Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 19
Coisas de Trouxas




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Olá vocês! Ia postar o capitulo ontem a noite, mas não tava funcionando a internet.

E eu nem sei como dizer o quanto estou feliz com as recomendações de lorien e de SerraFox. Não tenho palavras para agradecer, eu nunca nem imaginei que um dia fosse receber um review e agora tenho cinco recomendações. *---*

Não sei o que vocês vão achar desse capitulo, eu gostei dele, mas quem manda aqui são vocês.

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O dia amanheceu nublado e mormacento. Um clima horrível para o verão, mas que se encaixava perfeitamente com o humor de Lílian e sua falta de entusiasmo pelo noivado da irmã.

   Logo cedo havia movimento na casa dos Evans. Enquanto Lílian tomava café preguiçosamente e Roberta lia uma revista qualquer no sofá, Petúnia tinha vestido uma luva e limpava compulsivamente cada superfície da casa, que com algumas horas não parecia mais o lar gostoso e levemente bagunçado da família, mas sim uma casa demonstrativa, limpa demais, onde parece que não mora ninguém. O cheiro de produtos de limpeza irritava o nariz de Lily e fazia com que ela ficasse tonta.

   Cada minuto que pode, Lílian passou sentada no seu quarto lendo seus livros de magia e sentindo saudades de Hogwarts. Esse era um daqueles dias que ela apenas tinha vontade de avançar, pular, fazer como se nunca tivesse existido. Se ela pudesse teria simplesmente se trancado no seu quarto e dormindo durante o jantar, mas como Petúnia explicaria a ausência da irmã mais nova ao noivo? Não podia contar para ele que Lílian era uma anormal, afinal, o que ele pensaria? Não iria por fim decidir que não queria nada com Petúnia por ter uma irmã que era uma... bruxa? Então Lílian devia comparecer a mesa dos Evans na hora exigida e tentar agir normalmente.

    Quando Lílian já estava quase aceitando a idéia de ter um péssimo dia uma coruja chegou trazendo uma noticia maravilhosa.

    Ainda estava em Hogwarts quando tinha tido a idéia. Uma vez que era bruxa deveria ter a lareira de sua casa conectada a rede de flu. Alice havia sugerido que escrevesse ao ministério e agora chegará sua resposta.

    Prezada srta. Evans.

   Viemos por meio desta informar que sua solicitação para acesso a rede de flu é perfeitamente cabível, contanto que a sua lareira seja ligada a rede somente durante os períodos que a senhorita estiver em sua residência trouxa. Ainda essa tarde, funcionários do ministério devem comparecer em sua residência para fazer os ajustes necessários.

    Érico Perkins

   Departamento de Transportes Mágicos.

    Mal teve tempo de terminar de ler quando um som parecido com o estalo de um chicote anunciou que tinha alguém aparatando nos fundos da casa.

    Desabalada, Lily correu até a porta dos fundos tropeçando nos baldes de limpeza de Petúnia e acabou dando de cara com um senhor de cabelos ralos e grisalhos que vestia um traje de bruxo no mais chamativo púrpura.

    - Residência de Lílian Evans? – Perguntou, mesmo Lily tendo certeza que ele sabia perfeitamente estar na casa certa.

   - Sim senhor. – Respondeu a menina.

   - E você deve ser a mocinha que solicitou a conexão com a rede de flu?

   - Exatamente. – Disse sorrindo. – Entre, por favor.

   O senhor entrou sem se incomodar em limpar os sapatos, deixando um rastro de poeira no chão recém encerado de Petúnia. Lily o levou até a sala de estar e este se sentou como se estivesse em casa.

   - Eu sou Vladimir Nazco, funcionário do Departamento de Transportes Mágicos. – Ele anunciou. – Seus pais estão em casa?

   Nesse exato momento Roberta apareceu na porta parecendo assustada com o excêntrico visitante. Lílian lhe explicou que este também era bruxo e que estava lá para facilitar a vida de Lily.

   Vladimir fez algumas perguntas referentes as pessoas que habitavam a casa. Um curto interrogatório e por fim levantou-se e foi até a lareira da casa.

   - Conectar uma lareira a rede de flu é algo que eu podia ter feito do Ministério, mas como podem ver essa aqui exige alguns ajustes e para isso foi necessário comparecer pessoalmente.

