Possessão escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 11
Capítulo 11




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Era sábado. Pouco depois da hora do almoço, DC continuava suas investigações a procura de alguma pista relevante.

“Curioso... bastante curioso...” ele analisava as imagens em seu computador. Aquela garota era totalmente desconhecida para ele. DC não fazia a menor idéia de quem ela era e nem sua relação com a Mônica.


Depois do acidente de carmen, ele achou melhor não falar nada com ninguém. Seu objetivo era ajudar Mônica, não delatá-la. Antes de ir embora, lhe ocorreu tirar uma foto do quadro que Mônica tinha pintado. Para sua sorte, ela deve tê-lo esquecido ali ou decidido buscá-lo apenas na segunda feira. Melhor para ele.

Apesar de ter sido pintado em pouco tempo, era uma pintura bonita e bem feita, com vários detalhes. A Mônica que ele conhecia não sabia pintar daquele jeito. Era um cenário bem interessante e ele tentava identificar as pessoas daquele retrato. Quem seria aquela menina? Não dava para ver em detalhes, mas ela tinha cabelos pretos iguais aos da moça misteriosa. Essa menina seria ela? E o casal? Seriam seus pais? Ele não sabia.

DC tentou pesquisar na internet por quadros parecidos com aquele e não teve sucesso. Ele imaginou que a Mônica talvez tivesse pintado pessoas reais. E pelos móveis e roupas, talvez fossem pessoas que viveram há muitos anos atrás. Provavelmente no século 19.

“Droga... como eu faço para saber quem eles são?” descobrir as identidades daquelas pessoas, ajudaria em sua investigação. Se o Cebola não fosse tão teimoso, ele poderia contar com sua ajuda. Mas não, ele se recusava a acreditar que a Mônica pudesse ter alguma relação com aquilo tudo. Talvez por medo de prejudicá-la.

Ele voltou a olhar a foto do quadro, estudando os móveis, enfeites, quadros na parede... tudo ali indicava que o cenário era mesmo de alguma casa do século 19. Na verdade, não seria bem uma casa e sim um casarão.

“Um casarão... espere um pouco... eu acho que conheço um casarão antigo nesse bairro! É isso!” ele lembrou-se daquele casarão antigo. No dia das bruxas, ele e o restante da turma tinham encontrado Mônica, Cebola, Magali e Cascão na porta daquela casa abandonada e eles pareciam muito assustados.

Mais tarde ele ficou sabendo do que tinha acontecido lá dentro. Apesar da curiosidade inicial, ele acabou desistindo de entrar ali graças às broncas de Marina e alertas do pessoal. Segundo eles, aquela garota era perigosa e quase havia tirado a vida do Cebola.

Com isso, DC pensou que talvez fosse hora de fazer uma visita aquela casa. Era arriscado, mas podia valer à pena.

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- E ele vai mesmo falar com a Mônica?
- Vai sim e acho que a gente devia ir junto para evitar uma briga. Você sabe que o Cebola não tá legal.

Magali também estava preocupada com o amigo. Coitado, estava sendo muito difícil para ele ver a Mônica com outro rapaz, ainda mais o Toni.

- A gente vai então, né. Eu também quero saber o que tá acontecendo com a Mônica. Ela não é mais a mesma pessoa, às vezes dá até medo de ficar perto dela, sei lá.
- Também pensei isso. Ela tá estranha demais...

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À medida que ele andava, o chão ia rangendo sob seus pés. Alguns barulhos aqui e ali, vindos de lugar nenhum também o assustavam um pouco. DC tinha conseguido entrar na casa sem dificuldades pela porta dos fundos, já que a da frente estava trancada.

Ele andava pelos cômodos, esperando encontrar o fantasma a qualquer momento. No entanto, ninguém aparecia. Aquela casa parecia totalmente abandonada. Os móveis velhos estavam cheios de poeira. Os tapetes estavam desbotados e com vários furos e as paredes estavam com a tinta descascada e cheiravam a mofo. Nada ali se parecia com o cenário pintado no quadro da Mônica.

“Vejamos... que parte da casa ela teria pintado? Talvez a sala de estar?” ele foi até a sala e viu que algumas coisas ali eram mesmo parecidas com o quadro. Pelo menos os moveis pareciam um pouco, embora estivessem gastos com o tempo e fora do lugar. Havia ali mesmo duas cadeiras parecidas com as que o casal estava sentado, alguns enfeites também se pareciam... fora isso, ele não viu muita coisa.

