Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 24
Quem precisa sonhar?


Notas iniciais do capítulo

Bom, capítulo escrito ouvindo "I have a dream" do ABBA, espero que gostem! Obrigada a todas as leitoras e quem ainda não comentou sinta-se a vontade, mentira, sinta-se obrigado a comentar!;D
POV Heloíse



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“Eu acredito em anjos, quando souber que é a hora certa pra mim vou cruzar a corrente! Eu tenho um sonho”

Heloíse POV’s

Meu quarto na mansão Chase continuava o mesmo de quando tinha sete anos, foi minha mãe quem o decorara, sem usar magia ela havia pintado suas paredes usando um pincel simples e tintas trouxas. Todo o cômodo era decorado com motivos marítimos, tudo era azul claro, perola e dourado. Sobre minha grande cama de casal, pendurado no teto estava o móbile feito de conchas, se fechasse os olhos ainda conseguia me lembrar daquela tarde quente na Califórnia. Eu e minha mãe fomos cedinho na praia, recolhemos conchas e então depois minha avó nos ensinou como construir o belo e delicado ornamento.

Cada pequeno objeto de meu quarto havia sido estrategicamente colocado conforme o gosto dela, aquele era meu santuário, era onde eu podia senti-la viva, quase ouvia sua voz ali, se fechasse os olhos conseguia ver o acinzentado de seus olhos.

Já faz 10 anos que minha mãe foi brutalmente assassinada, e ainda assim não consigo digerir o fato. Por que eu não me lembro? Por que ao forçar a minha memória tudo que posso me lembrar é de acordar e saber que ela não estava mais ali? Vejo a mim mesma com sete anos em fotos no jornal usando um vestido negro que eu não me lembro de ter usado. Onde estavam minhas memórias? Afinal eu deveria me lembrar da dor da perda. Eu tinha perdido a minha mãe e nem ao menos me lembrava do que senti ao perdê-la. Por mais que eu forçasse a minha memória eu só via o vazio.

Dizem os mais velhos, que com o tempo tudo passa. O tempo é o remédio para todas as dores.

Ou pelo menos é assim que deveria ser. Mas para mim não o é, na verdade ocorre o contrário, o tempo e a consciência da perda só faz com tudo piore. Porque por mais que eu tente não consigo curar aquilo que nem ao menos eu sei que senti! Eu só sei o que sinto agora, e este é infelizmente o mesmo sentimento de sempre. A noção de que perdi a minha mãe, e a amargura por não saber como tudo aconteceu.

Minha penteadeira de madeira clara estava lotada, além das minhas coisas, grande parte das joias e maquiagens de Meredith estavam ali, sem me conter sentei no pequeno banco fronte ao espelho. A imagem que o espelho refletia era a de uma boneca, era assim que eu me via, uma marionete uma personagem feita pra provocar o mundo, chamar atenção e esconder a Heloíse real. 

Mas quem era a Heloíse real? Às vezes tenho a sensação de que nem eu mesma sei esta resposta.

Os meus cabelos róseos já não estavam tão chamativos, com o tempo a cor desbotava, talvez eu pintasse de novo, talvez eu escolhesse outra cor ou talvez eu encontrasse a coragem necessária para deixar a cor natural voltar.

Loiros, loiros como mel, como se o próprio sol houvesse feito questão de pintar cada fio de cabelo, costumava amar a cor do meu cabelo até o dia em que me olhei no espelho e vi minha própria mãe refletida. Não percebi que estava chorando até a maquiagem escura de meus olhos começar a borrar meu rosto, com calma peguei um lenço e limpei minha face, logo me vi de "cara limpa", fazia muito tem que não me via assim. Me questionei se todos viam em mim o que agora o espelho refletia. Será que todos eram capazes de ver o vazio que a minha íris cinzenta refletia, o enorme vazio da perda?

A porta do meu quarto se abriu abruptamente e a nossa governanta, Nancy, falou.

-Seu pai chegou de viagem Heloíse e está mandando você descer e ir jantar com ele. -Nancy estava conosco há muito tempo, trabalhava cuidando da casa para meu pai desde muito antes dele se casar com minha mãe. Apesar da aparência séria ela era amorosa e carinhosa quando julgava necessário, ela era uma bruxa abortada assim não conseguiria um emprego melhor no mundo bruxo. Mas no fundo eu achava que ela gostava de ficar com agente, Nancy era a responsável por manter a casa funcionando e quando mamãe morreu foi meu principal apoio.

