A Preferida escrita por Roli Cruz


Capítulo 11
Queimada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura =D



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– Aí ele ficou totalmente envergonhado e disse que não tinha outro motivo, mas eu realmente acho que existia sim outra razão pra ele me chamar. Eu fiquei pensando no que você me falou e chegando lá, a secretária também perguntou se nós tínhamos um caso... – Eu narrava minha consulta e Piper me olhava com os olhos arregalados e a boca aberta.

– Eu falei! – Ela sorriu e bebeu sua coca light. – Eu falei, eu falei que ele tá caidinho por você. O doutor tá é com vergonha de falar.

– Não sei não...

– Jenny, você realmente precisa abrir os olhos e enxergar quando alguém gosta ou não de você. Isso é tipo uma regra básica de existência.

– Uhun, sei... – O sinal tocou e eu perguntei que aula ela tinha.

– Português. – E mostrou a língua fazendo-me rir. – E você?

– Educação Física. – Respondi nada animada com a ideia de ver aquela mulher.

– Hey. Boa sorte. – Ela sorriu e se misturou ao monte de gente que voltava para as salas de aula.

– É, Jenny. Boa sorte. – Eu murmurei para mim mesma, suspirei e fui para o vestiário me trocar.

*

A parte boa foi que Margareth não olhou muito pra mim enquanto falava com as alunas pela primeira vez. A parte ruim, ela se apresentou e pediu para que nós fizéssemos o mesmo. E adivinha quem começou? A idiota aqui.

– Bom. – Eu respirei fundo enquanto todas as meninas do segundo ano me olhavam. – Meu nome é Jennifer Connor...

– Ah. Disso todas nós já sabemos, Jennifer. – Margareth me olhou com um brilho perverso no olhar. Mas acho que ninguém mais percebeu. – Conte algo que ninguém daqui sabe.

– Você quer dizer as alunas? – Eu a olhei serenamente. Não daria a ela o gostinho de me mandar para a detenção logo no primeiro dia.

– Mas é claro, querida. – Ninguém sequer achou estranho o jeito com que ela me chamou. Ela já havia chamado todas de querida antes.

– Tudo bem. – Eu dei um meio sorriso. – Meu nome é Jennifer Connor e uma coisa que nenhuma de vocês sabem, é que eu odeio minha mãe. – Eu sorri e todas bateram palmas e concordaram. Adolescência é uma parte difícil para os pais e filhos.

Eu me sentei na arquibancada de madeira e olhei discretamente para Margareth. Ela me fulminava com os olhos. Mas então outra menina se levantou e ela recuperou o tom calmo.

Aquela apresentação foi rápida. Por fim, todas as outras alunas (menos eu) queriam que a nova professora falasse também.

– Meu nome é Margareth D’Agosto C. e eu estou apaixonada. – Ela sorriu ternamente para as meninas da primeira fileira que faziam “ós” carinhosos para ela. – Bom. Vamos começar a aula? – Ela mandou todas se levantarem e disse iríamos jogar queimada.

Eu e uma menina de cabelos ruivos tiramos o time e no fim, o meu não estava lá muito bom.

Quando eu ia começar a jogar a bola, o jogo foi interrompido por um garoto que apareceu na porta do ginásio. Eu o reconheci imediatamente. Ele chegou perto da professora e falou algo. Ela assentiu e apontou para a arquibancada vazia.

Seguimos com o jogo e depois de umas cinco rodadas, ambos os times estavam com duas a menos.

A capitã do outro time jogou a bola para o nosso lado e eu vi a bola acertando nas costas de uma menina loira que eu não conhecia direito. Menos uma no meu time.

– Que isso, Connor? Não está de olho naquele menino, está? – Ela provocou.

– Eu já o conheço, meu amor. – Eu sorri e atirei a bola na direção de uma menina de pele escura. Menos uma no time adversário.

Mais duas rodadas e só restava três do meu lado, eu e mais duas meninas que não eram lá muito boas. No outro time, estavam cinco garotas. A arquibancada ficava mais cheia a cada jogada. De relance eu vi o garoto falando com uma menina que eu tinha escolhido. Ela sorria oferecidamente e ele sorria de volta, mas não com a mesma tonalidade.

Sorri para a cena e me desliguei por dois segundos. Uma bola que passou rente à minha orelha direita me fez acordar para o jogo à minha volta.

– Encostou! – A menina que tinha jogado a bola gritou para a professora.

– Não encostou não! – Eu gritei de volta.

– Senta lá Jennifer. – A professora mandou e eu senti meu rosto ferver de raiva.

– Mas não encostou! – Eu retruquei.

– Você está queimada. – Margareth me olhou com os olhos estreitos.

– Mas... – Eu ia falar alguma coisa, mas a mulher me cortou.

– Detenção Jennifer! Não quero mais ouvir sua voz essa aula! Sente-se na arquibancada como o resto das alunas.

Eu resmunguei e saí da quadra. Sentei no canto mais afastado e não deram dois minutos, o garoto estava ao meu lado.

– Você está bem? – Ele perguntou.

– Não. – Eu disse olhando enraivada para a retardada mental que se dizia minha mãe. – Ela adorou fazer isso comigo. Estava esperando eu fazer alguma coisa e me mandar para a detenção.

– Acho que como ela não pode te castigar em casa, está aproveitando para fazer isso aqui. – Ele sorriu carinhosamente pra mim.

– Andrew. – Eu chamei.

– Sim?

– O que você está fazendo aqui?

– Bom... A minha mãe decidiu que aquele é um bom apartamento para morar e então eu tenho que assistir às aulas por três dias.

– Mas... Como assim? Eu não tive isso quando comecei a estudar aqui. – Eu o olhei, totalmente confusa.

– Ah. Não me pergunte sobre os acordos doidos que a minha mãe faz. – Ele sorriu e depois olhou para as meninas jogando. – Aliás, você não está queimada. A bola não encostou.

– Vai falar isso pra Margareth que ela arranca seu fígado e come na janta. – Eu encostei meus cotovelos no degrau de cima e estiquei minhas pernas, enquanto Andrew ria do meu comentário. – Então. Somos vizinhos agora? – Eu o olhei e ele assentiu.

– Agora eu vou te encher o saco todo dia. – Ele sorriu.

– Aaah meu amor, você não me conhece mais. Acho bem provável acontecer o contrário.

Ele riu e o sinal bateu.

Não o vi mais depois da educação física.

Tive mais três aulas chatas e finalmente o sinal bateu para irmos embora. Mas eu não podia. Aquela vaca tinha me deixado na detenção.


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Notas finais do capítulo

*-*