Prismodeux, A Cidade Dos Guardiões 2 escrita por AnnySama


Capítulo 14
Surpreendente mudança




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Me  virei e entendi de onde vinha essa voz estranhamente familiar. A garota dos quadros estava parada lá, vestindo um suéter cor de vinho e calça de moletom preta, calçava apenas uma meia branca. Os cabelos loiros estavam amarrados desarrumados, de forma bem desleixada, casual. Na verdade, ela parecia ter acabado de acordar, seus olhos ainda pareciam recaídos e sua expressão demonstrava muitoooo sono. Ela me olhava, e esfregava os olhos, como se não acreditasse no que estava vendo.

      É, a garota dos quadros era Amy, e Amy era a garota que ia se casar, Amy nunca mais seria a menina que daria tudo por uma vida mais aventurada e divertida.

      Seu rosto sério, amadurecido, com pequenos vínculos de preocupação nunca mais seria sorridente e quase levado.

      -Amy... - Me obriguei a dizer, pois não conseguia aceitar que ela realmente era a protegida por mim, aquela Amy...

      -Ah, caramba! - Com um sobressalto, sua voz pareceu desafinar de animação.

      Ela sorriu, e eu consegui ver por trás daquela máscara, a menina que Amy era a uns 4 anos trás.

      M correu e simplesmente se jogou na cama, me abraçando, pulando, parecia alegre demais, estranha demais.

      Eu simplesmente retribui o abraço desajeitadamente, constrangida. Tentando afastá-la, porque eu ainda precisava de explicações.

      -Ai! Isso doe, Amy, por favor. - E ela se afastou com relutância, ainda pulando sobre os joelhos na cama.

      -Droga, Katy, você demorou um século pra voltar! Eu sabia que você ainda ia aparecer! Não acredito, só pode ser destino! Bem na semana do meu... - E ela parou, percebendo meu rosto abatido, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça. - O que houve, KT?

      Eu simplesmente fitei minha mão, que agarrava com força o convite de casamento. Os olhos de Amy seguiram o meu.

      -Ah... - E ela suspirou pesadamente. - Pois é, não é? Já estava na hora... - Amy me olhou novamente, notando o meu físico. - Não sou eu que vai estar com seus gloriosos 16 anos para sempre.

      -Não consigo me acostumar com a idéia... - Murmurei baixo demais, que não sabia se ela havia ouvido.

      -Bem... os anos passaram mais rápido que em Prismodeux, eu já estou beirando os 21 e - ela pigarreou desconcertada. - não queria esperar muito já que, felizmente, achei o cara ideal para mim a bastante tempo. - Ela sorriu, e eu me lembrei da viagem á Veneza, meu coração deu um solavanco. Bons tempos. - É Harry, de um modo surpreendente, sei que vai ser ele para a minha vida inteira!

      Eu respirei, parecia estar perdendo a paciência. Levantei-me rapidamente da cama e andei até a janela. Fiquei um bom tempo fitando a floresta, que escondia meu mundo bem adentro. Demorei um pouco para falar.

      -É que as coisas estão tão complicadas, e eu decidi voltar para... - E eu dei uma pequena risada, meio nervosa. - Não sei... Talvez eu esperasse que as cosias voltassem ao normal. - Me virei para ela, e sorri levemente.

      Amy pareceu pensar sobre o assunto, um pouco indecisa. Então disse, naquela sua voz estranhamente nova.

      -Mas o que aconteceu de tão complicado?

      -É uma longa história. - Mas vendo que talvez fosse legal contar a alguém que não estivesse tão envolvida nela... - Mas eu posso simplificar.

      Sentei-me de novo na cama e comecei a contar. Contei sobre a missão, sobre a primeira vez que vi Jade. - Nessa hora Amy pareceu inquieta, como se lamentasse a minha vida tão bagunçada. - Contei sobre a Pedra de Caractere e sobre Wallaf, Ronan e Galdom. Depois sobre Wren. - E nessa hora eu declarei a ela que estava apaixonada. - e finalmente o final da luta. Contei dolorosamente sobre a morte de Jade e de como eu havia fugido de tudo, deixado todo o meu passado tenebroso de lado e vindo ter um pouco de paz em algum lugar mais conhecido.

