Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions
Érica Rodrigues não gostava de procurar pistas em plena luz do dia… Mas para seu azar, esta tinha sido a única maneira de conseguir com que a jovem Camila Duarte fosse com ela até à zona rochosa de Cila, à beira-mar. Depois de descobrir que Abaddon e os seus companheiros foram vistos a esconderem-se para aqueles lados, a Night Watcher sentiu-se obrigada a examinar o local, talvez fosse por ali o esconderijo daqueles hediondos seres. Mas precisava da ajuda da rapariga, pois fora esta quem vira as criaturas a desaparecerem entre as rochas.
Como de esperar, tinha sido complicado arrastar Camila até à zona em questão, no entanto, a moral da jovem acabava sempre por falar mais alto. Detestava envolver-se nos problemas da Night Watcher e dos seus amigos que se armavam em heróis, mas sabia que tudo era por uma causa maior… O bem. Mesmo que achasse perigoso e aterrorizador, sabia que todo aquele trabalho era importante e essencial. No fundo, Camila compreendia tudo o que se passava, apenas gostava de manter a sua distância. E claro, ainda havia o risco de alguma vez a polícia apanhá-los a fazerem algo que não iriam entender. E no ponto de vista da jovem, a sua postura jamais poderia ser perdida… Acima de tudo, o seu estatuto social tinha de se manter.
Camila - Não percebo porque é que tenho de aqui estar… Já vos disse onde é que eu os vi!
Exclamou, um pouco aborrecida.
Ísis - Estás aqui porque tens de nos ajudar a procurar! Eu sei que é errado estarmos a faltar às aulas, mas isto é mesmo importante!
Explicou a jovem Ísis Rocha. Também esta as acompanhou… A Night Watcher insistiu para que ela fosse pois receava que, sozinha, não conseguisse trazer Camila. Era de manhã e para ali estarem, tinham de faltar às aulas. De todos, Ísis era a que se preocupava mais com a faculdade, daí Érica tê-la escolhido para vir… Talvez assim conseguisse persuadir mais alguém a faltar.
Camila - Então porque é que a Melissa e o Leonardo não vieram? Eles já estão habituados a estas coisas!
Perguntava enquanto olhava para todos os lados, para certificar-se que ninguém a estava a ver ali àquelas horas.
Ísis - A Melissa e o Leo já têm algumas faltas…Chegam sempre atrasados! Não podemos estar a prejudicá-los! Além disso não precisamos de tanta gente Camila!
Camila - E a mim? Já podem prejudicar?
Retorquiu logo de seguida.
Érica - Já chega de conversa… Viemos aqui com um objectivo, temos trabalho a fazer! Quanto mais depressa encontrarmos algo, mais depressa sairemos daqui!
Interrompeu-as a Night Watcher. Ísis acenou em concordância. Camila suspirou e revirou os olhos com um ar saturado.
Camila - Ok! Não é preciso ficar ofendida!
Érica - Eu não fiquei ofendida!
Respondeu. Face às palavras da jovem, a Night Watcher sentiu-se admirada.
Camila - Não é o que parece!
Provocou-a. Desta vez foi Ísis quem suspirou… Camila tinha a capacidade de desconcentrar as pessoas para assuntos de pouca relevância.
Ísis - O melhor mesmo é despachar-nos!
Indicou, enquanto olhava entre rochas para ver se encontrava algo. No entanto, tudo parecia estar normal.
Camila - Pronto, está bem…
Rendeu-se e também ela começou a investigar o local.
Camila - Se bem que até agora tem sido uma perda de tempo!
Disse em tom baixo, mas de modo a que elas ouvissem. Tanto Érica como Ísis ignoraram o comentário e continuaram concentradas na tarefa. Mas em pouco tempo a Night Watcher analisou todos os factos…
Érica - Não entendo, este sítio não tem nada… Só pedras!
Exclamou revoltada.
Camila - O que é que tenho estado a dizer?
Ísis - Não sei não… É estranho a Camila ter visto eles por aqui!
Tentou dar alguma esperança à amiga.