-Não estou com fome Nancy. - Respondi voltando a fixar o olhar no espelho.

-Não interessa, ele está exigindo sua presença lá em baixo menina, além disso, você precisa comer. Mandei fazer sua sobremesa favorita hoje. -Informou a senhora tentando me animar.

-Posso comer na cozinha depois. - Falei de um modo indiferente, percebi o olhar da governanta se tornar mais duro, com as mãos na cintura ela ordenou.

-Faça o favor de parar com essa birra Heloíse! Seu pai está te chamando para o jantar, e como a senhorita não quer me criar ainda mais problemas vai fazer exatamente o que ele está pedindo! -Suspirei ao perceber que eu não tinha realmente um bom motivo para não descer as escadas e jantar com meu pai, na verdade eu até estava com fome, porém entre aguentar o desconforto ou encarar meu querido papai fico com a primeira opção.

Saio do quarto batendo o pé indignada com minha falta de diretos, eu não queria descer pra jantar mas é claro que ninguém conseguia me entender. Afinal em algum momento alguém me ouvia nesta casa?

-Pare com isso menina! Desde que chegou de Hogwarts só ficou trancada naquele quarto, seu pai quer te ver. - Argumenta a mulher caminhando ao meu lado.

-Ah sim meu pai quer tanto me ver que assim que cheguei em casa ele decidiu sair pra uma viagem “inadiável”. - Comentei de um modo sarcástico.

-Amanhã é véspera de natal Lise, tente não brigar com seu pai, sua mãe adorava o natal, lembra disso? - Me perguntou Nancy sorridente, ela parecia perdida em pensamentos, devia estar lembrando daquela época em que juntos arrumávamos a árvore de natal e comíamos biscoitos antes de dormir. Sim, porque desses momentos eu me lembrava muito bem. Às vezes eu desejava ardentemente esquecer tudo. Esquecer que perdi a minha mãe. Esquecer que perdi ao mesmo tempo o meu pai. Esquecer que eu mesma me perdi.

-Sim eu me lembro, prometo que vou me comportar se ele se comportar. - Falei dando um beijo estalado na bochecha da governanta e me dirigi até a sala de jantar.

Meu pai estava sentado em uma poltrona no canto, seu rosto estava escondido pelo profeta diário aberto. Pelo visto ele não havia notado que eu já estava ali, sem saber o que falar para chamar sua atenção comecei a tamborilar os dedos na mesa de jantar, logo ele abaixou o jornal revelando o rosto cansado e muito mais velho do que deveria ser.

Eu tinha sentimentos conflitantes. Por um lado o tempo parecia ter passado tão de pressa. Todas as minhas loucuras, todas as mudanças que ocorreram tanto por dentro quanto por fora, todos os lugares em que estive toda a enorme quantidade de pessoas que não simpatizavam comigo e todos os meus poucos amigos. Por outro lado o tempo parecia estar se arrastando de tão lento, levando com a sua tranquilidade dolorosa minha instável relação com o meu pai, minha falta de memórias e a sensação de perda que carregava há anos.

Ficamos nos encarando por alguns segundos sem saber ao certo o que falar, não devia ser tão difícil, eu pensava, deveria correr em seu encontro e abraçá-lo. Devia lhe perguntar como tinha sido sua viagem, e como uma criança devia pergunta se tinha me comprado um presente.

-Bom já cheguei. - Falou ele se levantando da poltrona e caminhando até onde eu estava, próxima a cadeira da ponta da mesa onde ele costumava se sentar.

-Isso é bom. -Respondi me dirigindo para o lado esquerdo para ocupar meu lugar de sempre, imediatamente ao seu lado esquerdo. Como sempre o lugar ao lado direito de Frederick Chase apesar de estar arrumado se encontrava vazio, mais uma lembrança de que faltava, algo. Aquele era o lugar da mamãe.

A refeição vegetariana logo foi servida, essa era a principal e talvez única característica herdada de meu pai, ambos éramos vegetarianos, nunca me perguntei por que ele era, no meu caso foi uma junção de costume e pena dos pobres bichinhos.

Começamos a refeição em um silêncio pesado, eu poderia perguntar sobre a viagem e contar mil histórias sobre Hogwarts, mas eu queria? Queria mesmo iniciar uma conversa com ele?

