Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 15
Método perfeito


Notas iniciais do capítulo

Cara, eu fico louca quando recebo os comentários de vocês, eu posto e já espero, porque sei que vocês virão e me dirão coisas lindas como sempre fazem. Muito obrigada por isso e qualquer um de vocês sempre que precisar de mim eu vou estar aqui, porque vocês estiveram sempre comigo. Obrigada de verdade ♥

Esse capítulo é um dos meus preferidos, espero que vocês também gostem dele ♥



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Emily Sanders

Acordei com uma musica dos Green Day bastante deprimente, o ódio matinal costumeiro tomou conta de mim e eu reclamei por ter colocado aquilo como tom de toque do meu telefone.

Peguei o aparelho e o virei para ver o nome, era Julia e eu já atendi xingando ela por ter me acordado. Para minha maior irritação eu tive a ligeira sensação de que ela não ouviu nem uma palavra do que eu disse ou simplesmente ignorou por estar tão extasiada.

– Você nem imagina o que nós vamos fazer hoje? – Ela disse do outro lado da linha. Eu quase podia ver os pulinhos de felicidade dela.

– Nós? – Questionei achando graça por ninguém perguntar se eu ao menos queria fazer algo. – Vocês tem alguma noção de que roubaram todo o meu livre arbítrio nesse fim de semana?

– Ah, para de drama e escuta. – Mateus disse essas mesmas palavras ontem. – Os meninos vão nos levar naquela lagoa que a Juliet estava comentando na aula, – ela deu um suspiro feliz, – nós podemos até pegar alguns peixinhos, vai ser muito legal.

– Boa sorte com os peixes, eu estou indo dormir. – Afirmei mal humorada.

– Nem pensar, – a garota gritou, – levanta o rabo da cama agora e vai se arrumar. Daqui à uma hora estamos passando ai para te pegar.

– Mais que merda – Xinguei, mas ela já tinha desligado.

Coloquei o telefone em cima da cômoda novamente e afundei o rosto no travesseiro para gritar minha dor. Como eu odeio acordar cedo.

(…)

Eu puxei a pequena rede totalmente desajeitada e pela milésima vez todos os peixes fugiram antes que eu conseguisse tirar ela da água. Tudo bem, pescar com uma vara seria legal, mas com essa rede ridícula e difícil de manusear era um saco.

Era meio egoísta da minha parte, eu sei, mas estava feliz por Melanie estar tão atrapalhada quanto eu, enquanto o resto do nosso grupo já tinha tirado metade dos peixes da lagoa.

O único peixe que Mel conseguiu tinha poucos milímetros de comprimento, era minúsculo, mas ainda assim era um peixe e ela pegou sozinha.

Cansada de tentar fazer algo parar na minha rede eu fui espionar os peixes alheios, me joguei ao lado do balde de Julia, e consecutivamente ao lado do de Ricardo.

– Desistiu? – O moreno perguntou sem olhar para mim.

– Pescar não é minha praia, definitivamente.

– Pegou quantos? – Eu fiquei muito incomodada com a pergunta. Pensei na hipótese de mentir, mas ele veria o meu balde vazio, então aceitei minha derrota.

– Nenhum. – O silencio pairou por alguns segundos e então ele começou a rir sem parar me deixando furiosa.

– Você está brincando não é? – Perguntou entre risos.

Eu não respondi, fiquei apenas com minha carranca o observando tirar mais alguns pequenos peixes da água, entre eles um me chamou a atenção. Ricardo os colocou no balde e eu corri até lá para ver, já tinha outro igual a ele lá dentro. Ele tapou o balde com outra rede, mas eu ainda conseguia vê-los perfeitamente.

– Esses dois laranjas são tão bonitos. – Comentei afundando um pouco a rede com os dedos para ver melhor.

Senti o olhar dele sobre mim e o encarei, o contato visual permaneceu por algum tempo e então ele desviou, voltando sua atenção para o lago. Eu estava começando a odiar esses momentos em que nos encarávamos por longos segundos, era como se ele entrasse na minha cabeça e lesse todos os meus pensamentos. Era assustador.

Depois de observar como Ricardo fazia para pegar os peixes eu voltei para o meu lugar, já tinha descoberto o que estava fazendo errado e dessa vez eu estava pronta para pegar um ser laranja e fofinho como o que tinha visto no balde do meu arqui-inimigo, e voltar vitoriosa para casa. Falhei mais duas ou três vezes e então lá estava ele, um pequeno e cinzento peixe se debatendo contra a rede, eu meio que fiquei desesperada.

