A Bella E A Fera escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 6
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Notas iniciais do capítulo

Oi meninas :D
Demorei pq não parei em casa u.u inclusive fiz esse cap de madrugada, se não não ia dar pra postar. Amei todos os reviews e espero que as leitoras fantasmas e sumidas apareçam.
Beijos, apreciem o cap.
Vou responder o review mais tarde pq agora to saindo u.u



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A dor não veio. Nem a sensação de algo se chocando contra mim. Escutei ganidos e rosnados furiosos. Ousei abrir meus olhos. Soltei um grito com a imagem que estava a minha frente. Edward segurava um lobo pela jugular e quebrava o seu pescoço, à sua volta havia entranhas e carcaças de dois lobos. Ele jogou o corpo do terceiro lobo no chão e, o quarto e ultimo lobo, fugiu uivando. Ao longe eu ouvi outros uivos.

– Bella. – Edward disse entre um gemido de dor.

Ele estava ensanguentado. Ele tinha uma ferida profunda em seu peito e braço e eu podia jurar ver um osso ali. Meu estômago revirou, senti que iria vomitar. Meu queixo não parava de bater de frio e terror. Sentia que meu corpo iria entrar em colapso a qualquer instante. Senti que iria desmaiar, mas quem caiu foi Edward. Fui em sua direção temendo o pior. Deus! Não o deixe morrer! Toquei seu rosto com as mãos trêmulas e vi que ele ainda estava consciente.

– Temos que sair daqui. Virão mais atrás de você. Não sei se aguento...Ah! – ele falou soltando outro gemido de dor.

Um uivo veio da floresta densa e escura. Eu quase não enxergava. Barulhos se aproximando entre as árvores. Eram os lobos, tinha certeza. Puxei Edward pelo seu braço bom e o ajudei a se levantar. Apoiei seu corpo no meu e cambaleei um pouco com o seu peso. Por sorte suas pernas estavam bem, senão não conseguiria nos tirar dali, mas o seu caminhar às vezes vacilava e eu via que ele estava tonto. O sangue escorria ávido de seus ferimentos e com certeza era o causador de sua tontura e fraqueza. Com dificuldade, e o mais depressa que eu pude, eu nos tirei dali. Sentia que uma energia me movia e eu acredito que essa energia seria o desespero.

Não sei quanto tempo levou, pareceu uma eternidade, mas eu me encontrava agora batendo na porta do castelo com o pouco de forças que ainda me restava. Edward soltava alguns gemidos de dor, ele estava mais tonto e quase caia. Seu ferimento teria que ser estancado com urgência ou ele morreria. Esse pensamento fez meu coração doer. Eu tinha que salvá-lo. Era o mínimo que eu podia fazer depois de ter sido salva por ele, ele se arriscou por mim. Por quê? Eu não fazia ideia e não me importava agora, tudo o que eu queria era sair dessa chuva, desse frio e salvar Edward.

– Meu Deus! – disse uma Rosalie chocada – Emmett, Jasper, Alice, venham até aqui! – ela gritou enquanto me ajudava a carregar Edward para dentro.

– Edward! Oh, meu Deus, está ferido! – Alice disse e nos levou para um salão ali perto onde uma lareira residia acesa.

Rosalie me ajudou a colocar Edward em uma poltrona acolchoada vermelha que estava em frente à lareira. Ele gemeu um pouco e se acomodou. Ainda estava consciente, o que era bom.

– Temos que estancar o ferimento. – eu disse para Alice que assentiu.

– Vou buscar água morna para limpar o ferimento e bandagens. – ela disse se retirando.

– Traga medicamentos, ele precisará de algo para a dor.

– Não precisa Bella. Apenas um curativo será o suficiente. – Alice disse e deu um leve sorriso de alívio.

Apenas um curativo? Ele estava com ferimentos profundos e pude jurar ver um osso exposto. Como ela podia achar que tudo estava bem? Ele precisava de remédios para a dor, que deveria estar insuportável, e algo para evitar uma infecção. Sem falar de pontos.

– Mas Alice, ele vai precisar. Deveriam chamar um médico, será necessário dar pontos e...

– Bella, querida, não se preocupe. Tudo vai ficar bem. – Rosalie disse e olhou para Alice que logo depois se retirou – Como está se sentindo?

