A Preferida escrita por Roli Cruz


Capítulo 34
A Peça Quase Perfeita


Notas iniciais do capítulo

É gente... Esse é o último.
Mas, eu já fiz o primeiro capítulo da próxima temporada. O link vai estar no final desse capítulo. Para, quem quiser continuar lendo a história da Jenny, já poder ver a 2° Temporada ^^
Esse ficou... Particularmente grande. Eu queria recompensar a todos os leitores fiéis que eu tenho nessa história ^^ Então, esse capítulo é o maior da fic inteira.
Espero que vocês gostem, porque eu gostei muito =D
Aproveitem!
Beijos! ;*



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Pov. Amani

– Mas onde aquela menina se enfiou? – Ouvi perguntarem pelos corredores.

Estávamos a apenas meia hora da grande peça. E Jennifer, a “oradora”, quero dizer, a garota que vai falar um poema de Shakespeare para começarmos, não estava lá. Em nenhum lugar, na verdade.

Nem Piper sabia onde Jenny estava.

Eu andava de um lado para o outro à todo momento. O professor Turner tinha me escolhido para ser Romeu. O Andrew seria meu pai, o Montecchio. Acho que o escolheram, por ser loiro. Igual a mim... Enfim, a tal de Lee Kennedy seria a Julieta e, Elizabeth, como tinha reclamado muito de seu papel, acabou sendo a ama de Julieta.

Creio que ela não ficou muito mais feliz. De verdade, Elizabeth queria ser Julieta. Ou Desdêmona. Acho que é por isso que está com tanta raiva de Jenny.

Só espero que o Nicholas não fique com ciúmes ou algo assim. Soube que ele e a Lee estão juntos.

– Amani? – Ouvi alguém chamar. Virei meu rosto e vi Piper. Ela estava linda... Não! Não que eu esteja gostando dela! Eu sei que ela está fielmente comprometida com o Andrew... Hnn, mas ela estava linda com o vestido de Lady Macbeth, a esposa de Macbeth. Obviamente.

– Sim? – Respondi, saindo do transe.

– Você teve notícias da Jenny? – Ela pareceu preocupada. Aliás, ela estava preocupada. Agora faltavam somente uns vinte minutos até as cortinas vermelhas no palco se levantarem.

– Não. Ainda não. – Disse, olhando para seu vestido. – Você está com espartilho?

– Sim. – Ela respondeu, passando a mão na barriga. – Quase não consigo respirar. – E então ela me olhou e viu minhas vestes. Piper começou a rir.

– O que? – Fiz cara feia.

– Você está mesmo de meia calça? – Ela continuou rindo, fazendo força para conseguir respirar normalmente.

– A culpa não é minha, se os caras do século dezessete não gostavam de calças. – Cruzei os braços.

– Ok. Ok. – Ela disse, mexendo no cabelo. – Tchau, vou arrumar logo o cabelo e a maquiagem, antes que seja tarde demais. Se tiver notícias dela, me avise!

– Ok. – Respondi e observei até ela sair de vista.

Recomecei a andar de um lado para o outro. Fui até o palco, aproveitando que as cortinas ainda estavam fechadas, e dei uma olhada por uma pequena fresta que mostrava o público.

Pais, mães, irmãos, professores, o diretor... Toda a família dos alunos que estavam participando da peça estava ali. Assim como os estudantes que não estavam participando, e todos os funcionários da escola inteira.

De repente, meu estômago começou a revirar. Nunca tinha me apresentado para tanta gente antes. Nos ensaios, apenas os integrantes da peça e o professor nos observavam. Não a escola inteira.

– Com medo? – Ouvi uma voz rouca atrás de mim. Dei um pulo com o susto e olhei feio para ele.