Érica - Talvez tenha sido só de passagem! Se calhar foi isso e nada mais…
Concluía enquanto aproximava-se do abismo que dava ao mar. Aquele espaço não tinha nada… Pelo menos à primeira vista.
Ísis - Não vamos desanimar… Algo diz-me que temos uma boa pista, apenas ainda não a decifrámos!
Tanto ela como Camila aproximaram-se da Night Watcher.
Érica - Espero que sim… Até agora continuamos num beco sem saída!
Disse esperançosa, enquanto observava o oceano. Subitamente, Ísis começou a rir-se… Tinha tido uma ideia.
Camila - Porque é que te estás a rir?
Ísis - Porque lembrei-me de algo que talvez fosse útil…
Érica - O quê Ísis?
Perguntou curiosa.
Ísis - Um feitiço de localização…
Ísis não acabou de falar pois a Night Watcher interrompeu-a...
Érica - Ísis, da última vez não deu muito bom resultado… Foi uma má experiencia para ti, se bem me recordo!
Ísis - Sim, mas em parte foi por culpa de Abaddon, certo? Então isso significa que eu não fiz nada de errado!
Érica - E o que é que te leva a pensar que desta vez será diferente?
Érica não estava a compreender onde a jovem bruxa queria chegar.
Ísis - O facto de que desta vez o feitiço não será dirigido a Vanda, nem a Abaddon por consequência!
Fez-se luz na cabeça de Érica. Ao mesmo tempo questionava a si mesmo como ainda não tinha chegado àquela ideia…
Érica - Ísis… Não tinha pensado nisso! Sugeres que façamos o feitiço a um dos companheiros do demónio?
Ísis - Isso mesmo! Mais propriamente ao seu companheiro directo, que nunca o larga…
Érica - Lunatik!
Completou a Night Watcher.
Érica - Brilhante Ísis! Não podia ter sido mais inteligente!
Elogiou-a. Ísis ficara bastante satisfeita consigo mesma e notava-se pelo seu enorme sorriso.
Ísis - Que tal fazermos já à tarde? Posso faltar às aulas outra vez! Mas preciso de ir à faculdade na mesma entregar um trabalho… Mas é rápido!
Érica - O Rodrigo não vai ficar lá muito satisfeito. Prometi-lhe que hoje não tratávamos destes assuntos por ser Dia dos Namorados! Mas é por uma boa causa… Ele irá compreender!
Respondeu a Night Watcher, indicando que aquele era Dia de S. Valentim, o qual Ísis tinha esquecido por completo. O facto de não ter namorado era a principal razão do actual momento de amnésia.
Ísis - Também não irá demorar muito… Por isso não haverá problema! Camila, também queres vir?
Camila - O quê? Fazer Bruxaria? Quem é que não diz que eu não tenho algo mais importante para fazer? Hoje é Dia dos Namorados!
Respondeu como se estivessem a ofendê-la. Felizmente, Ísis sabia como lidar com Camila, era tudo uma questão de simplificar o problema…
Ísis - Queres vir ou não?
Camila - Ok… Já que será rápido!
Érica olhava para a Camila, surpreendida. Tinha de concordar com o que Leonardo costuma dizer… Aquela é uma jovem cuja mentalidade não dava para ser compreendida.
Ísis - Então fica combinado! É preciso levar alguma coisa Érica?
Érica - Não, não… Apenas a vossa presença!
Disse com gentileza.
Camila - Podemos finalmente sair daqui? Não gosto deste sítio… Dá-me arrepios!
Exclamou com um ar enfadonho.
Érica - Sim! O nosso trabalho aqui está feito! Se tudo correr bem, daqui a umas horas teremos algumas respostas!
