Together Again escrita por violateforever


Capítulo 4
I can't lose you




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                Sentei-me na cama. Podia sentir o tédio chegando, assim como a tristeza. Não queria Tate longe de mim, mas ele insistia em ir embora sempre. Ele nunca ficava muito tempo comigo, eu acho, porque realmente não sabia onde ele estava, se estava comigo, ou se pelo menos pensava em mim. Eu pensava nele, aliás, eu só pensava nele.

                Por que ele não me contou suas ideias? Talvez ele não as tivesse elaborado direito ainda. Mas pelo menos ele tinha ideias, ao contrario de mim. Eu tinha medo de ficar sem Tate e Hayden vir falar comigo, atrapalhar meus pensamentos novamente.

                Eu precisava fazer algo. Precisava sair daquele quarto que me “mofava” por dentro. Eu queria estar com Tate, mas eu não iria. Ele provavelmente sumia porque não queria ficar comigo, e eu respeitava isso, apesar de não concordar. Quis levantar, mas pensei bem, e continuei sentada. Afinal, para onde iria?

                Conversar com a minha mãe? Não, ela fica rondando a gente, e ia querer saber de Tate, de meu punho ferido, de coisas assim.  Meu pai? Eu não tenho coragem, sinto nojo dele pelo o que fez, e para ser verdadeira, Tate também precisava do meu nojo, do meu desprezo, mas eu me apeguei tanto... Até os mínimos detalhes me lembravam dele. Não que eu não amasse meu pai, pelo contrário. Ele podia ser o que fosse, mas sempre seria meu pai, e eu o amei incondicionalmente todos os dias da minha vida, e todos os dias do meu “para sempre”. Mas o que ele fez era nojento.

                Eu não podia conversar com ninguém. Na verdade, eu queria, mas ao mesmo tempo, não queria, com medo de me machucar. Mas eu estava muito entediada. Queria que qualquer pessoa viesse falar comigo, sobre qualquer coisa.

                Lembrei-me de que eu precisava de uma ideia, e rápido. Ok, se Hayden quer Michael, eu terei de pegá-lo de alguma maneira. Mas como tiraria ele de Constance? Matando-a? Eu precisava pensar em alguma maneira de Constance me deixar vê-lo. Mas essa parte não seria tão difícil assim, afinal, eu era sua irmã, e tinha o direito. Acho que ela respeita isso, mesmo cuidando dele de uma forma que Michael nunca saiba de mim, ou de Tate, ou de Ben, ou de Vivien.

                Levantei-me devagar, me espreguiçando e calçando um par de sapatos que estava no chão. Andei até a escrivaninha com passos pesados, e sentei-me em uma cadeira ao lado. Peguei uma caneta azul que estava em cima da pequena mesa e um bloco de notas amarelo que ficava em um da mesinha reservado para papéis amassados, embalagens usadas, entre outras coisas.

                Destampei a caneta, pus a tampa perto das outras canetas e arranquei uma das folhinhas do bloquinho. Eu queria me distrair, não exatamente escrever algo.

                Passei a ponta da caneta na folha e fui fazendo alguns desenhos sem sentido, daqueles que você faz em aulas chatas.

                Comecei a ouvir passos leves no corredor, e senti minha barriga esfriar. Eu tinha certeza que era Hayden. O que ela fazia ali? De qualquer forma, era melhor continuar ali e ouvir o que ela tinha a dizer, mesmo com todo aquele medo em meus olhos. Levantei-me e arrastei a cadeira para onde eu havia a pegado, amassei o pequeno papel rabiscado e coloquei no bolso de minha calça. Esperei alguns segundos em silêncio, apenas ouvindo o leve barulho de seus passos pelo corredor, se aproximando cada vez mais e mais.

                Os passos cessaram, e por um segundo achei que fosse Tate tentando me assustar, até a maçaneta começar a rodar e a porta se abrir por completo. Vi seus cabelos e as roupas. Era Hayden, o que me deixou mais nervosa do que já estava. Pus as mãos para trás e fiquei em pé ali, contemplando a abertura da porta, em silêncio. Pude sentir meu corpo ficando mais gelado a cada segundo. A porta rangiu um pouco, mas bem pouco, e finalmente se abriu inteiramente.

                Ela olhou para a cama, esperando que eu estivesse lá, lendo, mas não me achou. Seus olhos percorreram o quarto inteiro, até pararem nos meus, cheios de medo e pânico. Percebi que estava minha expressão entregava meu medo, pois ela me fitou e fez um “biquinho” com a boca.

                -Violet, querida, - Hayden disse, se aproximando de mim e desfazendo o biquinho -só quero conversar um pouco com você, sei que se sente sozinha aqui. -ela concluiu, chegou bem perto, ergueu minha cabeça e arrumou meu cabelo, como se fossemos íntimas.

                -Fale logo. - eu disse, dando uma leve batida em sua mão que estava em minha cabeça e a empurrando um pouco.

           Hayden ignorou o leve empurrão e voltou a passar a mão em meu cabelo, como uma carícia.

                -Posso me sentar, Vi? -ela perguntou, puxando a cadeira onde eu estivera sentada nos últimos minutos e me empurrando até a cama, como se quisesse que eu me sentasse também. Assenti com a cabeça.

                Ela se sentou e ficou olhando para as paredes por alguns segundos, como se esperasse algo. Em seguida, olhou para mim e sorriu.

                -Você tem quatro dias, - Hayden finalmente disse, se erguendo um pouco para frente, como se quisesse me enxergar melhor - quatro dias até meu filho fazer aniversário, e é claro, ele tem que passar o dia mais especial do ano ao lado de sua mãe. - ela disse, pondo a mão em seu peito quando disse “mãe”.

