Falta uma semana para eu viajar, irei para Itália que emoção, lá deve ser lindo, como queria minhas lembranças de volta, e poder lembrar do frescor que aquele pais deve ter. Sou surpreendida pelo telefone, Leonnard não era, pois ele fora novamente pra Londres, iria começar a filmagem de um novo filme, chamado “ I have the Power”, agora eu estava me dando bem melhor com ele, comecei a aceitá-lo, ele realmente gosta de mim, mesmo ele mentindo na entrevista, falando do porque da minha vinda ao Brasil, depois eu fui perguntar para ele e ele disse que não sabia, mas tudo bem.

- Pronto!

- Oi – fazia tempo que eu não ouvia aquela voz, eu francamente estava com saudades.

- Oi! – respondi, não queria ser muito fria, mas foi desse modo que minha voz saiu.

- Tudo bem com você?

- Tudo sim Carol! E com você?

- Levando né! – nós duas rimos.  – Eu te liguei para te pedir desculpas Lorena, acho que nós não nos entendemos muito bem, de jeito nenhum que eu quero te colocar contra sua mãe.

- Entendo, tudo bem Carol, não sei ao certo o porque, mas eu sinto um grande carinho por você, não quero perder sua amizade.

 - Fico feliz em saber disso!

- E como vai o consultório? – Carolina havia se tornado veterinária e tinha um consultório próprio no qual tomava conta dos animais, fiquei sabendo que eu tinha um sonho parecido com o dela, quando nós éramos menor combinávamos de juntas erguer nossa clinica, mas eu não pude seguir o sonho por causa da carreira de modelo.

- Está bem, eu vou entrar de férias agora, faz tempo que eu não descanso! – uma idéia então surgiu em minha cabeça.

- Vem comigo para a Itália?

- Como?

- Isso mesmo Carol, vem comigo, eu estou nervosa, ter que encarar esse mundo do qual eu não me lembro sozinha, é melhor eu ter alguém que saiba de tudo ao meu lado.

- E sua mãe?

- Eu chamei ela, mas ela não vai, morre de medo de avião!

- Verdade!

- Então?

- Não sei, eu penso e depois volto a te ligar!

- Não aceitarei um não!

- Tchau!

Estava bem mais aliviada, não enfrentaria essa barra sozinha, deitei na cama e fiquei fintando o teto, a viagem para Itália me embrulhava o estômago, era nervosismo e ansiedade ao mesmo tempo. E então o sono veio me visitar!

“Me encontrava novamente naquele lugar, fazia tempo que não me via ali, mas agora ele estava mais escuro, como se isso fosse possível, e eu estava com muito frio, um frio que chegava a congelar, meus braços tentavam em um movimento frenético me aquecer, mas foi em vão, eu podia ouvir meus dentes rangendo de frio, me agachei, apertei minha perna contra meu ombro apoiei minha cabeça no joelho, pensei que iria morrer de frio, pela primeira vez senti medo, senti o gelo invadir minha alma e me sufocar com sua rispidez cortante.

- Amigo, amigo – disse como que pedindo ajuda. Eis que eu ouço um choro desesperado, ele parecia estar sofrendo mais que eu. – Amigo? – disse agora em um tom preocupada, o que estava acontecendo?

Mas o choro só aumentava, e a cada segundo aumentava mais e mais, aquele choro estava me deixando surda, estava me enlouquecendo, aquele choro me arrancava todos os sentimentos felizes, se alojando dentro de mim e me corroendo por dentro

– Pare de chorar – Eu gritei, aquele choro estava me matando, aquele choro me fazia sentir uma dor insuportável – Por favor para de chorar, isso está doendo! – gritei tampando meus ouvidos, mas isso não abafava o estrondoso choro que entrava e mim.

- Eu não consigo! Eu tento, mas não consigo! – por fim eu ouço a voz dele em um tom suplicante. Mas a dor que eu sentia era insuportável.

- Pare agora de chorar, por favor! – Gritei.

- Eu estou sangrando – disse ele!

Eu então paralisei, ele estava machucado.

- Onde você está como posso ajudá-lo?

- Olhe para o que você tem nas mãos.

Eu então rapidamente olhei para baixo, fiquei fitando minhas mãos com um olhar aterrorizado então soltei um grito de medo! Eu estava com as mãos em formato de concha segurando um coração, um coração ensangüentado.

- Eu te dei isso, e você quebrou, agora eu estou morrendo! – diz o rapaz, a voz dele era fraca!

- Não, por favor, eu não fiz isso de propósito, por favor, não morra! Volte, Amigo, Não morra!”

Acordei gritando, acordei chorando, me levantei fiquei sentada na cama, levei minha mão ao meu rosto e na escuridão do quarto eu comecei a chorar, chorar e soluçar, enquanto eu me lembrava do que a pouco estava em minhas mãos, o que será que eu estava perdendo?