Not Strong Enough escrita por Adams


Capítulo 30
Capítulo Vinte e Nove


Notas iniciais do capítulo

Já sei, já sei... Puta autora que demorou pra postar! Demorou pra caralho, só pra constar.
Gente, estou passando por uns problemas pessoais e tem vezes que escrever realmente não dá.
Realmente, peço um milhão de desculpas se for necessário, porque eu realmente fico mal de ter demorado tando pra postar, pois eu sei o que é ler uma fic e o autor demorar, mas tem momentos que as coisas meio que fogem do nosso controle e acaba nisso. :S Bem, de qualquer modo, sinto muito ter demorado.
Bem, capítulo escrito enquanto eu escutava "Sunday Bloody Sunday", na versão meio que 'acústica' do The Edge, da qual eu acho melhor do que a versão feita pelo U2 inteiro, da qual escutei pela primeira vez no documentário (?) "A todo volume" - super recomendado para quem gosta de guitarras.
Sabe, gostei dessa música porque ela tem feeling. Uma pena que só achei ela gravada em shows, no youtube ainda. :/
Link: http://www.youtube.com/watch?v=YwkeoL1cYjg
Bem, espero que gostem do capítulo, um pouquinho maior que a maioria pra recompensar, porém mais... sei lá. Leiam e me digam o que acham, fazendo uma autora feliz com seus reviews lindos!
:)



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Capítulo Vinte e Nove

– Okay, agora você pode parar de me olhar como se eu fosse desmoronar na sua frente – disse com certa graça, mexendo meu cappuccino com uma colherinha de madeira.

Mas por dentro, era como se minha mente eclodisse lentamente enquanto o mundo começava à ruir, pilar por pilar, até tudo estivesse apenas em escombros.

– Desculpa, é que... depois que soube do acidente... – Um suspiro pesado escapou pelos lábios de Matthew, enquanto seus olhos pousavam por alguns instantes na xícara que repousava em suas mãos, para então, seu olhar negro pousar nos meus olhos, sem temor ou hesitação. – Você está bem? – Ele indagou por fim, com a voz baixa e cálida, enquanto sua feição se tornava preocupada.

Eu poderia mentir, como vinha fazendo desde que saí da droga do hospital, quatro dias atrás, à cada vez que via alguém. Mas eu já estava cansada de repetir o mesmo mantra, na esperança de que me fizesse acreditar.

– Estou... tentando – disse por fim, prestando atenção em cada mínimo detalhe da caneca onde meu cappuccino residia, ainda fumegando.

Os dedos de Matthew atravessaram o curto espaço que nos separava, e em um ato deliberado, se prenderam aos meus, em forma de conforto contido.

No dia anterior, quando Matthew ficou sabendo do acidente, ele imediatamente ligou-me ao celular, perguntando aflito se eu estava bem, ou melhor, viva; xingando-me por não ter tomado cuidado e por te sofrido um acidente. Lembro-me de rir tanto que a minha barriga começou à doer, sendo esta a primeira vez que ria, de verdade, desde o acidente.

– Como foi que aconteceu o acidente? – Seus dedos apertaram em volta dos meus.

Respirei fundo, tentando fazer sumir o enorme bolo em minha garganta enquanto segurava as lágrimas que ameaçavam escapar por meus olhos. Em uma cafeteria lotada no centro da cidade.

– Nós estávamos quase chegando à Las Vegas, quando um homem bêbado chocou-se contra o nosso carro. Ele vinha da pista oposta, e bateu exatamente contra o banco do motorista, nesse caso, Anne. O impacto não foi forte o bastante para fazer o carro capotar, mas acabamos fora da pista e batemos contra uma mureta de concreto. Eu já havia desmaiado nessa hora, mas eu ainda me lembro dos faróis altos e da buzina soando enquanto todo mundo gritava... Eu ainda acordo no meio da noite gritando por ter sonhado com o acidente... – Minha voz soou mais baixa que um sussurro quebrado, piscando freneticamente para afastar as lágrimas que ameaçavam cair.

Matthew deslizou no banco de veludo em formato U até parar ao meu lado, passando os braços em volta de meus ombros enquanto seus dedos ainda apertavam os meus.

– Tudo bem se não qui...

