RACHEL’S POV

A carreira ou o amor. Está aí algo que eu nunca pensei que tivesse que escolher. Sempre acreditei que as pessoas que faziam essa escolha eram egoístas, pois as duas coisas poderiam dar certo juntas. Mas parece que não. Talvez Nyada não fosse meu lugar. Talvez eu estivesse fazendo a maior besteira de minha vida, deixando a pessoa que me ensinou a ser como eu sou agora para trás. Mas nesses últimos dias, a vontade de ir para Nyada e viver essas experiências tem se tornado tão grande que meu coração não me deixaria não arriscar. Mas o risco neste caso é duplo. Ir embora para viver essa vontade significa deixar alguém que amo. Alguém que provavelmente seguirá sua vida e se acostumará a viver sem mim. Mas essa não é minha vontade, e sei que não é a dela. Sei que ela só está concordando que eu vá porque me ama, e sabe que é isso que eu quero pra mim. Da mesma maneira que eu a amo, e estaria sendo egoísta se pedisse à ela que fosse comigo e que deixasse Yale para trás. Sim, relacionamentos à distância existem, mas geralmente machucam mais do que os outros relacionamentos comuns. A ausência dói, a saudade martela no peito e a dúvida por causa da possibilidade de ter alguém perto dela dando à ela o que eu não poderia é torturante. Não que a dor da despedida não seja, mas pelo menos é o que parece mais certo no momento.

Estar no aeroporto, com uma passagem só de ida nas mãos, ver todos seus amigos com expressões tristes e ao mesmo tempo de pena, e pior, ver sua amada à sua frente com os olhos vermelhos e ligeiramente inchados e ver que aquele sorriso que ela sempre tinha para você não se encontra em seu rosto é doloroso demais, por tudo isso, e pelo simples fato de eu ter que me manter forte e fingir que estou bem e satisfeita, ou a situação só se torna pior.

— Obrigado por tudo, pessoal. Obrigado a cada um de vocês, por me acolher no grupo e por me ajudarem a chegar até aqui — Eu disse, passando ao lado de Quinn e ficando à frente deles

Comecei a receber os longos abraços. Alguns deles como o de Kurt, Santana e Sam pareciam que me segurariam ali para sempre, apenas pela maneira confortante que me envolveram em seus braços. Após todos os abraços recebidos, já sentia aquelas indesejadas lágrimas chegarem aos meus olhos, e quanto mais eu tentava segurá-las, elas pareciam teimar em descer por minhas bochechas. Virei-me para procurar Quinn e ela estava muito a frente, já praticamente no portão de embarque. Todos seguiram até lá comigo, mas ficaram um pouco afastados, nos dando um pouco mais de espaço.

— Eu sei que devia falar alguma coisa. Mas a única coisa que vem a minha mente é pedir para que você fique. Mas eu não posso fazer isso — A voz de Quinn estava baixa e pausada, enquanto ela fitava o chão entre nós

— Porque ficar? Pra depois ver você partir? Estaríamos na mesma situação. Infelizmente, isso é inevitável — Tentei não expressar a dor, mas era quase impossível

Lentamente, ela levantou seu rosto e eu pude ver quantas lágrimas haviam deixado traços molhados por seu rosto. Seus braços envolveram meu corpo naquele abraço que me dava conforto como nenhum outro. Joguei meus braços sobre seus ombros e mantive seu corpo colado ao meu, enquanto sentia as lágrimas dela molharem meu ombro. A senti soluçar e me vi obrigada a me afastar.

— Quinn, eu não vou assim. Não posso ir embora e deixar você nesse estado — Desci minhas mãos por seus braços até que alcançassem suas mãos.

— Eu me sinto culpada Rachel.

— Culpada?!

— Claro! Olha tudo que passamos por minha causa! Se eu não tivesse negado o que sentia por tanto tempo e não tivesse tratado você da maneira que tratei, estaríamos juntas a mais tempo e talvez as coisas tivessem sido diferentes.

