A Lua Cheia (HIATUS) escrita por Breh


Capítulo 11
Capítulo 11 - O interrogatório




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O caminho de volta para Forks pareceu mais longo do que realmente era. Nenhuma de nós falou, e o único som emitido dentro do jipe eram os soluços da Monnique, que estava sentada no banco da frente. As outras meninas pareciam estar hipnotizadas, até mesmo Annabeth que era a mais falastrona de todas estava quieta e sem expressão no rosto. Olhei para trás a procura do outro jipe com as outras quatro meninas. Apoiei os joelhos no banco e ergui a cabeça para ter uma visão melhor. Acabei encontrando-as a dois carros de distância. Parei por alguns segundos na posição em que eu estava, pois o vento gelado que batia em meu rosto me fazia esquecer tudo o que estava acontecendo e tudo o que ainda aconteceria assim que chegarmos a Forks. Olhei para o céu e me dei conta de que o sol dera lugar a nuvens carregadas e que o azul mudara rapidamente para o cinza. A sensação era muito boa e relaxante, não pude deixar de sorrir. Meus cabelos quase completamente vermelhos voavam violentamente para trás, exceto por alguns fios que insistiam em bater nos meus olhos. Coloquei a mão no meu bolso traseiro da calça jeans e tirei dali um pequeno elástico preto, mas com um movimento brusco o mesmo caiu no chão. Bufei e me sentei corretamente para apanhá-lo, quando me deparei com todas as outras meninas me fitando com expressões realmente perplexas. Arqueei as sobrancelhas enquanto as fitava de volta, sem entender o que estava havendo.

– Por que você está agindo como se estivesse acabado de voltar de uma festa, Renesmee? - Questionou Monnique, que apoiava o braço esquerdo no encosto do banco para ter uma visão completa de mim.

Continuei fitando-as sem entender. A culpa não era minha se eu não estava me sentindo tão mal quanto elas com aquela situação. Eu entendo que causou um grande impacto para elas ter presenciado um garoto pendurado de cabeça para baixo em uma árvore literalmente sem a cabeça e o coração, mas no meu mundo isso não era uma coisa tão anormal, afinal, eu era uma híbrida, minha família era um clã de vampiros e meu namorado era um lobisomem, na verdade eu tinha muita sorte de não ser o tipo de pessoa que se assusta fácil, do contrário eu viveria debaixo da mesa.

– Desculpe-me, eu só estou tentando não pensar na situação. - Respondi e me senti realmente satisfeita por ter dado uma resposta adequada, até porque se fosse eu no lugar delas reagiria da mesma forma, ou até pior. - Vocês deveriam fazer o mesmo. - Completei, enquanto me curvava para apanhar o elástico que caíra do meu bolso.

Assim, todo o trajeto até Forks fora com aquele clima tenso dentro do carro e o único barulho que se ouvia era do vento assobiando.

A cidade estava bem mais movimentada do que o normal. Nas calçadas havia muitas pessoas curiosas querendo saber o motivo de ter tantos carros de polícia nas ruas. Até hoje eu realmente não sabia que havia tantas pessoas em Forks, principalmente vizinhas fofoqueiras que ficavam na soleira das grades de suas casas para comentar com outras fofoqueiras sobre a vida das pessoas, principalmente aquelas que usavam vestidos floridos com alguma cor chamativa, avental, chinelos de flanela e touca térmica na cabeça.

Heather estacionou o jipe diretamente no estacionamento da delegacia, e o outro jipe com as outras meninas chegou poucos minutos depois e foi estacionado ao lado do nosso. Desci do veículo e esperei as outras meninas para entrarmos na delegacia juntas. Não demorou muito e todas já estávamos reunidas no estacionamento. Eu realmente não sabia o que falar, só queria que tudo isso passasse logo para eu poder ir para a casa, já estava faminta.

Adentrei a delegacia torcendo para o meu avô estar em serviço hoje, ele seria de grande ajuda. As meninas caminhavam encolhidas atrás de mim, apenas observando tudo em volta com expressões assustadas. Não demorou muito e meu avô veio ao meu encontro; Ele caminhava rapidamente com os braços abertos, seu rosto estava bem mais pálido que o normal e ele parecia que iria desmaiar a qualquer minuto. Abracei-o rapidamente e deixei que ele se acalmasse por alguns minutos antes de começar a fazer as perguntas.

– Charlie, sabe me dizer o que vai acontecer agora? - Perguntei um pouco hesitante, tentando parecer o mais despreocupada possível.

– O detetive fará algumas perguntas a vocês e então serão liberadas. - Respondeu ele rapidamente, tentando parecer calmo. - Você está bem? - Perguntou ele num tom de voz sério enquanto me olhava nos olhos.

– Estou sim. Eu ainda não entendi o que houve na floresta, mas estamos bem. Vamos ficar bem. - Sorri tentando escapar da sua avaliação.