– Mas é claro que não. – Respondi, mirando-o de cima à baixo. Estava com as vestes parecidas com as minhas. Botas de cano alto, pretas, meia calça, um casaco que quase chegava aos joelhos, com muitos volumes nos ombros e excesso de pano nas mangas. E um chapéu enorme, com uma pena, na cabeça. A diferença, é que minha roupa era mais colorida. As meias calças eram verdes e o chapéu também. As roupas de Nicholas eram todas pretas, a não ser uma fita branca no chapéu e a meia calça, igualmente branca. – Que personagem vai fazer?

– Antonio. – Ele respondeu. Fiquei boquiaberto.

– Te deram o papel principal? Você vai ser o Mercador de Veneza?

– Porque essa cara de espanto? – Ele estreitou os olhos verdes. – Até parece que você pensa, que eu não mereço esse papel...

– Não! Não disse, nem pensei nada disso! Eu juro! – Tentei consertar, antes que me desse mal. Nicholas era bem mais alto e forte que eu. O loiro pequeno e magricela.

– E a Jennifer? – Ele perguntou, com preocupação visível.

– Ainda não chegou. – Respondi.

– Quem é a substituta dela? – Ele me olhou fixamente, seu olhar era frio e eu estremeci.

– Não sei. Acho que ela não tem. Não vi ninguém mais ensaiar como Desdêmona.

– E o poema que ela falaria?

– Ah... – Tirei o chapéu e cocei a cabeça. – Acho que vamos ficar sem o poema.

Sem falar nada, Nicholas saiu de perto de mim, indo na direção contrária.

*

Pov. Nicholas

Mas aquilo era um absurdo! Como assim ninguém a encontrava?

Saí de perto de Amani pisando duro. Se ninguém era competente o suficiente para encontrá-la, eu seria.

Fui até a entrada dos “atores” e saí. Olhei para os dois lados do corredor. Nenhum sinal de vida.

Continuei andando até chegar ao estacionamento. Olhei para a rua. Vários carros entravam, várias famílias saíam sorridentes e passavam por mim, esperando encontrar o auditório.

Girei nos calcanhares e fui até a outra extremidade da escola, passei pelo refeitório e o ginásio. Quando finalmente cheguei à entrada principal, vi a silhueta de alguém vindo em minha direção. Primeiro, pensei que não conhecia a pessoa, mas me enganei. Aquela era justamente a pessoa que eu estava procurando.

*

Pov. Jennifer


– Jennifer! – Ouvi, de longe, gritarem meu nome, mas não tive forças para responder. Eu podia jurar que, se abrisse a boca para falar um “a”, desabaria a chorar novamente.

Assim que saí do consultório, vim direto para a escola. Sabia que as únicas pessoas que eu precisaria, estariam aqui. Esperando que eu chegasse.

Continuei andando de cabeça baixa. Eu sabia que era o Nicholas, quem tinha gritado meu nome, mas não sabia mais o que era real, e o que era farsa. E se eu tivesse saído, antes de saber de mais alguma coisa?

E se a volta de Andrew estava nos planos de Margareth também?

E se Nicholas também era um comparsa?

E se, e se, e se... Eu só conseguia pensar nessas hipóteses. Uma mais absurda que a outra.

– Jenny. – Ouvi Nicholas chegar perto de mim e sussurrar. – O que aconteceu com você? Onde você estava? Todos estão loucos atrás de você! E... – E então ele se calou. Eu não conseguia mais evitar. Tinha recomeçado a chorar.

Sem que eu o impedisse, senti o moreno me abraçar fortemente. Sinceramente, era somente daquilo que eu precisava.

Naquele momento, não me importaria nem um pouco se ele também era um “projeto”. Apenas senti-lo, sentir seu cheiro... Tornava tudo muito melhor.

– Vamos fazer o seguinte: - Ele me fez encará-lo, e secou minhas lágrimas com os dedos. – Você entra lá, lava esse rosto, coloca sua roupa de Desdêmona e se arruma. Fique linda, como eu sei que você é. – Ele sorriu. Não resisti, também sorri. Acho que ele ficou feliz com isso. – É. Assim mesmo que você é linda. Sorrindo.

