Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 14
Because I Love Susan.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo especialmente dedicado a RUTH RA pela linda recomendação que me deixou! Obrigada de coração, linda!



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Fechei a porta de casa e apoiei-me na mesma como só fosse cair a qualquer instante. Os presentes na sala logo deram por minha presença.

—Onde você estava? - indagou Dash, provavelmente por causa de meu sorriso bobo e o olhar perdido nas lembranças daquela tarde.

—Em Londres. - provoquei seguindo para as escadas. Não, eu não iria contar com quem estava, não para o imbecil do meu irmão.

—Caspian, onde você estava? - Lucia veio com seu tom doce e os olhos azuis preocupados.

—Estava na cosa do vovô, pintando... - sorri de lado ao lembrar da musa que estava agora eternizada naquele quadro.

—Com quem? - indagou Dash, encarando-me. - Quem foi a vítima dessa vez?

—Ninguém. - falei indiferente.

—E eu posso ver esse quadro novo? - Lucia perguntou sorrindo de orelha a orelha.

—Claro. - sorri. - Amanhã levo você para vê-lo. - sim, Lucia podia ver.

Subi os degraus arrastando os pés indo direto para meu quarto, jogando-me na cama e perdendo-me naqueles olhos azuis, porém a luz que eles irradiavam sobre mim apagou.

Susana estava apaixonada, ela fora clara nisso, restava saber por quem. Óbvio que não é por mim, se fosse ela não falaria sobre isso comigo. E com certeza Dash passava bem longe da posição de candidato...

Mas, independente de quem seja, não vai mudar o que estou sentindo, nem vai me impedir...

—Tem visita, senhor Caspian. - ouvi a voz de Huin no corredor.

Levantei e desci. Na sala, Pedro me esperava com Rillian, este por sua vez, logo se perdeu em uma conversa com minha irmã.

[…]

—Então, onde o senhor se meteu o dia todo? - perguntou Pedro. Estavamos no escritório, Pedro sentado à minha frente enchendo o copo de uísque pela segunda vez. Recostei-me na cadeira colossal de meu pai, apoiando meus pés na mesa, brincando com o meu copo que só estava com as pedrinhas de gelo. Pedro pôs a bebida para mim. - Lúcia me falou que você estava na casa dos seus avós... Pintando... - ele riu.

—Estava. - concordei bebendo.

—Ora, vamos, Caspian, eu lhe conheço, suas desculpas não funcionam comigo.

—Não é desculpa. - afirmei.

—Que seja. Pintando ou não, seu que você não estava sozinho. - sorri de lado. - Quem estava com você, oh reencarnação de Dom Juan?

Eu ri.

—Ninguém. - dei de ombros.

—Então seus olhos brilham por que adorou ficar a tarde toda sozinho em uma casa velha enquanto pintava... Impressionante... Suas desculpas estão cada vez piores, Caspian. Mas já disse que nem quando elas eram boas eu acreditava. - ele sorriu orgulhoso. Rolei os olhos. - Tinha alguém com você, não tinha?

—Está tão óbvio assim?

—Ah! Eu sabia! Pode ir me contando tudo!

—Você parece uma velha fofoqueira. - tomei um gole da bebida.

—Muito pelo contrário, pareço seu melhor amigo.

Eu ri e permanecemos em silêncio por alguns minutos enquanto eu brincava com o copo.

—Susana... - sussurrei.

—O que tem ela? - Pedro estava distraído servindo-se novamente. Num susto, ele compreendeu, quase derramando todo o uísque. - Caspian, você perdeu o juízo?! Se Dash descobre ele te mata! Te mata!

—Ele vai descobrir se você continuar falando alto assim. - falei. Pedro se acalmou, mas parecia não acreditar. Tomei o resto do uísque.

—O que aconteceu lá? - perguntou receoso.

—Nada do que você está pensando. - afirmei. Pedro pareceu aliviado, ele suspirou.

—Caspian... - ele começou. - Caspian, você não vai fazer com Susana o mesmo que fez a Marta lá em Paris, vai?

—Sabe que eu não gosto de falar nesse assunto. - resmunguei numa mudança brusca de humor.

—Você que precisa saber. - ele estava falando sério, muito sério. - O que aconteceu com Marta não tem mais volta, mas eu não vou deixar que isso aconteça de novo, então pense muito bem no que está fazendo... Sabe que não pode se relacionar, Caspian. - falou olhando em meus olhos seriamente. Suspirei com a nuvem negra do remorso pairando sobre mim novamente.

