Amanheceu. Misaki acordou ainda meio atormentada com o que Usui havia dito. “Eu só faço isso pra você perceber”. Ela não compreendia o que ele queria dizer com aquelas palavras. Tomou seu café da manhã rapidamente e foi para o colégio, não decidida ainda se perguntaria ou não a Usui qual o significado de suas palavras.

Ouviu alguns cochichos e, virando o corredor, viu aqueles alunos que frequentavam o restaurante em que ela trabalhava. Quando a viram, começaram a conversar sobre a matéria da prova da semana seguinte. Já pensativa com aquele assunto do Usui, ela resolveu não começar a imaginar sobre o quê eles estavam cochichando.

Resolveu falar com o loiro e esperou até o intervalo para procurá-lo, sem sucesso. Não o encontrou em lugar algum. Então, foi perguntar a professora que havia dado aula para a sala dele no horário anterior:

– Com licença, por acaso o aluno Takumi Usui não veio a aula hoje? – Misaki perguntou.

– Realmente ele não veio. Isso é raro, ele nunca falta. Deve haver um bom motivo, né. – Respondeu a professora, gentilmente.

– Ah sim, muito obrigada. – Disse a morena. “Mas... Será que aconteceu alguma coisa?!” pensava. “Melhor eu me concentrar naqueles papéis do conselho a ficar pensando nos problemas daquele alien pervertido.” Pensava e caminhava em direção a sala.

Quando acabou as aulas, Misaki se dirigiu ao restaurante, já pensando em como iria perguntar a Usui sobre aquilo que estava deixando sua cabeça confusa. Pensava em como falar e pior, com que cara iria perguntar aquilo e claro, com medo da resposta. Ela sabia que podia esperar qualquer coisa daquele rapaz.

Chegou ao serviço e ele não estava sentado na mesa, nem parado em pé, nem em lugar nenhum. E as horas foram passando, e passando, e passando... Quando de repente ela vê um rapaz loiro, sentado de costas para ela.

– Usui! – Disse quase sussurrando, tocando no ombro do rapaz.

– Oi? – Respondeu o homem, que ao se virar, fez Misaki corar rapidamente ao ver o engano que havia cometido.

– M-me de-desculpe! Confundi o senhor com um amigo. De-desculpe novamente. – Falou a morena, com voz trêmula, e logo em seguida completou: - O que deseja?

– Ainda estou escolhendo, o que me recomenda? – Respondia o homem, tentando ser gentil, vendo que a moça estava quase explodindo de tanta vergonha. Misaki, mentalmente podia escutar a resposta àquela pergunta... Aquele “Desejo você.” de Usui que sempre a deixava com as pernas bambas.

Seu horário de trabalho acabou e pela primeira vez, Usui não foi perturbá-la. Misaki ainda pensou que ele estaria nos fundos do restaurante esperando por ela. Então, se despediu de suas colegas de serviço e correu para a porta. Quando abriu, não havia ninguém ali. Enquanto caminhava em direção a sua casa, Misaki sentia seu coração apertar, mesmo sem saber o por quê.

“Será que eu... Talvez... Será que eu posso estar sentindo falt... NÃO NÃO NÃO! CLARO QUE NÃO! FAZ SOMENTE UM DIA QUE EU NÃO VEJO ELE E ALIÁS, QUEM QUE PODEIRA SENTIR FALTA DAQUELE IDIOTA?!” – Ela pensava enquanto dava socos na própria cabeça, tentando fazer com que seus pensamentos se quebrassem, sumissem, a deixassem em paz. Tudo em vão.

Enquanto tomava banho, começou a imaginar que talvez Usui possa estar doente, ou ter sofrido um acidente. Enquanto ela tentava não se importar, se importava e muito, mesmo que não quisesse admitir a si mesma. Foi deitar ainda com seus pensamentos no loiro, quando se lembrou dos alunos que estavam cochichando no colégio. Será que tinha alguma relação com Usui? Será que eles estavam cochichando sobre ele? Misaki começou a se perguntar, não conseguindo fechar os olhos.

Quando amanheceu, Misaki vestiu seu uniforme, pegou sua mochila e estava quase saindo quando sua irmã abre a porta do quarto e pergunta:

– Mas que barulho é esse?

– O que você ainda está fazendo ai com essas roupas? Vai se trocar ou vai se atrasar para o colégio! – Misaki dizia.

– Mas hoje é feriado, para de fazer barulho... – respondeu Suzuna.

– Hoje é... feriado? É... Eu esqueci... – A presidente disse, já com uma tristeza no olhar e no coração que não sabia de onde vinha. De alguma maneira ela queria ir ao colégio para ver se Usui estava bem, ou pelo menos se ele iria.

– É, hoje é feriado. Bom dia. – Disse Suzuna, voltando a dormir.

Aquele dia estava demorando tanto pra passar. Talvez fosse o desejo de Misaki que passasse logo que estava fazendo demorar tanto. Sua angustia foi interrompida como toque do telefone.

– Moshi-moshi – Misaki atendeu.

– Oi Ayuzawa, sou eu, a gerente. Estamos te ligando para informar que o uniforme de trabalho a partir de semana que vem mudará. Já está a venda portanto é melhor que você o compre o mais rápido possível, tudo bem?

– Claro! - Respondeu já pensando que iria ter que economizar mais esse mês, já que não podia gastar muito dinheiro.

– Tenha um ótimo dia.

– Obrigada, Você também.

Finalmente aquele dia tinha chegado ao fim.

Chegando ao colégio no dia seguinte, foi procurar algum sinal de Usui, mas, novamente ele não tinha ido. Misaki não sabia que sentimento era aquele que ela estava sentindo. Parecia que ela realmente queria vê-lo. Será que era isso? Ela não sabia. Sakura notou algo estranho na amiga e perguntou:

– Misaki, você está bem? Sua cara diferente hoje. Você nem brigou com aqueles meninos ali atrás que estavam jogando baralho. – Indagou Sakura.

– O QUE???! – Misaki gritou e se dirigiu aos meninos com aquela sua cara infernal.

– Agora sim é a Misa-chan!! Mas tem alguma coisa te preocupando? – Sakura perguntava, notando que nunca tinha visto Misaki naquela situação.

– Nada. Eu estou super bem! – A morena respondeu, tentando disfarçar sua angustia com um sorriso.

– Que bom! Mas se precisar de qualquer coisa, pode me chamar. – Disse Sakura, devolvendo o sorriso.

– Obrigada!

Misaki, após a aula, foi comprar o seu novo uniforme no lugar que a gerente havia indicado. Era uma loja bem simples, se comparado ao restaurante.

– ESSE É O NOVO UNIFORME?! – Gritou Misaki, sem esconder sua surpresa.

Continua...