Tentei argumentar. Eu precisava recitar o poema. Mas ele me cortou:

– E quanto ao poema, fique tranquila. – Ele sorriu. – Pode deixar que eu vou dar um jeito nisso. – E, beijando minha testa, ele me puxou para dentro da escola. Até o “camarim”.

*

Pov. Piper


– Dá pra acreditar? – Ouvi Elizabeth falando com a Lee no espelho ao lado. – Colocaram justo a Jennifer para Desdêmona. E ela nem tinha se prontificado para o papel! Ela fez um ensaio e já foi escolhida. O namoradinho dela deve ter facilitado as coisas. – Sorri e continuei a passar o pó branco no rosto. – E agora, a queridinha de todos está atrasada...

– Inveja é um prato que se come frio. – Eu disse, olhando-as pelo reflexo do espelho.

– Não é a vingança? – Lee perguntou, enquanto prendia os cabelos ruivos em um coque.

– Não. – Respondi. – É a inveja mesmo. – Virei para Elizabeth e dei um meio sorriso. – Saiba que só escolheram a Jenny para o papel, porque, pelo o que eu soube, ela foi maravilhosa no ensaio com o professor Turner. E, se você não se importar, eu quero terminar de me arrumar, pois, diferente de você, Elizabeth... Eu peguei sim um papel importante. – Coloquei uma presilha de brilhantes na longa trança que tinha feito e me levantei da cadeira, tentando respirar normalmente com o espartilho. Ai Deus meu! Como aquilo apertava!

– Sua... – Elizabeth vinha em minha direção, mas eu a olhei com o olhar mais mortal que consegui.

– Nem ouse chegar perto de mim. – Levantei o dedo indicador para ela. – Eu posso estar de salto alto, com um arame imenso em baixo dessa saia gigantesca e com o espartilho. Mas eu ainda quebro sua cara, se chegar mais um centímetro perto de mim!

Acho que ela queria me desafiar, porque deu mais um passo, enquanto Lee ainda segurava-a. Certeza que nós duas começaríamos a rolar pelo chão entre tapas e socos. Mas, felizmente, ouvi uma voz conhecida.

– Piper!

Olhei para trás e vi minha melhor amiga correndo para um abraço.

– O que aconteceu, minha querida? – Perguntei, vendo seu rosto vermelho e seus olhos inchados.

*

Pov. Jennifer


Acho que nunca em minha vida, eu fiquei tão feliz em ver a Piper. Ela simplesmente me abraçou e entendeu que não era hora para explicações.

– Vamos, temos que te arrumar. Eu entro daqui a pouco e, ultimamente, não estou confiando muito nas pessoas aqui. – Senti que ela se referia à Elizabeth, pois na mesma hora, a menina lançou um olhar de puro ódio para ela.

– Espera um momento. – Lee falou, enquanto Piper penteava meus longos cabelos castanhos. – Isso é... O Nicholas?

Não entendi o que ela estava dizendo. Apurei os ouvidos e, finalmente, percebi o que era.

A uma distância não muito grande dali, no palco, Nicholas recitava o poema de William Shakespeare. O poema que era para eu dizer.

*

Pov. Nicholas


Por incrível que pareça, eu sabia o poema que era para ser recitado. Minha mãe, antes de me abandonar... Quero dizer, antes de morrer, me fazia recitá-lo todas as noites. Como se fosse uma prece. Então, aproveitando a oportunidade, cá estou eu. Livrando Jenny de um grande problema.

– Olá, senhoras e senhores. – A cortina se abriu suficiente para que só uma pessoa passasse. Entrei nela e peguei o microfone que estava no suporte. – Sejam bem-vindos ao projeto “Soneto 35”. Para quem não sabe, esse é o nome de um poema de William Shakespeare. E, para começar nosso festival de cenas, irei recitar a poesia propriamente dita.