—Eu lamento muito o que aconteceu a Marta, Pedro, não sabe o quanto. - falei sincero. - Não sabe como me arrependo. - assegurei.

—Tem certeza?

—Absoluta... - Me distraí novamente, perdendo-me em minha mente.

—Caspian? - nada, a voz dele era como o zumbido do silêncio. Até que eu acordei.

—Hum? - meus olhos focaram nele.

—Onde você estava? Ah, deixa para lá. - deu de ombros bebendo o resto do uísque e batendo o copo na mesa.

—Então – mudei de assunto – Quando Letícia volta da Alemanha? - servi-me.

—Não mude de assunto, estamos falando de Susana e não de Letícia.

—Arght! Pedro, que coisa, o que mais você quer saber?!

—Você lembra o que aconteceu da ultima vez. - Pedro falava sério, olhando-me nos olhos. Bebi.

—O que você acha? - perguntei meio inseguro depois de um tempo de hesitação.

—Se é assim, acho melhor você se afastar dela. - ele não estava brincando. Pedro pôs-se de pé. - Eu preciso ir.

Concordei sem questionar e o acompanhei em silêncio até a sala onde Lúcia e Rillian ainda conversavam, eles se despediram e então Pedro e Rillian foram embora. Larguei-me no sofá fechando os olhos e massageando o cenho. Durante alguns minutos até que rompeu o silêncio.

—Caspian?

—Hum?

—O que você pintou no quadro novo? - perguntou inocentemente, mas com certa curiosidade inquisidora. Sorri de lado.

—Dash está aqui?

—Não, está lá em cima. - respondeu. - Por que?

—Por que ele não pode saber. - expliquei.

—Não pode? Quem estava com você? - aproximou-se de mim, sentando no chão ao lado do sofá em que eu estava deitado.

—Susana... - sorri bobo enquanto os olhos de Lúcia arregalavam-se e sua boca se abria num “O”.

—Eu sabia que você não estava sozinho! - ouvi a voz furiosa de Dash. Lucia e eu nos pusemos de pé num salto.

—Dash, calma! - pediu ela, aflita.

—Calma?! - ele riu debochado. - Ele fica sozinho com a minha Susana fazendo não-sei-o-que e você quer que eu fique calmo?!

—Ela não é sua! - retruquei atingido profundamente ao ouvi-lo tratar Susana como sua propriedade.

—Isso não lhe dá o direito de enganá-la e fazer com ela o mesmo que faz com todas as outras! Você não pode se aproximar de uma pessoa assim novamente! - ele já estava gritando. Ele parou bruscamente, os olhos brilhando desesperadamente. - Você não fez isso com ela, fez? - falou baixo e eu já estava bastante irritado.

—E se eu tiver feito? Isso não é da sua conta!

—Caspian, não provoque! - pediu Lúcia, desesperada.

—Desgraçado... - ele rosnou, tentando se conter. - Para que você voltou de Paris, ein?! - ele voltou a gritar. - Para destruir a minha vida?! Você é tão irresponsável que nem percebe o que faz! Escute bem... Eu amo a Susana e não vou permitir que você a tire de mim! - ameaçou, apontando para mim.

—Isso não é amor, é obsessão! - gritei.

—O que você sabe sobre amor?! - indagou. - Estou avisando você. - ele trincava os dentes. - Se afaste da Susana... Nós estamos comprometidos desde muito antes de você chegar e...

—O que? - questionou Lucia, unindo as sobrancelhas, permaneci calado esperando que ele continuasse.

—O pai dela a prometeu a mim.

—O pai dela está morto! - lembrei.

—Mas a Susana não está! - berrou. - E não vou descansar enquanto não a fizer minha esposa!

—Você é doente! - acusei.

—Doente de amor! - apontou para mim. - Não permitirei que aconteça com ela o mesmo que aconteceu com Marta. - parei abruptamente o que fez Dash abrir um sorriso doentio. - Essa sombra negra ainda lhe persegue, não é? Creio que você não quer cometer o mesmo erro de novo...

—Não... - sussurrei, olhando para o chão.

—Então sugiro que você se afaste de Susana por que é exatamente isso que vai acontecer se você for em frente. - falou calmamente com tom superior. - Eu conheço você Caspian...

