-Até agora não to entendendo essa palhaçada!!!- Franja reclamou. Cebola estava ao seu lado enquanto Cascão ocupava o banco de trás, os três vigiavam a casa do homem sombra através do retrovisor e falavam baixo.

Cebola –Pola, já expliquei mais de mil vezes, vamos segui-lo pla quem sabe encontlar uma pista da Denise...

Franja –Vocês acham memso que esse cara ta envolvido com o paradeiro da Denise?!

Cebola –Depois de tudo que eu te falei você não achou ele nem um pouco suspeito...

Franja – E quem te disse que ele vai sair agora?!

Cebola – Ele semple saí esse holálio de noite...

Cascão – Pô mais ele ta demorando, será que ele não resolveu ficar em casa hoje?!

Cebola – Não meu plano é infalível!!!!

Cascão – Ah então podemos desistir!!!

Cebola –Quieto Cascão...

Franja –Pra mim isso é perda de...- O carro vermelho saí da casa da esquina.

Cascão- Siga aquele carro!!!

Franja  (Dirigindo)–Eu sei!!!

Cascão – É que eu sempre quis falar isso...

Cebola (Sem tirar os olhos do carro vermelho) – Dá plos dois plestalem mais atenção... Vamos acabar peldendo ele de vista...

Cascão –Tá preocupado com que?! Seu plano não é infalível?!

Cebola –Quieto Cascão... E você Flanja, siga aquele calo!!!!!!

Era quase dez horas da noite. Mônica, Magali e Marina caminhavam pelas ruas da Barra Funda a procura da boate. Estavam bem vestidas. Até provar o contrário sairiam memso pra balada. Não conheciam muito o centro de São Paulo, onde ficava a boate que o segurança Luiz estava trabalhando naquela noite. Marina não tirava os olhos do relógio, o pai não gostava que chegasse tarde. Magali tinha avisado aos seus pais que não tinha hora pra chegar, estava ficando com fome e preocupada de depois não conseguirem voltar sozinhas pra casa. Já o que inquietava Mônica era o medo de não acharem o segurança. Queria ter certeza absoluta de que Denise não estivera na festa. Estava quase perdendo a esperança em encontrar a boate quando Marina soltou o grito:

-Achei!!!! Rua Sousa Lima!!! É essa!!!

Magali –Affê... Já tava quase jogando a toalha... Que número é?

Mônica- 244.

Marina- Não estamos muito longe...

Caminharam mais ou menos uma quadra e meia até avistarem um letreiro enorme com uma placa escrita “Show Bar”, um pouco menor uma faixa com um aviso: Noite latina: Rumba, Mambo e Salsa. Sim, era aquele o lugar.

Marina – Estão prontas?! 

Afirmam num movimento com a cabeça, atravessam a rua. Uma pequena fila para entrar. Aguardam, quando se aproximam dos seguranças a dentuça se precipita em verificar.

-Vocês trabalham na Fênix?!

Segurança 1 –Sim...

Mônica – E qual dos dois é o Luiz?!

Segurança 2- Nenhum dos dois... O Luiz á lá dentro... O que vocês querem com ele?!

Marina – Temos que tratar de um assunto com ele...

Segurança 1- E que assunto três mocinhas tão novas teriam com um segurança á essas horas?!

Magali –Assunto particular.

Segurança 2-Acontece mocinha que só entra maior de idade, o que não deve ser o caso de vocês não?!

Marina –Eu já tenho 18.

Segurança 2-Então entra só você suas amigas esperam aqui fora...

Marina –Aí moço é um assunto que nós três temos que tratar com eles... Liberam pra elas entrarem... ninguém vai notar...

Segurança 2- Mas...

Marina – E o que elas podem ver de tão chocante aí dentro? Será que aí tem algum segredo ou uma ação ilícita...

Segurança 2 – Moça acontece...

As três juntas –Por favor...

Olha as meninas com uma certa ternura. Quantas vezes ele em sua juventude clamava para seguranças para entrar em locais proibidos. Pegou seu rádio comunicador e procura Luiz avisando da entrada das três e as autoriza. O outro segurança lhe censura pelo olhar.

-Olha agora é achar ele lá dentro...- Disse o segurança após desligar seu rádio.

Mônica – Pode deixar que nos viramos... Brigadão!!! 

Entram no hall da boate. Cada uma pega uma comanda.

Magali – E aí, como vamos fazer pra achar o cara se nem a cara dele sabemos...

Marina – Fácil... Só perguntar pra alguém que trabalhe aqui...

Finalmente entram na boate, lotada de gente. Vários homens e mulheres vestidos de maneira bem despojada e colorida. A decoração da boate imitava alguma ilha tropical. Foram recebidas com colares havaianos. A música latina. Bem diferente das boates que estavam acostumadas a freqüentar.  Não seria uma tarefa dificil encontrar um segurança de terno e gravata lá dentro.

O carro vermelho para perto de um posto, os meninos julgam que era pra abastecer mas Diego vai ao banheiro. Franja também para numa rua escura o que camufla o carro preto. Diego passa pela calçada para um taxí e entra.

Cascão –Eita... Cara maluco... Vai deixar o carro...

Franja –Maluco nada... Ele tentou enganar a gente... Ou é precavido...

Cebola –Precavido de que?

Franja- Não sei, mas vamos descobrir... –Passa a seguir o taxí que dá algumas voltas pelo mesmo quarteirão depois para em frente a boate. Diego desce paga o taxí e entra no estabelecimento.

Cebola –Que bairro é esse?

Franja – Centro de São Paulo...

Cascão –E depois você vai saber voltar pra casa?!

Franja –Claro... Vem cá... Ele entrou naquela boate e a gente, o que faz?!

