- Grrr... - murmurei, colocando minhas mãos sobre meus ouvidos. Minha cara não estava nada boa. Olhei pra direção da porta, aonde escutava minha família inteira discutindo. Eu era filha de pais divorciados, e tinha dois irmãos. Um morava em Fortaleza, Ceará, e tinha 22 anos. O outro morava ali mesmo, em Macau, Rio Grande do Norte comigo, e com minha mãe. Eu era a filha do meio, aos 17 anos, e meu irmão mais novo, que morava comigo, e era a peste da casa, tinha 15. Graças a ele, minha família tinha começado a se envolver em problemas. Ele havia começado a se envolver com algumas pessoas que eram chegadas à drogas, maconha, essas coisas, e tinha causado sérios problemas. Minha vida já não era muito boa. Eu não tinha muitos amigos. Na verdade, eu só andava com duas garotas na escola. Eu tinha uma melhor amiga, chamada Alice, mas ela tinha se mudado pra Recife, e eu me desesperei, pois as outras amigas que eu tinha, Amy e Julieta, não eram confiáveis. A última vez que confiei um segredo sobre mim pra uma delas, o segredo já estava na boca de todo mundo. Nem sei porque havia voltado a andar com elas. Não nos falávamos muito, mas ainda conversávamos. Nada sobre minha vida amorosa. Eu tinha passado três anos inteiros apaixonada por um cara que era na verdade um filho da puta! Aquele desgraçado brincou com meus sentimentos no último ano inteiro, só pra depois quebrar meu sensível coração. Voltando... Tudo tinha começado por causa daquela maldita briga da minha família. Se não fosse por ela, acho que aquilo jamais teria acontecido, e eu jamais teria feito aquele pedido. No início foi legal, no meio foi bastante estranho, e eu sentia medo e insegurança a maioria do tempo, já no fim, tudo acabou bem. Talvez não tão bem assim.

Agora irei narrar a verdade, pra que você possa entender o que aconteceu de verdade.

- Meu Deus, isso tá acabando comigo - fiz, com uma cara de dor, e me jogando com tudo na minha cama. Liguei o DVD, e eu me lembrei que estava passando a saga de Freeza, de Dragon Ball Z. - Ai, como eu queria estar aí. Pelo menos eu iria poder ver o lindo do Vegeta se envolver com a Bulma. Por que Dragon Ball Z não pode ser real? - minha cara agora era triste. - Ah, merda, lá com certeza deve ser melhor do que aqui. Ai, Shenlong, por que você não aparece aqui e me leva pra lá? Eu não tenho as esferas do dragão, mas bem que eu queria ter.

Eu nem podia controlar o que saía da minha boca, afinal, era só loucura. Eu era louca. Afinal, que tipo de pessoa pedia que um dragão aterrorizante e verde aparecesse no seu quarto, e a levasse pra um mundo de desenho? Sério, aquilo só podia ser efeito dos calmentes que eu andava tomando.

- O que eu estou dizendo? - me perguntei, mordendo meu lábio. Eu não era uma garota tão atraente quanto as outras, mas podia-se dizer que eu era bonita. Meus cabelos eram de um castanho claro, cheios de cachos nas pontas. Meus lábios eram carnudos, e eram de uma cor rosada. Meus olhos eram castanhos, de uma cor chocolate. As vezes eu achava que eles ficavam verdes, quando eu olhava pro sol, mas deveria ser só loucura, vindo de mim. Ahh, se eu soubesse o que sei hoje...

E eu era uma pessoa muito sortuda. Claro que eu era, prova disso era que bem na hora da minha cena favorita, faltou luz, e eu caí da cama. Que sorte, né não?

Soltei um grunhido, e me levantei do chão, sentindo minhas costas doerem.

- FILHA! - gritou minha mãe lá debaixo. - TUDO BEM AÍ?!

- SIM! - gritei. Mentira, nada bem. Minha vida estava uma porcaria mais podre que bosta de cachorro. Umedeci meus lábios, e fui andando em direção à lanterna que tinha perto da minha instante. Resolvi ficar ali no meu quarto mesmo. Peguei meu Mp4, e coloquei a música da Pink, Fuckin' Perfect, que descrevia minha vida. Ahh, como eu precisava fazer algo que me tirasse daquela merda de vida, daquele mar laranja... Argh, já deu pra perceber que a minha vida não era muito boa na época, né?

