O garoto estava muito nervoso devido aos trajes, ou melhor, a falta de trajes de Carmem. Respirou fundo, mesmo assim a frase saiu com muitos gaguejos.

- E-eu precisa-sava fala-lar com vovo-cê...

Carmem  (Incomoda)- E precisava invadir meu quarto a essa hora?

Jeremias (Mais calmo)- Fiquei esperando você na rua, mas você não saiu...

Carmem (Debochada)– Nunca ouviu falar em telefone?

Jeremias – Achei que você não gostaria de me atender... Olha Carmem eu não te procuraria senão fosse importante!!!

Carmem – Espero que seja mesmo... – Estende a mão oferecendo a cadeira da mesa do computador.- Senta... – Ela se acomoda na cadeira.- O que é de tão importante?

Jeremias – A Denise...

Carmem (Gracejando) – No meu bolso ela não esta... – Fingi que vai ver alguma coisa em um bolso imaginário. – Ah talvez porque não tenha bolso...
Jeremias (Irritado) – Dá pra ser séria uma vez na vida?!

Carmem – Aí fala logo então, que coisa!!!

Jeremias – Bom você esta mais por dentro da história da carta do que eu né? Me disseram que você traduziu... – tempo.- Parabéns, pelo menos uma coisa de bom vai ter o que contar aos seus filhos...- Percebe que a garota ficou corada.

Carmem – Quem te contou? A Marina?

Jeremias – Não o Franja... Ele também me disse que você falou pra ele a verdade... Sem ele te por contra a parede... Parabéns mais uma vez Carminha Frufru.

Carmem (Sem graça, sem olhar em seus olhos) – Veio aqui pra ficar me parabenizando?

Jeremias – Não, vim pedir sua ajuda no plano que armamos pra prender o seqüestrador da Denise...

Carmem – Deixa eu ver se adivinho... Você e o resto da turma souberam através da carta que eu traduzi que a sócia do tal Homem Sombra chega no Brasil essa semana e como ela tem uma grande semelhança física comigo vocês resolveram pedir minha ajuda para dar o flagra no cara!!! Acertei?

Jeremias (Espantado) – Que isso? Virou bruxa agora? Olha pra nossa cara e já sai falando o que tá na nossa cabeça?

Carmem – Não, diferente de você que é um babaca, a Marina sabe usar o telefone. Me ligou e contou toda a história!!!

Jeremias (Irritado)– Em primeiro lugar babaca é a senhora sua avó, que nem quando era empregado levava desaforo...  Agora que não vou aceitar mesmo... - Carmem levanta os ombros num gesto de desdém e abre um sorriso achando graça na reação do ex-motorista. - Em segundo lugar, eu não sabia que a Marina ia falar com você...  Senão não vinha aqui perder meu tempo... E você vai ajudar ou não?

Carmem (Maliciosa) – Tem certeza que tá perdendo seu tempo? – Dá uma leve mordida no lábio inferior e Jeremias entende o recado.

Jeremias – Tenho certeza!!! Vai ajudar Carmem?

Carmem (Nervosa) – Imbecil!!!

Jeremias – Exibida!

 Carmem (Estourando) – Afinal o que você tem contra mim garoto?!

Jeremias – Fora o egocentrismo, a dissimulação e o seu jeito cínico e superficial?! Nada!!!

Carmem- Ora seu... – Levanta a mão e desfere um tapa em seu rosto, embora ela mesma não entenda como teve coragem de fazer a ação. De imediato Jeremias ergue a mão pra devolver o golpe. Em vez de se encolher Carmem o enfrenta. –Anda covarde, não é isso que quer fazer?!  

(Música : Essa moça tá diferente: Roberta Sá)

Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar

Sua adrenalina estava a mil. Olhou a garota de cima abaixo. Cabelos molhados caindo nos ombros firmes e bem femininos. Na pele o bronzeado dos dias de piscina. Seios médios e firmes. Pernas bem feitas como o restante do corpo. O perfume cítrico invadia seu nariz. Não obedece a ordem da loirinha. Enlaça sua cintura com o braço livre unindo os corpos. A outra enlaça o braço livre de Carmem e aproxima sua boca da dela. Antes de se beijarem soltam um riso nervoso.

Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som

Ele rouba o beijo de seus lábios, logo Carminha cede á língua sedenta do garoto e começa a corresponder seu beijo e Jeremias deixa suas mãos libertas. A garota arranha seu pescoço com força enquanto suas mãos ajustam nas coxas de Carmem. Sobravam carinhos e gemidos de desejo pelo quarto. Apenas pararam de se beijar para Carmem desabotoar os botões de sua camisa.

Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronauta
Descer na televisão

Ele deita na cama e a garota vem por cima. Trocam mais beijos. Ela afasta os troncos, mas continua sentada em seu colo. As mãos do menino enlaçam sua cintura. Ela sorri e lhe faz um carinho no rosto. Com a outra mão se livra da toalha. Jeremias olha o corpo nu fascinado. Os olhos azuis da menina afrontam com o castanho dos seus.

Jeremias – Carminha, você ficou tão linda...

Carmem (Sussurrando) – Tô esperando pra ouvir isso de você a séculos... – Beijam –se e trocam de posição, ele por cima.

Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem

Ela sorri incentivado a tomada do menino que volta a beijá-la.   Tateia a mão o criado mudo do lado de sua cama, abre uma gavetinha e retira um envelope com preservativo. Ele pega a camisinha de sua mão e voltam a se beijar.

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Na pista de dança Cebola tentava acompanhar o ritmo da dentuça que dançava a todo vapor. Titi aproximou dos amigos como sempre todo animado no compasso da música eletrônica e Cebola ia lhe empurrado Mônica. Logo o mais velho tomou o lugar do troca letras que resolveu dar um tempo na mesa. Titi tenta um contato mais intimo com Mônica que trata de afastá-lo.

