Diogo (PDV)

Estava neste momento a dar o meu apoio ao Tiago, depois de me terem chamado lá acima para me darem conhecimento que Beliel, andava a aprontar das dele de novo, o rapaz ligou-me para desabafar, considerava-o um amigo, mas eu não era a pessoa indicada para tal.

Disse-lhe apenas o que achava e ele parecia ouvir cada palavra e mudar a sua maneira de pensar.

- Ela ficou mesmo magoada com tudo o que lhe disse! – O Tiago pôs as mãos na cabeça – Eu amo-a tanto, só que não pretendia isto assim tao de repente, eu não tenho capacidade para ser pai!

- Todos têm! Até aquele que não quer saber, há-de se lembrar um dia que tem um filho! – Ele estava desesperado, e sentia-o com medo de perder a pessoa que ama e o filho – Devias falar com ela, esclarecer as coisas dizer o que sentes, tu rebentas-te no momento porque não estavas a espera, mas agora que estas mais calmo… fala com ela!

Ele olhou pra mim, como se tivesse ouvido as palavras de um grande sábio.

- Eu vou! Eu vou falar com ela, pedir desculpas e dizer que vou estar com ela sempre, e que quero ser pai!

- Eu sabia que ias tomar a decisão certa! – Ele sorriu

- Obrigado mano, por tudo a serio! – Parou um pouco e disse - Eu vou ser pai!

E saiu, provavelmente ia ter com ela, só espero é que a Maggie a tenha acalmado. Endireitei me no sofá.

Uma imagem veio-me a cabeça, Beliel! A margarida está em perigo…

Margarida (PDV)

Ele aqui não…

- Olá meninas!

- Que é que queres? – Perguntei-lhe.

- Olá! – Disse lhe a clara – Não é o tipo daquela noite? – Perguntou-me

- Sim é! Vamos embora…

Naquele momento, tudo ficou parado, foi como se o Beliel tivesse mexido no tempo apenas eu e ele sabíamos o que se passava.

- O que estas a fazer? – Gritei-lhe

- Vamos fazer um pequeno jogo! – Empurrou-me e fui violentamente lançada ao chão. Chegou-se ao pé da Clara, que estava parada no tempo e disse-lhe ao ouvido – Vais para o meio da estrada e não vais sair de lá!

- Nãooo! – O meu grito ecoou naquela rua, tudo voltou ao seu tempo normal e a clara já estava na direcção central da estrada! – Clara! Nãooooo…

O Beliel continuava a gargalhar. Eu corri o mais que pude para a puxar, mas já era tarde demais um carro em alta velocidade a atropelou, e ela caiu inanimada, uns metros mais a frente. Literalmente atirei me para o chão, largando tudo o que tinha.

- Clara! Fala comigo! – As lagrimas corriam-me vendo-a a ali ensanguentada – Clara! Alguém que chame uma ambulância! Alguém… Clara!

A raiva, a fúria, tudo me controlou, deixei de ser a margarida, virei-me e foquei Beliel, a luz branca reaparecia nas minhas mãos.

-Desgraçado!

Ele continuava a rir enquanto ia na direcção dele.

- És uma fraca! Não me consegues fazer frente! – Apertei-lhe o pescoço levantando o no ar um pouco acima de mim, atirei-o contra uma parede que se desfez com o embate. Ele olhou para mim, desta vez o medo figurava na sua cara. – O que és tu?

- Vais morrer! – Uma chama branca irrompeu pelo meu corpo acima, nesse momento dei conta que os únicos que nos movimentávamos eramos nós. O tempo tinha parado para os outros. – Vou torturar-te até morreres!

- Margarida? – Uma voz, a doce voz – Margarida…Tens que te controlar! – Não tinha qualquer tipo de controlo.

Mandei um feixe de luz em direcção ao Beliel, o vi a cair, aquilo não era nada comparado ao que ia fazer depois!

- Margarida? – Cai em mim, a Clara…

- Diogo? Salva-a por favor! Salva-a! – Gritei.

…

Estávamos no hospital, embora o Diogo tivesse tratado das mazelas que lhe iriam afectar mais, a clara tinha perdido o bebé, e a culpa era minha, toda minha, não fui capaz de a proteger, nem a ela nem ao seu filho, e por isso Estava em choque, sentada na sala de espera a um canto, sozinha, olhava o vazio.

 As lagrimas corriam-me com um desespero enorme, cada vez mais sempre que o Tiago parava ao pé de mim nas mil voltas que dava por segundo aquela sala, a palavra ecoava na minha mente “vingança”.

- Familiares de Clara Matos? – Disse um médico, depois de tantas horas a espera de notícias.

- Sim, nós! – Disse o Tiago.

- Ela já acordou, já teve uma psicóloga a falar com ela, relativamente ao bebé…

- Ela esta bem? – Perguntei interrompendo.

-Sim, ela está, uns pequenos hematomas, mas de resto tudo bem, de manhã irá ter alta! Quanto ao resto, lamento imenso a vossa perda.

- Podemos vê-la? – Perguntou o Tiago.

- Apenas uma pessoa, terão que decidir!

- Vai! – Disse-lhe e o Tiago acompanhou o médico.

Voltei a sentar-me no mesmo sítio.

“ Vingança ”

*

Não dormi a noite toda, sempre a remexer-me pela cama, o Diogo esteve sempre comigo, e abraçava-me para eu me sentir segura.

Mas não sentia, tudo o que tinha acontecido hoje, era um sinal que tudo ia começar a piorar.

- Diogo? – Chamei-o na esperança dele não estar a dormir

- Sim… - Respondeu-me ensonado.

- Ensinas-me a lutar? – Ele levantou a cabeça, confuso.

-Lutar para quê? Margarida? – Perguntou-me

- Ensina-me a controlar isto que eu tenho.

Ele olhou-me nos olhos e beijou-me a testa.

- Eu não sei como fazer isso, acho que ninguém saber ao certo o que és, apenas que o dom que portas é importante, capaz de mudar tudo a tua volta.

- Mas tu sabes controlar os teus poderes de anjo!

- Mas não é a mesma coisa, tu atrais tudo de tal maneira que se torna totalmente diferente de mim.

-Diogo? – Ele olhou de novo para mim

- Sim? – As lagrimas começaram a jorrar, não as contive. Tudo estava errado, tudo! – Não chores por favor! – Ele abraçou-me ainda mais.

- Eu estou-me a sentir a pior pessoa do mundo! Eu não sou capaz de fazer nada!

- Tu és capaz, és corajosa, consegues enfrentar tudo e todos.

- Porque que me sinto uma fraca?

-Tu não és! Nem tens de te sentir assim, eu estou aqui contigo e estarei sempre que puder.