– Eu acordei no hospital no dia seguinte – disse com a voz vazia. Eu queria contar o que havia acontecido. -, e chamei o médico. Foi quando eu fiquei sabendo que Anne havia sido transferida para outro hospital, que ela havia quebrado a perna em três lugares diferentes e estava com hemorragia interna, fora o fato de que ela ainda não havia acordado. Nem depois da cirurgia, nem nos dias seguintes. Descobriram então que ela bateu com muita força a cabeça e o cérebro entrou em modo de proteção, o que significa que ela está em coma – minha voz travou -. O estado dela ainda é grave, mas como eu não sou da família os médicos se recusaram à me dar qualquer informação à mais quando fui visitá-la ontem, e eu nem sequer estou conseguindo falar com os pais dela – choraminguei, engolindo em seco o aperto em minha garganta.

Matthew estreitou mais seus braços em torno de mim, apertando-me com força contra si mesmo, como se esse simplório ato pudesse fazer fundir todo o desespero que se acumulava em meu peito.

Anne havia sido minha amiga, irmã e mais mãe do que a minha própria. Havia me ensinado física quando quase repeti de ano por causa de uma única matéria; havia me aconselhado à sair com meu primeiro “namorado” na adolescência, mesmo sabendo que sempre amaria Cameron, mas ela disse “Viva enquanto ainda pode, ou você poderá se arrepender daqui à uns anos”; ela havia mandado minha carta de admissão para a Academia de Artes, faculdade em que hoje estudo; ela havia escolhido meu primeiro vestido de formatura enquanto eu tive de ficar na detenção; ela foi a primeira pessoa à quem contei que havia beijado Evan Collins, o garoto gótico de aparência esquisita e um coração enorme, e que toda garota possuía uma queda secreta; foi ela que estava ao meu lado na primeira e definitiva briga entre Cameron e eu quando tinha quatorze anos; foi ela...

– Oh!, meus deus! Diga que não estou chorando feito uma garotinha no meio de uma cafeteria lotada... – Murmurei para Matthew que soltou uma risada travessa, enquanto eu escondia cada vez mais minha cabeça na curva de seu pescoço.

– Você é uma garota, Lea, caso não saiba – respondeu em tom risonho.

– É, acho que eu sei disso. Meus peitos são maiores que os da maioria dos homens. Menos os do meu professor de educação física do ensino médio. Ainda suspeito que ele tenha posto uma prótese de silicone – murmurei ainda um pouco chorosa, porém pensativa, enquanto um flash do velho senhor Stanley, com suas calças surradas de moletom e olhar suspeito, surgia em minha mente.

O peito de Matthew reverberou em um gargalhada contagiante, que não pude evitar de acompanhar com uma risadinha tímida.

– Sua adolescência deve ter sido deveras traumática – disse Matthew quando controlou-se do ataque histérico de risos, provavelmente devido à tenção da situação, apoiando o queixo no alto da minha cabeça.

– Muito. Também tem o caso da professora lésbica de matemática que deu em cima de mim no segundo ano. Ela tinha cinquenta e quatro anos e duas dúzias de gatos. – Um arrepio permeou por minha coluna, lembrando-me da cena extremamente grotesca da qual eu praticamente saí correndo da sala de aula.

Matthew voltou à gargalhar da minha triste situação de quando era mais nova, como se fosse a coisa mais hilária. Oh!, triste vida!

– Para de rir das minhas desgraças. Por que não conta as tuas, hein?! – Retorqui petulante, levantando minha cabeça para encarar bravamente as orbes negras de Matthew.

Ele apenas revirou os olhos, sorrindo, enquanto seus polegares retiravam delicadamente as lágrimas que ainda pontilhavam meu rosto. Então, como um anjo maligno, bagunçou meu cabelo. Mandei-o parar, o que não aconteceu, e isso só gerou risadas. Quando por fim consegui me desvencilhar de suas mãos malignas, meu cabelo uma vez liso estava completamente bagunçado, e bastou trocarmos um olhar cúmplice para voltarmos à rir.

– Okay, eu posso até contar algumas das minhas desgraças – Matthew revirou os olhos.

– Então...? – Olhei-o em expectativa, quase quicando no banco.