    Ele fez um pequeno aceno de varinha e a lareira expandiu-se consideravelmente. Aquela que antes havia sido pequena agora tinha espaço para uma pessoa adulta em pé. Ele fez um feitiço desconhecido e uma luz verde que parecia chamas saiu de sua varinha e sumiu no interior da lareira. Por ultimo ele acrescentou dois pequenos suportes de cada lado da lareira e colocou em cada um deles um pequeno vasinho que continha um pó verde esmeralda.

   - Tudo pronto senhoras. – Disse sorrindo. – Espero ter ajudado bastante.

   Vladimir apontou a varinha para a madeira que estava colocada na lareira e instantaneamente ela pegou fogo. Dirigiu-se até um dos vasinhos e pegou um punhado do pó de flu que ali estava. Jogou-o nas chamas que adquiriram uma cor esmeralda e então entrou na lareira gritando “Ministério da Magia”. Algumas rodopiadas depois ele tinha desaparecido.

   Roberta ainda olhava para o lugar onde o homem havia sumido quando Petúnia entrou a altos brados na cozinha.

   - MALDITA ABERRAÇÃO! – Ela gritou a todo os pulmões. – Aposto que foi você que fez esse rastro de sujeira no chão!

   Lílian começou a gargalhar.

   - Qual é a graça? – Perguntou Petúnia irada.

   - Me esqueci de agradecer a Vladimir por ter sujado o chão. – Lily respondeu petulante e dando as costas para a irmã foi para seu quarto.

   Lily passou o resto do dia no seu quarto saindo apenas para o horário do almoço. Escreveu uma carta para Dorcas contando que agora poderia visitá-la porque estava conectada a rede de flu. Por alguns momentos ela chegava a esquecer do jantar que se aproximava. Passou horas sentada no parapeito da janela folheando um álbum de fotos que ela vinha preenchendo desde o primeiro ano em Hogwarts.

    Quando a tarde se aproximava do fim, foi com pesar que ela começou a separar a roupa que vestiria durante a noite e tomou um banho demorado.

   No fundo ela sabia que não deveria vestir aquela roupa, mas a vontade de provocar a irmã era grande demais para ser ignorada, afinal, por mais certinha que Lily fosse, ela ainda era apenas uma adolescente e adolescentes tendem a rebeldia. Escovou seu longo cabelo ruivo e esperou a hora de descer.

    Petúnia estava praticamente dando para a família um roteiro a ser seguido. Onde deviam estar sentados quando Valter chegasse, o que deviam dizer, como deviam se portar. Lily já sabia perfeitamente seu papel. Só poderia descer quando todos estivessem sentados conversando na sala de estar. Ela devia se portar como uma dama e dar como desculpa para o seu atraso o fato de que se dedicava muito aos estudos e que estava escrevendo uma carta para o diretor da sua escola no norte para que ele mandasse livros novos e diferenciados.

   Lílian havia decidido o que vestir se baseando em seu momento de entrada. Se Petúnia tivesse pedido para ela esperar na sala como uma parte fundamental da família ela até poderia ter considerado se comportar e teria vestido a blusa florida que sua mãe havia lhe dado para a ocasião, mas se a irmã queria tanto mostrar que ela era diferente, Lily daria motivos para isso, afinal, Petúnia não poderia insultá-la por estar vestida daquele jeito na frente de seu noivo.

     Às sete horas em ponto a campainha da casa soou e Roberta – como o ensaiado – foi até a porta receber o futuro genro, que vestia um suéter azul e uma calça mais social, bem adequado para um jantar em família. No rosto corado, exibia um sorriso de felicidade e talvez triunfo. Havia afinal conquistado sua garota e se tornariam oficialmente noivos naquela noite.

   - Boa noite Valter.

   - Boa noite senhora Evans.

   - Por favor, me chame de Roberta.

   Lílian que ouvia tudo do final da escada se repeliu diante de tais frases ensaiadas.

   Depois de alguns cumprimentos e algumas piadinhas que Petúnia tinha pedido para o pai fazer, os quatro foram para a sala de estar, onde agora tinha uma gigantesca lareira e onde Roberta deveria servir bebidas. Estava na hora de Lily descer.

