Fiquei em choque com o que ela me disse, e um tanto mal por ter perguntado dos seus pais.
- Sinto muito. - respondi de forma sincera.
- Não sinta, eles não precisam de nada disso agora. - ela respondeu friamente. - Vai me ajudar ou não ? - insistiu ela.
- Vou. - respondi depois de um breve tempo. - Quando e onde nos vemos ?
Ela deu um risinho malicioso, e depois de alguns instantes disse que eu devia ir vê-la em sua casa, e que a história era grande, portanto ela precisaria do máximo de tempo que eu poderia oferecer. Concordei em tudo, pois apesar de não fazer idéia do que aquela garota me contaria, sabia que havia nela algo que me inspirava.
Ela tinha um jeito estranho, e ao mesmo tempo atraente. Falava de um jeito hipnotizador, e apesar de parecer uma pessoa fechada, e ser tão nova parecia conhecer a vida melhor do que ninguém. Enquanto conversavamos ela não tirava os olhos de mim, e mesmo com toda aquela gente a olhando ela não perdia seu foco, não se deixava abater por olhares desconhecidos, era realmente impressionante. Uma garota desconhecida conseguiu me fascinar em um simples e curto diálogo.
Continuamos a conversar durante a minha volta , e resolvemos parar em um café para conversarmos melhor. Ela não falava demais, e na maioria das vezes respondia com respostas curtas e diretas.
- Porque mora sózinha, Lilitih ? - perguntei depois de um breve silêncio entre nós.
- Porque gosto de ficar sózinha. - ela respondeu mechendo com os fones que parecia não tirar nunca.
- Você não tem mais ninguém ? - perguntei observando-a mais de perto.
- Não, mas brevemente terei. - ela respodeu parecendo um pouco feliz.
- Não entendi. - respondi tentando entender aquela resposta.
- Após te contar minha história você entendera melhor, acredite.
- Vai morar com algum familiar seu ? - perguntei, insistindo no assunto.
- Digamos que, - ela mordeu o lábio parecendo pensar por um tempo - vou finalmente estar ao lado de quem mais desejo.
Fiquei em silêncio, tentando absorver aquela estranha explicação.

Agora, no quarto em que Lilitih reservara para mim, eu escrevia atentamente a sua história naquela estranha máquina de escrever. Por enquanto a história corria normalmente, tirando o fato dela ter visto alguma coisa dentro da igreja. E então ela prosseguiu :
- Eu não fazia idéia do que poderia ser, mas tinha uma leve impressão de que era alguém. Mas porque eu tinha ficado tão assustada ? Poderia ter sido apenas um medingo. Mas o que explicaria o fato de local estar frio ? Ou aquilo seria só mais uma invenção da minha cabeça ? Não importava, naquele instante a única coisa que consegui fazer foi voltar para casa. Assim que pisei dentro de casa minha mãe berrou :
- Lilitih, o que pensa que está fazendo ? - não dei atenção e continuei andando, então ela insistiu. - Garota, não me ignore ! Ainda sou sua mãe !
Mas quem disse que eu me importava com isso ? Eu tinha visto alguma coisa e precisava saber o que era. Entrei em meu quarto, bati e logo após tranquei a porta. Me esparramei na cama e quando coloquei os braços por debaixo do meu travesseiro pude sentir meu celular que eu havia jogado ali para ver a suposta briga. Me lembrei então do meu A.S, e aquilo tudo ja não parecia mais tão divertido, em tão pouco tempo tudo tinha me deixado exausta e sem ânimo, o que eu já não tinha muito.

Sem vontade alguma entrei em minha caixa de entrada, onde haviam duas mensagens.