      -O problema é que ele não é mais conhecido. Nem sei que lugar é esse. - E ri secamente por 1 segundo. - Amy, me explica o que tá acontecendo! - E agora dera um sorriso meio louco. - Eu simplesmente não tenho mais lugar no mundo!

      -Hey, pare com isso! Ainda sou eu! - Amy se encolheu por um segundo, notando sua voz adulta e toda a sua aparência amadurecida. - Só que 5 anos mais velha que você.

      -Eu acho que não estava pronta para ser mais nova que você, M. De qualquer modo... Parabéns. - Disse, secamente, mas ela me abraçou como se eu estivesse realmente muito feliz por ela. Naquele exato momento, eu não estava, e isso era horrível.

      -Oh, obrigada! Você tem que conhecer a minha casa. - Levei um sobressalto. O quê? A casa dela? Amy viu minha expressão e se apressou a explicar. - Bem... O pai de Harry tem meio que bancado a gente, ele está meio triste por ter perdido a adolescência de seu filho, quer recompensá-lo. - Ela sorriu animada. - Então ele fez questão de fazer algumas mudanças nesta casa, para aconchegar a nossa família. - Não entendi bem o que se referia a nossa família, mas deixei que ela continuasse. - Enfim... E ele também comprou uma casa nos campos do interior de Boston para meus pais, que concordaram em deixar esta casa para mim e Harry! - Ela pulou de felicidade. - Não é demais?

      -Ahn... Com certeza! - Me apressei a dizer, antes que ela visse a minha mágoa.

      -Vamos, acho que você conhece os caminhos, mas acho que não conhece os novos quartos. Venha! - E me puxou pela mão para fora do quarto, que dava de cara com outra porta.

      Amy a abriu e revelou um grande closet. As paredes eram escondidas por uma fileira de guarda-roupas. Cada um com uma porta de vidro e cabides giratórios, luzes internas e muito estilo. As gavetas cercavam a parte debaixo do lugar. O chão era revestido com carpete cor tabaco. Um pequeno ventilador de teto ligara quando Amy ligara a luz. E o mais surpreendente, guardado exclusivamente em uma parte do Closet só para ele, dentro de um guarda-roupa de portas de madeira, uma maçaneta estava com um cadeado pendurado. Ah, que típico.

      Era o vestido de casamento de Amy, e provavelmente Harry não podia ver.

      Ela andou até aonde ele se encontrava e tirou-o do cabide, colocando a frente de seu corpo, para ver como ficaria nela. Era realmente lindo.

      Era cor-de-creme, tomara que caia. A parte de cima era cheia de cristais brilhantes a luz do sol, refletindo como se guardassem um arco-íris dentro deles. Formavam o desenho de duas flores perfeitamente desenhadas. A parte de baixo era mais surpreendente ainda. Deveria com certeza haver um saiote por baixo, porque era volumosa, enchida. Uma pequena abertura no canto esquerdo, mostrava o tule dourado por baixo da seda. Realmente impecável.

      -Tudo vai ser perfeito agora que você voltou! Gostaria de ter você como madrinha de casamento! - Exclamou alegre, eu só pude sorrir com bastante força e dar alguns passos para trás, zonza. - Mas ok! Vamos para o resto da casa, que não está tão diferente. Este era o quarto de meus pais, foi o que mais mudou para se transformar em closet!

      Saímos da sala e descemos a escada de mármore, com corrimão banhado a ouro. Tudo parecia ser feito para um castelo.

       Á direita havia a sala de estar, não muito diferente da antiga. Tapete felpudo marrom, hack tabaco e prateado, uma televisão grande e sofás de couro branco. Havia apenas uma nova planta, seu jeito exótico a definia como uma orquídea lilás.

       Á esquerda, a cozinha também não muito diferente. Seus tons de preto, branco e cinza combinação agora que parecia mais colonial. Uma mesa de madeira talhada no centro dela e um fogão a lenha em um canto. As coisas pareciam meio deslocadas, mas se harmonizavam de algum jeito.

      -Ahn... acho que a parte que mais mudou mesmo foi os quartos... - Disse, meio sem jeito, Amy. Eu me virei para ela e tentei dar um sorriso, que pareceu mais uma careta. - Ah, espere ai! Tenho uma pequena surpresa para você!

