My Immortal escrita por Sakura Jackass


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura, e mais uma vez Obrigada.



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Ouça, - disse Wendy entrelaçando os dedos. - quero que me conte tudo detalhadamente, não hesite em contar-me uma parte sequer. Para que tudo fique exatamente como você quer, preciso que me conte tudo, tudo mesmo.

Estávamos na sala. A luz era baixa , deixando tudo num tom amarelado, quente. A lareira estava acesa, as chamas convidativas.

Ela parou olhando para mim, parecendo adivinhar que certas coisas da minha vida eu não ficaria tão a vontade em contar, mas ela parecia além de tudo intrigada e muito curiosa com tudo aquilo, então depois de um breve momento, assenti dizendo:

– O.K, irei lhe contar tudo, saiba que é uma história longa... - olhei para a lareira mais uma vez, cenas do passado iam me tomando cada vez mais - Sabe , faz algum tempo que venho pensando nisso, e hoje creio que é a coisa certa a ser feita.

"Wendy, você é a única que entre tantas escolhi para este momento, e prometo a você que não lhe farei mal algum, e quero que me prometa que confiará em mim ,- comecei a falar com mais cautela. - por mais que certas coisas... lhe assustem. - Parei para observar sua reação, e pelo que percebi ela parecia manter-se calma. Aquilo me trouxe um certo alívio.

– Eu prometo, - disse ela firmemente. - não importa o que diga, eu estarei aqui.

– Como disse, é uma história longa - prossegui - portanto espero que esteja ciente de que terá que conviver comigo por alguns dias, até que todo o meu relato seja contado. Estará disponível para isto ? - perguntei observando mais uma vez sua reação, que outra vez me pareceu tranquila.

– Mas é claro, meu trabalho normalmente me cobra isso , por isso vim totalmente preparada. Agora, se não for pedir muito gostaria que começássemos logo, pois confesso que estou ansiosa para começar a escrever sua tão intrigante história. - ela sorriu um pouco.

– E eu em contá-la, Wendy. Mas creio que seria melhor que fossemos para outro lugar, onde você possa se sentir mais confortável.

Wendy não respondeu, e nem eu esperei por uma resposta, por isso me coloquei de pé e a acompanhei até um quarto que eu havia reservado para que pudéssemos trabalhar juntas.

Era um quarto amplo e espaçoso, onde se encontravam uma bela cama de solteiro, com um excelente colchão ; a cama era toda em madeira da mais alta qualidade.

Ao seu lado uma poltrona toda em couro, de um marrom avermelhado tão macia que era possível perder-se dentro dela, e há sua frente uma velha, mas em excelente estado, máquina de escrever. Sabia eu que poderia, se quisesse, colocar no lugar daquela histórica máquina de escrever um avançado computador ou um notebook , mas aquela máquina me fazia recordar velhos tempos...

– Uma máquina de escrever ? - perguntou Wendy tirando-me do meu transe.

– Sim. - respondi caminhando até a cama. - Se não se importa, prefiro que faça todo o seu trabalho nela. Algum problema nisto ? - me virei para observá-la.

– Não... mas ...

– Ótimo. Então fique a vontade e vamos começar.

Wendy se sentou na poltrona e pela sua expressão ela realmente iria se sentir confortável enquanto estivesse sentada nela. Enquanto isto tirei meus sapatos e me ajeitei na cama, e depois de ver que minha convidada estava pronta e esperando que eu começasse, comecei a falar:

– Nasci numa cidade distante daqui. Minha mãe era Morgan Conklin, a famosa dançarina do bar dos Conklin's. Meu pai era Henry Conklin, atual dono do bar, e um ex professor de religião. Eu, particularmente não gostava muito daquela cidade, e menos ainda da casa onde morávamos, que era a antiga casa do meu avô.

Apesar do meu pai ser um ex professor de religião minha mãe não se interessava por nada disso, e quando meu pai e ela começavam a discutir sobre isso ela sempre dizia : "Isso tudo não passa de "propaganda" ! É um método bastante ridículo que encontraram para extorquir dinheiro das pessoas!".

Meu pai não dizia mais nada e eu nunca conseguia saber se aquele seu silêncio era um " você pode estar certa" ou um "não perderei meu tempo com você". Ele só mantinha a mesma expressão vazia de sempre. E eu, simplesmente não dizia nada, não conseguia ou não queria me apegar a nenhum dos lados. Minha mãe alegava que era tudo "propaganda", e as vezes meu pai me dizia que as pessoas precisavam se apegar a alguma coisa, que a fé era a base de tudo, "é como uma válvula de escape", dizia ele.

Porém, um dia ele deixou de ir a igreja, e eu nunca consegui saber ao certo porque isso aconteceu. Me perguntava se os problemas dele haviam chegado a um nível tão alto de suportar que a "válvula de escape" não estivesse mais funcionando, ou se ela não conseguisse resolver o que o perturbava. Mas sempre achei que o principal motivo foi a morte do meu avô. Na verdade, quem a antecipou foi ele mesmo quando se enforcou, e deixou um pequeno bilhete dizendo que havia "coisas" ruins , e que antes que uma delas o matasse ele mesmo faria isso (também me perguntava se quando ele disse "coisas ruins" se referia a humanos ou a ... monstros. Eu acreditava na primeira opção). E foi exatamente o que ele fez. Depois disso o bar dos Conklin's ficou sendo do meu pai, e tivemos que nos mudar para a casa do meu avô. A casa não era ruim , e como eu já havia visitado ele algumas vezes , não foi tão difícil me acostumar a ela.

Mas após a morte do meu avô, meses depois a igreja que ficava na esquina de nossa nova casa foi incendiada misteriosamente, e só restaram suas ruínas, o que fez meu pai desistir de vez de ir a igreja, afinal aquela era a unica mais perto de onde morávamos (não que isso seja um bom motivo para deixar de ir). Sempre que saíamos e passávamos em frente a igreja, uma súbita curiosidade de entrar dentro dela me assolava, mas eu não dizia nada, ficava com as mãos coladas no vidro do carro tentando ver alguma coisa. Mas o que eu esperava ver ?

Nem eu sabia.
Mas de um jeito ou de outro , eu sabia que havia alguma coisa lá...


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Notas finais do capítulo

Espero contar com a companhia de vocês até o final. Beijos.