   O som dos passos descendo as escadas fez com eles se silenciassem. Valter olhou indagador para Petúnia e essa lhe respondeu que era sua irmã. Lily e Valter nunca haviam conversado apenas Lily via Valter passando pela rua com a irmã e ele via ela sentada na varanda lendo.

   Assim que Lily entrou Petúnia ficou branca. O sinal da raiva. Talvez para Valter aquela roupa fosse apenas comum, mas Petúnia sabia perfeitamente bem o que era. Os sapatos pretos, a meia calça cinza, a saia um pouco acima do joelho e a blusa branca de botões. No pescoço ela tinha o colar em forma de leão que James havia lhe mandado na noite passada e este combinava perfeitamente com a gravata vermelha e amarela. Uma perfeita aluna de Hogwarts. Uma perfeita Grifinória.

   - Boa noite Valter. – Ela o cumprimentou com um aperto de mãos que ele retribuiu sem notar nada de estranho de garota, a não ser talvez a excêntrica escolha de cores na gravata.

   - Boa noite. Você deve ser a Lílian não é?

  - Isso mesmo.

  - Túnia não me falou muito de você. – Ele tentou puxar conversa quando Lily se sentou. – Só disse que você estudava fora da cidade.

   - Bom, eu tenho uns problemas de saúde, por isso uma escola no norte é mais indicada, por causa do clima sabe.

   - Entendo. E qual é o nome da sua escola?

   Petúnia olhou para Lílian passando uma mensagem bem clara: “Não fuja do ensaiado”, mas acontece que Lily estava se sentindo rebelde naquela noite.

   - Hogwarts. – A menina respondeu sorridente, enquanto Roberta observava alarmada e Petúnia quase desfalecia de raiva.

   Valter não reparou nada.

   - Só Hogwarts? – Ele perguntou franzindo a testa.

   - Só. – Lily respondeu simplesmente. – É uma ótima escola.

   Petúnia queria claramente que mudassem de assunto, mas Valter parecia determinado em conquistar a aprovação da cunhada sendo atencioso.

   - E como funcionam as matriculas?

   - Ah, são eles quem selecionam os alunos aptos a estudar lá. Depois eles convidam os que acham que tem os talentos certos.

   Antes que Valter pudesse perguntar mais alguma coisa Roberta serviu as bebidas e o assunto foi esquecido.

   Mas em sua cabecinha ruiva Lílian matutava um meio de fazer com que Valter nunca esquecesse a noite do seu jantar de noivado.

                                                             ****

   As coisas começaram a ficar realmente estranhas quando chegou a primeira coruja.

   Estavam todos ainda reunidos na sala quando um belo espécime branco como a neve adentrou o aposento, voando tão graciosamente que pareceria algo de outro mundo. Imediatamente Lílian reconheceu Snow, a coruja de Sirius. Sorriu com a visão de Valter olhando de olhos arregalados a ave que pousava exatamente no braço da poltrona de Lílian.

   - Olá Snow. – Disse a menina acariciando levemente a cabeça da coruja e deixando bem claro que era algo normal naquela casa, enquanto os pais de Lily olhavam alarmados e Petúnia parecia que desmaiaria. – O que esses marotos querem dessa vez hein? – Perguntou enquanto desamarrava a carta como se estivesse realmente esperando que a ave respondesse.

    Quando ela enfim retirou o bilhete da perna dela, Valter estava com os olhos esbugalhados. Tudo bem que era estranho uma coruja dentro de casa, mas uma coruja que entrega cartas? Absurdo.

    Lily viu que seu cunhado estava a beira de um ataque nervoso e antes que Snow abrisse as asas e fosse embora ela resolveu que podia ficar melhor.

   - Tem nozes no meu quarto Snow, é só subir a escada e virar a direita. A porta está aberta. Tenho certeza que Solaris vai amar companhia.

   Lily disse aquilo apenas para provocar Petúnia, em momento algum ela esperava que Snow realmente saísse voando por sobre as cabeças deles e se dirigisse para o segundo andar. A cara que Valter fez foi tão indignada que Lily teve que se segurar para não rir.

   Demorou alguns segundos a mais do que o necessário para que Valter dissesse alguma coisa e quando o fez foi definitivamente a pergunta errada.

