Valentines Dream escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 7
Capítulo 7 - Biblioteca




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    "Lil! Lil!", acordei sendo chacoalhada por Éric - nem lembrava mais dele. Estávamos na sala de aula, o prefessor de Sociologia me chamava para ler meu entediante trabalho sobre seres místicos. Enquanto lia, perguntava-me se meus últimos meses não haviam passado de um sonho bizarro.

- ... Pessoa. Drácula foi...

    O sinal me interrompeu mais um vez, mas não era a última aula. O professor aquietou a turma e anunciou a chagada de um novo aluno inter-cambista: Ville Katahn. Não era um sonho, era um pesadelo.
    Acordei - dessa vez na cama de marfim - mas preferia ter ficado sonhando. Raphael estava no quarto, vigiando meu sono, mas nenhum sinal de Ville ou August, então, pensei no pior enquanto o encarava, ainda deitada, mesmo estando com medo - achei que meu coração iria parar pelas fortes batidas.
    A porte foi aberta com mais força que o necessário - Amy a chutou - mas nada dos vampiros, apenas mais e mais caçadores entrando atrás de Amy, discutindo como me matar. Comecei a entrar em desespero, mas August estava ao meu lado, mesmo sem que eu o percebesse.

- Não podem nos ver, nem nos ouvir.
- August!? - O abracei com força.
- Sinto muito, senhorita Valentine, não quis assustá-la ou lhe trazer problemas, mas meus parentes os atraíram.
- Onde está Ville?
- Distraindo-os para nossa fuga.

    August mal terminou a frase e os caçadores se amontoaram na janela, pulando-a de 3 em 3 pessoas. Amy foi a última a saltar, mas antes fitou-nos, exibindo os perolados caninos. No segundo seguinte estávamos numa confortável sala - a mesma que fiquei durante meu "sequestro".

- Bem-vinda ao meu lar.
- Amy é uma vampira!? - Estava pasma.
- Surpresa? - Ville entrou ensangüentado pela varanda.
- Ville!?
- Certificou-se de que não foi seguido? - August se serviu de vinho.
- Sim... Mandei os Whithouse para o Saint'Anne.
- Amy é uma vampira? - Repeti, mas os vampiros ficaram indiferentes.
- O primeiro caçador também era. - Ville degustou um pouco de vinho. - Henrique, lembra?
- Sim... - Como se fosse fácil esquecer algo assim.
- Senhorita Valentine, conhece a antiga biblioteca da cidade? Aquela que foi incendiada.
- Uhum.
- Você está no subsolo dela. No andar superior há milhares de livros que saciaram suas dúvidas. Por favor, fique a vontade para lê-los.
- Obrigada, August... Como está o Éric?

    Os vampiros se entreolharam, visivelmente confusos com a pergunta. Desculpei-me e fui para uma larga escadaria de mármore que, estranhamente, sava no 3o andar do prédio, onde havia seis mesas redondas, treze cadeiras e inúmeros livros nas escuras estantes. No centro de uma das meses, havia uma pilha de livros com marcações e um bilhete com uma caligrafia impecável - de Ville - "Leia, ♥". Reconheci alguns livros, ele os lera enquanto eu comia na cama, corei.
    Passei duas semanas lendo, pequenas pausas para banheiro, comida e dormir eram bem-vindas, por fim, resumi os principais parágrafos. No livro "Os Condenados", anotei que vampiros não dormem, não voam e não se reproduzem; em "Dália de Sangue", as principais famílias - Tepes, Spencer, Katahn, Lioncourt e Helsing - "Crepúsculo" explicava sobre os olhos: quanto mais escuros, mais sede ou raiva eles tinham, e que vampiros podem ficar expostos a cruzes, alhos, água benta e sol, só não podem presenciar o nascer ou o pôr-do-sol, não precisam respirar; "Quadrado" explicava como transformar alguém em vampiro; e, finalmente, "Casa Blanca".
    O livro era velho, amarelado e em latim. Felizmente, Ville o traduzira para mim: "Capítulo XXIII - CasaBranca. Meados do séc. XII, surgiu uma nova espécie de vampiro: O Caçador. O primeiro dessa espécie transformou os membros mais fracos de sua família em vampiros, para que pudessem se proteger, com a condição de que, após matar 100 vampiros, cometessem suicídio. Matar um ser das trevas não é uma tarefa fácil: deve-se dar sangue morto, arrancar seu coração ou fazê-lo beber até a última gota de sangue de um corpo qualquer.", autora: Stephanie Spencer.
    Fechei o livro num lento suspiro, após reler esse parágrafo mais algumas vezes. O nome da autora estava sublinhado e com uma pequena anotação ao lado: "Noiva de August", algo que ele não me contou. Abri o livro, com cuidado para não danificá-lo, mas, com curiosidade, a procura de um retrato de Stephanie - tive sucesso. A foto era pequena, estava sendo usada como marcador, desbotada, mas dava para ver claramente os rostos de August, que não mudou em nada, Stephanie, dona de um rosto muito belo e delicado, e quem eu imaginei ser o Allan, muito parecido com o irmão.

