países democráticos; seu estilo de arte era clássico; tinham uma moda similar e cultuavam os mesmos deuses com nomes diferentes (o que ligeiramente irritava a mulher).

Foi ela e não Egito que ensinou a Roma tudo que ele precisava para se consolidar como uma grande nação. Grécia educara Roma desde que ele era apenas um menino ambicioso e corajoso, cativando no seu coração infantil seus próprios costumes, que mais tarde o mesmo reinventara – sem abandonar as suas bases. E desde que criara o pequeno Roma, Grécia olhava para aquele menino tão bonito e pedia aos seus deuses para que ele crescesse logo para que ela pudesse se tornar sua em todos os sentidos. Mesmo que isso implicasse em perder seu Império. Os interesses de Roma vinham na frente e sempre viriam.

Mas ele foi um garoto, foi um rapaz e era um homem curioso. Que não se contentava apenas com o que conhecia. Ele sempre queria mais: mais terras, mais homens, mais dinheiro, mais vassalos, mais comida... e porque não, mais mulheres. Grécia sentia ciúmes, todavia sabia que seria passageiro: no fim, Roma sempre voltaria para os seus braços.

Até que ele resolveu que conquistaria Egito também. Mas não previu que ela era uma terra traiçoeira, ardilosa. Era uma terra que de certa maneira enfeitiçava as pessoas, tanto que a mesma se gabava de ter sido a inventora da magia, para o desespero de Britânia*.

Por mais que ele alegasse o contrário, Grécia sabia que ela estava o conquistando, e não o contrário. Os dois passavam os dias cavalgando pelo deserto ou comendo tâmaras e uvas abaixo de acácias. Os dois passavam noites deleitando-se com banquetes repletos de faisões, coelhos e patos em navios imperiais navegando sobre o Nilo, apreciando shows de músicos, dançarinas e acrobatas.

E Grécia ficava sozinha em casa esperando, em vão, o retorno do homem que amava. E tinha sérios ataques de raiva quando percebia que ele passaria a enésima noite junto de Egito, e que talvez desse satisfações a ela no dia seguinte. Às vezes, Roma sequer aparecia no dia seguinte.

Algumas pessoas poderiam dizer que Grécia estava sendo invejosa e infantil, mas esses mesmos indivíduos não percebiam como aquela mulher estava afetando o seu Roma. Ela já podia ver sinais de que Roma queria extinguir a democracia e o triunvirato e instalar uma monarquia. A idéia de ser mais que uma nação, de ser um deus, estava o iludindo. E isso provocou um grande escândalo na população, o que o gerou uma grande dor de cabeça. Quando Roma voltava da casa de Egito, ficava sozinho, calado e apático. Uma nação não pode desapontar seu povo, senão, só estará machucando a sí mesma.

Um dia ela confrontou Roma. Disse que queria que tudo voltasse a ser como antes: só os dois. A nação musculosa apenas jogou para trás os cabelos castanhos e riu.

– Minha linda Vênus está aos poucos se tornando uma Juno. – ele enlaçou a cintura de Grécia e sentou seu corpo forte e feminino em seu colo. Ela cruzou os braços, emburrada. – Não vai nem me corrigir? Dizer “É Afrodite e Hera! Roma seu cabeça de camarão!?*

O muxoxo no rosto de Grécia apenas aumentou com a patética imitação de sua voz. Então era assim que ela soava aos ouvidos de Roma? Uma mulherzinha de voz estridente?

Ele correu seus dedos compridos pelo rosto dela, marcando com as mãos pesadas e quentes o queixo, o nariz e os lábios da mulher. Ela não esboçou nenhuma reação.

– Por que você sente esse ciúme descabido pela Egito? Pelo que eu me lembre, vocês eram amigas. Bem, se depender dela, vocês ainda o são. Ela fala muito de você. – Os olhos amendoados de Grécia quase saltaram das órbitas. Imediatamente ela se virou para Roma, descruzando os braços.

–Ela fala? O que, por exemplo?

Roma deu um sorriso despretensioso, mostrando seus dentes brancos.

–Roma! Diga para mim! Diga, diga, DIGA! – ela bateu diversas no peito do homem com as palmas espalmadas, enquanto esperneava como uma criança mimada.

–Ela fala sobre como ela admira sua inteligência. Também tem muito orgulho de Alexandria, a cidade que vocês duas construíram juntas.* É a capital dela agora, sabia? E lá encontramos muitos exemplos de nossa arte clássica por lá.Ela sente sua falta. Desde que eu passei a vê-la, você nunca mais apareceu.

Grécia cruzou os braços novamente.

–Se ela quer tanto me ver, que venha até a mim!

–Foi isso que eu disse. Mas você sabe como Egito é orgulhosa: adora fazer aquelas recepções e festas suntuosas para os visitantes só para se mostrar. Eu fico aliviado que você não é assim, Grécia.

Os olhos dela se iluminaram, tanto pela felicidade, quanto pelo brilho das lágrimas que já apareciam dentro de seus olhos. Pela primeira vez ela em muito tempo, ela abriu um largo sorriso.

–Verdade? – ela perguntou, passando os dedos pelos cabelos e pela nuca do seu Império.

Roma gargalhou, e subiu suas mãos para as cochas da mulher, levantando um pouco a túnica azulada que ela vestia.

– Verdade. – ele respondeu, antes de seus lábios colidirem em um beijo.

Roma foi um dos maiores conquistadores da História.


Em todos os sentidos.


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Notas finais do capítulo

Notas da História:
* Britânia seria a suposta mãe do Inglaterra. E sim, a magia surgiu no Egito Antigo. Magos entretinham o Faraó ressuscitando frangos mortos ao juntar suas cabeças ao corpo novamente. Há lendas de que a magia foi efetiva até mesmo com um leão!
* Todo mundo deve saber que os romanos basearam seu panteão mitológico no panteão grego. A piada aqui está no cabeça de camarão. O Himapapa já disse que o Império Romano adora frutos do mar. E o camarão é um crustáceo que defeca pela cabeça. A minha Mama Greece o chama assim quando está irritada para dizer que dentro da cabecinha do Roma só tem merda, rs.
* Alexandria foi a última capital do Egito Antigo, antes de ser conquistado pelos Romanos e a última Faraó, Cleópatra VII, se suicidar. Quando Alexandre o Grande (que era macedônio) conquistou o Egito, como era de praxe, deixou uma cidade em seu nome. Depois que ele morreu, seus generais repartiram entre si suas conquistas. Ptolomeu ficou com o Egito, e terminou de construir a cidade. Alexandria era uma cidade de estilo Helenístico (grego) e foi a capital cultural do mundo até a queda de Cleópatra.
Notas da autora:
Minha primeira fic de Hetalia *-*. Gostaram? Odiaram? Faltou alguma coisa? Viram algum erro?
Por favor, mandem reviews e me ajudem a melhorar, o feedback de vocês é muito importante ^^.