— Ei, para de pensar assim. Eu também tive culpa nisso tudo. E não, eu não faria nada diferente! Se tivéssemos mudado algo, talvez não sentiríamos uma pela outra o que sentimos hoje. Eu amo você, independente de qualquer coisa. Nunca se esqueça disso. Além disso, só porque um namoro a distância não dê certo, não significa que uma amizade não dê. Vamos continuar nos falando, eu prometo. E eu quero que fique com isto.

Pus minhas mãos em minha nuca e abri o pequeno fecho do colar que ela havia me dado e então o coloquei em seu pescoço.

— Eu sei que foi um presente e presentes não devem ser devolvidos. Mas eu quero que isso fique com você, como promessa de que você o devolverá a mim um dia, pessoalmente.

Ela apenas assentiu, e então levou as duas mãos até minhas bochechas, segurando meu rosto carinhosamente.

— Me promete que vai realizar seu sonho. Que vai se tornar uma estrela em Nyada e mostrar pra todo mundo o quão talentosa é. Que vai continuar acreditando em si mesma, e não vai deixar que ninguém diga que você não pode fazer algo, porque você pode. Me promete que vai se tornar tão grande quanto o seu sonho pode ser.

— Eu prometo — Foram as únicas palavras que eu ousei dizer antes que seus lábios se encontrassem com os meus.

Era como sentir tudo em volta parar, como se o tempo não existisse. Que a despedida era apenas algo passageiro, e que aquele momento ali com ela, e principalmente o que sentíamos, seria algo eterno.

“— Última chamada para o vôo 154, com destino a Nova York. Embarque no portão quatro.”

— É minha chamada — Eu disse.

— Não. É a chamada pro seu futuro — Ela respondeu e me abraçou mais uma vez

A apertei forte contra mim, mas logo nos separamos, deixando apenas nossas mãos unidas.

— Eu amo você — Eu falei, recebendo um leve sorriso por parte dela

— Eu amo você, Rachel — A resposta veio enquanto ela se afastava e soltava minha mão.

Respirei fundo e virei, entregando minha passagem na área de embarque. Antes que virasse no portão, olhei para trás, e recebi um aceno de todos. Joguei um beijo para Quinn, que fez um gesto como se o pegasse e o guardasse perto do coração. Foi então a partida. Virei-me e segui para o que eu chamaria de meu futuro.

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Uma semana. Sete dias passados sem ouvir a voz dela. Meus pais já tinham ido embora, o que significava que eu estava sozinha na Big Apple. Eu já havia conhecido minha colega de quarto. Seu nome era Lisa. Era uma pessoa adorável e foi simpática comigo desde o primeiro momento, e tivemos uma conexão imediata. Eu sabia que seríamos grandes amigas. Tinha os cabelos longos e bem negros, porém brilhantes e bem sedosos, que combinava perfeitamente com sua pela um pouco bronzeada e seus olhos verdes. Era mais alta que eu, mas eu já havia percebido que tinha uma voz belíssima, pois ela parecia adorar cantarolar para todos os lados que ia.

Naquela semana ela havia sido minha companhia. E havia também Sarah e Steve. Os dois são gêmeos, tão talentosos que os dois conseguiram entrar para Nyada. Eles conheceram Lisa no vôo para Ny, pois os três são de Los Angeles. Ela me apresentou os dois assim que me conheceu e então temos passado algum tempo juntos desde então.

— Rachel… — Lisa me chamou e eu apenas levantei a cabeça

Eu estava sentada em minha cama, com um livro sobre as pernas e ela estava em sua, falando ao celular.

— Sarah e Steve estão na frente do campus, nos chamando pra ir até um bar aqui perto. Quer ir?

— Obrigado, mas vou ficar por aqui mesmo.

— Lendo? Em pleno sábado à noite?!

— Eu só não estou em clima pra barzinho…

— Mas pode estar em clima pra conversar com gente. Você lê depois, anda — Ela se levantou, e quando chegou perto de mim pegou o livro

— Lisa!

— Anda, eu não aceito não como resposta.

Guardou meu livro dentro de seu armário, e em seguida se sentou novamente, calçando seus saltos.

