– Ela devolveu a espada!

– Sim percebi - sorri - Mas porque está chorando?

– Não sinto ela! Eu não a sinto! - chorava.

– O que?!

Zelda o fitava, chorando.

– Zelda, como assim você não a sente?

– Link, como mãe, consigo sentir a aura de Saria. Sempre. Não importando a que distância ela esteja!

– Até quando fomos para as escavações?

– Sim! Desde que fiquei gravida Link. Sempre a sinto. E agora...

– Não consegue senti-la?

– Não. Nem mesmo um pouquinho – começa a chorar mais intensamente – O que vamos fazer?! Link, o que vamos fazer? Isso só pode significar uma coisa – põe as mãos no rosto.

– Não Zelda. Ela não está morta – diz Link com um tom de voz confiante.

***

Zukko corre para perto de Saria e se abaixa para sentir sua respiração. Realmente estava respirando, muito fraco, mais estava.

Zukko olha para os lados, procurando algo que possa fazer. Mas o que? Teria que esperar ela acordar.

Mas mesmo assim, ele estava muito preocupado, pela respiração fraca dela. Ou estava louco, mas parecia estar diminuindo. Ele não hesitou. Agarrou-a no colo e saiu correndo novamente. De volta ao castelo.

Começa a chover. Parece que a chuva aparece sempre nos momentos mais desesperadores e agoniantes.

A garoa um pouco mais grossa dificultava a visão de Zukko. Mas não podia parar a agora. Era Saria quem contava com sua ajuda para permanecer ainda neste mundo.

E, sinceramente, ele não poderia viver sem ela.

A chuva se torna mais intensa. As árvores chacoalham fortemente, fazendo vários galhos quebrarem e atrapalharem seu caminho.

Estava se tornando uma tempestade. O vento fica cada vez, mais e mais forte. Zukko já está perdendo as forças. Mas não para de correr. Mesmo com sua visão embaçada, suas pernas doloridas e seu coração prestes a pulsar para fora de seu peito, ele não para.

Nem chuvas, nem tempestades, nem maldições o impedirão de seguir o que lhe foi destinado.

No meio do caminho ele percebe que havia um chalé, logo á frente. Não o tinha notado antes. Não há tempo para parar e pensar. Corre e entra no chalé.

A lareira estava acesa. Alguém havia estado ali recentemente. Não importa, estão seguros por enquanto.

Zukko a deita no sofá tira o escudo de suas costas e com um cobertor que encontrou na cadeira a cobriu. Ela estava muito pálida. E parece que sua respiração ainda diminuía. Ele estava nervoso, suava frio. Suas mãos tremiam.

Ele vai até a cozinha e toma um pouco de água. Não o interessava quem estivesse por vir e lhe dar sermões. A única coisa que importava, estava deitada no sofá neste momento.

Percebe que havia comida, então resolve fazer uma sopa para ela, quando acordasse. Se acordasse.

Passam-se alguns minutos. A sopa está pronta. Zukko serve em um prato e deixa em cima da mesinha de centro.

Senta-se no outro sofá. E passa a fitar Saria. Apenas esperando o momento em que ela acordasse.

O que não acontecia.

***

Naori e Kyon correm naquela tempestade horrível e perigosa. Apenas com esperanças de encontrarem Zukko e Saria.

A chuva nunca estivera tão forte e o vento tão intenso. Quem fosse ver, acreditaria que fosse o fim do mundo... Quem sabe, para apenas uma pessoa.

Suas pernas não aguentam mais. Sentem dores, mas parar agora? Nunca! Alguém extremamente especial corre grande perigo e recuar não está nos planos.

No meio do caminho, Naori encontra umas das luvas sem dedos de Saria. Teria ela deixado cair propositalmente? Para que a seguisse?

Eles continuam correndo, até que chegam em frente á um chalé. Via-se fumaça saindo da chaminé. Teria alguém lá.

***

– Link, o que está fazendo? – Zelda entra em seu quarto.

– Arrumando umas coisas.

– Aonde vai?

– Atrás de nossa filha. Sabe sua sensação?

– Sim?

– Exato, tenho a mesma.

– Não a sente? Mas, Link, meu amor, nessa tempestade, sair assim...

Link a beija.

– Meu amor, chuva, sol, calor, frio, tempestades, o que seja! Jamais deixaria quem amo lá fora.

– Link... Eu vou com você.

– Não mesmo.

– LINK HIROSHI! Não irá me impedir de ir atrás de nossa filha!

– Tem certeza que...

– Claro que tenho! Que tipo de mãe acha que sou? – põe as mãos na cintura.

Ele a abraça.

– A melhor de todas – sorri.

