Prólogo.

Esperei todos irem embora para poder chegar perto do tumulo de Isobel.

Andei lentamente até meio que com medo.

Eu não sabia de que tinha medo exatamente. Talvez eu tivesse medo de que quando visse a lapide eu finalmente entendesse que Bel havia realmente morrido, ou talvez da dor enorme que me massacraria quando eu visse o nome da minha irmã naquele lugar.

Quando parei na frente não consegui abrir os olhos e olhar.

Depois de uns minutos eu finalmente tomei coragem e olhei.

Isobel Lívia Swan

*1990 – 2011+

Única e amada filha.

Soluçando caí de joelhos.

A dor! Oh Deus! A dor era tão grande! Era como sentir minha caixa torácica ser comprimida por toneladas, fazendo com que eu não conseguisse respirar. Oh Deus! Era tão difícil respirar!

Ali ajoelhada sendo sufocada pela dor agonizante pela perda da minha irmã eu pensei em toda a minha vida.

Minhas passagens pelo hospital, minhas internações, meus preciosos momentos de risada com minha irmã, a indiferença dos meus pais, o amor de Isobel, a piora em seu estado clinico. E, finalmente, seu ultimo pedido antes de morrer e minha promessa.

“– Me prometa Bella. – Sussurrou Bel, sua voz tão rouca e baixa que se eu não estivesse deitada ao seu lado na cama de hospital não teria ouvido. – Me prometa que você não se deixara abalar por nada que nossos pais disserem. Você sabe como eles são. Mas você não é a culpada, eu já ia morrer mesmo. E só por que eu vou morrer não quer dizer que você tenha que morrer também. Eu amo você demais irmãzinha para fazer isso. Me prometa que você vai viver Bella, que você vai para a faculdade, vai se formar, namorar, fazer sexo selvagem, - ela deu uma risada fraca, a essa altura eu só chorava, eu mal conseguia respirar através do nó em minha garganta – casar, ter filhos. Ter uma vida, a sua vida. Uma vida só sua. Não uma meia vida que você tem que dividir comigo Você promete? –Eu não conseguia falar então apenas assenti.- Eu amo você irmãzinha, você é a melhor irmã que eu poderia querer.”

Isobel morreu aquela noite, mas eu não perdi apenas a minha irmã naquela noite fria.

Eu perdi toda minha família.

– O que você esta fazendo aqui? – Uma voz dolorosamente familiar disse cheia de ódio.

Me virei ficando de pé e frente a frente com aquela que tinha o mesmo DNA que eu, e todos diziam ser minha mãe. Renné Swan estava na minha frete pálida com seu cabelo castanho preso em um coque rígido, seus olhos azuis estavam opacos e sem vida e havia olheiras fundas em seu rosto magro, sua boca estava comprimida demonstrando todo ódio que ela sentia.

– Vim me despedi da minha irmã. – Disse firme,mantendo a cabeça erguida. Havia prometido que nunca mais deixaria Renné me humilhar. Eu cumpriria minha promessa.

– Como ousa?! Como se atreve a vir até aqui profanar o tumulo da minha querida Isobel? Como se atreve! – Ela gritava com ódio. – Você é a culpada por ela estar morta! A culpa é sua! Sua vadia mesquinha!

Eu ouvia tudo calada sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto, mas de cabeça erguida. Eu não era mais aquela menininha assustada e carente que fazia de tudo para conseguir um pouquinho de atenção do pais.

Eu era uma mulher, uma nova mulher.

Encarei Renné sem qualquer emoção. Eu não a amava como mãe, não depois de tudo que ela me fez sofrer, mas eu também não a odiava. Não senti nada por ela.

Sem falar nada me virei e a ignorando me afastei dali deixando- a lá gritando histérica.

E enquanto me afastava dali me senti renovada. Por que ao virar as costas, eu deixei tudo para trás toda a dor, a humilhação, tudo aquilo que chamava de vida.

Eu iria começar uma nova vida.

Eu não sabia onde ou como, mas sabia que conseguiria.