Frasco de Perfume escrita por Melllll


Capítulo 1
Único shot-fic


Notas iniciais do capítulo

A história não contêm nomes, como dá para perceber, então espero que apenas pela descrição aos poucos já vá dando a entender quem é presa e quem é predador!

Sim, eu me recuso a tirar as tremas. Merda de lei burra! *chuta a lei*



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No final daquele beco escuro e vazio, a única coisa que eu conseguia observar era aqueles olhos. Famintos e penetrantes, olhos que seriam impossíveis de se esquecer sob aquela luz prateada resultante da lua que pairava no céu. Olhos que devoravam-me com a mesma velocidade de uma bala atravessando um pedaço frágil de carne humana. Aqueles olhos que me assombrariam até a última gota de sangue escorrer do corpo viril.

*--*

            Diferentes cheiros e gostos. É comum aprender a lidar com a particularidade de cada pessoa quando se tem mais de cem anos, não há o que esperar de novo ou surpreendente. Sempre as mesmas fragrâncias e os mesmos sabores, tudo tão artificial que nem fazia assim tanta diferença. Mas algo me fez parar naquele beco imunda, justamente aquela noite de lua nova, e esse algo me incitou a tal ponto fazendo-me perder todo o meu modo de considerar nossa existência, quebrando minhas ideologias e meu século de “castidade”.

*--*

            Eu não conseguia me mover, algo fizera meus pés colarem ao chão, de certo aqueles olhos tinham esse poder, mas mesmo se pudesse correr, fugir e tentar salva minha vida, eu não o faria. Eu necessitava daquilo, o que quer que fosse.

*--*

            Minhas narinas palpitavam ao menor indício de vento que trazia aquele cheiro a mim, algo totalmente novo e penetrante que eu não conseguia simplesmente entrar em meu Volvo prateado e partir, eu necessitava daquilo, o que quer que fosse.

*--*

            E agora os olhos de um ouro brilhante andavam em minha direção, seus pés arrastavam-se lentamente e a aproximação fazia com que arrepios percorressem minha espinha. Apesar da noite gelada, sob aquele olhar eu sentia-me aquecida e protegida. Bobagem sabendo que se tratava de um simples estranho de belos olhos, mas aquilo me ludibriara de um jeito que eu não podia resistir.

            Assim que nossa distância finalmente foi quebrada deixei escapar por entre meus lábios um pequeno suspiro, talvez de alívio ou quem sabe terror. A minha frente encontrava-se a face mais bela a qual eu já havia visto ou até mesmo sonhado. Algo que imaginara sempre ser impossível, ninguém no mundo poderia ser tão bonito e elegante assim. Aquele era um anjo, um belo anjo de pele translúcida e feições delicadas, e olhos tão intensos que poderiam fazer-me desmaiar ali naquele mesmo instante. Implorei para que minhas pernas agüentassem, ele estava a poucos metros de mim e se eu caísse, seria impossível que conseguisse me segurar antes de me machucar no chão. E afastando as imagens de meu corpo entre seus braços, meu rosto em seu pescoço e suas mãos em minha cintura, concentrei-me em observar aquela dádiva de deus.

            Foi ai que me dei conta do cheiro doce e provocante que inalava ao redor, um cheiro que seria enjoativo se não tivesse leves indícios das fragrâncias de ferrugem e sal, mas um cheiro extremamente paralisante, um cheiro que colocado em um pequeno frasquinho seria vendido pelo maior preço já considerado no mundo, o mesmo tipo de cheiro que atrai um Poodle a entrar no território do raivoso Pitt Bull.

*--*

            Ela deveria sair correndo agora, eu já estava muito próximo. Mas eu sabia que aquela mulher no corpo de menina grande não iria a lugar algum, afinal, tudo em mim era convidativo a ela, meu rosto, meu cheiro.

*--*

            Agora sim eu entendi o que estava acontecendo, ele só podia ser um mágico, um ‘hipnotizante’ quem sabe. E estava jogando seus truques para cima de mim, mas para que eu ainda não havia entendido, mas aos poucos um toquinho de medo pinicava no fundo de minha cabeça, enquanto analisava o olhar que se estendia sobre mim, parecia mais um predador faminto acalmando sua presa indefesa, isso não deveria estar certo.

            Cai na razão, mas não sei o quão tarde pude fazer isso, pois antes de seus longos dedos encostarem na pele de minhas bochechas coradas no escuro reuni toda a coragem inexistente para correr dali, cinco passos foram me permitido dar, mas no segundo seguinte eu já me encontrava em seus braços, assim como antes imaginara, mas agora de encontro com seu corpo gelado e o medo invadindo-me, eu tremia.

            Seus lábios deslizaram de minhas bochechas parando em meu pescoço, e antes que uma enorme dor se apoderasse de meu corpo, senti-o dar um leve beijo ali, queimando a pele e rasgando-a com seu veneno. E antes que eu pudesse reagir de algum modo, uma queimação invadiu meu peito, tirando-me aos poucos os sentidos e levando ao um nível de prazer transcendental. Se aquilo poderia ser chamado de morte, eu não queria que o desconhecido parasse nunca. Mas como nada pode ser como queremos, senti o prazer aos poucos diminuir para um mínimo de equilíbrio e antes que um último gemido escapasse por entre meus lábios e a última gota de sangue fosse filtrada, dei uma breve olhada para meu anjo misterioso e cai em um abismo profundo, sem anjo, sem prazer, sem sangue.

*--*

            O meu delicioso vidro de perfume agora descansava em meus braços sem seu conteúdo precioso. Algo naquele último olhar daquela criatura humana e única fez-me desejar tê-la como meu estoque particular para sempre, mas o espasmo de desejo que aquele gosto provocou em minha boca fez com que fosse impossível de parar, inevitável abandonar uma gota se quer.

            Agora a única coisa que faltava era acabar com as evidências, sem nenhuma prova concreta a doce essência haveria de ser seqüestrada ou até mesmo morta por qualquer marginal nunca pego, o corpo nunca apareceria, e sem rastros o caso seria arquivado. E ela estaria sempre comigo, dentro de paredes de vidro, estaria assim como sempre fora em vida. Um frasco de perfume frágil, com sua essência instigante. A qual nunca, por quantos mais séculos eu vivesse, poderia ver igual.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Heei, será que pedir um reviewsinho seria muita cara-de-pau?

Mesmo se ela estiver assim, uma porcaria, vc pode mandar um me xingando, eu juro que vou entender!

Só não me deixem no vacuo. [noooossa, que autora emo, melds!]

IGNOREM-IGNOREM!

Mas, baaaaaaaaaaaaaaaah, vou virar chantagista,

a cada review que vcs não mandam um político vira desonesto com dinheiro na cueca!

Então, como eu sei que vcs querem um Brasil melhor, vamos deixar um review pra Mell! E viiiiiiiva, viveremos felizes para sempre!