-Filha, temos alguns assuntos para conversar. - Imediatamente desviei os olhos das ervilhas e meu prato e passei a encará-lo como que incentivando que ele continuasse. - Na véspera de Natal iremos dar uma pequena festa em nossa casa, o pessoal de sempre. - Ergui a sobrancelha ao ouvir isso e tentei não começar a bufar igualzinho ao Berlioz quando irritado. Parece que justo na véspera de natal eu teria que aturar aquele pessoal chato. Odiava ficar tentando parecer ser o que não sou.

-E onde eu entro nisso? - Perguntei de modo indiferente, já que eu costumava me esconder em meu quarto nesses eventos, meu pai nunca reclamou, parecia até preferir que eu e minha rebeldia não atrapalhassem sua festa.

-Quero você ao meu lado Heloíse, quero apresentá-la a todos.

Quase não acreditei ao ouvir aquilo, ele queria me apresentar? Mostrar a filha de cabelos cor de rosa pra todo aquele povo super tradicional? Aquele era mesmo o meu pai?

-Você...tem certeza? - Perguntei ainda tentando entender aquela nova postura do meu pai, não era ele quem me despachava para escolas no exterior?

Estaria Frederick Chase tramando algo? Não... ele era meu pai, não era possível que houvesse segundas intenções naquele estranho pedido.

-Claro que sim, está crescendo Lise já passou da hora de você me acompanhar em eventos como esse.

 Encarei seus olhos castanhos tentando ler qualquer coisa que me desse uma indicação de qual resposta lhe dar, nada me vinha em mente de modo que apenas acenei positivamente.

-Ótimo, mandei comprar um vestido pra você pedi a Nancy que levasse até seu quarto, se não gostar pode ir trocá-lo. - Não pude conter minha própria animação. ROUPA NOVA! Está certo que eu ainda não tinha a menor ideia de como o tal vestido era mas se fosse realmente ruim era só eu ir até a loja e trocar por um modelo que combinasse mais comigo.

-Obrigada. - Respondi voltando a comer meu macarrão com legumes.

-Mais uma coisa, você se sentará do meu lado direito, não haverá lugares vagos na mesa amanhã de noite. - Sem que me desse conta a talher de prata escapou de minha mão, ele falava sério? Finalmente iríamos ocupar aquela cadeira?

-É o lugar da mamãe. - Falei tentando não parecer tão chocada com aquilo, o homem a quem chamo de pai suspirou pesadamente e passou a mão pelo rosto como se procurasse as palavras certas.

-E sempre vai ser, mas eu e você já passamos muito tempo esperando algo que nunca vai acontecer. Heloíse, sua mãe se foi há 10 anos, é loucura guardar seu lugar a mesa como se ela apenas estivesse atrasada para o jantar.

Milhões de sentimentos transbordavam em mim, eu queria chorar, queria brigar com meu pai e dizer que ele estava errado, queria pular em seu pescoço e chorar em seu ombro e mais do qualquer outra coisa eu queria minhas respostas.

Mas eu já tinha tentando tantas vezes perguntas sobre a morte dela, sempre ganhava as mesmas respostas ele continuava insistindo que meu cérebro me fizera esquecer aquelas coisas. Dizia que era natural e que alguns traumas deveriam mesmo ser esquecidos, pois não saberíamos lidar com lembranças tão fortes. Algo não me deixava acreditar naquilo, algo em seus olhos castanhos algo no modo como sua dor se intensificava.

-Sim senhor. - Foi a única coisa que consegui responder, eu me sentaria ao seu lado direito como ele pedira e talvez pudesse esquecer que nunca ninguém havia ocupado aquele lugar desde a morte de Meredith Chase.

-Quer que eu peça a Nancy que lhe traga outro garfo? -Pediu meu pai olhando para o talher que brilhava no chão de pedra.

-Não precisa, eu perdi a fome. Posso subir? - Pedi tentando não encará-lo, não queria que visse as lágrimas se formando em meus olhos.

-Mas já? Ouvi dizer que a sobremesa é pudim de chocolate preparado pela própria Nancy. - Tentou meu pai.

-Posso comer um pedaço mais tarde. - Respondi antes de me dirigir em passos rápidos e largos para as escadas.

