Possessão escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 18
Capítulo 18




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Cebola e DC seguiam D. Morte no mundo espiritual, receosos com as almas agonizantes que gritavam por toda parte.

- Fiquem perto de mim. É perigoso mortais andarem por aqui sozinhos.

- Credo! É pra cá que a gente vai vir depois que morrer?

- Não, Cebola. Pelo menos não se vocês se comportarem bem. Aqui é para onde vêm as almas de pessoas ruins, egoístas, perversas e que prejudicaram as outras.

- Ah, tá. É o inferno então? – DC parecia um pouco mais a vontade ali.

- Isso não existe. Olha, é complicado explicar agora e temos assuntos mais urgentes para tratar. Olhem, lá está ele.

Eles viram um rapaz vestindo uma roupa que parecia ter sido muito elegante, mas que agora estava um trapo. Ele tinha o rosto muito parecido com o do Toni, embora com alguns detalhes diferentes.

- O que você quer agora? – ele perguntou grosseiramente assim que viu D. Morte chegando. – eu já disse que não quero nada com aquela moça. Deixe-me em paz!

- Eu trouxe esses dois rapazes. Eles querem conversar com você.

 Mauricio olhou desconfiado para Cebola e DC. Que roupas estranhas eram aquelas?

- Vocês querem o quê comigo?

- Conversar com você, cara.

- Já estão conversando.

Cebola viu que ia ser difícil, mas ainda assim não desistiu.

- É sobre Bianca...

- De novo? Olha, o que ela faz ou deixa de fazer não é da minha conta, eu não tenho nada a ver com isso!

- Como não? – DC disparou irritado – Foi depois que te conheceu que a vida dela desandou e é por sua causa que ela fica por aí roubando a alma dos rapazes.

- E desde quando isso é culpa minha? Eu só peguei algum dinheiro do pai dela (que nem era tanto assim) e fui embora! O resto ela fez por conta própria.

- Só que ela sofreu muito quando você partiu e isso desencadeou tudo aquilo!

- Ainda continua não sendo culpa minha, ouviu?

Mauricio se recusava a assumir a responsabilidade pelos seus atos. Durante toda sua vida, ele viveu de vários golpes, enganando qualquer pessoa de quem ele pudesse se aproveitar. Ele casou-se várias vezes e depois fugiu levando o dinheiro, deixando as esposas na miséria. Foi responsável por vários tipos de golpes, estelionatos, roubos, esquemas e armações. Se tivesse dinheiro envolvido, tudo era válido para ele.

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- Beleza. O papo tá muito bom, mas eu tenho uma garota me esperando.

- Peraí, eu ainda não terminei!

Ele a olhou de cima a baixo e falou com cara de safado:

- Olha, até que você é bem bonitinha, mas eu tenho outro compromisso agora. Quem sabe outro dia?

- O que? Você tá achando que eu... ah, deixa disso! Eu só estou tentando evitar que você seja morto por uma criatura bizarra sobrenatural!

- Nossa, você deve estar mesmo desesperada, heim! Fica assim não, gata. Se as coisas não derem certo entre a ruivinha e eu, quem sabe eu não te chamo pra gente dar uma volta?

Magali sentiu o sangue ferver e por um instante teve a vontade de deixar que ele fosse encontrar Bianca e se desse mal. Mas no fim seu bom senso acabou falando mais alto e ela continuou fazendo o que pode para atrasá-lo.

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- O negócio é o seguinte, cara: a Bianca cismou que um amigo nosso é você e agora quer levar a alma dele.

- Grande coisa. Ela confunde todo mundo que cruza o caminho dela comigo!

- Só que agora é diferente. O sujeito parece mesmo com você e nada tira daquela cabeça dura que ela tá de olho no cara errado.

- Ela sempre acha que todos são parecidos comigo. Parece até que aquela idiota não enxerga!

Cebola acabou perdendo a paciência.

- Escuta aqui, ô Mané! Acontece que essa garota roubou o corpo da nossa amiga e agora pretende matar outro amigo nosso. Ela também fez um estrago danado na nossa escola machucando muita gente. E tudo isso por SUA culpa!

- Eu já disse que não é culpa minha!

- Mas ela fez tudo isso pensando que nosso amigo é você, pindalolas!

- E dai? Eu não mandei ninguém fazer nada por mim!

- Escuta aqui seu imbecil! Você vai vir com a gente AGORA e sem reclamar!

- E quem é você para me dar ordens?

- Alguém que está tentando salvar os amigos. Se alguma coisa acontecer com a Mônica, cara, eu vou te atormentar pelo resto da eternidade! Pode contar com isso! Eu não sei como, mas vou tirar o seu sossego para sempre! E olha que eu sou muito bom nisso!

Mauricio deu de ombros, fazendo ar de pouco caso.

- Você viu o lugar onde eu vivo? Já sou atormentado aqui o tempo inteiro. Um a mais ou a menos não vai fazer diferença nenhuma.

DC viu que o tempo estava esgotando e aquela conversa não ia levar ninguém a lugar nenhum. Talvez fosse hora de usar psicologia diferente.

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- Ô Magá, você não conseguiu segurar o Tonhão?

- Não deu. Agora o bobão tá ali esperando pela morte.

Cascão olhou para o rapaz, apreensivo. Ele estava em frente a casa de Bianca e a qualquer momento acabaria sendo fisgado.

Toni esperava pela garota, olhando para os lados. Que estranho, por que ela marcou um encontro em frente aquela casa velha e feia? Um rangido lhe chamou a atenção e ele olhou para trás. A porta abriu e ele viu surgir ali o vulto de uma garota. O local estava escuro e ele não pode ver o rosto dela direito.

- Hã... eu só estava esperando uma amiga... – ele falou olhando confuso para a moça.