Mônica – Titi, você não tá com a Irene?!!! Nunca toma jeito!!!

Titi – Em primeiro lugar Môniquinha, ninguém precisa saber que você me viu com a Irene aqui... Afinal como fica minha fama de pegador né?! – Mônica ouvia os argumentos do outro sorridente. Titi era um cafajeste, fato. Fatíssimo, como diria Machado de Assis com seus superlativos.  – Ela disse que tá com dor de cabeça... Outra coisa... A Irene é só um passatempo, uma brincadeira... Nada sério...

Mônica – Sei... Quem não te conhece que te compre viu, senhor Timóteo?! Sua música devia ser aquela: “ Você não vale nada mais eu gosto de você...”

Titi (Conquistador) – Ahaá, então você assume? – Dispara uma piscada em sua direção,  Mônica cai na gargalhada.

 Mônica- Daqui a pouco vou descansar...

Titi – Nos meus braços?

Mônica – Na mesa...

Titi – Olha que não é sempre que se tem oportunidade hein?!

Mônica – Mas não se preocupe que eu vou torcer pra você beijar alguém... Assim mantém a boca ocupada e não fala besteira.

Titi – Se habilita? – A dentuça não agüenta e cai novamente na gargalhada. Titi mais sem jeito!

 Na mesa:

Quando o troca letras chegou sozinho Irene abriu o maior sorriso da noite.

Cebola  (Ranzinza)- Odeio dançar!!!

Irene – Odeia ou não sabe?

Cebola a encara e fica vermelho. Tão fofinho esse jeito dele “charmoso sem querer” pensou a garota.  Passa a mão em seu rosto deixando mais ruborizado.

Irene – Fica assim não Ce, ás vezes a parceira que não ajuda... – Levanta-se. – Espera que eu já volto...

Em menos de dois minutos uma música romântica toma conta do ambiente e Irene reaparece.

Cebola – Onde você foi?

Irene – O DJ daqui é meu amigo...  Pedi pra ele por algo mais lento, é mais fácil de dançar... Vem cá... – Puxa Cebola para a pista de dança. O troca Letras esboça alguns passos colado com Irene, mesmo não sentindo vontade. Irene aproxima seu rosto do dele beija seus lábios. O Troca Letras fica sem reação.  Avista a dentuça chegando na mesa e ela logo vê o casal. Fica um pouco chocada. Ele se separa dela e se aproxima de Mônica, Irene vem atrás irritada.

Cebola – Mônica eu...

Mônica (A Cebolinha) – Achei que você estava cansado de dançar...

Irene (venenosa) – E eu achei que você estava dançando lá do outro lado da pista!

Mônica (No mesmo tom) – E eu achei que você estava com dor de cabeça!!!

Irene (Irritada)– O Cebola não fez nada demais...

Mônica  - Pelo que eu sei ele tem boca pra se defender!!!

Cebola (Nervoso)– Eu não tenho que me defender de nada, nunca fiz nada de errado com você!!!

Mônica (Estourando corajosa) – Então pra você é certo me convidar pra sair quando eu tava na minha, me empurrar pro Titi á noite inteira, mentir dizendo que estava cansado pra vir dançar com ela como se nada tivesse acontecido?! Me chamou por que? Queria arrumar um jeito de me humilhar?! Se foi isso parabéns, conseguiu! – Terminar de falar chorosa e vai em direção a saída.

Irene – Garotinha mais insuportável!!!

Cebola (Sentido) – Eu não pelmito que você fale dela assim!!!- Não queria que Mônica pensasse aquilo dele. Saí correndo. – Espela Mônica!!!

Irene mais uma vez vai atrás dos dois e é seguida por Titi que só pegou o final da conversa quando chegou á mesa. O Troca Letras só consegue alcançá-la na calçada e com gritos. – Selá que dá pla você me ouvir?

Mônica  (Fria)–Não temos mais o que falar!!!

Cebola  - Eu não te chamei pla sair pla humilhar você, de maneila nenhuma...

Mônica (Incomoda) – E você quer que eu acha que foi o que?

Cebola  - Foi o Cascão que pediu pla chamar você pla sair... Ele escutou uma convelsa sua com a Maga e soube que ela ficalia sozinha hoje e quis aploveitar plos dois ficalem a sós... Eles tão se entendendo... Aí eu lesolvi te chamar, assim você não estalia sozinha e...

 Mônica encara o Troca Letras. Nunca se sentiu tão revoltada como naquele instante. Irene sorria vitoriosa.  Apesar de ter vontade de chorar preferiu usar da ironia.

-Consolador sabe que você tem pena de mim e que além de tudo sou empata...

Cebola (Tentando consertar) – Eu não quelia dizer isso...

Mônica (Fria) –Mas foi o que disse... 

Cebola – Não gosto quando você fala assim comigo... Você sabe que é uma amigona, tem espaço enolme na minha vida e...

Mônica – Desculpa Cebola... Mas é pouco... Eu sou muito maior e fico apertada nesse espaço... Mas eu já entendi que esse espaço nunca vai aumentar... Eu que tenho que procurar um espaço maior na vida de outra pessoa... Não posso e não quero te obrigar a nada... Não quero brigar com você... E você tem razão... Não tem que se defender de nada, até porque não fez nada de errado. – A Irene e Titi. – Boa noite pra vocês...

Titi – Te levo até um ponto de taxí... – Vai acompanhando Mônica. Cebola senta-se no meio fio. Confuso.

Irene- Cebola esquece essa menina e... – Cebola a encara com firmeza.