      Ah, mais surpresas... que ótimo!

      -Vem, é bem por aqui! - e de novo saiu me puxando pelo braço.

      Congelei. Aquilo era algo típico entre nós, típico entre melhores amigas. Mas agora eu não sabia ao certo se a gente ainda se conhecia. Preferia manter distância, agir como a prima chata que veio a visitar em pleno domingo. Aquela não era a Amy que eu protegera, era uma mulher noiva, dona de uma casa só para ela, uma adulta - uma coisa que nós duas odiávamos eram os adultos, sempre nos mandando fazer coisas idiotas.

      Ela me puxara por um novo corredor que se emendava com a sala. No final dele, havia mais uma porta.

      Ela abriu, e revelou um interior não tão fantástico quanto os outros. Era vazio, as paredes eram brancas e havia apenas cimento no chão, parecia ainda estar em construção.

      Olhei para ela procurando respostas.

      -Aqui é um quarto novo... - Ela se enrubesceu, e eu notei que não queria realmente saber o motivo daquele quarto. - Eu... - Ela colocou a mão com carinho e cuidado no ventre. Mas eu não entendi, estava normal, como sempre estivera com Amy. - Bem... nós descobrimos a algumas semanas e... - Ela sorriu, tão feliz que até eu me contagiei durante aquele momento de transtornos. - Ah, você sabe! Eu não gostaria de me casar com a barriga maior e... apressamos um pouco...

      -Espere! Vai se casar com ele porque ficou grávida? - Parecia um absurdo, era uma coisa estranha porque isso normalmente acontecia quando eram adolescentes de 16 anos, que sem saída, se casavam.

      -Claro que não! Eu só... - E ela sorriu fitando a barriga. - apressei o casamento, ele já havia me pedido antes de descobrirmos. Ia ser em Fevereiro, mas teve que ser adiado para dia 17... Eu estou tão feliz! Meus pais e o dele estão ajudando tanto, achei que o casamento não sairia por falta de tempo.

      E eu vi a minha frente alguém estranha, diferente.

      Uma mãe, uma mulher noiva... Não, aquela não era Amy. Eu devia tomar mais cuidado, ela não era minha melhor amiga.

      Me distanciei um pouco dela, ficando formal demais. Mas devidamente a acompanhando, sem toques, sem falas, o silêncio era perturbador. Eu estava acompanhando uma pessoa adulta, mais velha que eu e que merecia meu respeito... Não poderia nunca mais brincar nem me aventurar com Amy.

       Ela me mostrou a parte de cima da nova construção. Era um banheiro enorme, com banheira, box, fraudário e muito mais. Depois nós fomos para fora da casa, perto dos jardins e nos sentamos no banco. Eu mais afastada do que o normal dela. Olhando a cerejeira que estava dando flores rosa claro, fitei-a tristemente.

      -Acho que eu devo ir. - Murmurei, formal demais para uma conversa entre eu e ela. - Sally deve estar me esperando.

      -Ah, não pode ficar mais? Harry já está chegando do trabalho. - Quando terminou de dizer, eu a olhei com um pouco mais de curiosidade. - Ele é colunista de um jornal. Ops, estagiário de um colunista. Mas ás vezes deixam ele escrever algo que o inspira... Está tão feliz! - Suspirou maravilhada.

      Dei um meio-sorriso torto para ela. é, todos mudaram, menos eu. Não tinha amadurecido, não tinha feito nada... A não ser que...

      -Hei, você conhece algum Wren que mora por aqui? - Disse rapidamente, ansiosa, esperançosa.

      Amy pareceu pensar por alguns minutos.

      -Ah, acho que entendi. - E sorriu abobalhada. - Um menino... Wren Andersen estava desaparecido a 15 dias... Ele voltou agora... Deve ter sumido pelo sequestro de Wallaf. Ele mora na casa verde, está vendo? 4 casas depois da nossa.

      -Ah, obrigada! - Falei, mais formalmente. Como se estivesse perguntando isso a um estranho.

     Ok, agora estava na hora de eu fazer a minha própria felicidade.


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