- Linda, não?
- Ausgut!?
- Perdoe-me assustá-la, trouxe-lhe o jantar.

    O vampiro deixou a bandeja prateada ao meu lado - hoje tinha salmão com molho de laranja e vinho suave - sentou-se à mesa e, com um sorriso meigo, tomou a velha foto de minhas mãos, para observá-la de perto.

- Como está a refeição?
- Maravilhosa, como sempre.
- Fico feliz.
- Sabe que vou perguntar, né? - Ele suspirou enquanto eu bebia um pouco de vinho.
- Stephanie era noiva de meu irmão, quando ainda eram humanos, mas foi traída, obviamente, quando Allan foi obrigado a engravidar uma prima. Ela tinha os olhos amendoados, mas, depois de transformada, seus olhos ingênuos ficaram sérios, quase brancos; sua pela pálida e seus lábios carnudos, sem vida. Manteve apenas seus belos fios de cobre. Assim que se transformou, entendeu Allan, que já amava Elizabeth. Noivamos.
- Assim? Sem mais nem menos?
- Ambos queriam ficar próximos do Allan.

    Acabei engasgando com o peixe - August bateu nas minhas costas e me trouxe água - aquele amor fraterno era intenso demais. Mais tarde, conversei com Ville, que estava deitado no peitoral da sacada, observando a lua como fazia no Saint'Anne.

- Ville?
- Pois não, Lil?
- Vampiros noivam?
- Deveria ter marcado isso em algum livro?
- Não...
- Entendi. Sim, Lil, eu tenho uma noiva, Marie.
- Como ela é? - Senti minha voz falhar.
- Tem sua altura, sua pele, olhos laranjas, cabelos médio, negros e cacheados.
- Uhn... - Linda na minha imaginação.
- Mas, ela nem chega ao seus pés, amada Lilith.
- Sei...
- Uhn... Falarei algo que você não sabe: Por que vampiros são obrigados a matar alguém importante para eles?
- Por quê?
- Para perder todos os sentimentos humanos, mas alguns sentem falta disso e se apegam a primeira coisa que vêem.
- Como assim? - O brilho da curiosidade voltou a mim.
- Como meu santuário à Lilian ou a super afeição que August tem por Allan.
- Entendi. - Sentei-me no chão, apoiando a cabeça perto do ombro de Ville. - Que noite bonita - Desconversei.
- Sim...

    Senti o sobretudo de Ville me cobrindo e, quando olhei para cima, gélidos lábios estavam tocando os meus, movendo-se vagarosamente. Não era mais um mero selinho - selinhos não incluem línguas. "Nosso romance está chegando ao fim, Lil", sussurrou ao terminar o beijo.

- Por quê? - Minha voz estava falhando novamente.
- Esta guerra está acabando, amada.
- Como você sabe?
- É que você está aqui - Sorriu, acariciando meu rosto - Lil... Posso passar a noite com você?


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários *-*.. Estou tentando cometer menos erros gramaticais e corrigi-los a medida do possível... x.x/