Através Das Cinzas escrita por F Coulomb


Capítulo 2
Hogwarts




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Nas horas que se seguiram, Albus e Scorpius conversaram amenidades.

Scorpius contou que crescera em uma pequena casa. Ao contrário do pai, o menino tivera uma infância quase pobre.

A família perdera toda a sua riqueza e estima após a guerra. Draco, que fora Comensal da Morte e possuía a marca negra tatuada no braço, passara anos desempregado até que seu amigo de escola, Blaise Zabini, lhe arrumara um emprego como jogador reserva no time do Pride of Portree.

Isso ocorrera há três anos, mas Draco só conseguira um lugar no time titular dois meses antes da partida do filho para Hogwarts, e apenas então a situação financeira da família melhorou definitivamente.

Albus, por sua vez, contou um pouco a respeito de sua infância e de sua família. Ele falou que James, o mais velho, estava no terceiro ano em Hogwarts e era travesso e muito impulsivo; Lily, por sua vez, era mais nova que ele e tinha uma personalidade forte.

O menino tinha muitos primos. Seu favorito, segundo contou a Scorpius, era Hugo, irmão mais novo de Rose, que nada tinha em comum com ela. Albus descobriu que o loiro tinha a mesma curiosidade a respeito do mundo trouxa que Hugo e ele compartilhavam.

Enquanto conversavam, o trem se aproximou da estação de Hogsmead. Quando ele finalmente parou, Albus e Scorpius estavam repentinamente enjoados demais para falar.

– Alunos do primeiro ano, - gritou a voz conhecida do gigante Rubeus Hagrid, - aproximem-se, alunos do primeiro ano.

Albus tentou lançar um sorriso encorajador ao novo amigo, mas parecia ter se esquecido de como se fazia isso. E se fosse para Slytherin? Seu pai dissera que ele e sua mãe não se importavam, mas certamente seus tios e primos não seriam tão compreensivos.

Hagrid franziu o cenho quando o viu andando junto de Scorpius, mas nada disse. Rose se aproximou deles apenas alguns segundos depois, cercada de colegas do primeiro ano, mas, pela primeira vez, parecendo tão preocupada quanto os demais.

– Estão todos aqui? – Perguntou Hagrid parecendo contá-los, - é, parece que sim. Sigam-me.

Os garotos seguiram o gigante por uma pequena estrada de pedras cheia de curvas.

– Al!

Albus se virou para encarar uma menina de pele escura e cabelos castanho-avermelhados.

– Roxanne! – Disse Albus, - não te vi no trem.

Scorpius se lembrou que Albus lhe falara que sua prima Roxanne começaria em Hogwarts naquele ano também. A garota era tão diferente do menino que era difícil perceber que os dois eram primos.

– Este é Scorpius Malfoy, - disse Albus apontando para o novo amigo.

– Muito prazer! – Disse a menina abrindo um largo sorriso, era evidente que não reconhecera o sobrenome do outro. Depois, ela se voltou novamente para o primo: - estive com meu irmão e os amigos dele. Foram todos muito receptivos, mas acho que queriam me deixar nervosa para a seleção.

Ela realmente não parecia nervosa, ao contrário de quase todos os meninos ao redor. Albus sabia que Roxanne era o tipo de garota despreocupada, mas ficou surpreso mesmo assim.

– Papai disse que não se importa para que casa eu vá, apesar dele preferir que eu seja Gryffindor. Mas ele diz que Gryffindor já tem encrenqueiros demais! – Disse rindo, como se adivinhasse o que o primo estava pensando.

Era verdade. Roxanne era uma grande pregadora de peças. Não era tão inconseqüente quanto James e Fred, seu irmão, ou tão maldosa quanto Rose. Roxanne gostava que as pessoas ao redor dela estivessem sempre tão felizes quanto ela, por isso, suas brincadeiras sempre visavam a diversão dos outros.

Por fim, eles chegaram a um imenso lago, onde cerca de uma dúzia de barcos os aguardavam.

– Podem embarcar, - disse Hagrid, parecendo muito contente, - apenas quatro por barco, lembrem-se.