E, como eu sempre fazia, imaginei o rosto de minha mãe. A linda mulher que me deixou, quando eu tinha doze anos de idade. Só de pensar nela, as palavras começaram a sair de minha boca:


Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O Sol no eclipse é Sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;

Erram todos, eu mesmo já errei tanto;
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;

Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te escuso, e me convenço.

Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.


E assim que terminei de recitar, a platéia aplaudiu.

– Obrigado. – Sorri. – Agora, deixo-lhes nas mãos de uma das peças mais conhecidas de Shakespeare. Macbeth.

Saí da vista da platéia e entrei onde todos estavam se maquiando. Piper passou correndo e, antes de subir no palco murmurou um “obrigada” e beijou minha bochecha. Sorri para a garota e continuei andando. Só parei quando a vi. Estava linda e, mesmo assim, chorava em meio a soluços.

– Ainda chorando, Connor? – Sentei ao seu lado e ela me olhou com os olhos tristes.

*

Pov. Jennifer


– Ainda chorando, Connor? – Ouvi sua voz rouca e, senti mais vontade ainda de me afogar em minhas próprias lágrimas. Vi Nicholas se sentar ao meu lado. Levantei o olhar e encontrei seus olhos verdes me encarando.

Não sei se conseguiria subir no palco naquele estado. Porque o John e a vadia da Margareth tinham que estragar minha auto-estima, justo hoje?!?

– Me conte. O que aconteceu? – Ele pegou minhas mãos e entrelaçou nas suas. Não aguentei. Falei toda a história. O consultório, a Margareth lá, o projeto e como tudo era uma farsa.

O moreno permaneceu calado a história inteira. Quando eu finalmente tinha acabado, ele apenas balançou a cabeça afirmativamente, chegou mais perto e depositou um delicado beijo na minha bochecha.

– Tudo vai ficar bem – Ele disse, depois baixou os olhos para o relógio. – Faltam cinco minutos para sua peça começar. Fique tranquila e deixe todos maravilhados com seu talento. – Ele sorriu. – Esqueça disso enquanto está no palco.

Balancei a cabeça negativamente e baixei os olhos, mas ele me forçou a encará-lo.

– Eu sei que não vai ser fácil. Mas eu também sei que você é forte. – Ele sorriu. Também abri um sorriso tímido. – Isso, agora vai lá e deixa aquela idiota de queixo caído.

– Quem? – Perguntei, com a voz fraca. – A Margareth?

– Bom... – Ele sorriu, parecendo um garotinho de dez anos. – Eu estava pensando na Elizabeth, que queria o seu papel... Mas essa aí também serve.

Eu ri e retoquei a maquiagem. Piper havia feito uma trança embutida em mim e o meu vestido... Digamos que eu nunca me senti tão magra – espartilho – e tão presa – o arame do vestido –, ao mesmo tempo.

Levantei da cadeira com bastante dificuldade, e olhei para o Nick. O moreno me deu um sorriso encorajador e, com esse pensamento na cabeça, subi no palco.

*

Pov. Nicholas


Admito que, enquanto ouvia a história de Jennifer, eu não consegui pensar em nada além de... AQUELE FILHO DA PUTA DO DYLAN VAI PAGAR CARO POR ISSO!

Mas é claro que eu nunca falaria isso na frente da Jenny. Ela já estava mal, se eu falasse isso, acho que ela nunca teria coragem para fazer a peça.

Quando Piper, e o elenco de Macbeth, desceram do palco, eu a peguei pelo pulso e puxei para longe. Contei toda a história e ela ficou tão boquiaberta quanto eu.

– MAS QUE CACHORRO SEM-VERGONHA! – Ela exclamou. Cobri sua boca com as mãos e ela me olhou feio.

– Shh! Fala baixo! – Repreendi, enquanto soltava-a.

– Nossa! Eu nunca imaginaria! – Ela disse totalmente pasma.

– Eu sei... Eu sei...

– E o que vamos fazer? – Ela me olhou suplicante.

– Não vou falar nada, por que se não, você vai dizer que sou bruto. – Respondi, virando as costas para ela e me certificando que ninguém nos escutava.