Em nenhum momento me virei para trás. Não era necessário que o olhasse para saber o que fazia naquele momento. Eram anos e anos com o mesmo comportamento. Ele estaria olhando fixamente para o lugar da minha mãe como se esperasse vê-la a qualquer momento.

Deixei-o para trás e tentei deixar para trás, as suas palavras. Tinha a sensação de que as mesmas ecoariam em meus pensamentos por muito tempo. Sua mãe se foi. E ela não vai voltar.

Assim que cheguei em meu quarto a primeira coisa que fiz foi pegar a mochila rosa que usava na escola, ali estava a carta que Hugo me entregara antes de deixarmos a escola para o feriado ainda não havia encontrado a coragem necessária para lê-la.

Rasguei o lacre e logo me pus a ler as palavras de letras inclinadas ora para a direita, ora para a esquerda, como se assim como o próprio Hugo não soubessem para que lado correr.

Oi Lise

Cara Heloíse,

Heloíse,

Bom, você deve estar se perguntando o motivo dessa carta, sei que sou um pouco confuso às vezes e acabo não conseguindo me expressar bem como gostaria. Sei que desde o dia que Lily desmaiou por minha causa não conversamos direito, sei que tenho sido um covarde me apoiando em Lana e fugindo de você. Sei que não posso esperar algo de você sendo que nem mesmo eu sei o que espero de você

O ano letivo já está na metade e conforme o tempo vai passando mais perdido eu vou ficando, queria que alguém simplesmente me dissesse o que fazer. A ficha está caindo, no mês de setembro do ano que vem não embarcarei para Hogwarts e ainda assim não tenho minhas escolhas feitas. O que não é novidade. Me pergunto se em algum momento serei capaz de escolher o que quero.

Desde que chegou em Hogwarts Heloíse, desde que botou os pés na escola você me encantou e não tenho a mínima vergonha de dizer isso. Posso ter um milhão de defeitos, posso não saber fazer escolhas mas se há algo de que me orgulho é de minha honestidade, não sei mentir as verdades escapam da minha boca. Já escutei de Lana milhares de chingamentos, ela anda brava ultimamente , porém até ela sabe que não sei mentir descaradamente.

Queria poder olhar pra você Heloíse e te pedir em namoro, queria ser o tipo perfeito que te mandaria rosas e cartas românticas, se você fosse a garota romântica que aceitaria meu pedido e se derreteria pelas flores e pelas palavras eu até tentaria ser esse cara. Mas nós dois sabemos que não somos assim, nós dois sabemos que estamos confusos, perdidos, procurando o melhor caminho. Eu ainda não sei o que foi que te fez ficar assim, não sei o que fez seus olhos passarem esse sentimento de perda e medo. Não sei por que você construiu essa personagem alegre e inocente, quase boba mas sei que se um dia você quiser tirar a máscara vou estar pronto Heloíse. Vou estar pronto para ser seu irmão, seu melhor amigo ou o que você precisar.

Só queria que soubesse que se precisar de algo, basta mandar uma coruja.

Atenciosamente,

Com amor,

Com carinho

Hugo Arthur Weasley

Maldito Hugo Weasley que me fazia chorar com uma carta, maldito Hugo que com apenas um olhar fazia minha nuca se arrepiar, eu o amava? Não, porém meu corpo pedia por ele, da mesma forma que ele queria saber o motivo do meu medo eu queria descobrir quando fora que ele se perdera. Hugo transbordava paixão, era o completo oposto de Sara, que apesar da agressividade sempre a vista escondia como ninguém os sentimentos.

Nunca duvidei que Hugo fosse realmente apaixonado por Lana e Lílian não era nem a primeira nem a última vez que alguém se veria entre dois amores. Achava até mesmo engraçado que ele e a monitora certinha chefe se dessem bem, afinal eles eram completos opostos. Que a Sara nunca me ouça falando isso mas a Lily estava completamente certa, ela é uma covarde quando o assunto é sentimentos. Já o Hugo é mais do que um grifinório nesse quesito. Afinal ele não tem nenhum receio de gostar das pessoas. Ele se entrega aos sentimentos quase que sem nem perceber e quando vê já parece estar gostando. E esse é o problema. Pois gostar não é amar.