Link pega algumas coisas em sua mochila, e assim que ficam prontos, pegam o carro e seguem para o local onde está Saria. Não sabem ao certo. Mas tentam rastrear o celular dela.

Pelo resultado, estão nas montanhas dos antigos vales de Termina.

***

Kyon corre na frente e abre a porta. Depara-se com Zukko, surpreso.

– Kyon?

– Zukko! Você tá bem?!

– Estou...

– Onde está a – olha para o sofá – Ah minha nossa, o que ela tem?! Está tão pálida! – Kyon chega perto dela – E a respiração...

– Kyon, o que você... Zukko! – exclama Naori.

– Naori! – ele a abraça.

– Zukko, que bom que está bem. Onde está Saria?

– Ali no sofá... Ela não acorda – olhar triste.

Naori chega perto de Kyon, que está abaixado ao lado de Saria.

Ela sente que Saria não está respirando direito. Está fraca.

Zukko começa a chorar. Kyon se levanta e tenta consolá-lo.

– Calma Zukko. Tudo vai dar certo. Já voltamos ao normal. A maldição acabou. Sei que a qualquer momento ela vai acordar e dar aquele lindo sorriso – tenta animá-lo.

Zukko fica corado. Ele sorri diante da tentativa de Kyon. E agradece.

Eles percebem que Naori segura o colar de Saria. Aquele pequeno vidro, onde estava a essência.

– Garotos, ainda resta... Uma gota.

– Da essência? Mas Saria não está bem? -pergunta Kyon.

– Ela não tem ferimentos... Mas não consegue voltar a si.

– Que? – pergunta Zukko confuso.

– Ela não consegue voltar para sua consciência. Está fraca demais e não consegue nem mesmo acordar.

– Como sabe? – pergunta Zukko.

– Minha bisavó teve isso. Minha mãe me contou. Ela estava um pouco mais acordada que Saria, mas não conseguia voltar a si.

– E o que aconteceu?

– Minha mãe e minha avó possuíam na família, a primeira essência retirada da Espada Mestra. O herói da lenda deixou em nossa geração. Creio que mito não é. Então minha mãe, que deveria ser um pouco mais nova que eu, pegou a essência, fez minha bisavó beber e citou um poema, para ajuda-la a voltar.

– E você sabe o poema Naori?

– Sei.

Naori abre o pequeno vidro e a última gota da essência que restava, coloca na boca de Saria. Põe suas mãos, uma na cabeça de Saria e a outra na barriga. E começa a dizer:

– Está se perdendo...

Não enxerga seu caminho...

Está escuro, não há luz.

Mas tente lembrar, sua luz interior.

O que torna o mundo todo interessante... Viver.

Agora, sabe-se que está enxergando uma luz. Preste atenção, pois ela se chama ‘vida’.

Não quer perde-la. Lembre-se de seu nome. De quem realmente é.

Não está perdida...

Foi encontrada... Foi escolhida!

Nesse momento, em que Naori exclamou a última frase, Saria acorda num salto.

Ela olha assustada para todos. Sente seu interior fraco. Mas se sente bem. Naori a abraça.

Kyon corre e a abraça. Eles riem juntos.

Saria percebe que Zukko estava ali, parado. O admira, corada e faz um gesto com a mão.

– Vem – sorri.

Zukko corre até ela, a abraça tão forte como nunca abraçou antes...

– Não sabe minha alegria em te ver bem – sussurra no ouvido dela.

Ela fica vermelha e o abraça bem forte, escondendo seu rosto no ombro dele.

Ela chorava de soluçar. Mas não de tristeza. De alívio.

Estava tudo bem. A missão está cumprida.

...

– Saria!

...

– PAI?!

– Saria, meu bem!

– MÃE?!

Todos se olham confusos.

Zelda corre e a abraça.

– Ah minha querida, que bom que está bem! Que bom que está bem!

Saria a abraça forte.

– Mãe... Que saudades.

Link as abraça também. Ele também chorava. Como elas. Lágrimas de felicidade são as melhores.

Zukko e Kyon contaram á Link e Zelda sobre Naori ter salvado Saria.

Passaram a amar Naori. (risos)

Depois de alguns risos, todos entram no carro de Link e seguem para casa.

Primeiro, largam Kyon em casa. Ele beija Naori na bochecha.

– Até mais Naori – pisca para ela e sorri.

“cara envergonhada e brava” – Até - olha para o lado.

Kyon ri e se despede.

Logo depois, largam Naori em casa. Naori abraça Saria fortemente. E Saria retribui ainda mais.

– Saria, nunca, jamais vou querer outra amiga além de você.

– E o mesmo eu digo. Jamais terá outra como você – sorri.