Ísis sorriu para Érica. À medida que as três se afastavam, metros abaixo, de frente para o mar, estava a entrada para a grutas subterrâneas de Cila onde se encontrava o demónio Abaddon, com os seus guerreiros. No entanto, tudo estava calmo por aquelas bandas. Na água a situação era diferente... Todo aquele tempo, alguém estava a observar as três amigas de muito perto, debaixo de água. Alguém que tinha acabado de chegar e vinha das profundezas do oceano…
*
Como era habitual, a faculdade de Cila encontrava-se apilhada de jovens. Uns deslocavam-se para o interior dos pavilhões, outros passeavam pelo exterior, nos espaços verdes e reservados ao convívio, a aproveitarem o lindo dia que banhava a vila. O barulho das várias conversas que cruzavam as ruas e os corredores, eram incomodativos. Mas qualquer um que frequentasse aqueles ambientes já estava habituado a tal sinfonia distorcida. O que era o caso de Melissa Monserrate e Leonardo Almeida… Ambos passavam frente ao edifício principal e dirigiam-se à cantina. A fome apertara e tanto um como outro sentiam-se ansiosos para terem novidades de Érica e da sua pesquisa, o que fazia com que tudo o que estivesse à volta deles desaparece-se quase por completo ou deixasse de ser importante.
Leonardo - Espero que elas encontrem algo! Apetece-me ligar à Ísis…
Melissa - Eu sei… Também eu! Sinto que devíamos lá estar, devíamos ter ido! Como… se tivesse uma responsabilidade! Entendes?
Lamentavam-se.
Leonardo - Eu conheço a sensação! E a verdade é que devíamos ter mesmo ido, se a Ísis tivesse deixado! Até a Camila foi…
Melissa - A Camila era obrigada a ir Leo! Quanto mais ela tenta fugir destes assuntos, mais eles a seguem… Parece que o karma existe mesmo!
Exclamou com um sorriso malandro.
Leonardo - Então como é que ela ainda não foi devorada por um monstro qualquer?
Perguntou com ar surpreendido, mas de forma sarcástica. Melissa riu-se e tentou dar uma leve pancada no braço do amigo, mas este desviou-se.
Melissa - Porque é que fugiste?
Parou e ficou a olhar para Leonardo, de sobrolho franzido.
Leonardo - Porquê? Para não correr o risco de me partires o braço… acidentalmente!
Referindo-se à força exagerada e bruta que Melissa possuía. E claro, ao acidentes que a jovem já tivera por nem sempre conseguir controlar aquele poder.
Melissa - Isso é injusto… Ultimamente tenho conseguido controlar muito bem a minha força! E cada vez tem sido mais útil!
Melissa tentou ficar séria, mas não conseguiu… A atitude do amigo tinha sido engraçada.
Leonardo - Ya, eu sei. Estava só a meter-me contigo! Se bem que ambos sabemos que era possível!
A amiga voltou a olhar e a rir-se para ele, mas mudou de assunto assim que começaram outra vez a andar.
Melissa - Continuando… Acho que a Camila não merece tanto. O que ela está a fazer já é muito! E em relação à Ísis, ela tem razão. Já temos faltas que cheguem, não precisamos de mais. A não ser que queiramos ficar para trás um ano! E sabes o que é que isso significa?
Leonardo olhou para ela, assustado. Estava a perceber o que amiga queria dizer…
Melissa - Isso mesmo… Termos de passar um ano a mais aqui, a estudar!
Leonardo - Mais um ano? Não, obrigado!
Melissa - Concordo! Por isso, não temos outra hipótese senão portarmo-nos bem!
Avisou-o.
Leonardo - Eu nem devia estra preocupado! Sempre achei que não ia conseguir acabar o curso…
Melissa ficou confusa com a afirmação do amigo.
Melissa - O quê? Como assim?
Os dois jovens tinham chegado à entrada de um dos edifícios e Melissa não chegou a obter resposta à pergunta que colocara… Alguém tinha aparecido e interrompido a conversa.
Filipe - Olá olá!
Era Filipe Mendes, que com a sua simpatia usual cumprimentara-os.
Leonardo - Filipe! Finalmente conseguimos estar um pouco contigo! Só te temos visto nas aulas e depois desapareces logo! Novos amigos?
Leonardo estava a referir-se ao facto de Filipe nunca mais ter estado ou saído com eles. Sabia que ultimamente tinham-se afastado um pouco do amigo derivado aos novos acontecimentos nas suas vidas, mas agora parecia o contrário. Filipe afastara-se… E Melissa sabia qual era o motivo: Ísis.
Filipe - Nada disso! Tenho andado a resolver umas questões pessoais. Nada de importante! Já ando outra vez com mais tempo disponível… Como estão?