   - Você tem uma coruja de estimação? – Perguntou ele falhando miseravelmente na tentativa de parecer despreocupado.

   - É claro que sim. – Lily respondeu sorrindo. – Mas não é a branca, essa pertence a um amigo. A minha está no quarto e se chama Solaris. Gostaria de conhecê-la? – Ela perguntou fazendo menção de se levantar.

   - Não, não é necessário. – Valter respondeu rápido demais.            

   - Tudo bem. – Lílian de ombros e voltou a se sentar. Resolveu abrir o bilhete.

   Pelo que aconteceu a seguir Lily resolveu que daria um presente a cada um dos marotos quando voltassem para Hogwarts.

   Assim que ela desdobrou aquele pedacinho de pergaminho que parecia terrivelmente simples uma explosão de cores se fez presente. Um grande grupo de faíscas roxas e douradas sobrevoou a sala para no fim juntarem-se em frente a uma parede clara da sala permitindo claramente a todos observar as palavras que se formavam.

   OS MAROTOS DIZEM OLÁ RUIVA! NÃO DEIXE OS TROUXAS ARRASAREM VOCÊ!

   E ao fundo Lily podia jurar que ouvia quatro meninos sapecas rindo enquanto as palavras apareciam. Tentou, mas não conseguiu esconder um sorriso, que se transformou em uma gargalhada quando viu o rosto vermelho de Valter. Parecia tão assustado que Lily não teria se surpreendido se ele tivesse desmaiado ali mesmo.

    Quando o coro de risadas por fim sumiu, um silêncio perturbador se instalou no local. Lílian já estava começando a ficar com medo que sua irmã lhe matasse naquele instante quando Roberta se pronunciou.

   - O pai dos seus amigos ainda lida com fogos especiais Lily? – Perguntou tentando quebrar o clima ruim ao mesmo tempo em que explicava a estranha formação das luzes.

   - Ah sim. – Ela respondeu sorrindo. – Você precisa ver Valter, sempre nas primeiras semanas de férias o pai dos meus amigos elabora uma surpresa especial para os colegas dos filhos.

   - E as corujas treinadas, têm saído bastante filha? – Perguntou August.

   Lily se surpreendeu com o empenho dos pais em tentar explicar as coisas estranhas.

   - Estão se tornando uma febre. Quase todos os alunos de Hogwarts já têm uma. Dorea quase não vence treina-las.

   Valter pareceu ficar menos nervoso com esses comentários, mas não menos desconfiado. Minutos depois, quando Roberta chamou todos para o jantar ele se certificou que era o ultimo a sair e foi até a poltrona onde Lílian estava sentada. Lá ainda se encontrava o bilhete que ela tinha recebido. Ele o pegou nas mãos esperando encontrar algo que justificasse o aparecimento dos fogos, mas era apenas um pedaço de papel comum, sem nem sequer uma ponta chamuscada que denunciasse a explosão que havia ocorrido. Nada além de algo que parecia uma assinatura.

     De: Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas (seu amor).

     Para: Ruiva.

  Resmungando sozinho ele foi até a sala de jantar, mas uma coisa ficava bem clara para ele. Havia algo de muito errado com Lílian Evans.

   O jantar foi um evento estranho. Em vários momentos o silêncio tentou prevalecer, mas este era quebrado por tentativas forçadas de August e Roberta de estabelecer uma conversa. No fundo Lily sabia que eles não queriam que Petúnia se casasse, mas também sabia que eles fariam de tudo para ver a filha feliz e se isso significava um casamento eles aprovariam.

   E também, por mais que Petúnia tentasse parecer a vontade, Lily tinha perfeita consciência de que a irmã pensava na carta que Lily havia recebido e tinha medo de que as coisas estranhas afastassem Valter dela.

   Lily permaneceu a refeição inteira em silêncio, contemplando a melhor comida que sua mãe sabia fazer em seu prato. Não tinha vontade de conversar, nem de tentar ser amiga de Valter. Só queria estar na companhia dos amigos em volta da lareira do salão comunal em Hogwarts. Ela até mesmo aturaria as travessuras dos marotos para se ver longe desse jantar.