— Estaremos esperando por você lá em baixo.

Ela sorriu pra mim e então saiu do quarto. Talvez fosse bom me distrair um pouco. Como o período de aulas ainda não havia começado a única coisa que eu fazia de diferente era almoçar e jantar fora com eles todos os dias. Fora isso, ficava no quarto lendo na maioria das vezes. Levantei-me e escolhi uma roupa em meu armário. Uma coisa que eu havia prometido a mim mesma que faria era mudar meu visual. As pessoas naquela cidade eram muito mais ousadas em relação à roupas do que eu, então resolvi me adequar àquele estilo.

Assim que estava arrumada, peguei uma bolsa, meu celular e saí. Cheguei à entrada do campus e encontrei os três conversando.

— Achei que não fosse largar dos livros — Sarah disse em tom de brincadeira, enquanto me cumprimentava

— Se me permite dizer, está linda Rachel — Steve comentou sorrindo e eu apenas retribui

— Obrigada.

— Vamos? O bar não é longe daqui…

Andamos alguns poucos minutos e logo chegamos a uma rua bem movimentada. Como eu não conhecia nada por ali direito, apenas fui seguindo os três, até que entramos em um bar numa esquina. O lugar estava cheio, pessoas conversando e bebendo em todos os cantos. Nos sentamos em uma das mesas de canto e logo pedimos as bebidas. Eles pediram, no caso. Eu apenas aceitei o que Lisa escolheu para mim.

Começamos a conversar sobre como Nova York era diferente de nossas cidades, como era diferente de tudo na verdade, e foi quando o celular de Sarah tocou. Ela atendeu, e começou a falar ao telefone como se estivesse incomodada com a ligação.

— Namorado no pé? — Lisa perguntou assim que Sarah desligou a ligação

— Será que é tão difícil assim de entender que acabou?

— E porque acabou? — Lisa perguntou novamente

— Ele é um idiota. Nos conhecemos desde pequenos, crescemos juntos. Estávamos namorando à quase dois anos, mas não dá. Ele não é o cara, sabe? Eu não ia vir pra Ny comprometida com alguém que não amo. Não mesmo. Mas e você? — Sarah perguntou diretamente à Lisa

— Eu tentei algo sério duas vezes — Lisa comentou, enquanto o garçom colocava nossas bebidas sobre a mesa — A primeira vez não deu certo, porque o cara era um babaca mesmo. E da segunda vez, foi com uma garota. Mas éramos melhores amigas. Acho que acabamos confundindo as coisas. Não durou mais do que três meses. Depois disso, nunca mais tive vontade de compromisso.

Confesso que fiquei surpresa com a maneira normal com que Lisa falava sobre já ter tido um relacionamento com uma garota. Nesta uma semana ela não tinha dado nada a entender, muito menos tocado neste assunto. Na verdade, conversávamos mais quando o assunto não era nossas próprias vidas. Talvez em Ohio as coisas fossem diferentes, mas estando ali há apenas uma semana, já era fácil perceber como os nova-iorquinos eram menos preconceituosos e mais abertos a novas experiências em todos os sentidos possíveis.

— Eu nunca namorei sério. — Steve disse — E nem quero. Sinceramente, não nasci pra isso. Ainda mais com essa carreira que nós queremos seguir. Festas, sociais e curtição nos bastidores. Quer coisa melhor que isso?! — O tom dele era brincalhão, mas ao mesmo tempo se via que ele falava a verdade

— Mas e você Rachel? — Steve tocou meu braço

— Ah, é complicado…

— Descomplique então, oras. Agora fiquei curiosa — Sarah disse

— Bom, eu tinha uma namorada — A frase causou certa surpresa, mas nada fora do comum

— Sério?! — Sarah parecia empolgada em saber — Conta então…

— Namoramos apenas por alguns meses, então ela passou para Yale e eu estou aqui.

— E por isso terminaram?! — Steve se indginou

— Não daria certo. Tanto ela quanto eu somos muito possessivas. O ciúme causado pela ausência e pela distância acabaria dando fim ao namoro cedo ou tarde, e talvez nem nossa amizade prevalecesse.