Desculpou-se.
Melissa - Com fome! E tu?
Filipe riu-se perante a resposta da amiga.
Filipe - Também… Então e o que têm feito?
Leonardo - Temos sobrevivido… à escola!
Melissa - Não tem sido assim tão difícil!
Apoiou Leonardo.
Filipe - E têm saído? Já reparei que têm passado mais tempo com a Camila! Finalmente dão-se todos melhor?
Leonardo - Achas mesmo amigo? A Camila não muda… Vê-se mesmo que já não estás connosco há algum tempo!
Os três amigos começaram a dirigir-se à cantina.
Filipe - Pois... Mas vale sempre a pena perguntar! Então e hoje? Que vão fazer neste dia especial?
Perguntou aos amigos.
Melissa - O que é que tem este dia?
Também Melissa esquecera-se que dia era aquele. Nunca tinha dado muito valor àquela data, mesmo quando tinha namorado. Sempre acho que não passava de uma estratégia de marketing.
Leonardo - Como é que te podes esquecer? É simplesmente o dia mais deprimente do ano… Dia de S. Valentim!
Era dia dos namorados e Melissa não se sentiu admirada por não se lembrar.
Melissa - Ughhh! Nunca liguei… Acho ridículo!
Filipe - Okay… Pelas respostas já percebi que não têm planos, ninguém merecedor dos vossos corações!
Melissa e Leonardo olharam para Filipe um pouco espantados com o que ouviram e este reparou…
Filipe - Não liguem… Sou diferente, este dia deixa-me romântico!
Melissa sorriu e Leonardo pareceu curioso.
Leonardo - Pelo entusiasmo até parece que estás a namorar…
Respondeu com sinceridade.
Filipe - Obrigado por me lembrares da minha solidão Leonardo!
Exclamou num tom dramático, mas a brincar. No entanto, para Melissa, aquelas palavras atingiram-na. Automaticamente lembrara-se novamente de Hugo… Não conseguia evitar. Tinha saudades de falar com ele. Ultimamente pensara muito no assunto e chegara à conclusão de que, mesmo que o rapaz estivesse a mentir, não queria nem desejava mal a ele. Mas assim que pensara nos pais deste e no facto de ter quase a certeza que estes são demónios, a sensação de confusão regressava.
Leonardo - Somos todos solitários! Lida com isso… Bem, vou já comer!
Os jovens tinham acabado de chegar à cantina e Leonardo lançou-se logo ao balcão, deixando os amigos para trás. Filipe ia a preparar-se pra fazer o mesmo mas primeiro, olhou para Melissa e percebeu que a amiga tinha ficado em baixo.
Filipe - Melissa, estás bem?
Melissa riu-se e disfarçou…
Melissa - Sim, claro! Estava só pensativa… Nada de especial!
E piscou o olho a Filipe.
Melissa - Vamos comer!
Filipe - Melissa, espera!
A jovem parou e olhou para o amigo.
Melissa - Sim? Diz…
Filipe - Não deixei de reparar que hoje a Ísis faltou… Está tudo bem?
Perguntou preocupado e Melissa reparou naquele preciso momento, o quanto ele gostava de Ísis.
Melissa - Está tudo bem Filipe! Ela hoje teve de tratar de uns projectos, é por isso que ela não veio!
Filipe sorriu e aí seguiu para o balcão. Melissa ficou parada e os pensamentos voltaram a apoderar-se da sua mente. Pegou no telemóvel e depois de breves segundos marcou o número de Hugo. Decidida, iniciou a chamada para o jovem… Estava farta de ser perturbada por aqueles sentimentos indefinidos, era hora de esclarecer as coisas. Tinha de se encontrar com ele. O telefonema rapidamente fora atendido…
Melissa - Hugo?
*
Nos últimos dias, o agente Pedro Dias esteve preso a um dilema que poderia alterar toda a sua vida. Depois de ter perdido o seu melhor amigo na última investigação, tudo tinha mudado. Ao mesmo tempo que queria apanhar os responsáveis pelo feito, sentia que devia recuar… O que se passava em Cila era bastante superior a ele ou ao departamento inteiro.
