Pov. Piper

E você deve ficar aí pensando em qual é o meu desafio. Certo? Acredite, é a pior coisa que eu já fiz na minha vida inteira! Aquela Katherine vai pagar muito caro!

– Belo corpo! – Ouvi um garoto gritar enquanto eu corria pelas ruas menos iluminadas de Nova York. Seria pior se fosse vista daquele jeito, em plena luz do dia. Minha sorte, por assim dizer.

– Corre Piper! Corre! Está quase lá! – Ouvi Jenny gritar ao meu lado. Bom, meu desafio? Digamos que eu nunca senti tanto frio na minha vida. Eu cobria partes do meu corpo com as mãos e tentava ao máximo não olhar para o olhar de Katherine. Sabia que aquela idiota estava se deliciando com minha vergonha explícita.

– Muito frio? – Ouvi a loira gritar de dentro do carro.

– Vai pro inferno! – Respondi o mais alto que pude, enquanto corria pela calçada. O jipe do Andrew seguia lentamente ao meu lado.

– Você está quase lá! – Jenny falava, mas eu me sentia tão envergonhada e violada... Naquele momento, nada que eu ouvisse me daria forças.

Acelerei o passo assim que avistei a porta dos fundos da Dunkin’ Donuts. Entrei correndo e peguei uma toalha de mesa que encontrei na pia. Enrolei-me nela e comecei a chorar.

Pov. Jennifer

– Se ela estiver mal, eu juro que você vai voltar para casa com um olho roxo. – Vociferei para Katherine enquanto descia rapidamente do carro.

– Ninguém a mandou participar da brincadeira. – Ela deu de ombros.

– Acho que você pegou pesado dessa vez. – Ouvi Nicholas falar atrás de mim. – Esse foi o desafio mais pesado até agora.

– Já disse. – A loira retrucou. – Ninguém mandou a Piper entrar na brincadeira.

Ignorei a filha detestável de Margareth e entrei correndo pela porta dos fundos da Dunkin’ Donuts.

– Piper! – Exclamei assim que vi a negra coberta com uma toalha de mesa, encostada na pia e chorando. – Meu amor... – Abracei-a e consegui ver seu rosto por alguns segundos. – Está tudo bem, já passou. Já passou.

– Não... – Ela soluçava. – Minha... Vida...

– Calma. Calma. – Eu passei os dedos por seus espessos cabelos negros, a fim de fazê-la se sentir melhor. – Está tudo bem.

– Não... Não está... – Ela soluçava e molhava minha blusa com suas lágrimas. – E-ela arruinou... Minha vida.

– Fraca. – Ouvi a voz de Katherine na porta.

– Cale a sua boca. – Gritei para ela.

– Não venha defendê-la não, querida. – A loira mostrou um sorriso torto, deixando-me com ainda mais raiva. – É como eu disse... Ninguém a obrigou. Ela entrou no jogo porque quis.

– Andrew? – Eu chamei com o máximo de calma que consegui. – Vem cá.

Ele chegou ao meu lado sem discutir. Abraçou Piper que ainda chorava e me deixou com os braços livres.

Não medi esforços, fui até Katherine e dei um murro no nariz dela. A loira cambaleou para trás, batendo as costas na parede.

– Você vai pagar caro por ter feito minha melhor amiga ser envergonhada desse jeito. – Eu vociferei, chegando mais perto e pegando em seus cabelos. Com tanta raiva que estava, acho que eu arranquei alguns fios loiros. Forcei a minha meia-irmã a me olhar nos olhos, o nariz sangrando. Mas não tive pena, era como se ela tivesse insultado uma parte de mim. Puxei seus cabelos com força, fazendo-a gritar.

– Jenny, Jenny! – Amani tentava apartar a briga, mas eu só enxergava a idiota que tinha feito minha melhor amiga de trouxa.

– Nem vem, Amani! – Eu gritei assim que ele me puxou para longe dela. – Essa vaca tem que aprender a não mexer emocionalmente com uma pessoa assim!

– Idiota. – Ela disse, tentando inutilmente, fazer com que o nariz parasse de sangrar.

– Idiota? Idiota é sua mãe! – Retruquei. Tentando sair dos braços do loiro.

– Adivinha? – Ela sorriu. Havia sangue em seus dentes antes brancos. – Ela também é sua mãe!

Avancei, mas Nicholas se colocou entre mim e a desgraçada.

– Você tem que se acalmar. – Ele disse serenamente.

– Me acalmar? Me acalmar? – Eu olhei incrédula para ele, esquecendo-me por segundos de Piper que chorava, abraçando Andy. – Você viu o que essa biscate acabou de fazer à Piper?

– Vi. – Ele sorriu, fazendo eu ficar ainda mais incrédula. – E é por isso eu preciso que você se acalme.

– Hãn? – Amani ainda me segurava fortemente, podia ver Katherine tentando se levantar do chão.

– Podemos conversar por um segundo? – Ele continuou sorrindo. Amani me soltou meio hesitante, então o moreno me escoltou até a rua.

– Do que você está falando? – Perguntei assim que ele me soltou.

– Você acha que eu gostei do que vi? – Ele agora estava sério. Seus olhos verdes pareciam mais sombrios.

– Ah! – Sorri ironicamente. – Eu acho que sim! Acho que você gostou sim do que viu! Provavelmente você deve ter algum distúrbio, sabe? Alguma doença... Porque parece que você não percebeu, que a minha melhor amiga correu pelas ruas escuras de Nova York totalmente nua! Seu imbecil!

– Eu sei criatura! – Nicholas andou na minha direção e eu dei passos para trás, até ser obrigada a encostar-me em uma cerca. – Você acha que eu gosto da sua meia-irmã? - Ele me olhou seriamente.

– Acho. – Cruzei os braços.

– Pois saiba que está enganada, Connor. – Ele estreitou os olhos. – Se você não sabe, eu já a conheço.

– De onde? – Deixei a ironia de lado e fiquei confusa.

– Ela estuda na última escola que eu estive. – Ele deu de ombros. – Ela foi o motivo de eu ter sido expulso.

– Mas você não tinha discutido com o diretor? – Lembrei vagamente da nossa conversa em uma festa.

– É... Mas foi por causa dela. – Ele desviou os olhos para a rua deserta.

– Cara, eu juro que não entendo uma palavra do que você fala. – Estreitei os olhos.

– Um idiota levou uma garrafa de alguma bebida alcoólica, e eu e Katherine... – Ele hesitou. – Nós acabamos com ela em uns dois minutos. Ficamos bêbados e caindo pelo resto das aulas. Então o diretor soube e deu suspensão para os dois. Mas então eu disse alguma coisa sobre aquela escola ser um lixo e mais algumas coisas sobre ele... E então, aqui estou. – Nicholas deu de ombros e eu fiquei totalmente boquiaberta.

– Eu nunca iria imaginar. – Disse por fim.

– É... A vida te leva por caminhos inimagináveis... – Ele sorriu.

– Tá. Você conhece minha meia-irmã. Mas e daí? Porque estamos tendo essa conversa mesmo? – Perguntei, cruzando os braços novamente.

– Porque eu a conheço o suficiente, para dar uma lição nela. – Ele deu de ombros.

Juntei as sobrancelhas e o olhei ainda mais confusa.

– Hãn?

– Eu não gostei nem um pouco do que ela fez com a Piper. – Ele me encarou. – E posso fazer com que a Katherine prove do próprio veneno.