Hugo tinha razão, eu me sentia confusa e assim como ele não fazia a menor ideia do que fazer com minha vida após o término da escola. Sara iria para a tal academia russa e Lílian ainda tinha a chance de ir para Paris estudar na escola francesa, mas eu não tinha isso. Enquanto todos tinham os seus sonhos e os seus lugares eu estava completamente perdida. Já tinha passado por três escolas de magia, tinha manchas em meu histórico que nem mesmo todos os galeões de meu pai poderiam apagar, que academia de formação iria me aceitar?

Por um momento senti inveja da Lily. Ela pelo menos teve um sonho, que sim, foi destruído por alguém com o coração muito podre para fazer algo assim para alguém tão maravilhosa, mas ainda assim ela teve um sonho. E eu? Eu nem ao menos sei o que quero fazer. Porque a única coisa que teria como sonho não seria possível, já que a morte é irreversível.

Por alguns segundo me senti tentada a pegar a pena na mão e escrever para o Weasley, mas então me lembrei do motivo para me manter longe dele, a garota que me lembrara o significado de amizade e família. Claro que eu nunca faria nada para machucar Lílian Potter.

(...)

O vestido de veludo negro era realmente bonito, marcava meu corpo nos lugares certos, definitivamente teria que me lembrar de parabenizar a secretária que o escolhera. Optei por uma maquiagem clara naquela noite, e para completar usei o antigo conjunto de perolas que estava há gerações na família de minha mãe.

Prendi meu cabelo fino em um coque e ao me analisar no espelho me senti mais velha do que nunca, nessa noite eu ficaria ao lado do meu pai e faria o que ele me pedisse, iria me arriscar e confiar que finalmente ele me queria ao seu lado.

A festa já havia começado, a música clássica vinda dos músicos chiques que meu pai contratava podia ser ouvida e o leve murmúrio das conversar chegavam até o meu quarto, podia imaginar todas as mulheres em seus trajes de gala fofocando; e os homens de negro discutindo sobre ações e política como sempre, afinal para eles perder tempo significava galeões perdidos.

Cheguei às escadas me sentindo estranhamente nervosa, eu realmente me arrependi pelo atraso, todos olhavam pra mim, as mulheres parecia se fixar em meus cabelos e em minhas joias. Alguns homens não perderam tempo me analisando, outros por outro lado esquadrinhavam meu corpo de um modo que quase me fez correr de volta e colocar uma capa sobre o vestido.

Meu pai me esperava no final da escada, parecia satisfeito ao me ver e eu nem me senti mal em ser mostrada a todos como se fosse um troféu, ele estava ali do meu lado e isso importava mais do que qualquer coisa. Mesmo que eu odiasse as pessoas, a comida e modo formal e elegante que se comportavam mesmo que eu apenas sorrisse e concordasse com tudo.

Me sentia alegre e um pouco alta, eu havia bebido alguns drinks, ou talvez muitos drinks, eles me ajudavam a sorrir e a esquecer o quanto eu desprezava todo aquele dinheiro. Quando a hora do jantar chegou eu me sentia mais exausta do que nunca, interpretar a filha perfeita e simpática é bem mais difícil do que parece pode acreditar.

Me sentei ao lado direito de Frederick Chase tentado esquecer que aquele lugar não era o meu, quando ele ergueu a taça para fazer um brinde antes da refeição tipicamente natalina cheia de carne que eu ele não comeríamos foi que entendi o motivo da a minha presença.

-Bom, antes de mais nada queria agradecer a presença de todos aqui. Como todos já devem ter percebido esta é minha filha Heloíse, nem todos a conheciam e os que a conheciam sei que faz um longo tempo desde a última vez que ela compareceu a um evento.

Sorri estupidamente para toda a mesa, não sabia onde meu pai queria chegar com aquela conversa de qualquer modo não imaginei que fosse algo muito sério.

-Heloíse é minha filha única, então claro que receberá o meu legado, claro que ainda muito jovem ela receberá toda a preparação necessária. Assim que terminar Hogwarts ela concordou em ir para a Alemanhã onde terá aulas com o mesmo mestre que me ensinou tudo que sei. Um brinde a minha amada filha Heloíse sei que confiarão nela como confiam em mim.

TIM TIM!

E então após o brinde tudo ficou em câmera lenta, as pessoas batiam palma animadas e eu encarava meu pai chocada, ele havia tecido a teia dele de um modo perfeito. Sabia que na frente de todas aquelas pessoas não havia muito que eu pudesse fazer, de algum modo aqueles estranhos elegantes contariam comigo um dia mesmo que eu não desejasse isso.