Os seus ferimentos estavam a demorar a sarar e recordavam-lhe constantemente o perigo do que anda aí à solta. Desde que Henrique Gomes fora assassinado, Pedro tem estado em casa a recuperar fisicamente e psicologicamente. No entanto, os três dias que já tinham passado foram suficientes para poder reflectir acerca do que tinha acontecido. Chegara à conclusão de que tanto ele como o amigo tinham sido atraídos até uma armadilha. Onde iam encontrar algo que procuravam… A jovem Vanda Soares. Excepto por um pequeno detalhe… Não era realmente ela, mas sim algo perverso, psicótico e monstruoso. Assim como os outros que a acompanhavam, o homem loiro e o mascarado. Foi a partir desse momento que Pedro confirmou as suas suspeitas. Algo sobrenatural passava-se em Cila. Daí todos os casos estranhos e sem explicação… Assim como todos os outros arquivados. Finalmente, as suas perguntas estavam a ser respondidas. Mas da pior maneira possível, pois isso custou-lhe a vida do seu melhor amigo.
Pedro estava com pouca vontade de sair de casa quando o seu chefe ligou-lhe a pedir pra passar no departamento… Agora que já se encontrava na sua sala, percebeu que o assunto devia ser sério. A cara do chefe River, um homem com cerca de 50 anos, bastante alto e de figura forte, marcava o estranho silêncio em que estavam envolvidos. River apenas mexia em papéis, enquanto Pedro esperava por alguma palavra… E ainda demorou uns minutos até isso acontecer.
Chefe River - Calculo que faças ideia do porquê de estares aqui!
Exclamou, enquanto se sentava de frente para o detective.
Pedro - Para ser honesto? Estou aqui porque o senhor chamou-me…
Tentou ser o mais educado possível. Mas na realidade não estava com paciência para meias palavras.
Chefe River - Talvez ainda não estejas preparado para falar no assunto, mas sou obrigado a tomar uma decisão o mais rápido possível! Portanto, não há outra alternativa senão falarmos já!
Explicou. Pedro assentiu com rapidez… No fundo, sabia qual era o tema.
Pedro - O que é que se passa?
Chefe River - Não estou satisfeito com alguns dos relatórios que li! Como sabes, tenho de responder a entidades superiores a mim… E digamos que a morte do Henrique Gomes está a criar-nos problemas!
Pedro sabia que iam falar de Henrique, mas não estava a compreender o ponto de vista do seu chefe.
Chefe River - Um detective está morto e além de não termos apanhado os responsáveis, nem sequer sabemos nada acerca deles! Sabes o quanto isso é mau para nós? Para o departamento?
Pedro - Desculpe, mas leu o meu relatório? Porque lá eu tenho tudo explicado!
Avisou-o, de testa franzida. Pedro estava a ficar confuso.
Chefe River - Eu sei que talvez ainda seja muito cedo para falares disto, passaste por algo complicado! Mas eu preciso de algo mais sólido. Vá lá Pedro, eu li o teu relatório… Nada do que está lá escrito faz sentido!
Pedro - Mas é tudo verdade! Fomos atraídos até uma armadilha… Fomos confrontados com seres demoníacos! Não tivemos tempo de escapar… Eu vi-os a matarem-no, à minha frente!
O chefe abanou a cabeça em desaprovação.
Chefe River - O que é que te aconteceu? Costumavas ser tão profissional… Tenho andado a falar com alguns dos teus colegas. Todos disseram-me o mesmo! Ultimamente apenas te tens interessado por casos bizarros, muitos deles já arquivados! E que andas obcecado por encontrar respostas…
Pedro interrompeu…
Pedro - Apenas estou a fazer o meu trabalho, chefe! Eu não enlouqueci!
Defendeu-se.
Chefe River - Eu nunca disse que tinhas enlouquecido! Agente Pedro, entende, eu estou só preocupado… Eu não acho que esteja bem e a notícia que estou prestes a dar-lhe não vai ajudá-lo!
Pedro - Diga logo de uma vez…
O chefe River foi directo ao assunto, uma vez que a atitude e a postura de Pedro não estavam a ser as melhores.
Chefe River - Os nossos superiores estão a exigir que alguém seja punido pela morte do Henrique!