   Às nove horas em ponto, Valter se levantou e oficialmente pediu a mão de Petúnia em casamento e por mais que Lily não se desse bem com a irmã, por mais que achasse Valter um idiota, era impossível não se comover com a felicidade expressa no rosto da irmã, que tão poucas vezes expressava alguma emoção além de rancor. Ver Petúnia sorrir, fez com que Lily sentisse saudades do tempo em que podia contar com ela para tudo, fez querer acima de tudo ser aceita por Túnia. E então ela resolveu que por aquela noite chegava de coisas estranhas acontecendo naquela casa. Ver Petúnia sorrir já era algo estranho o suficiente.

    Porém, é claro, Lily não tinha controle nenhum sobre as coisas que aconteciam quando magia estava envolvida.

   Eles voltaram para a sala de estar onde brindaram à saúde do casal. August e Valter estavam conversando sobre trabalho, Petúnia e Roberta falavam sobre o casamento e Lily olhava inexpressiva para a lareira onde um único pedaço de madeira queimava com um fogo azulado que não produzia calor algum. Estava ali desde o momento em que Vladimir o acendera e Petúnia havia tentado apaga-lo a todo custo, mas sem nenhum resultado. Lily pensou que bastava ir até lá e pegar um pouquinho de pó que poderia estar na companhia de Dorcas em alguns segundos. Era isso que teria feito se não tivesse que comparecer a esse jantar.

    Desde sempre Lily havia sido péssima em esconder o modo como se sentia. Sua cara de tédio era tamanha que Petúnia já estava começando a se irritar novamente. Era para parecerem uma família feliz e normal, mas na opinião da mais velha Lílian parecia mais ainda uma aberração, vestida com aquele uniforme horrível e olhando para a lareira como se esperasse que a qualquer momento alguém fosse se materializar ali.

    - Lily querida, está se sentindo bem? – Roberta perguntou ao notar o silêncio constante da filha.

   - Estou ótima, só com um pouco de sono. – Mentiu.

   - Porque não sobe e descansa Lílian? – Petúnia perguntou tentando parecer gentil aos olhos de Valter.

   - Eu não faria essa desfeita Túnia. – Lily respondeu sorrindo falsamente.

   A irmã mais velha apenas sorriu amarelo em resposta.

   - Mas acho que vou subir para enviar a carta para o diretor, a respeito dos livros novos. – Disse Lílian cansada de permanecer na sala. – Volto logo.

   Porém como nem tudo pode ser perfeito Valter fez uma pergunta, que faria com que Petúnia mais uma vez temesse que ele descobrisse a verdade sobre Lílian.

   - E você vai enviar essa carta pela coruja?

   Lily sorriu quando respondeu.

   - Claro, como eu disse, elas são uma moda em Hogwarts, até Dumbledore tem uma.

   Nesse exato momento um barulho na janela chamou a atenção de todos. Uma coruja bicava o vidro pedindo passagem. Pequena e cinzenta com manchas negras. Quione, a coruja de Dorcas. Lily abriu a janela e retirou a carta que estava com ela, que nem esperou um convite de hospedagem e já foi entrando e seguindo para o quarto de Lily.

   - É Quione, pertence a uma amiga minha. – Disse a menina diante a cara de estupefação de Valter. – Como podem ver ela se sente em casa. Vou subir.

   E assim ela subiu as escadas em direção ao quarto.

   Dorcas estava eufórica na carta. Dizia que estava muito feliz por Lily ter se conectado ao flu e mal podia esperar para ir visitar a amiga.

   Ficou alguns minutos brincando com Solares, Quione e também com Snow, que se mostrava tão folgada como o dono, aproveitando da hospitalidade de Lílian o máximo possível.

   Resolveu voltar a sala de estar e já estava começando a descer as escadas quando um barulho fez com que ela paralisasse no lugar.

   Um ruído sibilante, parecido com o som do vento, porém um pouco mais “fofo”. O ruído de alguém chegando pela lareira.

   E o barulho se repetiu. Uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Os gritos de Valter e Petúnia fizeram com que Lily voltasse a se mexer.

   Chegou na sala para dar de cara com Dorcas Meadowes, Pedro Pettigrew, James Potter, Sirius Black e Remo Lupin, todos cobertos de fuligem, tentando se desculpar por aparecerem sem avisar, sem entenderem porque Valter estava desmaiado no sofá e Petúnia gritando.

