A 73 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Sofi


Capítulo 3
Capítulo 3 - A preparação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/193954/chapter/3

Então quer dizer que Ery queria que ele morresse, para eu ficar viva. Não, não vai acontecer. Ery vai vencer, e as condições no Distrito 7 vão melhorar. Talvez Nadik consiga cuidar da família toda sozinho... E talvez meu pai consiga ajudar com alguma coisa... E talvez, eles recebam uma pequena quantidade de dinheiro em luto por mim, como fizeram pela minha mãe. Ou talvez não. Mas Porty vai caçar, ou alguma coisa assim.

Eu estava no meu quarto da Capital, planejando minha morte. Mekenzie diz que isso é drama, mas é a realidade. Ele não quer encarar por que quer esquecer os Jogos. Mas ele nunca vai esquecer. A Capital não vai deixar ele esquecer. Nunca. Por que ele sofreu nos Jogos, e a Capital adora ver pessoas sofrendo. O tempo não conseguiu fechar todas as feridas. A namorada dele morreu na edição anterior à dele.

Eu já estava à ponto de chorar no meu quarto, quando Ery entrou.

-Meriva, você vai ganhar – me abraçou – Tá bem?

-Não. Eu não vou ganhar, Ery. - eu disse, quase sussurrando, com as lágrimas correndo no meu rosto. -Você vai ganhar.

-Meriva. - ele disse, agora sério, segurando meus ombros, do mesmo jeito que Nadik fez comigo, no dia da colheita. - Eu não tenho uma família para cuidar. Eu não tenho irmãos e meus pais tem ótima saúde. Eu acho que está mais do que claro, que nós vamos salvar você nesses Jogos.

 

Então...-eu gaguejava – então você achou errado! Se eu morrer, meus irmãos e meu pai ainda vão ter Nadik, e também vai ter o dia da parcela. - eu disse, novamente afastando as lágrimas. O fato de eu ser uma chorona de primeira qualidade, vai me ajudar à morrer no primeiro dia dos Jogos. - Mas se acontecer alguma coisa com seus pais, eles não terão ninguém.

-Eles vão ter o dia da parcela. - ele disse

Como ele era firme! Não fraquejava em nada. Tinha argumentos para toda situação. Eu não tenho argumentos para nada.

-Bom. Nos preocupamos com isso na arena, tudo bem? - eu disse, já demonstrando um pouco de raiva na voz.

-Como quiser. E aí, como acha que será seu estilista? - ele disse, olhando para mim

-Idiota. De certo, vai me encher de folhas. - Na Apresentação dos Tributos, os estilistas montam as roupas, ou fantasias dos tributos de acordo com o forte de produção do seu Distrito. Distrito 7. Árvores. Ótimo, vou virar uma réplica dos campos do meu Distrito. - E você?

-Hm... De certo, ridículo. - Sempre são ridículos – Mas relaxa, você fica bonita de qualquer jeito

Dei um sorrisinho leve e senti o sangue fluir nas minhas bochechas. De certo eu estava com o rosto bem vermelho.

-Obrigada... - “Diz que ele também é bonito, sua idiota!” pensei. Obrigada? Ele faz um elogio assim e eu só respondo com um obrigada? - E você realmente não precisa de produção para ficar bonito. - Aah! Que vergonha! É a verdade, mas eu não costumo dizer coisas assim.

Ele só sorriu. O Distrito 7 tem duas escolas, e Ery não estuda na mesma que eu, mas a prima de Any estuda, e ela disse que as garotas reparam bastante nele.

De repente, a porta abriu num supetão. Um trio de pessoas – se é que posso chamá-los de “pessoas”- coloridas apareceu. Uma mulher com a pele num tom de azul celeste, olhos âmbar, cabelo enrolado roxo e maquiagem pesada laranja com glitter. Uma outra com pele verde escuro, olhos azul elétrico cabelo liso rosa e maquiagem amarela com um batom turquesa. Por último, um homem com cabelos enrolados somente na ponta, num tom de amarelo-gema, pele rosa – como se estivesse se queimando – olhos quase amarelos e maquiagem exageradamente púrpura.