Albus, Scorpius, Roxanne e uma garota muito baixa de cabelos castanhos e ar amedrontado embarcaram juntos em um dos barcos. Roxanne olhou com curiosidade por alguns segundos para a menina antes de dizer:

– Eu sou Roxanne Weasley, e estes são Albus Potter e Scorpius Malfoy, - disse, com um sorriso.

– Samantha Jenkins, - disse a garota com a voz trêmula.

Seguiram o resto do caminho em silêncio, apenas contemplando a paisagem e procurando o enorme castelo de Hogwarts.

De repente, após uma curva, finalmente o avistaram. Alguns exclamaram diante da fantástica visão, outros se sentiram tão espantados que não conseguiram emitir nenhum som.

– Bem vindos a Hogwarts, - falou Hagrid, parecendo ainda mais feliz.

Quando o barco finalmente parou diante de uma gigantesca porta de madeira, os meninos desembarcaram e observaram Hagrid se adiantar para bater na porta.

O homem que abriu a porta era baixinho, apenas uma cabeça mais alto que Albus, e usava uma cartola roxa. O menino soube que era o professor Diggle.

Desde o começo do verão, quando Albus enfim percebeu que faltavam apenas poucos meses para o começo das aulas, o garoto começou a importunar os pais para que contassem tudo que podiam sobre Hogwarts. Sobre aquele professor, seu pai tinha alguma coisa a dizer:

– Dedalus foi um dos primeiros bruxos que conheci, antes mesmo de saber a respeito do nosso mundo. Ele era membro da Ordem da Fênix.

Albus assentira, espantado. Já ouvira falar de Dedalus Diggle, mas nunca o associara ao professor Diggle, do qual o irmão às vezes falava.

– Quando Voldemort morreu, a professora McGonagall assumiu a escola sem um professor Defesa Contra as Artes das Trevas, e ninguém queria o cargo. Portanto, como Dumbledore, ela recorreu aos membros da Ordem da Fênix que haviam sobrevivido. Dedalus foi o único que realmente quis o cargo, ele não pertencia à elite da Ordem, mas sabe muito sobre a defesa contra as artes das trevas.

Albus observou o bruxo com respeito, ele sempre admirara os membros da Ordem da Fênix. Por um momento, o olhar dos dois se cruzou e o sorriso de Dedalus pareceu aumentar.

– Alunos do primeiro ano, - disse o homem, sorrindo para todos, - eu sou o professor Diggle. Peço que me acompanhem.

Os garotos obedeceram. Quase todos estavam calados, nervosos demais para falar. Albus, particularmente, sentia que, se abrisse a boca, algo mais sairia por ela, além das palavras. Ele olhou para Scorpius e percebeu que o amigo estava tenso, ainda que não parecesse sentir o que Albus sentia.

Eles foram levados a uma sala vazia. Albus desconfiava que estavam muito próximos do Salão Principal, porque, mesmo lá dentro, ainda se ouvia o som das conversas dos estudantes mais velhos.

– Muito bem, meninos. Como a maioria deve saber, a escola é dividida em quatro casas: Gryffindor, Slytherin, Hufflepuff e Ravenclaw. Antes de se juntarem aos seus colegas, vocês serão selecionados para uma delas. Agora, devo lembrar-lhes que a sua casa será a sua família, vocês comerão na mesa de sua casa e dormirão no salão comunal. Quando realizarem um feito, serão acrescidos pontos para a sua casa; se quebrarem as normas da escola, pontos serão retirados. A casa com maior número de pontos, ao final do ano, ganhará a Taça das Casas. Entenderam?

Os alunos responderam afirmativamente, alguns murmurando, mas a maioria, como Albus, apenas acenou com a cabeça.

– Ótimo. Vamos apenas esperar que nos avisem que estão prontos para nos receber.

O professor lhes sorriu e saiu da sala, deixando-os sozinhos.

– Seleção? – Perguntou a garota que dividira o barco com Albus, Scorpius e Roxanne, - um teste?

Albus sentiu pena da garota, provavelmente nascida-trouxa. Ele pelo menos sabia o que o aguardava.