                Meu Deus, era aniversário de Michael dali a alguns dias, e eu nem me lembrara disso. Se não me engano, ele faria dois ou três anos, e eu nunca havia o visto em toda a minha existência - passei a empregar o termo “existência”, já que ele globaliza toda a minha vida e a minha morte, de forma geral - então nem sabia como ele era, e como estaria.

                -Quatro dias? Como, Hayden? - eu perguntei, como se fosse óbvio que eu não conseguiria. E era óbvio, realmente. Constance não me deixaria vê-lo, eu sentia aquilo, como uma premonição. Já podia até imaginar Tate evaporando no nada, e me deixando para trás. Senti meus olhos se molharem um pouco.

                -Simples. Você o consegue de alguma forma, e me dá em até quatro dias. - ela disse, se levantou e foi até meu lado. Começou a me abraçar, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e Hayden passou os dedos para enxugá-las - depois, se você quiser, - disse ela, erguendo minha cabeça até a linha de seu olhar - pode ser minha filhinha também. Vamos nos divertir muito juntas. - ela concluiu e deu um longo sorriso.

                Hayden começou a me assustar. Como assim, sua filhinha? Ela era um ser desprezível para mim, totalmente desprezível, como uma coisa sem utilidade. Ela queria simplesmente que eu aceitasse aquilo? Não, me desculpem. Levantei-me rapidamente, meio que fugindo de suas mãos e de seus olhos. Corri, com passos leves e ritmados, até o outro lado do quarto. Eu estava com nojo dela. Aquilo era nojento. Ela queria simplesmente que eu a tratasse como mãe?

                Quando parei, encostei-me na parede e fitei-a profundamente. Eu sentia minha expressão se mudar, tornar-se como algo esnobe, arrogante.

                -Você é doente, Hayden, e precisa ser tratada. - eu disse, séria. Ela apenas sorriu e desapareceu, com o vento. Aquilo ainda era estranho, o fato das pessoas desaparecerem. Eu não gostava de fazer aquilo, de ficar invisível, me sentia inútil e fraca, e acredite, eu não gostava de me sentir assim.

                Aquilo me impressionara muito. Digo, o fato de que Hayden apenas se oferecera para ser “minha mãe”, mesmo depois de tudo o que ela fizera. Ela era fria - eu não quis dizer literalmente, mas você pode entender isso também -, praticamente doente. Acho que ela perdeu o bebê, ou algo assim, até hoje não entendi muito bem sua história com meu pai, e não pretendia perguntar.

                Andei até a cadeira deixada por Hayden e a arrastei até seu lugar inicial, em seguida deitei-me novamente na cama, fixando o olhar para o teto, tentando pensar em outra coisa. Aquilo era impossível, ainda mais depois do que havia acontecido agora. Comecei a me virar na cama, tentando achar uma posição confortável.

                Eu não só queria, mas precisava de Tate comigo naquela hora, e faria qualquer coisa para tê-lo. Qualquer coisa.

                Talvez ele estivesse ali, comigo, sentado na cama, mas invisível para mim. Ou talvez ele estivesse no porão, ou não sei, talvez observando os fantasmas fazerem suas atividades monótonas do dia-a-dia. Mas só de pensar no fato de que ele estava comigo, na casa, eu já me sentia melhor.

                -Violet -escutei uma voz familiar sussurrar. Sentei-me e consertei a postura, parecendo um pouco mais apresentável.

                Meus olhos percorreram por todo o quarto, procurando quem quer que fosse. Não vi ninguém. Aquilo começou a me assustar. Talvez fosse Tate, ou talvez fosse Ben. De qualquer forma, não me senti confortável ali, sendo observada. Levantei-me quase que em um pulo e calcei os sapatos que estavam no chão, novamente.

                Poderia ser aquele homem estranho, aquele todo queimado que me pedira dinheiro a noite de Halloween, ou talvez fosse minha mãe. Mas de qualquer modo, não permaneceria no quarto.

                Corri até a porta e segurei a maçaneta gelada. Pretendia ir até o quarto de minha mãe, ou a qualquer lugar do tipo. Só não queria ser observada, ainda mais por uma pessoa estranha.

                Girei a maçaneta e abri a porta por completo, o que foi um alívio. Olhei para os dois lados no corredor, para ver se não havia ninguém me vigiando ou me observando. Desejei, naquele momento, ficar invisível. Então pensei que poderia ser Tate, e eu realmente queria vê-lo e beijá-lo, por isso não o fiz.

                Comecei a sentir minha barriga esfriar novamente, e me arrepiei. Aquilo era estranho, há meses eu não sentia calafrios de nada.

                Saí correndo pelo corredor, um pouco desesperada, mas não surtando. Eu não queria demonstrar medo ou aflição, para quem quer que fosse, então parei de correr um pouco e me encostei na parede, para mostrar que eu estava calma.

                Ouvi risos, mas não risos maliciosos ou estranhos. Era Tate, e eu tinha certeza.

                -Não precisa ficar com tanto medo, Violet - ouvi sua voz surgir das paredes. Olhei para todos os lados novamente, mas não encontrei ninguém, muito menos Tate - Hoje, oito e meia no porão.

                Como assim? Agora eu estava confusa. Seria mesmo Tate? Eu sentia que sim.

                -Oi? -perguntei, com um tom bem desentendido. Seria um “encontro” ou algo do tipo, como o nosso primeiro? Comecei a entender um pouco. -Como um encontro? -concluí, olhando para os lados novamente. Ouvi mais risos, mas risos discretos, como alguém que risse só um pouco.

                -Sim, você pode entender como isso. -Tate disse, após alguns segundos.

                Assenti levemente com a cabeça, e continuei andando pelo corredor, como se nada houvesse acontecido.


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