Eu me sentia de certa forma sufocada. Como poderiam eles confiar em mim se eu nem ao menos sabia o que queria da minha vida? Mas pelo visto isso não parecia importar. Claro, pois todos deveriam confiar em uma garota que não sabe nem mais ao certo quem ela é.

Eu deveria ter gritado e agido como uma criança birrenta? Talvez, mas mesmo com a raiva me cegando os olhos eu soube que isso só faria tudo ainda pior, seu agisse de um modo correto eu poderia remediar toda aquela situação. O jantar começou, as conversas me enchiam os ouvidos e eu travava um duelo mudo com meu pai, ele não parecia feliz mas mantinha aquela expressão superior como se soubesse que aquela era a melhor escolha.

Me lembrei de Hugo em sua carta dizendo que queria que alguém lhe dissesse o que fazer, já eu ao contrário queria fazer somente o contrário daquilo que me ordenavam, porém mesmo sem ser obrigada nunca quis seguir os passos do meu pai. Odiava toda aquela papelada, toda aquela burocracia que regia seu interminável trabalho.

Ignorei o prato de comida a minha frente, virei a taça de vinho branco com raiva, magicamente minha taça se encheu novamente para mais uma vez o liquido ser sorvido em questão de segundos. Sai da mesa antes mesmo do prato principal ser servido.

-Com licença, estou um pouco indisposta. -Falei com o mesmo sorriso falso que mantera em meu rosto durante toda a noite.

Apesar da bebida alcoólica consumida não estava bêbada, me sentia apenas mais impulsiva, mais corajosa do que nunca, chegando em meu quarto peguei um punhado de pó de flu e segui decidida para a lareira. Nunca tinha estado no lugar onde desejava ir, porém sabia o nome da lendária casa, assim como sabia que minhas amigas e Hugo deviam estar lá agora mesmo, antes que eu pudesse gritar o nome do meu destino Nancy entrou no quarto.

-Onde pensa que vai menina? -Perguntou ela correndo na minha direção.

-Se meu pai perguntar diga que estou com os Potter! - Respondi em um tom provocativo sabendo que ele odiaria receber essa notícia, a velha governanta ficou estática e aproveitei a deixa para sair dali. Porque eu posso não saber me definir. Mas sou Heloíse Chase, e por hora fiz a minha escolha.

 -PARA A TOCA! – Gritei com força ao mesmo tempo que jogava o pó de flu na velha lareira.


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Notas finais do capítulo

NB/ E ai povo, espero q vcs tenham gostado do cap.
Sim eu sei. Vcs quase não aguentam o furacão emocional da fic. É alegria, saudade, romance, dor perda...
E eu sei de outra coisa q vcs não aguentam, q é esperar outro cap da fic para ler (ou talvez seja só eu q fique de butuca (?) esperando para poder dar uma indireta para a autora e ai como vai o próximo cap?)
ENTÃÃÃÃÃO COMENTEM UM MONTE (sim pq eu quero logo o prox cap para betar)
Quem ai tava com saudade da Lise? E o que acharam da relação com o pai dela?
E o Hugo gente, não pq só pode q a autora juntou toda a indecisão dos garotos e colocou numa personagem só ( ele precisa é levar um agarra e uma sacudida bem dada no estilo DECIDA-SE O SEU BORRA BOTAS!!!!!!( e olha eu nem estava falando daqueeeeele tipo de agarra... já disse q sou uma beta de família)).
E então, como será o natal na toca?
Lily, Lise, Hugo, Alvo, Sara e James (pq eu sinto q vcs querem q agora eu mencione a Gina?)
Se vc quer saber MANDE UMA REVIEW COM A SUA OPINIÃO PARA O NÚMERO (?) DA CAIXINHA Q SEGUE ABAIXO.Se gostarmos respondemos se não, não!
Bjs, da beta
Milady Black.
NA/Não acreditem na beta ok? Vamos responder todos os reviews nem que seja só um do tipo gostei, MAS EU REALMENTE ESPERO QUE VOCÊS NÃO FAÇAM ISSO! Bom espero que tenham gostado, aí está uma Lise mais real, muito mais humana do que antes, ela não é só a garota alegre. Espero que tenham gostado, me desculpem pelo tom nostálgico mas não pude resistir!
Não esqueçam que amo comentário GIGANTES e RECOMENDAÇÕES!
Beijos da Lore