DC tirou algumas fotos dali e continuou revistando a casa, surpreso por não ter aparecido ninguém. Ao entrar em outro cômodo, um grande quadro na parede lhe chamou a atenção. Era o quadro de uma moça bem bonita, usando um daqueles vestidos antigos. Ela usava o cabelo preso e em cima tinha um chapeuzinho pequeno. Apesar do estilo ser diferente, ele vi que ela se parecia muito com as imagens capturadas da tal moça que espancou Carmen e atraiu Titi para o estacionamento.

“Rapaz... o pessoal tem que saber disso!”

Por um instante, ele imaginou que logo apareceria o fantasma falando algo tipo “saber o que?” ou “Você não vai à parte alguma”. Seu coração batia descompassado e ele suava frio. Para seu alívio, ou decepção, ele não soube dizer bem, nada aconteceu. Menos mal. DC estava ansioso por mostrar tudo aquilo ao Cebola e seus amigos. Tentar resolver aquilo sozinho podia ser a maior furada. Além do mais, se algo de ruim lhe acontecesse, pelo menos teria outras pessoas para continuar a investigação.

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- Ô Cebola, você não vai armar barraco agora, né?
- Ah, vou sim! A Mônica me deve muitas explicações e eu não vou sair daqui até ela me contar direitinho o que tá acontecendo!

Os três estavam na porta do cinema do shopping, esperando pela Mônica e Toni. Cebola não conseguia se conformar em vê-la junto com outro rapaz assim, sem mais nem menos.

- E se ela quiser mesmo ficar com ele? Sei lá, parece que a Mônica endoidou!
- Seja lá o que for, eu vou descobrir.

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- Quantas luzes! Que lindo! – Bianca olhava para os lados, maravilhada. Ali era tão grande, com tantas luzes, vitrines com produtos que ela nunca tinha visto antes, pessoas carregando sacolas de papel com itens dentro... e muitos cheiros, sons, cores... tanta coisa!
- Está tudo bem com você? – o rapaz perguntou achando aquela reação muito estranha, como se ela nunca tivesse estado em um shopping antes.

E por que ela tinha vestido aquelas roupas tão caretas? Será que ela tinha pego aquilo do armário de sua mãe?

Como não gostava das roupas da Mônica, Bianca resolveu pegar algo emprestado com a mãe dela, apesar do estranhamento de Luisa.

- Chegamos. Hoje eles vão passar aquele filme Alice no país das maravilhas. Você já assistiu?
- Não. Só conheço o livro.
- Beleza, então vamos poder assistir juntos. Vai ser em 3D!

Ela não sabia o que significava 3D, mas ficou empolgada com a idéia de ir ao cinema, coisa da qual ela tinha ouvido falar muito vagamente na época em que estava viva. Naquele tempo, ainda estava em fase inicial.

- Mônica, eu preciso falar com você agora!
- Cebola? O que faz aqui? Eu estou acompanhada, não está vendo?
- Estou vendo muito bem e não gosto nem um pouco disso. Poxa, o que aconteceu com você?
- Comigo não aconteceu nada, eu estou muito bem. Agora nós precisamos ir.
- Você ouviu a garota. Cara, desiste, você perdeu!
- Eu não estou falando com você, Tonhão!
- É Toni!
- Vamos, Toni. Eu não quero saber de escândalos em público.

Sem se dar por vencido, Cebola pegou seu pulso, segurando-a firmemente.

- Oh! Como você se atreve?
- Você não vai sair daqui enquanto não me dar uma explicação!
- Ô cara, você endoidou? Solta a mina! Ela prefere ficar comigo, então se acostuma!
- Fica quieto aí! – ele falou aquilo com tanta raiva que Toni acabou ficando quieto mesmo. – e você, eu quero saber por que está fazendo isso. Por acaso eu aprontei algo? Fiz alguma coisa errada?
- Como eu vou saber disso? Eu não sei e não me interessa. Agora solta minha mão! As pessoas estão olhando!
- Mônica, por favor... fala comigo!

Ela o encarou muito irritada e ele a olhou bem dentro de seus olhos pela primeira vez em muitos dias. Ele empalideceu na hora, um arrepio desagradável percorreu seu corpo e ele sentiu algo muito ruim dentro do seu peito.

- Solte a minha mão agora!

Ele a soltou, afrouxando a mão que parecia ter perdido a força para segurá-la. Não, não valia mais a pena tentar prendê-la ali.

- E, por favor, não me incomode mais.

Eles compraram o ingresso e entraram rapidamente, deixando-o ali parado e em estado de choque.

- Cebola, fala aí cara! O que foi?
- Nossa, você ficou estranho de repente!

Seu olhar continuava perdido e levou algum tempo até que ele pudesse voltar à realidade para poder explicar o que estava acontecendo.

- Gente... vocês vão achar que eu tô maluco mas... ela não é a Mônica!


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