-Eu sou Kammie! - disse a de pele azul celeste, animadamente

-E eu Jacky! - era a de pele verde-escuro

-Eu sou Paulius. - disse o homem, quase pulando. - A sua equipe já está te esperando no seu quarto, garoto. - Agora ele estava se dirigindo à Ery.

-Tá. Até mais, Meriva. - ele disse, e foi para seu quarto.

-É seu namorado? - me perguntoi Kammie

-O que? - disse eu, surpresa. Que tipo de pergunta é essa? - Não, não, sem chance. Eu não tenho namorado e nunca vou ter.

-Ah, tá, então. - disse Jacky, me levando para uma banheira, com água quente e alguns óleos aromáticos. Assim que entrei na banheira, minha pele começou à pinicar, enquanto Paulius pegava minhas mãos e pintava as unhas num tom de verde-musgo, e pintou algumas folhas nelas. Kammie pegou meus cabelos e começou à passar um número incontável de cremes e shampoos especiais. Tirou os poucos nós facilmente. O shampoo tinha cheiro de agulhas de pinheiro com... menta, eu acho. Era bom o cheiro.

-Você vai adorar Kyla! - disse Kammie – Mas é uma pena ela não ter deixado a gente mexer na sua cor! - ela disse, enquanto passada um creme na minha perna – Você é tão pálida, querida...

Eu não sou pálida. Minha pele é bem clara, mas não sou pálida. Eu sei que não devo ir contra minha equipe e não falta com educação a ninguém, então só concordei com a cabeça.

Eu saí do banho e minha equipe acabou minha pele, minhas unhas e meu cabelo, uma mulher loira, alta, com a pele branca como leite e olhos verde esmeralda entrou.

Ela inspecionou meu corpo e disse :

-Tudo bem, pode colocar seu roupão de volta, precisamos conversar antes de eu te vestir.

Ela me guiou até uma sala com dois sofás verdes, um de frente para o outro. Ela sentou em um e eu no outro.

-E então, como você acha que é sua roupa? - ela perguntou. Ela era um pouco fria e eu não gostei dela.

-Verde. E cheia de folhas. - suspirei

-Sim. Mas você será uma arvore que vai chamar atenção. A árvore mais bonita da floresta.

-Tá bem. Eu tenho que vestir o que você manda.

-Vai almoçar e depois a gente se encontra aqui, está bem? - ela disse, se levantando

-Tá. - fui em direção à sala de jantar, onde Ery, Tucksen, Meckenzie e Pammy me esperavam

-Então, gostou da sua estilista, Meriva? - disse Tucksen. Como aquele sotaque da Capital era ridículo!

-Não. Ela vai me transformar numa árvore! - eu disse, me sentando ao lado de Meckenzie, meu mentor.

-Esses estilistas são péssimos. - suspirou Ery.

-Já tiveram melhores. - disse Meckenzie, batendo a ponta de seus dedos na mesa. - Mas se é assim que o Snow quer, não podemos fazer nada.

Isso é horrível, cruel. Mas tenho que concordar. Se nós apresentarmos algo contra os Jogos ou o Governo de Panem, os Idealizadores, - que eu chamo de “Monstros que criam a nossa morte” - podem fazer de sua vida na Arena um inferno. Como se precisássemos dos Idealizadores para isso.

Eu comi um prato pequeno de macarrão com um molho de coloração alaranjada. Tinha gosto de molho de abóbora, eu acho. Pelo menos a comida da Capital é boa. Todos nós comemos em silêncio. Que falta de assunto! Então um garçom chegou com uma sobremesa cheia de chantilly, então coloca fogo nela. Eu penso então em mim, pegando chamas na arena, como acontece com algumas árvores lá no Distrito 7, quando ocorre algum tipo de incêndio.

-Bolo de Abacaxi flambado! - disse o garçom, com o ridículo sotaque da Capital.

Ele colocou um pouco do bolo no meu prato e eu agradeci com a cabeça. Então, derrubei meus talheres.

-Ah, caramba! Me desculpem, eu sou muito desastrada! - e abaixei para pegar o que eu derrubei. Foi quando uma garota apareceu. Ela tinha cabelos vermelhos, pele branca e usava roupas brancas. Ela não falou nada. Foi quando ela abriu levemente a boca, que percebi que sua língua havia sido cortada fora.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A 73 Edição Dos Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.