Muito Além do Fim... escrita por BrunaGonda


Capítulo 10
Noite Fria de inverno.




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NO ÚLTIMO CAPÍTULO:

-       Harry!

-       HARRY!

-       É o Potter! Ele está se mexendo!

-       MEU DEUS!

-       Chamem os curandeiros!

-       ELE ESTÁ VIVO!

Harry novamente escapou da morte por um triz. Conseguiu suportar vivo a terrível varíola de dragão, enquanto todos pensavam que estava morto. Enquanto Harry revê seus familiares, no hospital, especula-se pelo munda da magia como o garoto teria escapado da morte, mais uma vez.

Magia Negra? Sorte? Imortalidade?

Harry Potter mais uma vez encontra problemas a serem resolvidos, como Rita Sketer, a Ordem da Fênix, o próprio mundo da magia e uma nova e tenebrosa surpresa.

CAPÍTULO DEZ – NOITE FRIA DE INVERNO.

Harry saiu para a sacada do hospital, abraçado a uma Gina pálida, doente e com o rosto magro. Talvez não tenha sido uma boa ideia leva-la assim, mas no momento, isso não ocorrera a Harry.

Um arrepio gelado, como garras, veio arranhando estranhamente a coluna do garoto, deixando-o nervoso e assustado. Seu estômago contraiu-se e ele sentiu-se vazio e gelado por dentro. A multidão enorme que bradava seu nome na tempestuosa manhã se agosto começou a agitar-se ao vê-lo de relance na sacada.

Cada passo arrastando Gina para a chuva fina até a ponta da sacada era um passo temeroso, ele se preocupava em olhar pra baixo.

“Meu deus” pensou Harry, ao olhar para a multidão que perdia a razão ali embaixo, sacudindo árvores e placas. Isso não era saudável. Era doentio. Harry jamais desejou que aquelas pessoas ficassem assim por eles. Ensandecidas. Fora da razão.

-       Feio, não é? – comentou Henry ao seu lado, como se tivesse lido seus pensamentos.

-       Isso é horrível. – Falou Harry, olhando uma bruxa emocionada, que saia de sua razão, caindo e se agarrando as vestes de outra, se acabando de chorar e gritar – É loucura. Porque estão agindo assim?

-       Você significa mais para essas pessoas do que pensa Harry. Você é símbolo de fé, esperança e bem estar. Você os libertou, e depois morreu. Agora apareceu vivo. – ele falou em seu tom sombrio.

-       Eles estão se machucando! – Harry inclinou-se para ver um homem que balançara tanto uma árvore que ela caíra sobre ele e uma mulher.

Não era como uma multidão alegre, não mesmo. Parecia que era uma multidão ensandecida, quase como uma turba. Seus berros fora da razão eram desesperados.

-       Me tire daqui – Sussurrou uma Gina fraca em seus braços. Harry sustentava todo seu peso, ela estava muito fraca.

Harry escondeu seu rosto no peito, abraçou-a e a carregou pra dentro.

Henry não os seguiu. Quando Harry olhou pra ele, não arranjou coragem para chama-lo. A chuva gelada pingava de seus cabelos louros. Suas mãos pálidas estavam contraídas em punho, mas Harry não viu seu rosto. Ele estava de costas.

...

Harry estava sentado na cama. Passava um pano no rosto dela. Gina sorriu:

-       Isto é muito bom – ela falou num sussurro fraco.

Harry sorriu pra ela inconscientemente.

-       Prometa a mim que jamais voltará a se tratar assim se algo acontecer comigo.

Gina o olhou nos olhos séria. Seu rosto estava magro e pálido, encovado. Parecia que tinha definhado aos poucos.

-       Não posso. Você é minha vida. Como posso continuar vivendo sem você?

-       Achei que sabia no que estava se metendo – Harry suspirou.

-       Como? – Gina o olhou nos olhos.

Harry fixou seu olhar. Será que estava enlouquecendo? Sua vida ia estranha. Ao olhar para dentro dos olhos de Gina, viu algo estranho. Viu um reflexo. De uma mulher. Ele olhou pra trás. Mas não viu nada.

Gina tocou seu rosto com a ponta dos dedos. Havia se sentado.

-       O que foi Harry? O que você viu?

Harry olhou em seus olhos de novo. Havia desaparecido. Encarou seu rosto preocupado.

-       Nada – mentiu.

Harry se levantou e saiu.

-       Nunca mais faça isso. Sou Harry Potter. Um dia morrerei Gina, e não vai ser de velho. Queria me casar com você porque a julguei forte. Você me envergonhou. Devia ter se mantido viva. – e saiu.

O garoto sabia que tinha sido duro com ela. Mas o fato de ela morrer logo depois de sua morte definhando o magoava. Ela não ter seguido o magoava. Ela não querer viver mais o magoava. E a visão em seus olhos o assustava.

...

Harry desceu as escadas devagar, fazia frio. A casa estava escura e acolhedora, a luz alaranjada da lareira lhe fazia pensar ter um lar mais que qualquer outra coisa. Afinal, aprendera a fazer a felicidade com pouco. A ter um lar desde que tenha amigos do seu lado, mesmo que embaixo de uma frágil lona de barraca.