Pedro ficou muito sério…
Chefe River - Uma vez que a tua conduta não tem sido a melhor e já que eras o único presente durante o assassinato dele, eles sugeriram que a culpa fosse atribuída a ti!
Ele não queria acreditar no que o chefe tinha acabado de dizer…
Chefe River - E eu aceitei!
Foi aí que Pedro sentiu que talvez pudesse estar a começar a ficar louco, pois a sua única reacção foi rir.
Pedro - Deve estar a brincar, não está?
Perguntou, entre gargalhadas. O chefe sentiu pena do detective, mas tentou não mostrar.
Chefe River - Não Pedro! Sinto muito, mas foste suspenso… Vou precisar que me entregues a tua arma e o teu distintivo, se fazes favor!
Pediu com o máximo de delicadeza que pôde. Pedro já estava a parar de rir… A realidade abateu-se sob ele.
Pedro - Sabe que isto é um erro… E as coisas não vão ficar assim!
Sem qualquer espera, passou a arma e o distintivo ao chefe.
Pedro - Vocês são todos uns ignorantes! Falam do que não sabem… Se fizessem ideia…
Por muita pena que o chefe estivesse a sentir de Pedro, agora começava a ficar irritado com a persistência do detective.
Chefe River - Não Pedro, o ignorante és tu! Começaste a mexer no que não devias… Nunca ouviste dizer que não se brinca com o desconhecido? Há assuntos que devem permanecer intocáveis…
Pedro ficou a olhar para o chefe, perplexo.
Pedro - O quê? O que é que isso quer dizer?
Chefe River - Tu ouviste muito bem… Devias ter desistido de querer encontrar o que insiste em ficar escondido! E acho que a nossa conversa acabou por aqui!
Disse enervado. Pedro ficou desconfiado…
Pedro - Chefe? O que é o que o senhor sabe?
Chefe River - Nada… E não sei do que estás a falar! A nossa conversa está terminada! Tenho trabalho a fazer, estou prestes a ter uma reunião com advogados e irei recebê-los! Se não te importas, retira-te Pedro!
Convidou-o pra sair da sala. Mas para Pedro a conversa estava longe de terminada…
Pedro - O que é que está a esconder? DIGA-ME!
O detective estava a descontrolar-se e agarrava o braço do chefe com força. Era óbvio que River sabia de algo…
Chefe River - Aconselho-te com clareza a largares-me o braço. Não queres dificultar ainda mais as coisas… Certo?
Reagiu com a maior calma que podia… E nesse preciso momento, as pessoas que o chefe esperava para a reunião começaram a entrar na sala e Pedro largou-o de imediato.
Chefe River - Como disse, não há mais nada a falar! Apenas… afasta-te de problemas!
À medida que as pessoas entravam, o barulho começava a aumentar e o chefe River saiu detrás da sua secretária e começou a cumprimentar todos.
Pedro percebeu que não estava ali a fazer nada e chegara o seu momento de sair. Queria continuar a falar com River, mas com tanta gente por perto não era possível. Silenciosamente, saiu da sala do chefe. Assim que o fez a realidade abateu-se sob ele… River sabia de algo, o que significava que todo este tempo fora enganado. A polícia sabia o que se passava em Cila, apenas não faziam nada. E isso custou-lhe a vida do seu melhor amigo… Se havia alguém que devia ser culpado, seriam eles. O mais triste era que toda a sua vida esforçou-se e trabalhou para chegar onde chegou. E de nada valeu… Além de ter sido despedido, a sua profissão não passava de uma farsa e de um conjunto de mentiras. Eles não estavam a defender o povo, estavam a esconder a realidade perigosa que os cerca. E isso não era certo. Se Pedro tinha alguma dúvida acerca de continuar a investigar os estranhos acontecimentos, acabara de a perder… Agora é que não ia parar. E com tudo o que se passara já tinha várias tarefas: desvendar a origem de todos os acontecimentos sobrenaturais e finalmente, as mais importantes, descobrir o que o chefe River sabia e capturar os assassinos de Henrique.
Decidido, Pedro Dias saiu do departamento, a formular um plano…
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