– No meu primeiro encontro, eu convidei uma garota por qual eu era apaixonado. Nós fomos a uma sorveteria, e de tão nervoso que estava derrubei um copo de 600 ml de milk-shake de chocolate nela. Ela estava com um vestido branco, e no dia seguinte veio me entregar à conta da lavanderia. – Matthew fez uma careta, enquanto eu tentava a todo custo manter-me séria, mas segundos depois estava rindo.

– Ela ainda te entregou a conta da lavanderia?! Cara, que vadia! – Disse em uma indignação forjada, pondo a mão no ombro de Matthew como se o apoiasse.

Matthew revirou os olhos... Mais um que havia pegado essa irritante mania de mim.

– Lea, você é tão reconfortante – Matthew murmurou com ironia, enquanto eu abafava uma risadinha.

Abri a boca para responder, porém meu celular foi mais rápido, reverberando as notas de Stairway To Heaven. E eu sabia de quem era essa música... Mas não queria ter certeza.

Lentamente, como se doesse em minhas articulações, retirei o telefone do bolso, rejeitando a chamada enquanto fechava os olhos com força.

– Deixe-me adivinhar: você ainda não falou com seu ex-namorado depois que sofreu o acidente – Matthew murmurou suspirando pesadamente.

– Não. Mas tudo o que eu mais quero nesse momento é um tempo de tudo que me confunde, de que não é 100% certo na minha vida. E Cameron... ele é a pessoa que mais me confunde. Eu realmente o amo, mas... Eu não sei. Nesse momento, tudo o que quero é apenas me dedicar à minha faculdade, ao meu novo emprego, e sair ilesa de tudo isso – murmurei, ainda com os olhos pregados na tela negra do telefone.

Novamente, senti a mão de Matthew apertar a minha.

– Em tudo o que você precisar, eu vou estar do seu lado, Leana. Não se esqueça disso.

Levantei meus olhos à Matthew, com um mínimo sorriso formando-se em meus lábios.

– Não vou. Notei isso quando me contou sobre Alexsandra. Sabe, é meio difícil não se importar com alguém para qual conta que ainda é apaixonado pela primeira namorada, da qual garota viajou para a Irlanda e simplesmente nunca mais voltou. – Meu sorriso tornou-se triste.

– Eu poderia ter lutado mais por ela, aproveitado os últimos dias invés de passa-los brigando e deixando cada vez mais despedaçado o coração da garota que mais amei. – Ele soltou um suspiro, apertando meus dedos em busca de um pilar para ajuda-lo à sustentar o que para ele era um fardo pesado demais.

– Estou aqui para o que precisar. A não ser que seja pra aliviar carência, porque isso já não é comigo... Mas se precisar que eu procure o nome dela na lista telefônica, conta comigo. – Bati continência com a mão livre, o que só fez com que as risadas de Matthew se intensificassem.

– Você está diferente, Lea – comentou Matthew, um tanto quanto admirado.

– Eu posso estar ainda mal por todo esse negócio do acidente e a Anne estando em coma, mas uma coisa que aprendi com ela é que acima de tudo temos de viver, não importa as circunstâncias. Estou tentando viver o melhor possível. – Sorri, algo frágil e meio quebrado nas pontas, mas estava ali, o primeiro indício de que continuava viva.

Suspirei pesadamente, vendo o sorriso orgulhoso de Matthew apontando em minha direção.

– Esqueci de comentar sobre a cicatriz super sexy na sua sobrancelha – ele comentou risonho.

– Ah não! – Cobri rapidamente minha testa com uma mão. – Que droga! Me esqueci dela. Daqui à uns anos eu vou virar uma velha solteirona porque ninguém consegue conviver diariamente com essa cicatriz, e daí, por causa desse momento que você me zoou, Matthew, guarde minhas palavras, irei até o teu palácio na Irlanda e irei te perturbar pelo resto da vida junto com a sua esposa – disse em tom pragmático, olhando seriamente para o rapaz ao meu lado que ria de minha expressão.

Meu telefone novamente soou, com os primeiros acordes de Dirty Angel soando estrondosos no local. Meu deus, era Trisha ligando!

– Alô? Trisha? Tudo bem? – Disse ao telefone, hesitante. Ela estra me ligando não poderia ser boa coisa.