   - Mas o que vocês estão fazendo aqui? – Lily meio que gritou e todos os olhares convergiram para ela.

   - Lils!

   - Lily!

   - Ruiva!

   - Meu Lírio!

   E todos vieram em sua direção esmagando-a em meio a milhões de braços.

   - Repito. – Lily falou novamente enquanto se desviava dos braços de James. – O que vocês estão fazendo aqui?

   - É uma longa história. – Respondeu Dorcas.

   - E engraçada também. – Acrescentou Pedro.

   - Tudo é engraçado pra você Rabicho. – Disse Sirius.

   Lily olhou para os pais que pareciam assustados e em seguida para Valter que realmente havia desmaiado no sofá?

   - O que fazemos agora? – Lily perguntou desesperada com o fato de que seu cunhado trouxa havia acabado de ver uma claríssima demonstração de magia.

   - Acho que podemos jogar Snap Explosivo. – Respondeu Sirius sorrindo. – Você tem esse jogo Lily?

   - Não Black. – Falou Lílian passando a mão pelo rosto nervosa. – Estou falando de o que fazemos em relação ao meu cunhado que é TROUXA e acabou de ver cinco pessoas saindo do nada da minha lareira.

   - Aaah! Ele é trouxa? – James perguntou chegando perto de Valter como se examinasse algo de outra espécie. – É bastante feio também. Acho que devemos avisar o ministério.

   - Deixe que eu resolvo isso. – Falou Sirius e foi até a lareira, pegou um punhado de flu e entrou no fogo gritando “casa dos Potter”.

   - Acho que o pai do Pontas pode ajudar mesmo. – Refletiu Remo.

   August se levantou e venho em direção as crianças. Só então Lily se tocou que seus pais haviam acabado de ver varias pessoas que não conheciam irromper em sua sala de estar. Tudo bem que estavam acostumados com coisas estranhas, mas isso era meio que um abuso.

    - Por Merlin pai. – Lily disse enquanto o abraçava. – Eu não queria que isso acontecesse.

    - Tudo bem querida, não foi sua culpa. – August olhou para os adolescentes atrás de Lily. – Nem dos seus amigos que não sei o nome.

   - Desculpe senhor. Eu sou Dorcas Meadowes. – Disse a loira estendendo a mão.

   - Remo Lupin.

   - E eu sou Pedro Pettigrew.

   - Acho que já nos conhecemos senhor, eu sou James Potter.

   - Ah sim, o menino da estação que manda presentes para minha filha. – Respondeu August sorrindo. – É um prazer rapaz.

   O olhar de James voou para o pescoço de Lílian e um sorriso gigante se abriu ao ver que a menina usava o colar que ele havia lhe mandado.

   - E aquele que saiu é Sirius Black. – Disse Remo.

   - Para onde ele foi falando nisso? – Perguntou August.

   - Buscar ajuda. – James disse simplesmente.

   Somente nesse momento Roberta saiu do lado de Petúnia que tentava acordar Valter e foi cumprimentar os visitantes inesperados. Minutos depois Sirius voltou acompanhado de Charlus Potter e de um homem que ninguém conhecia.

   Depois de feitas as apresentações, o homem que se chamava Rudolf Drimger e que era um representante do ministério começou as perguntas.

   - O rapaz é da família?

   Lílian apenas tinha aberto a boca quando a voz de Petúnia a interrompeu.

   - É meu noivo, portanto é da família sim. – Ela disse soando dura.

   - E a senhorita é irmã de Lílian? – Perguntou Rudolf.

   - Sim.

   - Então vamos tentar apenas explicar ao rapaz as coisas. É menos trabalhoso do que executar um feitiço da memória e requer bem menos papelada.

   Ele caminhou até onde o lugar onde Valter ainda estava desacordado e puxou a varinha das vestes.

   - Tire isso de perto dele! – Protestou Petúnia.

   - Não vou lhe fazer mal criança. – O homem respondeu simplesmente e então apontou para Valter. – Enervate!

   Imediatamente ela acordou e ao ver os adolescentes ali começou a se tingir de diversos tons de vermelho enquanto balbuciava incoerências.

   - Loucos... bruxaria... malditas corujas...

   - Calma senhor, vamos conversar.