– O que você acha? – Edward disse ríspido e eu o olhei surpresa.

Ele estava mais lúcido, tinha uma carranca no rosto e seus ferimentos quase não sangravam mais. Ele estava mais pálido do que o normal, mas ainda sim estava muito bem para alguém que quase havia sido mutilado. Eu comecei a ficar assustada com isso, mas meu medo veio de vez quando eu lembrei de que ele (definitivamente) não era humano.

– Bella querida, está encharcada e tremendo! Pedirei para Carmem lhe preparar um banho quente. Vá para o seu quarto, ela logo estará lá. – Rosalie disse parecendo um pouco preocupada.

Carmem? Ela estava bem? Não estava morta? Rosalie sabia o que havia acontecido com ela? Eu tinha tantas dúvidas.

– Não se preocupe Rosalie, estou bem.

– Não, querida, não está. Adoecerá assim.

– O que aconteceu? – Jasper disse se aproximando com Emmett. – Encontramos Alice no corredor e ela nos disse que Edward se feriu. Ele está bem? Bella! Está tremendo!

– Não se preocupe Jasper, estou bem. – disse chegando mais perto da lareira para me aquecer. – Fomos atacados por lobos. Edward me salvou, mas acabou saindo ferido. – eu disse olhando para a face molhada de Edward que ainda estava em uma carranca.

Deus! Seus cabelos estavam ainda mais bagunçados! E o tom escuro de seus cabelos molhados se contrastava muito mais com sua pele. Ele agora pressionava o seu braço ruim com o seu braço bom e sua ferida em seu peito já não sangrava mais. Estranho.

– Aqueles malditos lobos. – Emmett disse com um pouco de raiva.

– Eles não são entusiasmantes, mas veja, tudo tem seu lado positivo. – Jasper disse olhando rapidamente para mim e senti que algo me escapava naquela conversa.

– Sim, realmente. – Emmett disse com um sorriso zombeteiro.

– Aqui está. – Alice disse entrando com uma bacia e alguns panos em seu braço.

Eu tomei a bacia de seus braços e ela me olhou curiosa. Eu sentia que deveria fazer aquilo, era o mínimo depois de ter sido salva por aquele homem estranho e rude. Vencendo meu medo, e colocando minhas indagações momentaneamente de lado, eu me aproximei da poltrona de Edward e me agachei próxima a ele colocando a bacia no chão. Alice me entregou um pano branco e eu vi um brilho estranho em seus olhos. Ela sorria, e pela primeira vez não era um sorriso triste. Molhei o pano na água morna e senti minhas mãos frias agradecerem por isso.

– Agora, deixe me ver. – eu disse me aproximando com o pano úmido do braço de Edward.

Senti que todos nos observavam ansiosos. Edward desviou o braço fazendo uma carranca e eu tentei novamente alcançar o seu braço. Outra vez, Edward desviou. Ele podia ser menos teimoso, não via que isso era para seu bem? A ferida precisava ser limpa a fim de evitar uma infecção. Como faríamos os curativos? Ainda suspeitava de que ele precisaria de pontos.

– Fique quieto. – eu disse por fim nervosa por sua infantilidade.

Avancei um pouco mais bruta dessa vez e consegui atingir o local do ferimento. Edward soltou um rugido alto e eu me afastei um pouco.

– ISSO DÓI! – ele bradou e seu hálito quente me atingiu em cheio.

– Se ficar quieto não vai doer tanto. – eu disse séria e deixando meus modos de lado.

Quando se tratava de Edward, a boa educação não era necessária.

– Se você não tivesse fugido isso não teria acontecido. – ele disse me olhando acusador.

– Se não tivesse me assustado eu não teria fugido! – eu disse elevando um pouco minha voz ultrajada e colocando minhas mãos em minha cintura.

Eu o encarei desafiadoramente e ele me olhava com a boca aberta, espantado. Logo ele se recompôs e a carranca estava de volta.

– Hora, e você não deveria ter ido à ala oeste. – isso era verdade, mas ele também deveria ser um cavalheiro.

– E você deveria controlar seus nervos. – eu cruzei os meus braços e o encarei.

Ficamos nos encarando desafiadoramente por um bom tempo até que, para a minha surpresa, ele cedeu. Ele apoiou sua cabeça em seu braço bom e fez uma expressão emburrada bufando logo em seguida. Ele poderia não ser humano, mas não passava de um rapaz mal educado. Nesse caso, uma criança emburrada.

