Eu vi quando um sorriso triste brotou em seus lábios, e eu tentei fazer o mesmo, mas não consegui, sairia falso demais. Tentei ajeitar a arma em minhas mãos, toda arma é pesada, mas aquela parecia pesar uma tonelada.

- Wendy...

Olhei para ela, as lágrimas insistindo em sair.

- Obrigada por tudo. Tudo mesmo. Por ter vindo até aqui, por ter aceitado trabalhar para mim mesmo eu tendo uma aparência... vamos se dizer... não muito... simpática ou convidativa. Você não me julgou. E mesmo depois de dizer tantas coisas a você, por medo ou não, você não me abandonou. Apesar de te conhecer tão pouco, posso te considerar minha amiga. - ela se aproximou da máquina de escrever. - quero que a leve com você... termine seu trabalho nela, guarde-a com você, não quero que ela vá parar mas mãos de qualquer pessoa...

- Esta bem. - não consegui conter as lágrimas, e estas vieram pesadas.

Chorei como um bebê, minha visão ja estava distorcida, mas senti quando Lilitih me abraçou. Aquele abraço foi muito bem-vindo, me trouxe um certo alívio para o que viria a seguir.

Ela se afastou devagar, e eu levantei a arma em minhas mãos. Vi quando ela abraçou algo que eu não podia ver, mas sabia o que era. Enzo. Ela apoiou sua cabeça nele e eu mirei a arma em seu peito. Fechei meus olhos, e apertei o gatilho.

O estrondo foi grande, consegui senti-lo dentro de mim. Fiquei com os olhos fechados por mais alguns minutos. E quando finalmente abri vi que ela estava caida, mas pernacia abraçada com o eterno amor de sua vida.

- Cuide bem dela, por favor. - falei aquilo sabendo que ele ainda estava ali. Era estranho, mas eu sabia que estava.

Sai daquele quarto, e respirei finalmente. Naqueles últimos minutos o ar que eu respirava estava pesado, não parecia saudável. Fui até a sala e peguei a bolsa. Nem conferi se a quantia estava certa, eu não estava com a cabeça no lugar para pensar neste tipo de coisa. Eu ainda chorava, mas agora, conseguia me controlar.

Depois de respirar fundo mais algumas vezes, voltei para dentro daquele quarto. Por mais estranho que possa parecer, dessa vez eu não tive medo. Era como se tivesse tirado um grande peso de cima de mim.

Com alguma dificuldade peguei a máquina de escrever, era pesada, mas consegui carregá-la até a porta de saída. Enquando andava pelo corredor encontrei um garoto robusto e pedi a ele que me ajudasse a levar a máquina até o meu carro. Ele me ajudou, e tirei algumas notas de dentro da bolsa e as entreguei a ele.