   - Me tire de perto dessas aberrações Túnia. – Ele implorou e mais uma vez Lily percebeu o quanto ambos eram parecidos.

   - Calma Valter, ele vai explicar. – Petúnia respondeu ainda com a voz inflexível.

   - Acho melhor vocês subirem. – Disse Rudolf apontando para os seis bruxos na sala. – Estão deixando o rapaz nervoso.

   Lílian se virou e começou a subir as escadas seguida pelos outros. Sem saber o que fazer foi para o seu quarto.

  - Pode explicar o que aconteceu Lils? – Pediu Dorcas. – E por Merlin, porque você está usando o uniforme da escola?

   Lily suspirou profundamente e sentou-se na cama enquanto os meninos observavam o quarto com curiosidade.

   - Hoje era o jantar de noivado da minha irmã. – Disse.

   - Sua irmã vai se casar com aquele monte de gordura? – Perguntou Sirius.

   - Afirmativo. E eu estou com o uniforme porque queria irritar Petúnia.

   - Quem diria que a monitora de Hogwarts também tem um lado rebelde? – Perguntou Remo fazendo todos rirem.

   - Na verdade eu sempre soube a Lily no fundo era uma marota. – Disse James.

   - Você não sabe de nada Potter. – Respondeu irritada. – Afinal, o que vocês cinco estão fazendo na minha casa?

   Todos os meninos olharam para Dorcas que ficou levemente rosada.

   - Digamos que tudo aconteceu por causa de um pequeno problema de memória. – Começou Dorcas. – Eu estava em casa e senti vontade de ir visitar a Marlene. Esqueci que eles estavam viajando, mas acontece que eles bloquearam a lareira para evitar intrusos enquanto estavam fora e eu acabei na casa dos Potter.

   - Foi da hora Evans. – Disse Pedro. – Estávamos jogando xadrez no tapete da sala e então Dorcas meio que caiu de cara no nosso jogo. Aluado é claro ficou feliz da vida, afinal não é todo dia em uma garota aparece do nada na sua frente.

   - Enfim, - continuou Dorcas mais corada ainda, - Dorea me recebeu e eu fiquei um tempo lá conversando com os meninos e sem querer disse que você tinha conectado sua lareira a rede de flu.

   - Então é claro que o Pontas quase teve uma parada cardíaca e resolveu no mesmo minuto que não poderia ficar em casa sabendo que sua ruiva estava apenas a umas rodopiadas de distancia. – Contou Remo. – Eu sugeri que mandássemos uma coruja avisando a visita, mas todas as nossas quatro corujas estavam fora.

   - Falando em coruja, onde esta a minha? – Perguntou Sirius. – Você devia ter mandado ela pra casa Lílian.

   Lily sorriu e apontou para um canto do quarto onde Snow estava com Solaris e Quione.

   - Os fogos foram muito oportunos meninos. – Ela disse ainda sorrindo. – Tive a sorte de abrir o bilhete com Valter do meu lado.

   Os meninos começaram a rir, e Lílian lembrou-se que havia pensado em dar um presente a cada um pelo transtorno.

   - Então, como posso agradecer os senhores por arruinarem o jantar de noivado da minha irmã?

   Ela soube que não devia ter perguntado assim que viu os quatro se olharem cúmplices.

   - Que tal você sair com o Pontas, hein Evans? – Perguntou Pedro.

   - Nem que Merlin me pedisse. – Respondeu a ruiva.

   - Tudo bem então. – Disse Sirius. – Como agradecimento a minha linda pessoa você pode me ajudar a fazer a Lene sair comigo. – Pediu fazendo biquinho.

   - Vou pensar no seu caso Black.

   Por poucos segundos eles ficaram em silêncio até que Pedro perguntou.

   - Para que servem todas essas coisinhas? – Disse apontando para a prateleira de Lílian onde se encontravam diversos objetos trouxas como relógios e algumas maquiagens.

   Lily pensou por alguns segundos.

   - Não é nada importante Pedro, são apenas coisas de trouxas.

   James começou a vasculhar o quarto e Lílian apenas observava atenta para que ele não mexesse em algo que não devia, porém em um momento de distração ele abriu uma gaveta e tirou de lá um sutiã verde de renda.

   - Nossa ruiva, quero que você compre um assim pra nossa lua de mel.