– Não, não! – Ela me puxou de volta. – Nesse caso, o idiota merece muito mais do que apanhar!

Eu ia responder que, não tinha muita coisa a fazer, mas fui interrompido por duas cabeças loiras que tinham chegado perto de nós dois.

– Piper? – Andrew perguntou. – O que você está fazendo aqui com ele? – O garoto não pareceu irritado, só confuso.

Piper não mediu muito tempo, contou resumidamente a história e eles, Andrew e Amani, escutaram tudo, calados. Quando chegou ao final, ambos estavam com o queixo caído.

– É. – Amani se pronunciou. – Precisamos fazer algo quanto a isso. E logo.

*

Pov. Jennifer


Eu fiz todas as cenas como eu sempre ensaiei. Com todas as emoções expostas e sem vergonha nenhuma, de fazer uma boa peça. Creio que os conselhos do Nicholas me ajudaram muito.

Claro que me lembrei do beijo, enquanto o Mark – que fazia Otelo – simulou a minha morte lenta e dolorosa. Mas, pelo contrário do que pensaria, eu não senti falta de estar em seus braços. Senti um profundo ódio de Dylan. Como ele pôde?

Todas as cenas acabaram e Owen, que fez o invejoso do Iago, foi à frente e recitou uma frase de Shakespeare. Todos aplaudiram e descemos do palco.

Mas só quando saí no corredor, que fazia a ligação das salas, à procura dos meus amigos, foi que vi algo que fez meu coração parar de bater por alguns segundos.

Amani, Andrew, Nicholas e até Piper, estavam cercando alguém. E na mesma hora, eu reconheci a pessoa.

Era o Dylan.

– Vamos logo! Fale que tudo isso é mentira e me deixe te dar um soco, logo! – Ouvi Andrew vociferar. E isso era estranho, pois, Andy era o garoto mais calmo que já conheci.

– Seu covarde! – Ouvi Piper gritar. – Como pôde fazer isso com ela? Como?

Cheguei mais perto e pude ouvir Amani, falando algo como “Você devia se envergonhar.”.

Será que eles estavam sabendo da história inteira? E Nicholas? Porque não falava nada?

– O que está acontecendo aqui? – Perguntei, chegando perto o suficiente, para ver a cara de assustado do professor.

– Jennifer! Ajude-me! – Ele pediu.

– Cale a boca, seu idiota. – Piper olhou mortalmente para ele.

– Ajudar você? – Agora, vendo-o na minha frente, eu não tive vontade de chorar. Não. Pelo contrário, meu coração se encheu de ódio e mágoa. – Porque eu deveria ajudar uma pessoa que brincou comigo?

– Isso foi somente um engano! – Ele avançou dois passos, mas Nicholas e Andrew se colocaram na frente dele.

– Nem. Mais. Um. Passo. – Nicholas disse friamente.

– Um engano? – Ignorei os dois garotos e suas ameaças. – Foi um engano você ter ido trabalhar com o John e a Margareth? Foi um engano você ter vindo justamente para essa escola? Foi um engano você ter sido meu professor?

– Não. – Ele abaixou a cabeça. – Nada disso foi um engano.

– Ohhh. Palmas para ele. – Piper zombou. – Agora ele sabe contar a verdade!

– Então o quê foi um engano? – Perguntei, secando uma lágrima que, teimosamente, descia por minha bochecha.

– Foi um engano eu ter me apaixonado por você. – Ele me olhou suplicante.

– Não! Jenny! Não acredite nele! – Amani implorou.

– É! – Piper pareceu ainda mais desesperada.

Eu acho que toda a raiva, estava se esvaindo de meu coração. Mas, quando eu estava pronta para perdoá-lo, Dylan fez algo que mudou meus pensamentos. Ele cometeu um erro. E não foi qualquer um. Foi “o” erro.

– Cale a boca, sua retardada! Ela não precisa que você decida tudo para ela! – Ele vociferou para Piper. Ela ficou paralisada.

