A 73 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Sofi


Capítulo 13
Capítulo 13 - É tudo um pesadelo.


Notas iniciais do capítulo

Se preparem psicologicamente. E eu sei que tá horrível e monótono e pequeno, mas eu enrolei demais, não acham?



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Corro para seus braços estendidos e enterro meu rosto em seu peito. Como resposta, ele fecha os braços em volta ás minhas costas num abraço.

Não dizemos nada. Afinal, que tipo de comentário podemos fazer? “Ah, que legal que eu te achei, fico feliz por você não ter levado uma facada nesse rostinho lindo!”. Viro o rosto e encosto o ouvido em seu coração. Ele batia vivamente, o que me acalmava.

-Estive com saudades. - finalmente sussurro.

-Eu também. - ele retribui, com um beijinho na minha cabeça. Já comentei que amo esses beijinhos? - Como tem estado? - ele me solta e pousa levemente suas mãos em volta a minha cintura, olhando meus olhos.

-Bem, eu acho. - digo – E você?

-Ainda não perdi nenhum membro. Isso é bom. - sorriu

O aerodeslizador aparece acima do acampamento e vejo o corpo sem vida de Jackie sendo erguido. Dou um suspiro e pego a mão de Ery e começo a caminhar em direção ao acampamento.

-Nina te procurou? - ele pergunta

-Sim. Mas ela foi atacada por bestantes. - dou um sorriso irônico – Não tenho ideia de como não morreu.

Andamos em silêncio até o acampamento. Onde o corpo da garota do Distrito 11 – Jackie, que morreu envenenada por amoras-cadeado – estava, era agora somente uma marca nas folhas. As amoras que restaram ficaram jogadas no chão, junto ao único odre de água que a garota carregava. Pego o odre e jogo na direção das nossas 3 mochilas – a minha, a de Faith e a de Spes – e jogo as amoras na direção das árvores.

Logo, Faith e Spes aparecem, os dois com sorrisos, falando sobre o fio. Quer dizer, Spes ouvindo e Faith falando sobre o fio. Quando os dois olham, ela dá um sorriso e um “Oi” animado e ele fecha a cara como se fosse falar “Você-só-pode-estar-brincando-com-a-minha-face”

Dou um sorriso e digo :

-Sobre o que estavam falando?

-Sobre o fio! - responde Faith, interessada. Spes fica de cara feia encostado em uma árvore com cara feia enquanto raspa a casca de uma árvore. Dou de ombros para mim mesma. - Eu acho que vou cercar o acampamento com esse fio e achar algum tipo de fonte de energia natural e aí quem chegar perto vai ficar eletrocutado! E para nós entramos no acampamento nós vamos pular pelas árvores, isso é tão emocionante! - ela dá um sorriso – Vocês entendem?

-Ahn... - grunho com um sorrisinho

-É, não muito – sorri Ery

-Não. - resmunga Spes, concentrado na madeira.

Abraço meus joelhos, Ery me abraça, Spes continua com a madeira e Faith começa a desencapar uma parte do fio.

-Se tivéssemos um raio ou alguma coisa assim... - murmura Faith, concentrada no fio, como Spes em sua madeira. Ery ficava olhando Faith trabalhar, eu também, tentando entender. Sem sucesso, encosto minha cabeça no peito quente de Ery e dou um longo suspiro, enquanto ele mexe no meu cabelo.

Um paraquedas prateado cai ao lado de Faith e ela o abre com facilidade. De lá, ela tira algum tipo de caneta de aço. Parecia estar quente, pois quando ela segurou, logo passou para a outra mão e assoprou os dedos.

-Isso é perfeito! - ela exclama, usando a camisa como um suporte para segurar a caneta.

-E o que é isso? - diz Spes, ainda de cara feia, apontando a caneta com a cabeça

-É uma recarga de energia elétrica. - diz Faith, colocando a caneta no chão e pegando um odre de água – Você só precisa de água, essa recarga e um fio de cobre para uma descarga enorme de energia.

-O quanto enorme? - diz Ery

-Mais ou menos o suficiente para iluminar o Distrito 9 por no mínimo 3 horas. - ela joga um pouco de água na parte desencapada do fio.

-Isso é muito perigoso. - digo, preocupada – Quer que eu faça?

-Não, fazemos isso quase sempre no Distrito 5.

-Tá bem. - suspiro.

Ela tira a tampa da tal recarga e a encosta rapidamente na ponta de cobre do fio. Logo o fio começa à dar uns estalos e vez ou outra, vemos uns brilhos correndo por ele. Faith já tinha cercado o acampamento e algumas árvores. Ela joga um pedaço de carne de coelho no fio elétrico e logo não é uma peça de carne e sim algo torrado e preto como carvão.

-Funcionou. - diz ela, satisfeita e orgulhosa com o próprio trabalho.

-Ei... - reparo que os suprimentos estão acabando – Acho melhor caçarmos um pouco.

-Concordo – dizem Faith e Ery. Spes só se levanta e pega duas facas e um facão. Faith pega uma corda, duas facas pequenas de serra e sua caneta. Ery pega 4 facas e eu pego meu machado e uma faca grande. Como um instinto, puxo Ery pelo braço e subo em uma das árvores que não estão enroladas com o fio.

Vez ou outra acertávamos um coelho, alguns esquilos, até um cervo. Até que finalmente pergunto :

-Por que Spes está de cara virada?

Ery dá uma risada irônica e solta os ombros.

-Não é obvio? - diz, com um sorrisinho maroto estampado no rosto – Ele gosta de você. Aí você apareceu comigo. E ele ficou com ciúmes.

Pondero a ideia. É impossível. Spes me olhar com uma visão diferente?

-Você acha mesmo? - digo, levantando a sobrancelha.

-Sim. É óbvio! - ele diz, me dando um beijinho de leve nos lábios.

Abro um sorriso e continuamos caçando e colhendo das mais diversas plantas, tomando cuidado especialmente com as amoras. Avisto um arbusto carregado com as tais amoras-cadeado e pego uma. Amasso-a nos meus dedos e o suco vermelho sangue escorre pelo meu braço. O cheiro era doce e enjoativo e era uma amora bonitinha, porém mortal. Te matam antes de chegar ao estômago, descobri isso por experiência própria, com Jackie. Chacoalho o braço para limpar o suco.

Ficamos caçando a tarde toda, sem sinal de Spes ou Faith. O silêncio reinava na maior parte do tempo. Após vermos que já temos 6 esquilos, 3 coelhos e 1 cervo, sentamos nas raízes de uma árvore e colocamos as armas de lado.

-Quero voltar para casa. - digo, recostando minha cabeça na árvore – Mas eu quero voltar com você.

-Isso já não é possível. - ele responde – Mas você vai estar com seu pai e seus irmãos.

Lhe dou um beijo e então escutamos um grito. Um grito de criança. Seguido de muitos grunhidos de dor. Mais gritos agudos. Pego meu machado e saio correndo em disparada na direção dos gritos. Gritos de Faith.

-Acho que seu amigo não está com ela. - diz Ery – Vou procurá-lo.

Não respondo, continuo correndo. Lágrimas começaram a se misturar ao vento batendo no meu rosto. Entro em uma campina cheia de sangue, Faith no meio de uma poça. Ela estava com o corpo cheio de cortes. Os braços, as pernas, a barriga. O pescoço esteve intacto. Paro de correr, tentando fazer meu cérebro imaginar que era tudo um pesadelo. Não era real. Então vejo Leonard – do Distrito 4 – correndo com uma faca que apontava a direção do coração da garotinha.  


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Notas finais do capítulo

:* E aí, o que acharam?



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