Charlie pousou suas mãos em meu rosto para me olhar melhor e logo me abraçou novamente. Tentei não rir, mas era engraçado vê-lo tão preocupado comigo, como se eu não soubesse me cuidar. Porém, por mais que eu soubesse me cuidar, me sentia muito mais segura no abraço apertado e caloroso do meu avô, era como se nada no mundo pudesse me fazer mal. Ele cheirava a hortelã, café e roupas limpas. Muito acolhedor.

Um sujeito vestindo terno azul escuro adentrou a delegacia de nariz empinado. Lancei um olhar furtivo para as meninas atrás de mim e respirei fundo. O homem de cabelos grisalhos começou a caminhar em nossa direção lentamente. Ele parou ao lado do meu avô e eles apertaram as mãos em cumprimento. Forcei-me a fazer minha melhor cara, assim não lhe causaria logo de cara uma má impressão. Apesar de tudo não pareci convencê-lo muito. Sem um vestígio de sorriso nos lábios, o homem se aproximou de mim e me fitou da cabeça aos pés, estendendo a mão logo em seguida.

Não gosto dele.

– Sou o detetive Noah Callaway, muito prazer. - Apresentou-se. Continuou sem expressão alguma.

– Renesmee Cullen, detetive. - Respondi em tom seco. Sorri sem vontade e apertei sua mão.

Prazer é uma ova, imbecíl.

Ele desviou seu olhar para olhar atrás de mim, onde se encontrava as outras meninas que estavam na cena do crime. O detetive Callaway virou-se de costas e caminhou alguns passos para longe, até chegar a um balcão. Poderia jurar que ele estava sorrindo sarcasticamente, provavelmente se divertindo com as caras assustadas delas. Minutos mais tarde ele voltou com uma pasta em suas mãos. Ele parou diante de mim e olhou na pasta, depois olhou para o Charlie que ainda estava parado ao meu lado.

– Vamos começar com você, Srta. Cullen. - Disse ele, indicando com a mão um corredor à direita.

Assenti e acompanhei-o em direção ao corredor estreito. Ao longo do trajeto tentei prestar a atenção em seus batimentos cardíacos e sua respiração, mas ambos estavam normais, o que significava que ele não estava nervoso ou ansioso com a interrogação, simplesmente calmo. Tentei caminhar olhando apenas para o chão, pois seu rosto estava me irritando e eu realmente queria socá-lo. No fim do corredor podíamos ver a ultima sala através de uma longa janela de vidro ao lado da porta de entrada; A sala era mal iluminada e havia apenas uma mesa longa e branca com duas cadeiras. Ele abriu a porta da sala e fez sinal para eu entrar, fechando a porta logo em seguida.

Com certeza havia um ar condicionado na sala, pois o ar estava muito gelado, apesar de eu não estar com frio. Caminhei calmamente até a cadeira e me sentei, cruzando as pernas em seguida. Ele sentou-se ao lado oposto da mesa e abriu a ficha onde continha minha foto, nome completo, idade e outros dados que não pude enxergar. Soltei um longo e pesado suspiro enquanto encarava minhas unhas por cima da mesa.

– Bom, vou começar pedindo que me conte exatamente como foram os dias em que estiveram acampando. - Começou ele, acenando com a cabeça para eu começar a falar logo.

– Sai de casa no sábado de manhã e havia dois jipes me esperando do lado de fora, já que estávamos em oito, eu entrei em um deles, onde estava a Heather no volante,
Annabeth ao seu lado e acho que era a Bryanna no banco de trás, não lembro, mas enfim, eu entrei no carro e seguimos para a floresta, era bem perto de La Push. Assim que chegamos lá eu avisei as meninas que iria dar uma volta pela floresta para achar um lugar para fazer xixi, então acabei encontrando o Jacob no caminho. Quando voltei me deparei com um grupo um pouco maior do que o que eu deixara ali. - Parei alguns segundos para tomar fôlego e lembrar o que viera a seguir. - Bom, eram os garotos da nossa escola e dentre eles estava o Mike. Hm... Então nós montamos as barracas e ficamos conversando. Mais tarde um dos garotos nos convidou para almoçar com eles e nós aceitamos. Então nosso grupo acabou se juntando com o outro e viramos um só. - Encostei-me à cadeira e cruzei os braços, tentando relaxar. - Passamos a tarde ali mesmo conversando e rindo, todo juntos. Quando caiu a noite eu fui para a minha barraca com o Jacob e dormimos. O resto do grupo ficou do lado de fora, ainda estavam acordados. - Tentei segurar o riso com a minha mentira, mas notei que minhas bochechas coraram levemente quando disse que Jacob e eu dormimos. Haha. - É... Então acordamos no outro dia e o acampamento estava vazio, exceto pelo Jacob e eu. - Eu estava esquecendo algo... - Ah, claro, a Annabeth e o Mike também estavam no acampamento, mas dormindo. Então nós decidimos deixá-los dormindo e irmos procurar o resto do grupo na floresta. Então eu fare... Hmm, eu deduzi que estavam no rio pescando algo para o café e da manhã, e, seguindo meus instintos, fomos até o rio e os encontramos ali. Nós pescamos alguns peixes e colhemos algumas frutas, e voltamos para o Acampamento. Foi quando vimos o Mike pendurado de cabeça de para baixo em uma árvore e ele estava literalmente sem cabeça e coração. - Estremeci com a lembrança e mordi o lábio inferior.