- Sou eu, querido. Estava te esperando.

Ele fez cara de espanto e perguntou:

- Ué! E o que você tá fazendo aí nessa casa velha?

- Uma surpresa para você. Por que não entra? Tenho certeza de que você irá se surpreender!

Toni deu um sorriso malicioso, já imaginando o que aquela garota estava pretendendo. Tão rápido assim? “Rapaz, eu sou muito bom mesmo!”

- Beleza, gata.

O vulto saiu da porta e ele se apressou em segui-la.

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- Danou-se! O Tonhão entrou!

- E agora, o que a gente faz?

- O Cebola falou pra esperar e acho melhor a gente ficar aqui mesmo.

A moça voltou a olhar para a casa velha, sentindo o coração apertar. Se seus amigos não andassem logo, tudo estaria acabado.

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- Oi? Onde você está? Que brincadeira é essa?

Toni continuou andando pela casa, sentindo-se incomodado pelo ambiente escuro, empoeirado e cheirando a mofo. O som de risos lhe chamou a atenção e ele parou, tentando descobrir de onde o som estava vindo.

- Eu já estou indo! E quando chegar aí, vou querer minha “surpresa”!

Ele olhou para um quarto. Não tinha nada. Droga! O rapaz continuou andando e olhando cada cômodo, chamando por ela. Ele já estava ficando impaciente com aquele jogo quando ouviu outro som de risadas, dessa vez mais alto.

- Ahá! Agora você não me escapa!

O som estava vindo de uma grande sala, que parecia estar escura. O local estava bagunçado e ele reparou que a porta parecia ter sido arrombada. Os pedaços velhos de madeira estavam espalhados pelo chão. Quem teria perdido tempo para arrombar aquela porta?

- Oi, querido. Você demorou. – uma voz vinda do canto da sala falou.

- Bom, mas agora estou aqui e quero minha surpresa, gatinha! – o rapaz falou já sentindo excitação com o que ia acontecer em seguida.

- E você terá sua surpresa. Agora!

Ela acendeu algumas velas e Toni quase caiu para trás ao ver que aquela não era a garota pela qual ele estava esperando.

- Peraí! Cadê a Melyssa?

- Está falando daquela ruivinha desclassificada? Não se preocupe. Eu a coloquei no seu devido lugar. Ela não irá mais se colocar entre nós.

- Como é que é? Que papo doido é esse? Quem é você afinal?

- Não está me reconhecendo? Engraçado, achei que se prendesse meu cabelo no alto – ela foi falando enquanto caminhava pela sala até ficar do lado do seu quadro – você fosse me reconhecer facilmente.

Toni ficou olhando ora para a garota, ora para o quadro, sem entender nada. Como ela podia se parecer tanto com aquele quadro velho? Um arrepio desagradável percorreu seu corpo.

- Agora, querido, ninguém mais irá se colocar entre nós. Você será meu príncipe para sempre.

- Eu heim! Você tá falando que nem a Mônica!

- Ah, sei. A antiga dona desse corpo.

Bianca transformou-se por alguns instantes, mostrando a forma da Mônica. Toni não conseguiu segurar um grito de susto e Bianca voltou a sua forma original de novo.

- Essa forma é mesmo tão desagradável, não é mesmo? Não se preocupe, quando você estiver comigo para sempre, esse corpo não será mais necessário e eu vou jogá-lo fora bem longe.

O rapaz lembrou-se da historia que Magali lhe contara e começou a tremer de medo. Então aquilo era mesmo verdade?

- V-você matou a-a M-Mônica?

- Detalhes, detalhes... isso não tem importância. Eu apenas fui tirando do nosso caminho pessoas que estavam nos atrapalhando.

- Eu não acredito! Peraí, você é aquela garota sinistra que estava atacando no colégio?

- Eu não ataquei ninguém, apenas nos defendi.

- Cara, você atacou o Titi? Ele é meu amigo!

- Está falando daquele dentuço que te colocou no banco de reserva? Se fosse seu amigo, não teria feito aquilo com você!

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra!

- Vamos deixar de conversa. Você virá comigo agora mesmo!

Toni tentou correr daquela sala o mais rápido que pode. Aquela coisa bizarra não ia pegá-lo de jeito nenhum! No entanto, suas pernas pareciam ter se transformado em chumbo e ele não conseguiu sair do lugar.

- Não se preocupe, querido. Não irá doer nada. Quando você menos esperar, estará liberto desse corpo e irá passar a eternidade comigo.

- Eu não quero morrer! Por favor, não!

- Morrer? Tolinho, a morte não existe. Agora venha...

Ela ergueu-se do chão e aproximou seus lábios dos dele, preparando-se para um beijo.

- Êpa! O que vocês estão aprontando aqui? – ela ouviu uma voz gritando atrás de si e parou na hora.

- Nossa, vocês dois estão aprontando alguma, né? Seus safadinhos!

Eram Cascão e Magali que tinham entrado ali naquela hora.

- O que vocês pensam que estão fazendo? Como se atrevem?

- Gente, por favor, socorro! Magali, agora eu acredito em você!

- Nhé... um pouco tarde mocinho!

O rosto de Bianca se contraiu em pura raiva. Um móvel foi erguido no ar e arremessado contra os dois.

- Magali, cuidado! – Cascão conseguiu fazer com que eles desviassem da investida. Foi por pouco!

- SAIAM DA MINHA CASA AGORA!

- Bianca, por favor, pára com isso! Você está machucando um monte de gente desse jeito!

- Você quer roubar meu amado de mim, não é sua desavergonhada? Ninguém irá tirá-lo de mim, ninguém! Se vocês não querem sair, então eu vou acabar com os dois agora mesmo!


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