Sonhei que estava em um salão imenso de mármore travertino, cheio de colunas, bem no estilo grego. Á minha frente havia um conjunto de paredes em U também em mármore. Não, as paredes eram tronos. Olhei ao redor e vi o tamanho do pé-direito. Se eu achei grande o pé-direito da Casa Grande, é porque eu ainda não tinha ido nesse lugar. Era simplesmente IMENSO. Eu me senti uma formiga. E não foi legal. Olhei ao redor mais um pouco e vi um braseiro -também imenso. Agora eu comecei a me sentir um átomo.

No chão havia linhas grandes em mármore preto, que não tinham aparentemente nenhuma direção. Correi pelas linhas para entender o desenho, e finalmente percebi que era o símbolo do Olimpo. Eu estava no Olimpo.

Ouvi vozes discutindo longe que estavam chegando mais e mais perto, e depois de alguns segundos apareceu doze seres imensos na porta. Corri para me esconder atrás de uma coluna, e eles nem me perceberam. Cada um foi discutindo até seu devido assento e se sentaram. Eram os dozes deuses. Wow. Zeus -deduzi que era ele pois se sentou na cadeira do meio- fez um sinal e todos se silenciaram. No começo eu não entendi o que eles estavam falando, pois estava em grego antigo, mas depois eu comecei a entender. Atena fez um arco-íris no meio do salão com um prisma -igual ao de Annabeth- e chamou Hades. A imagem tremeluziu e aos poucos ele foi aparecendo. Atrás dele havia muito fogo, e do seu lado estava Perséfone, sua esposa.

- Precisamos tomar cuidado. - falou Atena com as mãos na testa, procupada. - Se tomarmos a decisão errada tudo estará perdido. Como da última vez.

- É por isso que eu digo que nós devemos reclamá-la. - falou Poseidon se levantando.

- Se nós a reclamarmos ela descobrirá seus poderes, e isso só irá atrair mais monstros. - falou Hades no arco-íris.

- Dionísio não deveria estar aqui? - perguntou Afrodite suspirando e olhando as unhas.

Zeus estava até então parado em seu trono, pensativo, como se estivesse escolhendo em quem confiar, mas ele se levantou  e disse:

- Dionísio está no Acampamento e não será incluído nisso. - ele falou seriamente.

- Devemos levar em consideração que ao reclamarmos a garota, seus poderes serão liberados. - falou Hefesto.

- Exatamente. - assentiu Atena.

- E isso apenas trazeria mais monstros para ela. - falou Hades.

- Mas ela teria todos os poderes de que precisa para poder destruir eles. E aprenderia como usá-los. - falou Ares. - Ela seria uma ótima arma na batalha.

- Querendo ou não, ela já está atraindo monstros. Eles sabem que ela está acordada. - falou Apolo. - Precisamos da minha irmãzinha. - Apolo se levantou, jogou mais uma moeda no Arco-íris e chamou por Ártemis.

Aquilo é o Skype dos deuses?

- Os monstros estão se preparando. - falou Ártemis. - Eles sabem dela, mas não sabem quem é.

- PRECISAMOS RECLAMÁ-LA! - falou Poseidon batendo os punhos no braço do trono.

- Poseidon, só porque você não quer que seu filho se relacione com uma semideusa ignorada pelo Olimpo, não quer dizer de devemos reclamar a garota. - falou Atena. - A segurança dos dois mundo estão em jogo.

- NÃO É POR CAUSA DISSO! - falou Poseidon batendo os punhos de novo.

- PAREM VOCÊS DOIS. - falou Zeus. - Não esqueçam que vocês estão falando de minha filha!

Afrodite suspirou.

- Dei poderes bem interessantes a ela, que eu não gostaria que fossem desperdiçados. - ela falou.

 - Zeus. Ela estará correndo perigo se nós a reclamarmos, mas pelo menos poderá de salvar. - falou Hefesto e Zeus concordou com a cabeça.

- E não se esqueçam do que meu filho pediu a vocês alguns anos atrás. Todos os semideuses reclamados, lembram? - falou Poseidon.

- Tem alguém aqui. - falou Hermes.

Todos pararam de conversam e olharam ao redor. Eu comecei a suar frio, e quando pensei que fosse virar espetinho dos deuses o salão sumiu.

Estava em um lugar todo preto. Não via nem o cão, nem o teto e nem paredes. Era simplesmente tudo preto. Vi um garoto passar correndo, e fui atrás dele. Não o alcancei, pois ele corria muito rápido. Tentei gritar para chamá-lo mas ele não ouviu. Fiquei sozinha na escuridão, e derrepente o ambiente mudou.

Eu estava em uma rua, em frente a um prédio. Eu conhecia esse lugar, mas conseguia me lembrar da onde. Um carro preto parou em frente ao edifício e uma mulher saiu do carro. Era Marie, deduzi. A porta do prédiu se abriu e milhares de crianças saíram correndo para brincar no playground em volta, mas uma foi correndo até a mulher. Ela pegou a criança no colo, sorriu e a colocou no carro.

Acordei tão rápido que bati a cabeça no estrado da beliche de cima.

- Aauu - falei colocado a mão na testa.

Olhei no relógio e eram sete horas da manhã. No acampamento todos acordavam ás oito. Olhei em volta e meus hospedeiros estavam roncando. Me lembrei do sonho e saí do chalé.

Corri para o chalé de Percy, mas quando eu ia bater na porta me lembrei do que ele disse. Já que todos falavam que ele era "desprovido de inteligência" corri para o chalé dos adolescentes loiros de olhos cinzas. Bati na porta e ninguém atendeu. Claro, Alice burra. Todos estão dormindo. Talvez eu seja filha de Poseidon. Entrei com cuidad para não acordar ninguém e cutuquei Annabeth. Ela acordou e franziu a testa quando me viu. Eu a puxei da cama para fora do chalé. Paramos na varanda em frente ao chalé.

