– Não sei.

Eu realmente não sabia o que responder. Dizer : estou namorando um garoto morto, ou um fantasma não seria nada bom. Eu não podia dizer a verdade, porque a verdade era destruídora demais para ser dita a certas pessoas.

– Como não sabe, Lilitih ? - ela começou a gritar. - Você esta precisando de alguma coisa ? Porque pelo que sei, eu e seu pai nunca deixamos nada faltar a você, te damos todo amor que temos, e mesmo assim você insisti em nos tratar assim. Você não conversa com a gente, e muito menos comigo que sou sua mãe e sua amiga. Se você acha que aqui em casa esta ruim para você, eu sinto muito em dizer, mas não da pra melhorar, e se quiser, pode ir embora. - Pais... sempre o mesmo discurso.

– Posso mesmo ? - Confesso que senti um leve frio na barriga.

– Se você quiser, pode ir. - ela não para de gritar e chorar ao mesmo tempo. - Você nunca esta satisfeita com nada. Sempre com essa cara fechada. Porra, o que você quer de nós ? Você acha que não percebo o jeito que você olha pra mim ? Como se eu fosse a mulher mais suja da face da terra !!! - não sabia que estava tão óbvio assim. - Caralho, eu não aguento mais. Cheguei ao meu limite você entende ? Acho que não, você só se preocupa com si mesma !!!

– Mãe, se você esta com problemas com o seu marido porque acha que ela esta te traindo não desconte em mim esta certo ?! - eu estava começando a me irritar. - Se você é uma chifruda o problema é SEU !!! Não desconte em mim !!! Talvez se você passasse mais tempo com seu marido em vez de ficar dançando num bar como uma qualquer nada disso estaria acontecendo !!!

Minha respiração estava ofegante, e quanto mais eu dizia a verdade mais eu queria falar. Mas antes que eu pudesse pensar em recuar um pouco ela me deu um tapa no rosto. Um tapa extremamente violento. O impacto foi tão grande que cai em cima do sofá. Fiquei observando o vazio por um tempo, e tive um flash back da cena de um filme.

"Imagino que, às outras pessoas, odiar a mãe pareça um pecado. É uma hipocrisia. Estou certo de que também odiaram as suas mães. Talvez um segundo ou todo um ano."