– Ele vai morrer. – Gritei e todos olharam para mim, me mexi como uma louca com o peixe na mão, entre o desespero eu corri até o balde e coloquei-o lá dentro.

Era uma espécie diferente, e sinceramente nem era muito bonito, mas eu que peguei, por isso era perfeito. Levantei o balde o observando até que a voz arrastada de Ricardo me fez olhar para ele.

– Cuidado que esse ai… – Ele não terminou a frase. O meu balde voou assim que o peixe se aproximou de mim, eu gritei de novo, o impacto fez a água saltar molhando parte da minha calça.

Por que essa praga tinha que saltar da água desse jeito? O peixe atingiu o chão e eu dei alguns pulinhos sem saber o que fazer enquanto ele se debatia. Não percebi o quão perto ele estava da água a tempo de impedir que ele concretizasse sua missão de fuga.

Legal, acabei de perder o único peixe que eu peguei.

– Eu não acredito. – Reclamei furiosa. Ricardo se aproximou de mim rindo dá situação e como é de costume meu humor ficou pior. – Eu passei horas tentando pegar a porcaria do peixe e agora que eu consigo ele foge. Por que você não me avisou que eles pulam? Se você tivesse falado eu tinha tapado ele e nada disso teria acontecido e eu teria um peixe para levar para casa. – Eu falei aquilo tudo tão rápido que fiquei sem ar, mas morrer asfixiada não era um motivo bom o suficiente para me fazer calar a boca. Eu estava surtando completamente. – A culpa disso é sua! Agora eu não tenho um…

O mundo parou, as palavras sumiram, as pessoas sumiram e o lago simplesmente secou, desapareceu, evaporou. Os lábios dele estavam colados nos meus e uma de suas mãos em minha cintura sustentava meu corpo. Tão rápido como ele se aproximou, ele se afastou, e sem dizer nada seguiu seu caminho para algum lugar atrás de mim, que eu não fiz questão de me virar para ver. Eu apenas fiquei ali, parada, sem dizer mais nada.

Eu me sentei depois que o choque passou e só então notei alguns pequenos detalhes como, por exemplo, a escola de samba que se instalou dentro de mim, meu coração enlouqueceu completamente.

Ricardo voltou, e percebi que ele tinha ido ao carro buscar os sacos para colocar os peixes que fossemos levar. Ele mantinha uma expressão indiferente em seu rosto, como se nada tivesse acontecido, e como é obvio isso me irritou. Eu levantei antes que ele passasse por mim e entrei em seu caminho.

– Por que você fez isso? – Questionei. Minhas mãos estavam apoiadas na cintura e uma expressão mal humorada em meu rosto.

– Para você calar a boca. Vem me ajudar a colocar os peixes aqui. – Ele me empurrou cuidadosamente para o lado e seguiu seu caminho até o balde.

Ricardo encheu um dos sacos com água e depois agachou ao lado do balde lotado de peixes me encarando impaciente, eu fui até ele meio perturbada com os últimos acontecimentos. Ele me deu o saco e então mergulhou as mãos no balde, pouco tempo depois jogou um dos peixinhos laranja dentro do liquido envolvido pelo plástico transparente, em seguida fez o mesmo com o outro peixe que era muito semelhante ao primeiro.

Ele tapou o balde novamente e pegou os dois peixinhos da minha mão. Nós dois levantamos e ele amarrou o saco.

– Nunca falha. – Ele comentou divertido.

– O que? – De fato eu não tinha entendido o que não falhava, mas de repente me atingiu a ideia de que eu realmente calei a minha boca por um bom tempo. Minha expressão de mau humor contou a ele que não era necessário explicar.

Ele colocou os peixes na minha mão de novo e eu o olhei sem entender.

– Não se acostume e se não cuidar desses direito vai ficar sem. – Ele informou com um tom caçoeiro, como se estivesse falando com uma criança. Eu ignorei por duvidar que ele realmente estivesse me dando os peixes, mas sua indiferença me fez acreditar.

Depois que eles contaram quantos peixes tinha nos baldes e Tiago comemorou sua vitoria por ter pegado mais, os três garotos devolveram os pequenos nadadores ao lago. Julia levou dois para casa e também libertou os outros, Melanie levou o minúsculo, e eu fiquei com os que Ricardo me deu.

Entretanto não foi os peixes que ocuparam minha mente durante a viagem de volta e sim o formigamento nos meus lábios. Eu podia sentir o toque se repetindo sempre que eu pensava no ocorrido, ou seja, o tempo todo.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capitulo: Querido leitor, qual é o seu maior sonho?