– Agora fique quieto. Isso pode arder.

– O quê? – ele disse, mas já era tarde.

Eu pressionava seu ferimento com o pano úmido pela água morna e começava a limpar. Ele soltou alguns resmungos e virou sua face para o outro lado escondendo uma careta. O ferimento, como eu suspeitava, estava sujo de terra e havia algumas folhas grudadas, mas estranhamente não sangrava mais e parecia não ser mais tão profundo assim. Talvez Alice estivesse com a razão, talvez ele realmente não fosse precisar de pontos.

– Aproposito, obrigada. Por salvar a minha vida. – eu disse delicadamente.

Ele se virou e me olhou surpreso. Seus olhos não mais estavam no tom vermelho que eu vira em seu quarto, voltara a ser topázio com algumas manchas avermelhadas. Sua carranca se suavizou e vi uma expressão arrependida aparecer.

– Eu sinto muito. – ele falou levemente.

Sua voz sempre tão ríspida agora estava aveludada e se tornara a voz mais linda que eu ouvi. Corei diante do meu pensamento inapropriado e apenas assenti. Continuei cuidando de seu ferimento e ele agora estava pensativo e não mais reclamava de dor. O pano estava manchado, mas era de sangue seco, o ferimento não sangrava mais. Fiz um curativo em seu braço, e quando fui cuidar do machucado em seu peito estaquei surpresa. Não havia nada lá.

– Bella, querida, acho que está bom. Suba, tome um banho quente antes que pegue um resfriado. – Alice disse me levantando.

Tentei disfarçar minha estupefação pela minha descoberta e apenas assenti. Como era possível? O que ele era? Alice me contaria? Ela sabia o que estava acontecendo, todos sabiam, eu tinha certeza.

– Edward, você também. Você está todo encharcado e sujo! – Rosalie disse estendendo a mão para ajuda-lo, mas ele se recusou.

– Estou bem. – ele disse frio e logo se levantou.

Olhei para trás antes de sair e encontrei olhares esperançosos voltados para mim. Por que me olhavam assim?

– Se apronte. Você irá jantar comigo. – Edward disse com seu habitual tom frio, passando por mim e saindo da sala.

– Irei mandar alguma criada para seus aposentos preparar-lhe um banho. Vá indo enquanto isso. – Alice disse e eu assenti me retirando por fim da sala.

...

Eu acendia as velas de meu quarto quando escutei alguém batendo à porta.

– Entre. – falei educadamente

– Com licença, senhorita. – dizendo isso Carmem entrou acompanhada de outra jovem.

Ambas carregavam grandes baldes e foram rumo ao banheiro. Logo elas estavam saindo, mas eu não podia deixa-la ir assim.

– Carmem, espera.

– Sim senhorita? – ela disse e ficou parada à porta enquanto a outra jovem ia embora.

– Você está bem?

– Sim senhorita, porque pergunta?

– Carmem, eu a vi com ele. Eu vi o que ele fazia. Não está machucada? Precisa de ajuda? – eu disse preocupada, mas o que eu mais queria saber era o que ele fazia com ela.

Carmem me olhou surpresa, por um momento achei que não respirava. Parecia pálida.

– Desculpe-me senhorita, mas acho que não posso falar sobre isso. Com licença. – dito isso Carmem saiu apressada não me deixando tempo para protestar.

Continuaria com minhas dúvidas por mais um tempo, mas eu iria investigar e descobrir o que estava havendo. Tirei minhas roupas molhadas e tomei meu banho. Meu corpo agradeceu quando entrou em contado com a água morna. Lavei-me, tirando toda a sujeira grudada. Encarei a prateleira com os sabões coloridos e comecei a cheirar um por um. Na noite anterior não estava com cabeça para fazer isso, mas desta vez decidi que um deles eu usaria sempre e seria o que continha o aroma de morango. Lavei meus cabelos e ensaboei meu corpo com ele até ter certeza que não exalava nenhum odor desagradável.

Sai da banheira e me sequei. Os ferimentos em meu braço e joelho estavam bem, e o meu tornozelo não mais doía.