Nem tive a preocupação de impedir a mim mesma, fui até ele e sorri. Os meus amigos me olharam com choque, mas logo compreenderam, porque, quando Dylan estava se abaixando para me beijar, eu dei um tapa tão forte nele que, minha mão doeu por vários minutos. A forma de meus dedos ficaram marcados em seu rosto.

– Sabe Dylan... – Eu disse, ignorando a dor que latejava em minha mão. – Eu quase acreditei em você. Quase. E eu teria, se você não fosse esse monstro que não consegue parar de mentir. Você mente para você mesmo. Não vê?

Ele me encarou, com as mãos em cima da vermelhidão que tinha ficado em seu rosto.

– A culpa é sua. Sabia? – Ele disse. – Se não fosse tão fresca, nunca teria que passar no psicólogo. E nunca teria que ter tantos problemas com sua própria mãe. Também não teria que brincar com os sentimentos de tantos homens.

– Obrigada. – Eu disse, sarcasticamente. – Obrigada por dizer o que eu já sabia. E, mais uma coisa... – Fixei os meus olhos nos dele. – Dessa vez, não fui eu quem brincou com os sentimentos de alguém. Foi você. E pode acreditar. O que nós não fazemos, a vida faz. A vida me ensinou o que eu precisava aprender. Agora precisa ensinar à você, a separar pessoal do profissional.

– Olha quem fala. – Ele deu um sorriso de deboche.

– Isso. Ria, my lord. – Fiz graça da peça de teatro que tinha acabado de apresentar. – Ria agora, porque amanhã, estará chorando.

Depois disso, peguei Piper pelo pulso e voltamos para o camarim. Os três meninos vieram atrás de mim.

– Jenny?

– Sim, Andy? – Respondi.

– Você está bem? – Ele perguntou.

– Nunca estive melhor. – Sorri. E era verdade. Nunca fui tão grata à Margareth, antes. Ela tirou de minha vida, alguém que nunca deveria ter entrado.

Com o fim das apresentações, ficamos sabendo que o professor Turner se demitiu. Eu e meus quatro amigos, demos uma festa lá em casa.

E a melhor parte, foi quando todos estavam dormindo e eu, sentada no sofá, olhando para a Lua.

Ouvi passos no corredor e olhei para o lado. Nicholas vinha para perto de mim, timidamente.

– Oi. – Ele sorriu e se sentou ao meu lado.

– Olá. – Respondi.

– Você foi fantástica hoje.

– Obrigada. – Sorri.

– Hnnn... Jenny? – Ele passou a mão nos cabelos escuros.

– Sim?

– Preciso te dizer uma coisa. – Ele estava corando. Nunca pensei em vê-lo daquele jeito.

– Olha, se você for falar que também está ligado com a Margareth... – Comecei, mas fui cortada:

– Mas é claro que não! – Ele falou, ofendido.

– Então, o que é? – Estreitei os olhos.

– Isso. – Ele pegou um papel sujo e um pouco rasgado, e me entregou.

– O que é isso? – Franzi o cenho.

– Leia. – Ele me encarou.

Desdobrei o papel e, à luz do luar, vi duas frases escritas ali.

“Um segredo? Quero que Jennifer Connor me ame, do mesmo jeito que eu a amo.”

Sorri para ele e, na calada da noite, eu percebi a coisa que realmente eu estive procurando por todos esses anos.

Descobri naquele garoto, o Nicholas... O amor.



–--


Obrigada à todos os leitores. Por terem acompanhado a fic até o fim ^^

Essa história só aconteceu, por causa de vocês!


E para quem quer continuar seguindo a Jenny. Aqui está o link da próxima temporada.

Espero que gostem da continuação =D

Vejo vocês lá?


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Notas finais do capítulo

É... This is the End.
Espero que tenham gostado da história, porque eu gostei bastante XD
E também espero vocês lá na próxima temporada! o/
Beijos!

Obrigada por tudo ^^