– Não se preocupe, é muito simples, você tem que apenas demonstrar alguns feitiços básicos, - falou Rose, com um sorriso que era para parecer encorajador, mas Albus sabia ser de deboche.

Alguns alunos deram risadinhas, mas a menina parecia tão apavorada que não escutou.

– Ela está curtindo com a sua cara, Samantha, - disse Scorpius, olhando zangado para Rose, - você deverá experimentar o Chapéu Seletor e ele dirá em qual casa você vai ficar. Sem testes.

Rose o olhou, zangada, mas, quando abriu a boca para responder, o professor Diggle reapareceu.

– Vamos, eles estão nos esperando.

Albus acompanhou os outros, surpreso e admirado com Scorpius. Aquele garoto tinha a coragem de um Gryffindor apenas por enfrentar Rose daquele jeito, na frente de todos os novos amigos dela.

Entretanto, quando entrou no Salão Principal, todos aqueles pensamentos foram varridos de sua mente. O que Albus viu o deixou completamente sem palavras, era um lugar maravilhoso. Haviam cinco mesas distribuídas ao longo do salão, quatro ocupadas por alunos e uma, à frente, ocupada pelos adultos. Sobre elas, velas flutuavam iluminando o ambiente e, ainda acima, o céu se estendia. Albus sabia que aquilo era um encantamento, mas ainda assim ficou impressionado.

Quando deu por si, o garoto percebeu que estava parado ao lado de seus colegas, observando um chapéu esfarrapado em cima de um banco de três pernas.

Ah, vocês podem me achar pouco atraente,
Mas não me julguem só pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.
Podem guardar seus chapéus- coco bem pretos,
Suas cartolas altas de cetim brilhoso
Porque sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.
Não há nada escondido em sua cabeça
Que o Chapéu Seletor não consiga ver,
Por isso é só me porem na cabeça que eu vou dizer
Em que casa de Hogwarts deverão ficar.
Quem sabe sua morada é a Gryffindor,
Casa onde habitam os corações indômitos.
Ousadia e sangue-frio e nobreza
Destacam os alunos da Gryffindor dos demais;
Quem sabe é na Hufflepuff que você irá morar,
Onde seus moradores são justos e leais
Pacientes, sinceros, sem medo da dor;
Ou será a velha e sábia Ravenclaw,
A casa dos que têm a mente sempre alerta,
Onde os homens de grande espírito e saber
Sempre encontrarão seus companheiros seus iguais;
Ou quem sabe a Slytherin será sua casa
E ali fará seus verdadeiros amigos,
Homens de astúcia que usam quaisquer meios
Para atingir os fins que antes colimaram.
Vamos, me experimentem! Não devem temer!
Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!
(Mesmos que os chapéus não tenham nem pés nem mãos)
Porque sou único, sou um Chapéu Pensador!

Albus sentiu o enjôo voltar quando percebeu que chegara o momento que decidiria os próximos anos de sua vida. O professor Diggle se adiantou com uma lista.

– Byrd, Saymund!

Um garoto alto e magro, de cabelos castanho-claros se adiantou. O professor colocou o chapéu na cabeça do menino. O salão ficou em silêncio por alguns segundos enquanto o Chapéu Seletor se decidia, até que por fim:

– GRYFFINDOR!

Parecendo confuso, mas feliz, o garoto se encaminhou para a mesa que o aplaudia.

– Clifford, Carolyn!

Foi a vez de uma menina loira se adiantar para experimentar o chapéu. Ele se demorou um pouco mais para decidir a respeito dela, então:

– SLYTHERIN!

Albus ficou observando os colegas serem selecionados, perguntando-se quanto tempo mais demoraria até que chegasse a sua vez.

– Malfoy, Scorpius!

O loiro se adiantou, parecendo ter perdido toda confiança que apresentara no trem. O chapéu demorou quase dois minutos para se decidir antes de anunciar:

– SLYTHERIN!

Scorpius pareceu aliviado, mas Albus ficou ainda mais nervoso. Agora, teria ele vontade de escolher não ir para Slytherin, quando seu novo amigo tinha sido selecionado exatamente para aquela casa? Ainda não havia se decidido quando o professor disse:

– Potter, Albus!