– Você não deveria estar aqui à meia hora atrás? Porra, Leana, como vou conseguir arrumar a droga desse apartamento inteiro sozinha?! – Trisha esbravejou do outro lado da linha, tanto que tive de tirar o telefone de perto de meu ouvido com medo de estourar meus tímpanos.

Matthew soltou uma risadinha baixa e contida, desviando o olhar para além da parede de vidro, tentando não gargalhar com minha feição assustada.

– Tive um imprevisto. Mas não se preocupe, chego aí em quinze minutos, no máximo.

– Acho bom mesmo. – E antes que eu pudesse sequer abrir a boca para responder, a linha ficou muda.

– Filha da puta – murmurei, encarando o telefone, em seguida guardando-o de volta no bolso da minha jaqueta de couro.

Mattew soltou uma risadinha contida, imediatamente sabendo que Trisha deveria ter desligado na minha cara.

– Bem, Matt, o café estava ótimo, mesmo eu não tendo tomado um gole do meu cappuccino, mas como a Trisha é uma louca histérica e vai arrancar meu fígado e depois comê-lo na minha frente enquanto agonio se não aparecer rapidamente no novo apartamento dela, acho melhor eu ir indo – murmurei divertida, levantando-me do banco e jogando uma nota qualquer em cima da mesa.

– Vai se mudar? – Matthew repetiu meus atos, levantando-se do banco e lançando uma nota qualquer por sobre a mesa.

– Essa Trisha foi a outra garota que estava no carro no dia do acidente. Ela estudava em uma faculdade de moda em Paris, mas com o que aconteceu com Anne, ela resolveu ficar e fazer faculdade aqui mesmo. O apartamento é dos pais dela, e como estava vazio... E depois de insistir pra caralho, e ter praticamente levado todas as minhas coisas pra lá, resolvi ir morar com ela. Então sim, eu estou indo me mudar. – Torci os lábios, revirando os olhos, mas sem conseguir conter um mínimo sorriso que floresceu em meu rosto.

– Boa sorte com a mudança, então. Se precisar de ajuda com isso, estou à disposição.

Sorri, enquanto parávamos em frente à entrada da cafeteria em que estávamos, atrapalhando o fluxo de clientes, mais uma vez.

– Não se preocupe, só faltou uma mochila com meus desenhos favoritos que eu vou ir pegar agora, e provavelmente depois vou ser morta com colher por Trisha.

Matthew balançou a cabeça em falsa reprovação, dando um passo à frente e me envolvendo com seus braços, apertando seu corpo junto ao meu como se adivinhasse que naquele momento, era isso que eu precisava.

Separamo-nos lentamente, com meus lábios fazendo uma marca imaginária ao lado de sua bochecha esquerda poucos antes de murmurar um “obrigada” baixinho, o mais sinceramente que pude.

– Cuidado. Talvez eu apareça na aula essa semana – gritei para ele, que já havia se distanciado alguns metros.

– Droga! – Ele gritou de volta, rindo.

Peguei a chave do carro de Trisha em um de meus bolsos, destrancando a porta do motorista, mas antes que pudesse entrar, ouvi meu nome ser gritado.

Rapidamente meus olhos voltaram-se na direção, torcendo para que fosse Matthew à me chamar e não a voz à qual minha cabeça ilusoriamente atribuíra à Cameron. Mas não era Matthew, era um rapaz de olhos ora azuis ora verdes, que corria em minha direção com o rosto lívido, como se visse um fantasma.

Oh!, merda! Com tanto lugar para encontrar com Cameron, tinha que ser logo agora?!


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Notas finais do capítulo

Stairway to Heaven - Led Zeppelin
Link: http://www.kboing.com.br/led-zeppelin/1-70196/
Dirty Angel - Airbourne
Link: http://www.kboing.com.br/airbourne/1-1083350/
Ahhh, postei uma história nova. Não sei se alguém aqui gosta de terror, mas...
Link: http://fanfiction.com.br/historia/282658/Psicose/
Não se preocupem, não vai afetar a demora nas postagens de NSE. Já tinha alguns capítulos prontos, por isso postei. :)
Não sei o que dizer aqui... Milagre.
Bem, assim que der eu posto. E assim que eu terminar meu trabalho de português eu respondo os reviews do último capítulo. Ou antes. Eu não obedeço nem à mim mesma.
Bem, acho que é só. Até o próximo.



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