Harry parou na escada para admirar os dois amigos abraçados no sofá. Hermione e Rony se olharam sérios e silenciosos. Depois ela encostou a testa na dele, e os dois sorriram.

Tantas formas de amor diferentes que Harry vira crescer. Tão diferentes, tão estranhas, algumas fraternais, como os fortes laços entre ele e Hermione, outras de dor, como ele e seus pais. Umas doentias, como Belatriz e Voldemort, outras protetoras, como ele e Teddy.

Tantas diferentes, mas que no final, fizeram a diferença. Os manteram unidos como um só, vivos, como uma família. Protegendo um ao outro. Ele sorriu ao ver o sorriso no rosto dos amigos, e Hermione fraternalmente beijar-lhe os lábios. Harry virou o rosto de lado ainda sorrindo um pouco.

A vida continuava. Por mais que a dor das perdas os enfraquecessem, permaneceriam tão juntos e fortes como um muro. Porque sempre teriam um ao outro. “Aqui dentro” Pensou Harry. Isso lhe deu esperanças. Quando sua morte chegasse, eles seguiriam em frente. Gina seguiria em frente, talvez dessa vez, com seus filhos.

...

Harry recebera inúmeras cartas de amigos emocionados. Luna e Neville lhe mandaram cartões enormes, em que Harry se emocionou a ler. Eles estavam juntos agora. Recebera cartas de Dino, Simas, Cho, e de toda a Armada de Dumbledore.

Lera no Profeta Diário que Kingsley, ministro da magia temporário, fora declarado Ministro oficial. Depois de tanto tempo teriam que estabelecer ordem novamente. Outra notícia lhe chegara. O enterro de seus amigo aconteceria dali a uma semana, com todas as honras do ministério. Uma lágrima escorreu de seus olhos ao ler aquilo. Ele finalmente daria adeus a Lupin, a Tonks, a Colin, Lilá e vários outros.

Harry não conseguiria sentar na sala com Rony e Hermione, num ambiente de felicidade tão avesso ao que ele sentia, algo perto de perda, medo. Ele não sabia por que se sentia assim. Mas o pressentimento que algo ruim estava vindo não parava de lhe ocorrer.

Foi sozinho que ele pegou seu casaco e saiu, naquela noite fria e úmida. Andou pelas ruas de Londres, vagando, ao desaparatar. Na calçada escura e molhada ele encontrava um espelho de como se sentia. Estranho. Andou por uma pracinha molhada, onde um cachorro negro passeava com um jornal na boca. Harry sorriu. Isso lhe lembrara muito Sirius.

Foi se sentindo vazio e infeliz que ele entrou sem pensar no Caldeirão Furado. Não havia quase ninguém no andar de baixo. Umas cinco pessoas se distribuíam no salão, tomando café. Aquela hora todos deviam estar dormindo.

Harry se sentou e Tom veio cumprimenta-lo. Parecia estar indo se retirar, pois vestia uma bata preta.

-       Boa noite senhor Potter – ele sorriu largamente, mostrando todos os dentes que lhe faltava.

-       Boa noite Tom – Harry lhe sorriu, só um pouquinho.

-       O que vem fazer aqui senhor Potter? Devia estar recolhido em sua casa?

Ao que parecia Tom não estava incomodado. Só curioso.

-       Estou sem sono – Harry sorriu amarelo – Podia me servir um café?

-       Mas é claro. – e fez uma reverência exagerada.

Harry viu que ele adoraria perguntar o que havia acontecido. Tom lhe trouxe o café e subiu para seus aposentos. Harry ficou bebendo-o devagar, na sala escura.

Estava tão distraído que não reparou quando uma mulher com o rosto oculto por uma capa azul escura comprida, com o capuz a cobrir o rosto puxou a cadeira a sua frente e se sentou com uma garrafa nas mãos.

Era claramente uma mulher, considerando o busto, e as mão delicadas com unhas em garra. Harry conhecia aquelas unhas. A bruxa tirou o capuz do rosto e deixou que seus cachos loiros caíssem. Rita Sketer lhe sorriu.

-       Rita – Harry cumprimentou frio.

-       Harry – ela sorriu mais.

Rita estava mais diferente. Parecia que as vendas do livro sobre Dumbledore a tinha deixado mais rica. Seus cabelos louros, sempre presos em um penteado colmeia agora estavam soltos sobre os ombros. Parecia mais nova. Não usava seus óculos, mas o rosto continuava arrogante, metido e impertinente.

-       Não é muita cara de pau vir até aqui falar comigo? – Harry comentou calmo.

-       Óbvio que é – riu-se Rita – Vejo que não está bem querido. Não devia estar bebendo café, sabia? Há uma cura para seus males.

Rita conjurou duas taças e serviu uísque de fogo da garrafa que tinha nas mãos. Harry pegou e bebericou.

-       É conveniente que seja maior de idade agora – ela comentou.

-       O que quer? – perguntou ele bruscamente.