Fui até o grande armário de madeira e tirei um vestido azul escuro de lá, com detalhes em renda preta. Vesti-me rapidamente e me apressei para jantar com o jovem rude.  Estava ansiosa para lhe fazer perguntas, e tomaria cuidado para estar afastada dele desta vez, assim não sofreria nenhuma espécie de “ataque”.

Durante meu caminho até o salão de jantar reparei que os corredores estavam vazios. Ao entrar no salão não encontrei ninguém, apenas Edward sentado em seu lugar com trajes limpos e provavelmente de banho tomado. Ele se aproximou e quase imediatamente me senti embriagada por seu cheiro. Era algo tão diferente, masculino e...afrodisíaco. Corei com meu pensamento estranho e nada louvável. Olhei para Edward e ele me olhava de uma maneira estranha, como se fosse me devorar, e ele parecia estar inspirando fortemente o ar.

Ele colocou suas mãos levemente em minhas costas e me guiou para uma cadeira perto de seu assento. Ele puxou a cadeira e esperou que eu me sentasse. Oh, Deus, isso não estava nos meus planos. Eu pretendia ficar longe dele. Não querendo ser indelicada e abusar de sua boa vontade, eu me sentei e logo depois ele foi para o seu lugar.

– Os outros não virão jantar? – perguntei curiosamente.

– Não, estamos sós. – ele disse me olhando intensamente e eu abaixei o meu olhar constrangida. – Permita-me. – falou pegando meu prato e me servindo um pouco das maravilhas culinárias que estavam à minha frente.

– Não vai comer? – perguntei quando ele terminou de me servir e notei que ele não tinha a intenção de fazer o mesmo para si.

– Não. – ele disse simplesmente sem ser ríspido, o que foi uma grande surpresa.

Logo depois ele colocou um pouco de vinho em minha taça. Se ele estava me servindo era porque estávamos realmente a sós, não havia nem mesmo os empregados por perto. O que ele tinha em mente? Meu estômago revirava enquanto eu fazia indagações. Temi vomitar se começasse a comer algo mais consistente então optei por comer uma uva. Era leve e serviria até que eu me acalmasse. Peguei a uva extremamente madura do prato e levei à boca. Dei uma leve mordida até à sua metade e soltei um gemido de satisfação diante tamanha doçura. Nunca havia experimentado uma uva tão doce e suculenta, ficava maravilhada em como as frutas daqui eram demasiadamente deliciosas.

De repente escutei um arfar. Olhei para Edward e ele me olhava boquiaberto e um pouco ofegante. Céus, o que ele tinha? Será que estava passando mal? Ele tinha um olhar diferente e me olhava de forma tão intensa que me fez arrepiar. Suas pupilas estavam dilatadas e ele parecia analisar cada movimento meu. Corei por causa de sua inspeção e ele soltou um leve rosnar. Mas não era um rosnar de raiva e nem de fúria, era de algo que eu não entendia e não conseguia identificar.

Não vi quando ele fez o movimento, mas quando percebi a face de Edward estava à centímetros da minha. Ele estendeu a sua mão e a colocou entre meus cabelos molhados me fazendo ficar presa ao seu olhar. Ele se aproximou mais um pouco e senti meu coração acelerar. O que ele estava fazendo? Não importava, eu só sabia que queria. Estava ansiosa para descobrir suas intenções. Ele roçou seus lábios levemente nos meus e eu soltei um suspiro de prazer, ficando surpresa com o tanto que aquele contato me agradava.

O hálito de Edward estava contra minha boca, sua respiração estava acelerada, ansiosa. Seu cheiro me deixava tonta e me fazia ansiar por mais contato. Mas da mesma forma rápida que começou, acabou. Edward de repente quebrou o contato e se afastou. Acomodou-se melhor em sua cadeira, fechou os olhos e inspirou fundo. Eu fiquei com meu olhar abaixado, desconcertada pelo o que tinha acabado de ocorrer. Deus! Ele iria me beijar? O que ele pretendia com isso? Antes que eu chegasse a alguma conclusão senti suas mãos frias sob as minhas.

– Bella... – ele disse de uma forma tão doce e amável que me deixou maravilhada.

Mas em seu olhar eu encontrei angustia, tristeza, desespero...solidão.

– Acho que está na hora de você saber um pouco mais sobre mim.


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Notas finais do capítulo

E ai? Reviews? :)