Pela primeira vez, desde que entrara, o salão parecia completamente em silêncio. Albus sabia que a todos eles conheciam o sobrenome Potter, e a grande maioria deveria saber que Albus era o primeiro nome do Dumbledore. Era um nome poderoso.

Albus se adiantou, nervoso, e se sentou no banco. Quase instantaneamente, o chapéu lhe cobriu os olhos, impedindo-o de enxergar os colegas.

Corajoso e nobre, certamente. Mas sagaz e inteligente. Onde colocá-lo? Ravenclaw apreciaria tamanha inteligência, mas não vejo grande vocação para os estudos. É competitivo, gosta de se colocar à prova, de mostrar que é o melhor. E como é astuto! Acho que o melhor para você será Slytherin.

Demorou alguns segundos antes que Albus percebesse que a seleção havia terminado e que ele fora parar na única casa que todos na sua família desprezavam. Não havia palmas, como na seleção dos colegas. Afinal, era um Albus e um Potter, e estava em Slytherin, a casa de Voldemort e da grande maioria dos Comensais da Morte.

Ele se levantou, sem ousar encarar ninguém. No momento em que se levantou do banco, entretanto, ele ouviu palmas na mesa dos professores e se voltou para ela. Percebeu que eram Hagrid, McGonagall e Neville que o aplaudiam. Então, Scorpius e alguns outros alunos de sua nova casa se levantaram para aplaudi-lo também.

James e Rose pareciam perplexos, mas Roxanne lhe lançou um sorriso encorajador e Molly, Domenique e Louis, seus primos, se levantaram na mesa da Gryffindor para aplaudi-lo junto com os colegas. E só então ele se sentiu um pouco mais corajoso para se juntar à sua casa.

Ele se sentou ao lado de Scorpius. Alguns colegas se adiantaram para lhe desejar as boas vindas, entre eles Kyle Pigott, que seria do mesmo ano que ele. Albus se adiantou para continuar assistindo a seleção, queria saber qual seria o destino das primas.

Ele observou Gabriela Sutton ser selecionada para Hufflepuff e Bianca Teel ir para Ravenclaw. Participou dos aplausos quando Leslie Tyler se juntou a eles na mesa de Slytherin. Em seguida, Victor Wakefield foi para Ravenclaw e, finalmente:

– Weasley, Rose.

Pela primeira vez, Albus sentiu que uma atitude sua havia atingido Rose. Ela parecia ainda mais nervosa após a seleção dele, pois ele havia provado que até mesmo um Potter que também era um Weasley poderia cair na casa Slytherin.

O Chapéu demorou quase cinco minutos para se decidir em relação à Rose. Foram cinco minutos tensos. E se Rose fosse para Slytherin? Ele nunca quisera ficar na mesma casa que a prima, mas em especial não queria que ela fosse para a única casa em que não havia outros membros da família para Rose importunar. Por fim, o Chapéu anunciou:

– GRYFFINDOR!

A mesa da Gryffindor aplaudiu. James foi um dos únicos de sua casa que não se levantou para comemorar. Albus percebeu que o irmão ainda pensava nele na casa Slytherin. Mas o menino percebeu que Molly se adiantara para abraçar a prima, e Domenique gritava os parabéns. Louis, por sua vez, olhava com desprezo para a prima. Ele, como Albus, não gostava de Rose.

– Weasley, Roxanne!

Não demorou muito tempo até que o Chapéu declarasse:

– HUFFLEPUFF!

Albus se levantou para aplaudir a prima, sem se importar com o olhar que alguns colegas da sua casa lhe lançaram. Ele percebeu que Fred e os primos Gryffindor também a aplaudiam e, claro, Algustus, filho do professor Longbottom, que estava no segundo ano na Hufflepuff.


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Notas finais do capítulo

A música que utilizei do Chapéu Seletor é a mesma cantada em Pedra Filosofal. Sério, não tive vontade de fazer outra, porque não chegaria aos pés das criadas pela Rowling.
Comentem, dizendo se gostaram ou não!



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