   Quando Lily viu o que James tinha em mãos seu rosto ficou tão vermelho quanto seus cabelos.

   - Potter seu tarado! – Ela deu-lhe um tapa e começou a tira-lo do quarto a base de pontapés. – Saia já daqui seu pervertido, onde já se viu!

   Lily colocou todos pra fora e antes de sair fechou a porta. Resolveu que já podiam voltar a cozinha e ao chegar lá viram que Valter e Petúnia não estavam mais ali, assim como o representante do ministério que já tinha ido embora. Apenas Roberta e August conversavam com Charlus.

    - Me desculpe novamente pelo incomodo. – Pedia Charlus. – Não devia ter deixado os meninos saírem sem antes mandarem um aviso para vocês.

    - Imagine, não foi incomodo algum. – Respondeu Roberta. Charlus ergueu as sobrancelhas descrente e o casal Evans riu. – Talvez tenha sido um susto, mas afinal uma hora ou outra Valter teria que saber.

   - Como foi? – Lily perguntou assim que chegou na sala.

   - Ele ficou assustado, mas não parece duvidar. – Respondeu August. – E também se comprometeu em manter segredo. Petúnia foi caminhar com ele e explicar melhor as coisas.

   - Bom. – Lílian respondeu simplesmente. – É um prazer revê-lo senhor Potter.

   - Charlus, Lily, por favor. E também é ótimo revê-la. Como estão suas férias?

   Uma longa conversa se seguiu, um tempo muitíssimo mais agradável do que o jantar de noivado. Todos se deram extremamente bem e Roberta ria sem parar das gracinhas de James e Sirius.

   Eram onze horas, quando depois de muita conversa jogada fora e algumas tentativas de jogar umas brincadeiras de trouxas Charlus com seu modo autoritário anunciou as crianças que era hora de ir embora. Petúnia que tinha chegado sem cumprimentar ninguém e subido direto para o quarto tão pouco apareceu para se despedir.

   Dorcas foi primeiro logo depois de dar um demorado abraço em Lily e prometer que a visitaria em breve.

   - E, por favor, não tenham medo de nos visitar quando quiserem. – Dizia Charlus sorrindo. – Dorea adora companhia.

   - O mesmo vale para você Charlus. – Brincou August.

   - Tudo bem meninos, quem vai primeiro?

   Todos começaram a se despedir, mas antes que chegasse a vez de James ir embora ele foi até Lily e falou com ela baixinho para que mais ninguém ouvisse.

   - Eu sabia que o colar ficaria lindo em você.

   - O colar é lindo, estando em mim ou não. – Respondeu Lílian.

   - Admita Lírio, eu tenho um ótimo gosto não? Tanto para presentes como para garotas.

   - É uma questão de ponto de vista.

   - Eu vou indo. – Disse James ao ver que só restavam ele e o pai. – Vou sentir saudades Lils. – Ele deu um beijo na bochecha de Lily e antes que ela pudesse protestar ele já havia entrado na lareira.

    Charlus estava quase partindo quando Lily se resolveu.

   - Charlus! – Chamou a menina. – Diga ao Potter que para ele é apenas Evans.

   O senhor Potter sorriu antes de responder.

   - Pode ter certeza que direi.

   E então ele tinha sumido em meio a um rodopio deixando Lily ainda levemente corada pelo beijo que James havia lhe dado. Pela primeira vez o motivo do seu rubor não era raiva, nem vergonha, mas sim um repuxão estranho na boca do estomago que ela não sabia o que era e que ainda demoraria um longo tempo para descobrir.

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Não é lindo isso? Lily está finalmente amolecendo. (awnnn)

Esse capitulo foi o maior que eu escrevi até agora, não sei se é bom ou ruim, me digam se for muito tedioso ler um cap grande demais que eu posso começar a feze-los menores.

E obrigada a @Petter_Bruna e @Castro_Bruna que me seguiram no twitter. Quem pudae dá uma passadinha lá @okayKets 

Por hoje é só e até a próxima.

(Leitores lindos, eu estou achando que a capa da fic está mais que feia, afinal eu fiz ela no dia de postar, correndo tudo e nunca achei ela boa, mas era a unica opção, então se alguem se dispuser a fazer uma capa para mim eu agradeço de coração)


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