Um silêncio se instalou entre nós assim que eles perceberam o jeito deprimido com que eu falava dela.

— E como ela era? — Steve perguntou mais uma vez e acabou levando uma cotovelada forte de Sarah, que fez com que eu e Lisa ríssemos diante da situação

— Não ta vendo que ela não quer falar?! Que coisa, Steve!

— Não gente. Eu não me importo — Respondi — Eu só ainda não me acostumei com a idéia de não tê-la por perto. Prometemos que nos falaríamos, mas ela não me ligou, nem me mandou uma mensagem ou nada tipo.

— E porque você não mandou ou ligou? — Lisa finalmente disse algo

— Não sei. Ela provavelmente já está se preparando para Yale. Se é que já não está lá. Eu não quero impedi-la se seguir e frente, e acho que se mantermos muito contato, isso pode acontecer. Além disso, eu prometi a ela que faria meu sonho se tornar realidade. Então, eu tenho que me focar n universidade o máximo possível. Por ela.

— As aulas só começam semana que vem, então até lá, você pode esquecer um pouquinho disso tudo e se distrair, não é? — Sarah disse, empurrando um copo sobre a mesa para mais perto de mim

Acabamos esquecendo o assunto e conversando sobre outras coisas, que até me distraíram e me divertiram bastante. Quando já se aproximava de 23hrs, resolvi ir embora. Teria que arrumar alguns materiais no domingo e não queria dormir tarde demais para não estar cansada no dia seguinte. Eles acabaram concordando e também vindo embora. Viemos andando devagar, rindo e conversando, até que chegamos ao campus, então nos separamos. Steve seguiu para ala masculina, e eu pretendia seguir o caminho até o quarto, mas Sarah nos convenceu a ficar ali mais um pouco. Então nos sentamos num dos bancos de madeira em frente ao nosso dormitório.

— Agora que o mala do meu irmão foi embora, podemos continuar a conversar — Sarah disse, se virando para nós, enquanto eu e Lisa olhamos uma para a outra e rimos pelo jeito com que ela falava do próprio irmão

— E sobre o que quer conversar? — Lisa perguntou

— Sobre tudo, oras! Temos que nos conhecer melhor! Vamos estudar juntas por anos… Nada melhor do que conhecermos umas a outras, não é?

— E o que quer saber? — Perguntei

— Porque não falam sobre o que faziam antes de vir para cá e como decidiram tentar entrar em Nyada?

— Eu sempre quis isso — Lisa respondeu — Falo sobre Nyada com meus pais desde que ainda estava no ensino fundamental. Fiz aula de balé e jazz até meu primeiro ano no ensino médio, e fiz três anos de aula de canto. Era o que eu sempre quis, eu só não sabia para onde ir. Foi quando eu descobri sobre Nyada. Eu nem acreditei quando recebi minha carta de admissão. Meus pais deram uma festa e tudo.

— Eu também sempre quis isso, mas confesso que não estava a fim de fazer faculdade — Sarah disse — Porque não passar logo para o estrelato?! Mas achei isso meio impossível, então fiz a audição e passei. E o Steve também, é claro.

— Bom… Eu não sabia o que queria até algumas semanas atrás…

Eu disse sincera e recebi os olhares surpresos das duas.

— Como assim não sabia?! — Sarah perguntou espantada

— Não sabendo oras. Eu nunca tinha cantando com vontade mesmo até um tempo atrás. Então eu entrei para o Glee Club do meu colégio e então realmente me descobri nesse aspecto. Na verdade, não fui eu que me inscrevi para fazer a audição.

— Não? — Lisa perguntou

— Não. Foi Quinn. Mesmo depois de terminarmos, ela me inscreveu. Mesmo assim eu não quis fazer, mas por insistência dela eu fiz e foi incrível. E agora estou aqui. Graças a ela. Era como se eu não me achasse boa o suficiente, mas ela acreditou em mim e no meu talento, e me fez acreditar também.