Cebola  –O plano seria seguir ele... Mas com certeza aquilo é proibido pra menores...

Um caminhão para em frente a boate. Descarrega sacos de cebolas.

Cascão –Eu tive uma idéia!!!

Cebola –Qual?!

Cascão (Sarcástico) –Você vai ver...

As meninas seguiam o barman pelo corredor. Deram com uma cozinha enorme e um batalhão de gente trabalhando. O rapaz que as trouxe fez um movimento com um queixo.

-É aquele ali...

Olharam. Um homem alta, de terno e gravata terminava de comer qualquer coisa na mesa.

Magali –Obrigada...

Barman-Com licença... –Se retirou. As três se entreolharam para saber quem abordaria o homem. Mônica foi a frente. Parou próxima da mesa, ele não a percebeu pois comia de cabeça baixa.

Mônica- Oi! Você é o Luiz certo?

O homem levanta a cabeça.

-Quem é você?

Mônica- Meu nome é Monica, essas são minhas amigas Marina e Magali. Estávamos a sua procura...

-A minha procura?

Mônica- Você é o Luiz certo?

Luiz –Sim. Como sabem meu nome?

Marina – Uma colega de trabalho sua nos informou.

Luiz –Colega de trabalho.

Marina –O nome dela é Elisa... Ela é garçonete numa danceteria que você trabalhou no sábado... Era aniversário de um amigo nosso...

Luiz- O que vocês querem comigo?!

Magali –Saber se o senhor conhece uma amiga nossa... É muito importante pra nós... –A desenhista.- Mostra a foto pra ele Marina...

Marina retira a foto da bolsa e entrega a Luiz que olha de relance.

Luiz –Pra que querem saber se conheço essa menina?

Magali –Por que ela desapareceu no dia daquela festa e queremos sabe se ela chegou a ir na danceteria ou não. Como soubemos que você trabalhou lá...

Luiz –E como me acharam aqui? O telefone que passei pra Elisa era falso...Odeio mulher no meu pé...

Mônica – Pela firma que você trabalha...Ela lembrou do nome Fênix. Você viu essa menina da foto aquela noite ou não?

Luiz pega a foto, olha demoradamente.

-Nossa garotos... Nem sei o que fazer por vocês... Ia ter que descarregar tudo isso sozinho...- disse o motorista gordo satisfeito ao ver Franja e Cascão carregando os sacos.

Cascão –Que isso tio... Precisa de nada não...

Motorista –Vocês são bons meninos... Deus que ajude muito vocês...

Franja –Que seja assim...

Descarrega cinco sacos. Só faltava mais um. O ultimo saco mais pesado que os outros e reclamava bastante.

-Dloga polque eu?- Cebola resmungava de dentro do saco.

Cascão –Fica quieto bestão... Que desculpa a gente ia usar pra entrar na boate?!  -Adentram a cozinha. Franja vê uma menina de costas com as mãos na cintura bastante familiar. Para um instante.- Borá meu!!! –Olha pra onde Franja esta olhando. Isso é hora de ficar azarando!!!

Franja –É que parece a Mari...

Cebola –Ou nem ta sufocante ficar dentlo desse saco não... –Voltam a andar. Quando chegam na dispensa, Cebola sai do saco.

Franja – Vou até ali e já volto!!! –sai do compartimento.

Cebola –O que deu nele?!

Cascão –E eu que vou saber... Vem vamos...

Cebola –Vamos pra onde? Arrumar uma maneira de encontrar o homem sombra manezão... –Os dois saem da dispensa. Antes de chegar a dispensa um homem os interpela.

Homem –A finalmente os achei!!!

Cascão – Ãh?!

Cebola – Eu acho que...

O homem empurra os dois para um vestiário. E da uma saca na mão de cada um.

Homem –Depois meus filhos... Agora vistam o figurino que falta pouco para o número de vocês... Andem!!!- Bate a porta do vestiário.

Cebola –Você entendeu?!

Cascão –Nada...

Cebola –E o que a gente faz...

Cascão – Vestimos o figurino que daqui a pouco é nosso número ué...

-Não. Essa menina ruiva não esteve na festa de sábado. – Disse Luiz dando o veredicto.

Mônica- Tem certeza?

Luiz –Absoluta. Sou bom em fisionomias e tenho certeza que essa menina não foi na festa.

Marina –E o que a gente faz agora?

Magali -Bom... O melhor que temos a fazer é ir embora... Brigada seu Luiz...

Marina –E desculpa qualquer coisa...

Luiz –Tchau, tchau meninas!!! E boa sorte em encontrar a amiguinha de vocês!

Mônica –Brigada...

Saíram da cozinha desanimadas. Atravessaram o salão de dança, quando estavam saindo de relança Magali vê uma pessoa conhecida sentada numa mesa com mais dois homens bebendo uísque.

-Olha lá Mônica... –Cutuca a comilona.

Mônica- Que? –Magali aponta.- O que que ele ta fazendo aqui?!

Marina –Ele quem?!  -Olha para a mesa. Vocês conhecem aqueles homens?

Magali –Aquele de preto Marina, é o homem sombra...

Marina – Homem sombra? Da Denise?

Mônica- O próprio... Esse lugar não tem nada ver com ele...

Magali - Meu muita coincidência ele aqui...

Mônica – Eu pagava pra saber o que ele veio fazer aqui...

Marina (Sorrindo)– Tem um jeito de saber isso...

Magali e Mônica –Como?!

Marina –Vocês vão ver... Vou no banheiro e já volto... Vocês peguem uma dose de bebida pra mim enquanto isso?

Magali –Bebida?

Marina –É pode ser tequila... Já volto...