-       Ai ai, como você está tenso Harry – ela fez uma cara falsa de desaprovação – Não posso vir até aqui beber com um velho amigo?

Harry semicerrou os olhos.

-       Como anda meu livro?

Rita deu uma risadinha.

-       Devia estar orgulhoso, vai estar nas estantes das pessoas do lado do livro de Dumby. Você me fez mudar o título, sabia? – ela falou bebericando seu uísque de fogo, como se Harry tivesse sido inconveniente – O nome passou de “A vida e as mentiras de Harry Tiago Potter” para “As mortes e os segredos de Harry Tiago Potter.”

-       Então ainda vai publicá-lo? Porque não estou surpreso? – Harry muxoxou.

-       Claro que sim – ela revirou os olhos.

Harry a encarou.

-       Eu podia processá-la.

-       Tenho bons advogados.

-       Podia azará-la.

-       Isso constaria na sua ficha policial.

-       Podia mata-la.

-       Isso não é muito sombrio?

-       Não importa – Harry lhe respondeu.

Rita lhe sorriu mais uma vez, então tirou um cigarro da bolsa, o acendeu e começou a fumá-lo. Harry a olhou com interesse. Rita percebeu.

-       Quer? – ela perguntou.

-       Eu não fumo – respondeu ele desviando os olhos.

-       Sempre tem uma primeira vez – ela tirou um cigarro da bolsa e o acendeu com a ponta da varinha, depois o entregou a Harry – Sugue a fumaça, respire e solte.

Harry olhou incomodado para o cigarro que ela lhe oferecia.

-       Vamos lá Harry. Uma vez na vida não lhe tirará um pulmão fora. Só para uma velha como eu poderia fazer mal – ela lhe enfiou o cigarro na mão.

-       Você não é velha – Harry falou recebendo o cigarro.

O garoto nunca gostara daquela mulher. Não sabia de onde veio o elogio.

-       Obrigada. – ela lhe sorriu.

Harry fez o que ela mandou. Era estranhamente prazeroso. Então soltou a fumaça para o lado.

-       Muito bem – ela elogiou – Nem tossiu nem nada.

Harry fumou seu primeiro cigarro em silêncio.

-       Você não é mais a criança que conheci Harry. É um homem – Rita falou, chegando mais perto – Está na hora de agir como tal.

Na hora, Harry ficou na dúvida se a mulher estava tendo ou não a cara de pau de se insinuar para ele. O garoto podia não saber, mas se tornara um homem bonito e forte.

-       Diga-me Harry, é verdade que vai ser pai?

-       Não – respondeu ele com desinteresse e sinceridade.

-       Porque é que então a Srta. Weasley não sai de casa? – ela atacou.

-       Porque está doente?

-       Conveniente, não?

-       Talvez. Mas ela está mesmo doente. Definhou quando pensou que eu estava morto – O garoto soltou novamente a fumaça para o lado.

-       E o que aconteceu?

Parecia que a mulher se agarrava a cada uma de suas palavras como se precisava delas. Tinha um brilho maníaco no olhar.

-       O que lhe diz respeito? – Harry retrucou.

-       Ora Harry – Rita deu uma risadinha.

-       Escute, Hermione vai em breve publicar uma versão verdadeira com todos os detalhes, então nem adianta você fazer o que quer que seja, pois logo será desbancada. – Harry se levantou e terminou seu copo com um grande gole, apagando o cigarro na cigarreira da mesa – Adeus Rita.

E virou as costas para uma Rita perplexa, aparatando quando chegou a porta.

...

Gina dormia. Harry entrou em seu quarto. Hermione dormia na outra cama. Harry fechou a porta e se deitou a seu lado. Gina acordou e o olhou.

-       Me desculpe pela discussão mais cedo – murmurou Harry, para não acordar Hermione.

-       Onde esteve? – Sussurrou Gina fraquinho.

-       Andando – mentiu Harry.

Gina chegou perto de seus lábios e inspirou.

-       Você esteve bebendo – ela o acusou.

-       Desculpe.

-       E está com cheiro de cigarro. – ela falou magoada.

-       Tinha gente fumando perto de mim – ele mentiu.

-       Onde esteve? – ela repetiu.

Houve uma pausa em que Harry achou que ela estava chorando.

-       Estava com alguma mulher? Era a Chang? Ou a Emmelina Vance?

-       Com ninguém, eu fui no Caldeirão Furado.

-       Você não bebe – ela falou. Parecia decepcionada.

-       Eu bebo desde os treze anos.

-       Você não fuma.

-       Sempre tem uma primeira vez.

Harry sentiu Gina virar-se pro outro lado.

-       Gina?

-       Vá embora Harry. Quero ficar sozinha.

-       Mas Gina...

Mas a garota nada falou. Harry se levantou e saiu. Teve a impressão, que no escuro Hermione o observava desaprovadora, e que perguntaria o que aconteceu de manhã.

Harry caminhou se arrastando para o quarto, sozinho, na noite mais fria de inverno.


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Notas finais do capítulo

Quanto tempo? Saudades? Acabei as provas gente! To de volta!



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