— Ele parece realmente ter amado muito você — Lisa disse, num tom doce

— É… — Foi a única coisa que eu consegui dizer

Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns segundos, até que Sarah bateu palmas uma vez, chamando nossa atenção.

— Vamos testar isso agora então… — Ela disse

— Isso o que? — Lisa perguntou, já que não havíamos entendido nada

— O seu talento — Sarah olhava para mim e eu apenas fiz uma careta ainda não entendendo

Hey, boy you never had much game

Thought I needed to upgrade

So I went and walked away way way

Now, I see you've been hanging out

With that other girl in town

Looking like a pair of clowns, clowns, clowns

Sarah começou a cantar do nada, e então se levantou, ficando a nossa frente e fazendo caras e bocas, e principalmente movimentava o corpo de maneira bem intensa.

Remember all the things that you and I did first?

And now you're doing them with her

Remember all the things that you and I did first?

You got me, got me like this

And now you're taking her to every restaurant

And everywhere we went, come on!

And now you're taking her to every restaurant

You got me, got me like this

Algumas pessoas ainda passavam pelo campus e ficaram observando, enquanto cantava a nossa frente. Um grupo de quatro pessoas mais a frente começou a fazer o ritmo da música com palmas e alguns coros.

Boy you can say anything you wanna

I don't give a shh, no one else can have ya

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

I broke it off thinking you'd be cryin'

Now I feel like shh looking at you flyin'

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

Sarah nos puxou, nos fazendo levantar. Então Lisa resolveu tomar a música, e começou a cantar enquanto andávamos, nos aproximando do tal grupo que também cantava baixo.

Please, this ain't even jealousy

She ain't got a thing on me

Tryin' to rock with an ugly jeans, jeans, jeans

You clearly didn't think this through

If what I've been told is true

You'll be crawling back like boo hoo hoo

Remember all the things that you and I did first?

And now you're doing them with her

Remember all the things that you and I did first?

You got me, got me like this

And now you're taking her to every restaurant

And everywhere we went, come on!

And now you're taking her to every restaurant

You got me, got me like this

Desta vez, resolvi me divertir também. Comecei a cantar, então Lisa deixou que eu levasse a música.

Boy you can say anything you wanna

I don't give a shh, no one else can have ya

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

I broke it off thinking you'd be cryin'

Now I feel like shh looking at you flyin'

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

Uhhh... I thought you'd still be mine

When I kissed you goodbye uh oh uh oh

Uhhh... and you might be with her

But I still had you first uh oh uh oh

Remember all the things that you and I did first?

And now you're doing them with her

Remember all the things that you and I did first?

You got me, got me like this!

Nos afastamos do grupo e passamos juntas em volta da pequena fonte que havia ao meio do campus enquanto dançávamos e pulávamos juntas.

Boy you can say anything you wanna

I don't give a shh, no one else can have ya

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

I broke it off thinking you'd be cryin'

Now I feel like shh looking at you flyin'

I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

Voltamos em direção ao banco onde estávamos e sentamos da mesma maneira que antes.

Uhhh... (lalalalala) I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

Uhhh, I want you back

I want you back

Wa-want you, want you back

Caímos na gargalhada assim que nos jogamos sobre o banco, nos sentando no mesmo.

— Aqui as coisas são assim? As pessoas começam a cantar e dançar do nada?! Que eu saiba, isso só acontece nos filmes ou dentro dos Glee Clubs — Eu disse

— Acredite, isso acontece aqui e é mais freqüente do que você pode imaginar. Espere até as aulas começarem. Fique preparada para entrar em uma música sempre que possível — Sarah disse, piscando para mim enquanto ainda nos recuperávamos da música.

— Agora me diz — Lisa se virou mais para mim — Quem foi que disse que você não tem talento, afinal?

— Ninguém… — Eu disse baixo

— Então eu tenho que concordar com sua ex… Acredite mais em você. Você é incrível, Rachel.

— Obrigada — Eu disse, um pouco sem jeito com o elogio

— Bom meninas, foi ótimo o passeio, a música e tudo, mas eu vou subir. Ainda tenho que desarrumar minha mala, acredita? Preguiça me dominou essa semana. Não consegui arrumar nada no armário ainda. Nos vemos amanhã. Boa noite pra vocês.