– Entendi. Mas, onde você estava quando a polícia chegou ao local? - Perguntou em tom sério.

– Eu... - Porra, e agora? – Eu corri, né? Fiquei assustada com a cena e sai correndo sem rumo pela floresta. Depois o Jake me encontrou e disse que a polícia havia chegado então eu voltei e depois viemos direto para cá como nos disseram para fazer.

Ufa! Essa foi por pouco.

– Então quer dizer que você ficou tão assustada que saiu correndo? Mas como pode me explicar essa sua calma toda? Suponho que suas amigas não correram, mas elas me pareciam assustadas o bastante para se esconderem embaixo da mesa, e você não, Srta. Cullen. - Completou ele, sorrindo sarcasticamente.

– E dai? Eu consegui me acalmar depois que eu corri então eu liberei tudo o que eu sentia naquele momento, agora eu estou bem. - Respondi indiferente. - Eu não me impressiono fácil, detetive. - Completei, curvando-me para frente ficando próxima a ele e dei uma piscadela.

Pude notar uma veia saltando de seu pescoço quando ele levantou bruscamente da mesa. Finalmente eu conseguira o que queria. Eu estava doida para arrancar seu pescoço ali mesmo, mas não teria como me livrar do corpo e da sujeira tão rápido, e a sala tinha uma janela de vidro. Por um segundo acabei me lembrando da janela e olhei para a esquerda, onde me deparei com o meu avô olhando através do vidro toda a interrogação. Senti-me aliviada e ao mesmo tempo furiosa. Voltei a olhar para frente, tentando fazer minha cara de anjo.

– Certo! - Disse ele em tom pensativo, com as mãos no queixo. - E o que estava fazendo quando encontrou o Jacob na floresta assim que chegaram? - Perguntou, andando de um lado para o outro, mas não tirando os olhos de mim.

– Eu estava tentando passar por um tronco de árvore que estava caído no chão, impedindo minha passagem. - Respondi em tom monótono.

– E como o tronco foi parar no chão? Havia mais alguém ali além do Jacob? - Ele parou e me olhou como se eu fosse uma bomba relógio.

– Eu não faço ideia, detetive. Não moro na floresta. - Respondi, revirando os olhos. - E eu disse anteriormente que estava com o Jacob, se houvesse mais alguém ali eu falaria. - Levei a mão direita até a cabeça. Não estava mais aguentando aquela palhaçada.

– Algum animal? - Sugeriu.

– Vários! Fala sério, estávamos em uma floresta, se o senhor não sabe lá tem muitos animais. - Mas que tipo de pergunta é essa?

– Eu quis dizer algum animal grande, senhorita, como um urso ou algo do tipo. - Explicou-se.

– O senhor não acha que se houvesse um urso naquele momento eu não estaria correndo desesperadamente e gritando? Não me lembro de ter mencionado isso... - Tentei parecer pensativa. Eu estava adorando irritá-lo.

– Eu faço as perguntas aqui! - Gritou ele e bateu na mesa.

– Como quiser! - Dei de ombros.

Ele virou-se de costas para mim e pousou uma mão na nuca e outra cintura. Com certeza ele estava bravo. Eu queria rir, mas não podia, que droga. Por fim, ele virou de frente novamente e jogou minha ficha na mesa.

– Pode se retirar, Srta. Cullen. - Disse ele.

– Tenha um bom dia, detetive. - Sorri satisfeita e sai da sala.

Quando sai da sala meu avô não estava mais do lado de fora. Caminhei até a recepção da delegacia e o encontrei ali junto com as meninas e os outros meninos que chegaram depois. Corri até Jacob e o abracei, eu queria perguntar se ele tinha alguma pista, mas não podia. Ele estava ali para ser interrogado assim como todos os outros. Seu olhar era preocupado e isso estava me deixando cada vez mais angustiada.

– Alguma coisa? - Sussurrei em seu ouvido.

– Sim! - Respondeu ele.

Soltei-o na mesma hora e olhei em seus olhos, olhando para os outros lá atrás logo em seguida. O abracei novamente para cochichar em seu ouvido.

– Mais tarde! - Afirmei.

Ele assentiu e me deu um selinho.

Meu avô veio caminhando até nós todo cauteloso e sorrio, parecendo meio desconcertado.

– Querida, eu vou te levar para a casa. Você não pode ficar aqui. - Disse ele, com um olhar que dizia "Me desculpe".

– Tudo bem, vovô! - Respondi. - Vejo você mais tarde, Jake. - Disse baixinho e lhe dei outro abraço.

Sai da delegacia com o meu avô do lado, olhando para todos os lados como se alguém fosse chegar de repente e me colocar em uma vã escura e misteriosa para me sequestrar. Seu carro estava próximo dali, então logo estávamos dentro dele. Tudo o que eu tinha a fazer agora era esperar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueçam que suas opiniões e sugestões me ajudam MUITO, mesmo que sejam negativas, então não poupem comentários, please u.u



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