Foi minha vez de rir. Dash parou.

—Isso não vai acontecer com Susana. - falei tranquilamente.

—Ah, não? - ergueu as sobrancelhas irônico. - Por que você não a abandonaria assim que se interessar por outra se é assim que você faz com todas? - estreitou os olhos desafiadoramente.

Aproximei-me dele olhando-o nos olhos com seriedade, falando lentamente.

—Porque... Eu... Amo... Susana.

Surpreendi-me com a verdade que saíra tão naturalmente de meu lábios. Pude ver Lucia olhar-me com os olhos brilhantes, mas permaneci encarando Dash. Minha declaração o deixara sem cor e fora de si, sem que eu pudesse impedir, ele acertou-me no rosto com um soco.

—DESGRAÇADO! - ele gritou, a voz rasgando a garganta.

—Caspian! - Lucia correu até mim.

—VOCÊ É UM MONSTRO! É IMCAPAZ DE AMAR ALGUÉM! - ele gritou, baixando a voz em seguida. - Isso não vai ficar assim. - ele correu escada acima, mas eu estava feliz demais para ligar para sua ameaça. Eu finalmente havia descoberto o que era aquilo que surgira em meu peito desde que conheci Susana no baile e que só vem aumentando a cada dia.

Desde então eu não havia mais procurado “outras”, como Dash disse, por que aqueles olhos azuis não saíam de minha mente, eu não conseguia pensar nem desejar outra que não fosse ela e somente ela.

—Caspian... - chamou Lúcia. - É verdade? Você ama mesmo a Susana? - Eu apenas sorri. Lúcia saltou em meu pescoço, abraçando-me. - Ah! Isso é ótimo, Caspian! Que bom, que bom, que bom!

—Por que está tão feliz? - eu ri.

—Ora, estou feliz por você! E além disso, eu vou adorar ter a Susana como cunhada! - ela riu.

—Não sei não, Lu. - lamentei lembrando do que Susana me dissera.

—Como assim não sabe? - ela uniu as sobrancelhas.

—Hoje ela me falou que está apaixonada... - contei. - Só não me disse por quem.

—Oh... - ela mordeu o lábio inferior. - Mas... - o som de passos vindos da escada a interrompeu.

Dash havia voltado, agora aparentemente mais calmo, mas uma calma sombria. Na mão ao lado do corpo, ele trazia um revólver prateado. Eu paralisei.

—Dash, o que você vai fazer com isso? - perguntou Lúcia, a voz nervosa enquanto se aproximava do louco do nosso irmão. Segurei-a, não deixando-a chegar perto dele. - Dash, você está fora de si, larga essa arma! - pediu suplicante.

—Eu não vou deixar você tirá-la de mim. - sussurrou erguendo a arma, apontando-a para mim. Meu coração acelerou.

—NÃO! - Lucia gritou correndo até, empurrando-o no momento em que o som do disparo soou por toda a casa. Graças à Lucia, a bala atingiu meu ombro e não meu peito. Agradeci mentalmente por a bala não ser “especial”...

Dash lutou para fazer Lucia soltá-lo, então acertou uma bofetada sonora em seu rosto fazendo-a cair no chão, provavelmente zonza. Com os dentes trincados e possesso de ódio, Dash voltou a apontar a arma para mim, caído no chão com a dor no ombro sugando minhas forças.

Para a minha salvação a porta de casa abriu. Era meu pai que acabara de chegar. Ele, rapidamente, tirou a arma de Dash enquanto Bri o imobilizava e correu para me ajudar. Aquela bala não iria me matar, mas eu estava perdendo sangue e isso não seria bom em nenhuma circunstância. Ele me ajudou a chegar ao quarto, rasgou minha camisa, pediu a Huin que trouxesse toalhas limpas. Meu pai pegou uma pinça, uma agulha e uma tesoura, esterilizando-as com fogo, em seguida começando ele mesmo a retirar a bala, ignorando meus gritos de dor.

Ele não poderia chamar um médico, pois assim que este me examinasse, descobriria que há algo de errado comigo.


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Notas finais do capítulo

Então, podem começar a fazer suas apostas! O que será que há de errado com o Caspian? Tudo bem, nada, mas enfim, podem apostar!! Mais uma vez obrigada pela recomendação!
Beijokas!!



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