Sarah se despediu de nós duas e entrou no dormitório.

— Acho melhor irmos também, não é? — Perguntei

— Eu não vou entrar agora não… Estou sem sono e se eu voltar ao quarto agora, não terei nada pra fazer a não ser me deitar. Vou andar um pouco pelo campus — Lisa se levantou e parou a minha frente — Tudo bem se não quiser vir. Mas se quiser…

Pensei um pouco no convite. Eu até estava querendo me deitar, mas uma caminhada rápida não faria mal, além disso eu gostava muito da companhia de Lisa.

— Não vou te atrapalhar? — Perguntei, me levantando à frente dela

— Claro que não, Rachel. Jamais.

— Então eu aceito. Mas só se eu puder comprar um slushie…

— Claro. Porque não? — Ela sorriu e então se afastou

Peguei minha bolsa em cima do banco e então seguimos campus adentro. Chegamos até um dos corredores do térreo do refeitório, e ali havia várias máquinas rápidas, como de biscoitos, capuccinos e slushie. Pus o dinheiro na máquina e peguei dois. Um de uva pra mim, e um de cereja para ela.

— Ai — Ela fez uma careta, fechando os olhos assim que tirou o canudo da boca

— O que foi?! — Perguntei, estranhando a reação dela

— Congelamento de cérebro!

Não contive o riso. Eu estava tão acostumada com slushies que isso não acontecia mais comigo, mas eu me esquecia de que ainda acontecia com os outros.

— É normal…

Voltamos andando bem lentamente, enquanto conversávamos sobre diversos assuntos.

— Está melhor agora? — Ela perguntou, quando voltamos para perto do banco que estávamos antes

— Por quê?

— Sempre te acho extremamente triste quando fala da sua ex-namorada. Foi assim no bar, e foi assim quando Sarah perguntou.

— Eu… Acho que ainda não consegui superá-la — Confessei — Mas ela deve estar vivendo bem a vida dela em Yale. Preciso começar a viver a minha também.

— Vai com calma. Sei como são estas coisas, não são nada fáceis. Mas estamos aqui pra isso. Aposto que Steve e Sarah querem que nossa amizade cresça tanto quanto eu quero. E eu principalmente, pois tenho mais contato com você do que os dois, afinal sou sua colega de quarto. Mas estou aqui para o que precisar, está bem?

— Obrigada Lisa

Lisa estava sendo extremamente gentil comigo, e eu confesso que estava gostando de conhecer esse lado dela. Enquanto me perdia pensando naquela situação, ela sorriu para mim e de repente, inclinou-se sobre mim e me envolveu com seus braços. Estranhei o gesto de primeiro, mas logo me deixei envolver e também passei meus braços em volta dela.

Nos soltamos devagar, e quando dei por mim, ela tinha deslizado uma de suas mãos por meu braço e agora a tinha sobre a minha. Fiquei sem reação de início, e acabei sorrindo sem graça, por puro nervoso. Apertei um pouco sua mão e então a soltei.

— É melhor entrarmos, está ficando tarde — Eu disse

Ela apenas assentiu, sorrindo, e então entramos no dormitório. Assim que chegamos ao quarto, ela juntou seu pijama e sua toalha e disse que iria até o banheiro, pois essa era a melhor hora pra um banho, pois ninguém estaria lá há essa hora. Ela apenas riu quando eu brinquei dizendo que sua companhia seriam os fantasmas de Nyada, e então seguiu seu caminho. Quando ela saiu, fechei a porta, para que pudesse me trocar. Assim que parei à frente de meu armário, ouvi batidas na porta. Comentei comigo mesma de que provavelmente seria Lisa, que deveria ter esquecido algo. Abri a porta e então, para minha surpresa, logo vi o sorriso amável de Kurt.

— Kurt! — Gritei seu nome enquanto me jogava nos braços dele, que me apertou forte — Não acredito que você está aqui! — Me afastei um pouco apenas para que pudesse afagar seu rosto

— Achou se livraria de mim assim tão fácil?! Eu também fui aceito!