- O que foi, Alice?

- Eu tenho que te contar uma coisa. - falei.

- Tudo bem, claro.

- Só não conte para ninguém.

- Tá bom.

- Eu tive um so...

Fui interrompida por milhares de garotas de Afrodite entrando no chalé com um estrondo. Estavam munida de pasta de dente nas mãos.

- Ah, droga! De novo não. - falou Annabeth.

- Espera! Eu tenho que te contar! - falei segunrado-a pelo braço.

- Desculpa, eu tenho que impedir que elas façam barba em todo mundo. Mas você me conta no café da manhã! - ela falou sorrindo e indo para o quarto.

Droga. Eu deia ter ido ao chalé do retardado.

Voltei para o meu chalé, tomei um banho, me vesti -ainda estava de pijama-, sequei meu cabelo e meus irmãos adotivos acordaram.

Todos se revezaram para usar os banheiros, que no chalé de Hermes havia três, já que a populão é maior que a dos outros. Se eu não me engano o chalé de outros como Afrodite também tinham mais banheiros.

Estava correndo para o pavilão principal quando passei pelo cachorro mais imenso do mundo.

- Eu nunca tinha te visto antes! - falei coçando o fucinho três vezes maior que a minha mão e afinando a voz.

Brinquei por um tempo com o big dog e voltei meu caminho ao pavilão principal, correndo. Trombei com um garoto e caímos no chão.

- Alice! - falou Percy rindo me ajudando a levantar.

Eu conto pra ele o sonho? Não, ele vai achar que eu sou doida.

- Bom dia. - falei rindo e limpando a grama da roupa.

- Dormiu bem? - ele perguntou.

- Sim. - menti. - E você? Eu achei que tinha sido comido por harpias.

- É, eu também achei que ia ser. - ele riu.

Tínhamos começado uma conversa quando Annabeth e Grover passaram correndo por nós, e nos puxaram pelo braço.

Eu tava quase morrendo de tanto correr quando chegamos a um lugar escuro do bosque. Um monte de acampistas estavam formando um círculo, todos pasmos e mudos.

Passamos a multidão até conseguir ver o que eles estavam vendo.

Um garoto estava ali, caído no chão, sangrando. Nós o levamos para a enfermaria e demos-lhe Ambrosia e Néctar, e em algumas horas ele melhorou.

Quando o garoto abriu os olhos eu o reconheci na hora.

- Você! - falei, e ele fez o mesmo.

Quíron nos chamos e nós o deixamos sozinho.

Fomos até o pavilão principal, onde todos estavam tomando o café da manhã. Uma mesa estava cheia, a de Ártemis.

- As caçadoras chegaram hoje de manhã. - falou Quíron. - Ártemis foi para o Olimpo e as mandaram para cá.

- Então hoje á noite tem Caça á Bandeira?! - falou Annabeth feliz e Quíron assentiu.

Grover, Percy e Annabeth me puxaram para a mesa das caçadoras e me apresentou á elas. Por algum motivo eu gostei bastante de Thaila logo de cara, e ela também. A única coisa que eu não gostei foi das caçadoras não gostarem dos meninos, mas isso é coisa delas.

Cada um de nós sentamos em nossas respectivas mesas e começamos a tomar o café da manhã.Joguei uma parte de minha comida no braseiro com a bela frase "Aos deuses" novamente e me sentei. Quando ia dar minha primeira garfada, o menino apareceu no pavilhão. Ele se sentou na mesa de Hades e olhou para mim. Eu olhei para ele, e Dionísio começou a rir.

- Teve bons sonhos? - perguntou Dionísio.

Eu olhei aterrorizada para ele e corri até a mesa do garoto.

- PARECE QUE O NICO TAMBÉM! - ele gritou da mesa.

- Oi- falei em pé ao lado de Nico. - Eu sou Alice. - falei sorrindo.

- Oi. - ele sorriu.

- Posso me sentar?

- É contra as regras.

- Tudo bem. - respondi e ele apontou para um lugar ao lado dele, e me sentei.

- Era você? - ele perguntou.

- Só se fosse você. - respondi.

- Era eu.

- Então era eu também. - falei.

- Como você viajou atravéz das sombras? - ele falou aterrorizado. - É filha de quem?

- Não sei. Nem sei como eu apareci lá, eu só apareci.

- Ainda não foi reclamada? - ele perguntou.

- Não.

Ele parou um pouco pra pensar. Será que os filhos de Hades também são burros? Depois ele se voltou a mim.

- Estava no Olimpo também?

Eu assenti.

- Você chegou quando?

- Ontem, eu acho. - falei franzido as sombrancelhas, não estava me lembrando.

- De manhã?

- Na hora do almoço.

Ele olhou para o nada com cara de preocupado.

- Por que você não parou quando eu te chamei? perguntei.

- Achei que você fosse um monstro.

- Ah, que gentil da sua parte. - falei sorrindo.

- É melhor você não descumprir as regras. - ele falou. - Quando você terminar de comer, vá a Casa Grande.

- Tudo bem. - assenti me levantando.

Na verdade eu tinha passe-livre para a mesa da Casa Grande e do chalé de Hermes, mas eu não tenho culpa se eu precisava conversar exatamente naquela hora.

Já que Dionísio estava me assustando, fui para a mesa do chalé de Hermes, e como sempre fui muito bem recebida. Eu gosto deles. Os irmãos Stoll estavam robando comida do prato deles mesmo, e eu ri bastante. Terminei de comer e Percy fez um sinal para irmos a Casa Grande.