Tudo estava completamente normal, quando vi um vulto. Eu sei, maluquice você ver um vulto preto no escuro, mas... Digamos que eu sou uma pessoa um tanto diferente. Segundo minha mãe, Rita, eu meio que tinha um dom. É como se eu pudesse sentir a presença de alguém, quando tinha alguém próximo de mim, e eu sabia quem era, sem ao menos olhar. Agora eu sei o que isso significa, mas depois vocês vão saber o que é. Cocei minha nuca, enquanto me levantava da cama. Eu não era a Srta. Coragem, mas se algo ameaçasse a vida da minha família, eu tinha que impedir aquilo. Apesar de tudo, eu os amava muito.

- Quem está aí? - perguntei. Eu sabia que tinha alguém ali, eu podia sentir. Vi um vulto de novo. Quem era aquela desgraça? - Se... Se você não se revelar, eu juro... Juro que vou... - O que eu ia fazer? - Eu vou te cortar. - Com o quê, Deus?

De repente, aquele vulto passou muito rápido pelo meu lado, e bateu num dos DVD's de Dragon Ball Z que eu tinha, fazendo-os cair pelo chão, e em seguida dando o fora dali pela minha janela. Na mesma hora a luz voltou.

Preciso dizer que fiquei aterrorizada? Pois bem, eu fiquei. Não sabia o que aquilo significava, e fiquei morrendo de medo do que poderia ser. Me bateu um sono, na mesma hora, e pulei na cama novamente, sem nem me dar ao trabalho de colocar uma roupa mais apropriada. Ao contrário das outras meninas da minha cidade, eu adorava tênis, e tinha horror de salto alto, ou sapatilhas. Eu só havia usado salto uma vez pra ir ao casamento da minha tia, e não deu muito certo, pois eu caía e tropeçava em tudo que via. Eu tinha 1,67 de metro, e era normal que fosse meio desengonçada num salto. Depois de tantas conclusões estúpidas que tirei, resolvi que já era hora de dormir, ou talvez eu acabsse ficando mais doida do que já era.

Minha noite foi tranquila, eu dormi que nem um bebê, embora eu não parecesse em nada com um, porque, né? Quando acordei, é que começou toda aquela loucura. Sabe quando você acorda, se vê diante de um paraíso? É, eu também não sabia, até naquele momento. Eu acordei, e me vi deitada, de uma forma nada confortável em cima de um chão rígido... Tá bom, quando um chão não é rígido? Voltando, eu estava em cima de um chão, com várias pessoas ao redor. Minha visão não estava nada boa. Espera... Cadê minha caminha? Por que eu não estava nela? E quem eram aqueles seres me encarando? Por que eu não estava no meu quarto? Que diabos estava acontecendo?

Estas perguntas estavam na minha cabeça assim que abri os olhos. Os enxuguei, como se assim fosse enxergar melhor, pisquei, e então me levantei. As pessoas se afastaram, como se dessem espaço pra eu me levantar. Me levantei meio tonta, e então paralisei total.

Sabe... Foi como ver um anjo. Okay, aquela palavra não era a certa pra descrever ele, principalmente com a conduta que ele tinha. Meus braços tremeram, e eu meu olho esquerdo começou a tremer.

De repente, eu soube onde estava. Mas... Mas não fazia sentido algum!

- Quem é você, garota? - perguntou ele grosseiramente. Naquele momento, eu soube que não era um sonho. Olhei ao redor, todos eles estavam ali. Todos, com exceção de uma pessoa. Eu precisava de uma prova. Caminhei em direção dele, e pousei a mão na testa dele. Okay, isso era muito estranho, e ele devia estar pensando que eu era uma doida. - Você é doida? - eu não disse?

- Ve... Vegeta... - deixei escapar. Meu ar tinha sumido, e meus olhos estavam cheios de emoção.

- O que? Como sabe meu nome? - perguntou ele, fazendo aquela posição de luta.

- Vegeta, se acalma - disse Bulma Briefs, colocando uma mão no ombro dele. Notei que o namorado dela, o Yamcha, fez uma careta não muito boa com aquela cena à frente dele, mas eu nem tava ligando pro cicatriz. Vegeta estava na minha frente! - Olá, meu nome é Bulma, quem é você?

Não respondi. Apenas toquei Vegeta de novo. Eu poderia ficar fazendo aquilo o dia todo, jamais me cansaria. Notei que era real mesmo. Era real mesmo.

Então... Gritei.

Continua...