– Te vejo semana que vem então? – sorri.

– SIM! – diz Saria contente.

O último a ir para casa era Zukko.

Quando chegam à casa de Zukko, estava seu pai, Ganon sentado na escada da varanda. Ele percebe que Zukko, Saria e Link descem do carro, ele se levanta e sai correndo.

Zukko mal abra a boca para falar e Ganon o abraça fortemente.

– Pai eu...

– Shh. Não diga nada meu filho. Estando bem, para mim não importa mais.

A mãe dele sai correndo de dentro de casa e o abraça também.

– Zukko, meu amor! Está bem! - ela chorava de alegria.

– Mamãe... – sorri e a abraça forte.

Saria e Link estão parados. Ganon percebe e aperta a mão de Link.

– Link... Sei a inimizade que tivemos do passado. Nunca nos dávamos bem, e nossos antepassados nunca se acertaram, não é? – risos.

“risos” – Tem razão.

– Mas quero que saiba, você salvou minha vida, em proteger meu filho. E espero que me perdoe por tudo. Até mesmo pelos antepassados – abaixa a cabeça – Saiba que jamais o odiei, sempre tive inveja de sua coragem. Mas meu propósito é minha família e isso é o que me torna feliz – sorri.

– Ganon – põe a mão em seu ombro – Disse exatamente tudo. Cara, somos amigos agora! – sorri.

Ganon o abraça. Se via que estava prestes a chorar. Para Link, aquilo seria uma amizade de longa data. Talvez, se as deusas permitirem, eterna.

– Mas sabe Ganon, não é a mim que deve agradecer – sorri olhando para Saria que ficou corada.

– É verdade pai. Agradeça á Saria. Porque, graças a ela, descobri meu destino neste mundo – sorri para ela.

Ganon se abaixa e beija a mão dela.

– Pequena Saria, muitíssimo obrigado – sorri.

– De nada! – esboça aquele maravilhoso sorriso – Mas eu também agradeço á Zukko, porque, sem ele, também não teria encontrado meu destino. Meu lugar especial. Que é junto de minha família... E dele – sorri.

Zukko fica vermelho.

Zelda desce do carro e abraça Ganon.

– Ganon, eles jamais poderão ficar separados. Parece um tanto familiar não? – risos.

– Mudam as gerações, mas a história e os personagens nunca mudam não é? – sorri.

Link e Zelda riem.

– Jamais proibiria Zukko de ver a heroína do tempo! – exclama – Sempre será bem vinda em nossa família – sorri.

Zukko e Saria. Ambos vermelhos e envergonhados.

– Hey, Ganon? Quem sabe um casamento não torne o futuro de nossa lenda melhor huh? – Link ria freneticamente. E Ganon também.

– PAI! – exclamam Saria e Zukko.

– Crianças acalmem-se – Zelda ri – Ainda têm treze anos. Têm muitas coisas a aprender – sorri.

“Mas enquanto isso... Enquanto esperamos... Quero que meus dias, sejam sempre ao lado dele. Momentos ruins, bons, sendo ao lado dele, passarei por todos. Tendo aqueles á quem amo nada mais importa.”

***

(Saria)

E assim aconteceu... Afinal de contas, nunca, nada é o por acaso. Tudo neste mundo tem o motivo. E cabem as pessoas que vivem nele, tentar descobrir.

Muitas vezes pensamos que momentos ruins não deveriam existir.

Deveriam sim. Sem eles, jamais nos tornaríamos fortes. Jamais saberíamos lidar com o mundo que nos assombra lá fora.

Para que existem desafios? Porque são impostos á nós?

Para nos fortalecer! É através deles que se cria a coragem, a sabedoria e a força. É através deles que se sobrevive. Que se amadurece.

Os desafios são o que torna “viver” divertido! Saber que é capaz de se superar em seus medos, suas fraquezas. A sensação de passar por um desafio é sem igual! Sentir-se mais forte. Mais sábio. Seguir adiante.

Todos tentam encontrar o motivo pelo qual nasceram. E qual sua lenda, na terra. Isso se chama viver.

Aquele lugar especial, em que você sonha encontrar e viver o resto de seus dias pode estar mais perto do que se imagina. E ás vezes, quanto mais perto você está da verdade, mais perto de você ela está.

Pode se encontrar esse lugar, ás vezes, em sua casa, sua família, um amigo, até em seu bichinho de estimação.

Mas o que realmente torna um lugar especial é estar cercada por aqueles que te amam. E que fazem de tudo, para ver seu sorriso todos os dias.

Eu encontrei meu lugar especial. Cabe a você... Descobrir o seu.

Fim.