Eu havia acabado de sair do banho. Estava com uma toalha em volta do corpo e uma na cabeça. Passei pelo corredor e fui direto ao quarto. Meu pijama já estava separado em cima da cama. Parecia que iria ser uma noite tranquila, sem nenhum trabalho em especial, mas estava enganada. Meu celular tocou, fui andando até a sala e o peguei. Olhei no visor: Número confidencial. Voltei ao quarto e dirigi o olhar de volta para o pijama. Eu queria uma noite tranquila, mas já não era mais possível, então atendi.

-    Alo?

-    Kate O’Connel?- perguntou uma voz grave do outro lado da linha.

-    Sim. Quem está falando?

-    Isso não importa agora. Vou direto ao ponto: Há um prédio a 500 metros da sua residência e tem um objeto lá que estou interessado. Preciso que você invada esse prédio e pegue esse objeto- disse a voz misteriosa.

Estava me perguntando como ele conseguiu esse número. O celular que uso para trabalho é outro. E como ele sabia onde moro?

-    Sabe que cobro caro pelos meus serviços, não é?

-    Ah sim, sei. Mas será muito bem recompensada. Acho melhor não demorar muito, o prazo é ate as 22:00h- olhei para o relógio que ficava no criado mudo ao lado da cama: 21:05h- Boa sorte.

-    Espera. Como vou contatar você quando terminar o trabalho?

-    Se conseguir será contatada. Se não conseguir... Bom, acho melhor conseguir- e desligou.

Naquele momento fiquei muito confusa. Um homem misterioso me liga em um numero que não uso para trabalho e ele sabe onde moro. Me passa um trabalho que pode muito bem ser uma armadilha e pra piorar não posso falhar. Mas nunca falhei em trabalho algum e acho que esse não vai ser o primeiro

Retirei do meu guarda-roupa meu “uniforme” preto, uma touca e peguei minha pequena mochila que estava jogada em um canto do quarto. A mochila era essencial para esse tipo de trabalho. Sempre levo todos os equipamentos necessários.
Saí de casa. Corri um pouco para não perder tempo. Minha sorte era que a essa hora não havia ninguém na rua, sem contar uma vez ou outra, que alguém mal encarado passava por ali, mas sempre me escondia rapidamente. Uma câmera de vigilância também passou sobrevoando o local, mas por sorte não fui filmada.

Cheguei ao local combinado. Era um prédio de 10 andares. Seu exterior era quase completamente composto por vidro, com algumas partes em ferro e concreto. Estava completamente apagado, a não ser pelo o andar mais alto, que emanava uma fraca luz azul.
Tirei da cochila um equipamento para escalada, era uma espécie de luvas, mas com ventosas na palma e um tipo de meias, também com ventosas posicionadas de tal forma que era perfeitamente possível agarrar com os pés no vidro.

Comecei a subir. As ventosas estavam servindo muito bem para o trabalho. No decorrer da subida tentei observar o que havia dentro de cada andar, mas não obtive sucesso, já que eles se encontravam em completa escuridão.
Finalmente cheguei ao último andar. Olhei para dentro e percebi que ao centro havia um móvel com um objeto retangular. Era esse o objeto que eu devia conseguir.

Com uma mão consegui tirar de dentro da mochila uma ferramenta usada para cortar vidro. Desenhei um retângulo de tamanho o suficiente para eu atravessar e em seguida o empurrei. O pedaço do vidro caiu dentro do prédio, mas não se despedaçou. Atravessei, mas antes de avançar notei que havia lasers por todo o cômodo que ativavam o alarme. Me contorcendo consegui passar e cheguei ao objeto retangular.

Eu conhecia aquilo, era uma mensagem gravada. Um tipo de vidro gravado e pronto para ser executado em uma fina tela de vidro. Era uma das últimas invenções feitas. No momento em que o toquei ele ascendeu e o rosto de um homem apareceu e começou a falar.

-    Parabéns, você foi escolhida para O Jogo. Eu sou Victor Bennert, seu anfitrião. O Jogo é uma espécie de torneio realizado nas principais cidades do mundo e contará com a participação de pessoas de todo o globo. A primeira etapa será realizada em New York, lá, darei instruções detalhadas sobre as regras e quem sair vivo será encaminhado para a segunda etapa, ainda sem destino específico. Você deverá chegar a New York até as 19 horas de amanhã. Use sua passagem para ter acesso à base militar do governo – percebi que no lugar em que o objeto estava havia uma passagem militar, peguei e a coloquei no bolso - Em hipótese alguma poderá haver desistência de um jogador. Boa sorte.

Voltei para a casa e logo adormeci. Na manhã seguinte me dirigi à base militar da minha. Fui recebida por um militar quando me aproximei.

-    Identificação!- falou ele.

-    Oi...- procurei em seu uniforme o seu nome, que por acaso era Barden- Sargento barden. Eu sou convidada de Victor Bennert.

-    Senhorita O’Connel. Estavamos mesmo esperando a sua chegada. Por favor, me siga.

Os portões se abriram. Logo passamos por várias instalações militares. Uma delas um tanto curiosa, não era verde escura como as outras, ao invés disso era completamente cinza e não possuía nenhuma janela aparente. Tinha apenas uma porta branca, que era bem alta, uns 3,5 metros no mínimo.

Minha atenção foi desviada por um jato. Este se destacava em meio às outras aeronaves, que eram verdes camuflados. O jato, por sua vez, era completamente branco. Provavelmente era particular e estava usando as instancias do exercito.
Um homem usando roupa de piloto se aproximou não sei da onde.

-    Kate O’Connel?- perguntou.

-    Sim, sou eu.

-    Meu nome é Hawkes. Serei o seu piloto até New York.

-    Prazer.

Ele abriu a porta do jato e me convidou para entrar. Dentro do jato me deu uma breve instrução sobre o voo. Em poucas horas já estaria em New York.