Não acreditei quando ele disse isso. Teria meu melhor amigo de volta. O abracei mais uma vez e logo o puxei para dentro do quarto, fechando a porta. Ele deixou sua bolsa de uma alça sobre minha cama e nos sentamos ali mesmo.

— Porque não me contou isso antes?!

— Assim que voltamos pra casa no domingo, cheguei em casa e meu pai me entregou a carta! Mas eu não pude vir imediatamente. Avisei a reitoria que só havia conseguido vôo para esta hora e este dia, e eles concordaram que eu viesse mesmo que tarde. Eu ainda tinha que resolver algumas coisas em Ohio, e tinha também o Blaine…

— E como ele lidou com isso tudo?

— Ficou triste, é claro. Mas não tanto quanto a Quinn ficou quando você partiu.

Abaixei a cabeça, evitando olhar pra ele. A verdade é que eu ainda me sentia sensível demais a esse assunto, e só ouvir o nome de Quinn me trazia a memória tudo que passamos e toda a dor da despedida.

— Mas vamos esquecer isso por enquanto… — Tentei cortar o assunto

— Então, preparada para as aulas?

— Só começam na semana que vem. É bom que dá tempo para nos acostumarmos com a cidade, com a universidade…

— O que não é nada difícil, não é?! Esse lugar é incrível!

— Nem me fale! Esse campus é enorme, e nossa, maravilhoso.

— Agora me conta! Quem é sua colega de quarto?

— Ah, o nome dela é Lisa. Daqui a pouco ela deve estar chegando aqui. Cheguei agora. Nós duas saímos com a Sarah e Steve. Fomos à um bar aqui perto.

— Já me trocando, Rachel Berry?!

— Não! Claro que não! — Trocamos risadas — Lisa é minha colega de quarto. É inevitável que tenhamos contanto, mas mesmo assim, ela é uma pessoa ótima. Sarah e Steve são gêmeos. Conheceram Lisa no vôo para cá e ela me apresento a eles, então temos andado juntos desde então. Te apresento à eles assim que possível. Se esperar, te apresento à Lisa ainda hoje!

— Eu adoraria, mas não posso. Larguei minhas malas no meu quarto e vim aqui o mais rápido que pude. Na verdade, tive que perguntar a seus pais qual era o número do seu quarto. Tenho que voltar e começar a arrumar minhas coisas.

— Ah Kurt… Fica mais um pouco! Por favor — Segurei seu braço enquanto ele se levantava, pegando sua bolsa

— Desculpa Rach, eu queria, mas não dá. Prometo que amanhã cedo venho aqui pra tomarmos café juntos, está bem?

— Tudo bem — Me senti obrigada a deixá-lo ir

O levei até a porta e então ele me abraçou por uma última vez.

— Me pediram para te entregar isto…

Kurt abriu a bolsa e pegou um envelope branco. Estendeu-o em minha direção, e eu o peguei. Analisei-o com as minhas mãos e percebi que havia algo a mais ali dentro do que apenas papel.

Virei o envelope e reconheci o símbolo da Columbia University. É claro que estranhei de início, ainda mais pelo fato do envelope não estar lacrado, pois já se encontrava aberto. Apenas levantei a aba e puxei o papel. Desdobrei o mesmo e comecei a ler.

Columbia University

In New York City.

Dear Ms. Fabray,

We would like to congratulate you on your admission to Columbia University in New York City. Your application revels an understanding of the passion, dedication and creative spark that are crucial to get succeed at our university. It's an unmeasured pleasure to know we'll have you here next semester. Welcome to Columbia!

Senti minha mente dar voltas. O que aquilo deveria significar, afinal? Andei até minha cama e me sentei sobre a mesma, deixando o papel cair de minhas mãos sobre a cama e então peguei o envelope novamente. Quando olhei dentro do mesmo, vi meu colar. O colar que eu havia dado a Quinn há uma semana.

— Kurt, o que significa isso?