-Eu te ajudo. – Damon disse já fora da piscina, estendendo a mão para mim. Nadei até ele. –Você vai sentir uma leve pressão nas pernas, mas não é nada demais. Vai doer só um pouco. – Não gostei nada do ‘’só um pouco dele. ’’ Lembrava o tom que o médico usou quando teve que me aplicar uma injeção, e disse que não ia doer nada. Saí quase carregada da clinica.

Segurei sua mão. Ele me puxou pelos braços, mas não conseguia sair da piscina. Queria poder movimentar minhas pernas, mas sentia que elas pesavam uma tonelada. Eu não conseguiria sair por conta própria.

-Eu te carrego. – ele disse com firmeza.

-NÃO! – praticamente gritei pra ele. Limpei a garganta. - quer dizer, eu consigo sair sozinha.

Apoiei meus braços na beira da piscina, fazendo força para subir. Fiz de novo, nada. Mais uma vez, e nenhum sucesso, eu já estava cansada, quando Damon revirou os olhos e colocou suas mãos em minhas costelas, me elevando, sem nenhum esforço. Ele queria me carregar até a porta.

-Me põe no chão, anda! – me debati em seu colo. Ele me apertou mais ainda contra ele. –EI!- protestei me debatendo ainda mais.

-QUER FICAR QUIETA? –ele gritou pra mim.

-NÃO, NÃO QUERO, EU NÃO PRECISO QUE VOCÊ ME CARREGUE. AGORA ME SOLTA!

-Como quiser. –Damon sorriu perversamente pra mim e me soltou. LITERALMENTE. Eu caí com tudo no chão, por pouco não bati minha cabeça.

-SEU FILHO DE UMA PUT...

-EI, EI, EI! – ele disse me interrompendo. – Foi você que disse que era pra te soltar não foi? Mulheres! Você faz o que eles não querem, reclamam. Você faz o que elas querem e adivinha? Reclamam também!

-Você é um idiota mesmo não é? – eu disse cerrando os punhos. Eu queria mata-lo. Ele riu alto. Estendeu a mão pra mim, mas eu dei um tapa nela.

-Eu consigo levantar sozinh... – eu disse enquanto me levantava, mas a dor na minha perna era tão forte, tão esmagadora que caí no chão de novo. Fiquei lá por algum tempo de olhos fechados. A pressão sobre minhas pernas era enlouquecedora.

O que estava acontecendo comigo? Stefan morde meu pescoço e eu acabo no chão, quase chorando de dor? E sobre todo o sangue?

Flash.

Foi o que aconteceu no meu cérebro. Um flash. Todas as informações armazenadas nele, todas jorrando em minha mente. Todos os documentários, todos os seriados, todos os filmes, todas as matérias, todos os livros, tudo, tudo.  Será que eu estava delirando de dor? Não.
Os sintomas que as pessoas sentiam, onde eles viviam, como eles eram. Tudo se encaixava perfeitamente. Meus sonhos. Seu rosto se deformando, e agora a mordida. 

Stefan era um vampiro. Por ora, Damon também.

Por incrível que pareça não estou em choque. Parece que lá no fundo de minha alma eu já sabia de tudo.

Também não estou com medo. O que estou sentindo é algo mais forte, mais avassalador, mais devastador, um sentimento que estava tomando todas as partículas do meu corpo, um sentimento que estava fazendo meu sangue correr mais rápido, meu coração bater forte. Estava eu virando uma vampira? Não.

Ódio.

Esse era o nome. Por ele ter me enganado todo esse tempo. Por quando eu perguntava, mesmo que seja uma pergunta ridícula, ele não ter me contado a verdade. Por confiar nele e ele simplesmente trair minha confiança.

Abri os olhos.  Damon estava do meu lado de braços cruzados.

-Levanta loira. – o ódio subiu para meu rosto. Não sei como ou por que eu fiz isso, mas mesmo morrendo de dor, chutei sua canela com toda a força que eu tinha.

Ele caiu no chão.

-MAS O QU...

-VAMPIRO! – gritei pra ele. Que no começo pareceu assustado do modo feroz como eu gritei, mas depois revirou os olhos com o que eu dissse. Ele deve rme achar louca.
-Nossa, descobriu o mundo, parabéns. Até que você não é tão burra quanto parece. – ele parecia entediado. Fiquei boquiaberta - Agora me explica: precisava ter me chutado? Não doeu,  mas se você fizer isso novamente não me responsabilizo por meus atos. – ele se levantou e ficou me olhando.

Não podia acreditar. Stefan vampiro. Precisava falar com  ele.

-Olha loira, agora nós temos que ir mesmo. – ele parecia sério. – Então, por favor, me deixe eu te ajudar. – ele estendeu a mão pra mim e eu fiz o mesmo, me levantando por um momento, antes de ser carregada por Damon. Eu ainda estava de biquíni, então ele pegou uma toalha seca com uma mão e me enrolou nela, estava tão perplexa com aquilo tudo que nem ligava o modo como ele me olhava. Finalmente, saímos porta a fora.