Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes
Notas iniciais do capítulo
Mil deculpas se demorei. Mas aqui está!
O capítulo não é muito emocionante, na verdade nem um pouco, mas necessario!
Boa leitura!
Londres, 1816
A manhã surgira tímida, como se fosse culpada pelo que acontecera na noite anterior. O orvalho se misturava à chuva que lustrava os túmulos de mármore a minha frente, que por sua vez, com seu brilho e imponência, contavam que ali estavam descansando duas personalidades da alta sociedade londrina. Traduzindo da linguagem dos ricos e fúteis: ali estavam enterrados os meus pais.
Todos os que foram ao enterro já haviam voltado para seus casarões, fugindo da chuva. Restara só eu ali. A única herdeira de todo o império dos Pevensie, sozinha em um cemitério, de pé diante de dois túmulos completamente encharcada pela chuva que só engrossava. O cabelo completamente molhado grudava em minha nuca e o vestido se tornara mais pesado do que nunca enquanto dele pingavam gostas na relva.
- Senhorita? – Albert se aproximou com um guarda-chuva. Olhei para ele por cima do ombro, esperando que continuasse. – Temos que ir. – lembrou. Em silêncio, eu fui com ele.
[...]
- Minha nossa! Querida, por que está toda molhada? Vai acabar ficando doente! – disse Polly quando atravessei a porta de casa, chutando os sapatos para o lado e seguindo para as escadas deixando um rastro molhado por onde passava. Polly me seguiu. – Vamos tirar essas roupas antes que você pegue um resfriado. – Ajudou-me a desgrudar o tecido molhado de meu corpo, a me secar e vestir roupa limpa.
- Ai, Polly, está muito apertado! – reclamei, referindo-me ao espartilho.
- Não sei por que você reclama se já está acostumada a usar.
- Só desconheço a necessidade de usa-lo se vou ficar em casa. – resmunguei.
- Caso tenha esquecido, você receberá visitas hoje.
- Mais rapazes?
- Não.
- Ufa!
- É o Sr. Digory e o filho dele. – disse ela. Olhei-a com um olhar interrogativo. – Não, não é Dash, é o outro.
- Eu não sabia que ele tinha mais um filho.
- Parece que o rapaz chegou há poucas semanas da França. – explicou terminando de me torturar com o espartilho e indo pegar o vestido.
- O que eles querem? – perguntei já prevendo a insensibilidade de o assunto ser minha herança. Polly voltou com o vestido.
- Creio que sabe, mas em minha opinião o assunto principal é só uma desculpa. Por que motivo ele traria o filho se é para falar de negócios?
- Eu sei por que... – resmunguei vestindo o vestido.
- Faça de conta que não sabe e aja da forma que sua mãe lhe ensinou. – orientou.
- Diplomática gentil e sábia.
- Exatamente. – fechou o vestido, pegando os sapatos em seguida. Suspirei. – Ah, Su, não faça essa cara! – pediu.
- Que cara você quer que eu faça? Meus pais mal acabaram de ser sepultados e mesmo assim ninguém me dá um minuto de sossego!
- Sinto muito, querida, mas a vida continua querendo ou não. – falou com a maior paciência do mundo. Bufei.
- É difícil, Polly, é difícil.
- Eu sei, criança, eu sei. – abraçou-me.
[...]
- Bom dia, senhorita. – cumprimentou-me Digory fazendo uma leve reverencia e tirando a cartola da cabeça.
- Bom dia, Sr. Duque. – sorri cordialmente. Tentei ao máximo não demonstrar meu desinteresse. – Sente, fique à vontade. – indiquei o sofá.
- Com licença. – ele passou por mim e Maertge fechou a porta. Ele veio sozinho. Desci os dois últimos degraus que faltavam da escada e caminhei até a sala de estar fazendo soar pelo ambiente o som do salto contra o assoalho a cada passo que dava. Sentei em uma das cadeiras estofadas na posição ereta em que o espartilho me obrigava a ficar.
- A que devo a honra de sua visita? – perguntei gentilmente, sorrindo.
- Bem, em primeiro lugar, meus pêsames por seus pais. – estava demorando.
- Obrigada... – dei um leve sorriso melancólico. Claro, eu sentia a falta dos meus pais, mas naquela hora, a melancolia era parte da encenação da “moça diplomática”.
- E também queria pedir desculpas, meu filho não pode vir... – ele adquiriu um olhar cansado ao falar do filho, aposto como o garoto tinha aprontado alguma. – Bom, sei que não é exatamente o momento, com o enterro tão recente, mas vim lhe entregar isto. – ofereceu-me um envelope que retirara do bolso interno do casaco. Peguei-o. Abri o envelope cor ouro-velho e de lá de dentro retirei o papel com bordas douradas e letras elegantes formavam o texto regido pela mais rígida norma de escrita.
- Um convite? – perguntei.
- Sim... É um baile em comemoração ao aniversario de minha filha e espero por sua presença sendo a senhorita a representante da influente família Pevensie... Mas devido aos últimos acontecimentos, entendemos se não puder comparecer.
- E quando será?
- Dentro de duas semanas.
- Estarei lá. – sorri.
- Desde já agradeço em nome de minha família, milady... Agora, se me der licença, ainda tenho alguns convites para entregar. – Ele sorriu pondo-se de pé. Pus-me também. – Tenha um bom dia.
Acompanhei-o até a porta onde ele curvou-se mais uma vez, agora devolvendo a cartola à cabeça, respirando fundo e mergulhando de cabeça baixa na chuva que ainda caía. O Duque desceu os degraus da varanda, andando ligeiro pelo caminho que cortava o jardim e entrando em sua charrete. Logo vi o veículo sumir na curva da rua, que por sua vez estava escondida pela densa neblina. Voltei para dentro de casa, fechei a porta e segui para o segundo andar lendo o convite que me fora entregue.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
MEreço comentários? Sei que não foi lá essas coisas, mas prometo que os proximos serão melhores!
Beijokas!!