Nove horas em ponto tocavam a campainha da porta de Magali. Era o sujinho. Já pronto para a festa e perfumado, caprichou no visu. Seu Paulinho, pai de Magali que veio atender a porta.

Cascão- Fala seu Paulinho, e aí, tudo belê?! – Da um leve tapa no ombro.

Paulinho (Estranhando)- Belê?!!!- Da passagem pra Cascão entrar.

Cascão- É tudo na paz?!

Paulinho- Ah tá. Tudo belê sim Cascão... Ela já esta terminando... Senta aí ...  Quer uma água?

Cascão (Se acomodando) - Não, valeu...

Dona Lili vem até a sala, cumprimenta o garoto com um beijinho no rosto e logo trás um suco que ele acaba aceitando. Assiste um pouco de TV, meia hora se passa.

Paulinho- Essa menina morreu dentro do quarto??!!! Que coisa!!!

Dona Lili- Amor...

Cascão- Pior que a Cascuda...

Paulinho- Puxou a mãe... –Lili da um sorriso amarelo.

Cascão- Mas valeu a pena esperar né não seu Paulinho?! Maior gatona!!!- O pai de Magali fica vermelho, Cascão da uma piscada cúmplice pra mãe de amiga...

Dona Lili- Vocês tem razão...- Dando um grito em direção ao quarto.-  Magali!!!

Magali saí do quarto ajeitando um dos brincos na orelha. Cascão que estava sentado se levanta, boquiaberto. Que gata era aquela?! Falando com ele ainda!

Magali- Oi! Vamos!

Cascão não ensaia nenhum movimento. Não queria acabar com a visão que ele estava tendo dela. Usava uma calça preta de cetim, colada ao corpo salientando suas pernas bem torneadas. A blusa prateada frente única deixava as costas descobertas. A maquiagem de noite, alguns adereços prateados e a sandália alta lhe davam o ar de fatal. Estava tão linda, tão mulher, tão atraente... Um sorriso nasceu em seus lábios. Só acordou quando a mão da garota apertou forte seu braço.

Magali- Vamo logo cabeça!!!- Magali se despede dos pais, Cascão também dá um até logo para os dois e ganham a rua. –Vamos até a Cascuda?! O pai dela deve ta esperando a gente...

Cascão- Ela não vai Maga...

Magali (Surpresa)- Que?!

Cascão- Ela me disse que não queria ir na festa do Titi ontem... Falou que em solidariedade há Aninha ela não vai...

Magali- Aí Cas, agora eu que vou ficar mal com ela... É melhor eu voltar pra casa e...- Tenta dar meia volta, Cascão segura com firmeza.

Cascão- Não... Eu disse que levava você e levo... Se ela não quis ir o problema é todo dela...

Magali- Mas Cascão...

Cascão (Sincero) - Pô meu, tu é minha amiga... A melhor delas todas... Só fica trancafiada dentro daquela casa pensando no padeiro... Quero te levar pra distrair um pouco... Fazer você se divertir...Posso?!

Magali abre um sorriso. Era isso que ela mais gostava nele, a transparência. –Pode...

É vez de Cascão abrir o sorriso.-Te considero irmãzinha... –Tempo.- Vem cá... Agora vamo pro ponto de ônibus que o lugar é do outro lado do mundo...

Magali- Ah ônibus Cascão?!

Cascão- Quer ir de abóbora Cinderela?!

Magali – Pelo menos paga um taxí...- Cascão olha sem graça.

Cascão- To sem dinheiro... Só da pra condução...

Magali- Eu raxo o taxí contigo...

Cascão- Mulher pagando minha conta?! Nem morto...- Vai levando ela pelo braço.- Anda logo que a gente vai perder o busão... E gasta o dinheiro com uma coisa mais útil né?!

Magali- Machista! –Ela foi de cara feia. Se arrumou toda pra pegar ônibus! Só o idiota da Cascão mesmo. Emburrou mais a cara. 

Cascão – Deixa de ser fresca...

Magali (Gritando com raiva)- Eu já não vou pegar o bendito do ônibus que coisa... –Cruzou os braços e fez biquinho. Cascão olhou a garota. Tão mulher e tão menina ao mesmo tempo. O ônibus se aproximava da para, fez sinal. Chapado de gente. O motorista parou longe da calçada. Na hora de subir Magali quase tropeça com a sandália. Cascão vai apará-la e ela não deixa, ainda aborrecida. O sujinho não pode deixar de sorrir ao ver a garota contando moedinhas. Alguma coisa lhe dizia que a noite seria divertida ao lado da comilona.