Friends With Benefits escrita por Fernanda Redfield, Rainha de Copas


Capítulo 7
Tempo x Fim


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! *esconde-se das pedras, facas, arpões, tiros...*
Antes de tudo, 1000 desculpas pela falta de consideração. Na verdade, ela foi em grande parte, culpa minha (Redfield).
Minhas aulas da faculdade começaram e eu estava sem tempo para escrever (até levei broncas da Maari por causa disso).
Mas aqui está mais um capítulo e já aviso: preparem-se, fortes emoções (boas e ruins!).
Boa leitura! (:



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Rachel's POV

Duas semanas haviam se passado e agora, parecia que não tive tempo suficiente pra aproveitá-la. Maldito intercâmbio. Porém, as coisas não poderiam estar melhores, romanticamente falando. As ligações que antes eram 'sexo, agora' se tornaram conversas de longos minutos e, às vezes, eram só desculpa pra conversarmos.

Eu havia desistido de estudar pra dar atenção a ela e, obviamente, isso foi recíproco. Aliás, o último trabalho que fiz, aquele roteiro que Elizabeth ficou stalkeando pra que eu fizesse o trabalho sozinha ou, pelo menos, te desse uma luz. E acabou que fiz, e ficou perfeito. Com alguns ajustes do grupo, porém não foi retirada a essência do que Quinn havia me explicado.

Assistimos ao filme juntas porque eu teria que conhecer algo que, possivelmente eu poderia recriar, mas confesso que não me agradou assistir essa temática ao seu lado. Fiquei pensando, mais ainda, em como seria quando ela estivesse fora. E se fosse pra ficarmos afastadas? Se a felicidade não dependesse só de ter a pessoa que se ama ao lado?

Essas perguntas, e tantas outras mais, martelaram em minha cabeça, mesmo ela tendo cantado “Falling Slowly” em meu ouvido pra me acalmar após o filme ter terminado. Mas isso só me fez chorar mais e querer seu corpo mais próximo ao meu.

E não adiantou conversar com Kurt, Zach ou qualquer outra pessoa que ficou disposto a ouvir meu drama. Tudo parecia tão pequeno antes, tão longe e agora estava aqui, a quase um palmo de distância do meu nariz.

Tudo que eu queria era fugir pra algum lugar com ela, porém isso não era possível, pois quando eu liguei pra Quinn exatamente pra sugerir isso, ela me diz que teríamos que ir numa festa que era pra ela 'ser apresentada aos colegas de alojamento'. Resumindo, meu plano de fugir e passar o resto dos nossos dias em algum hotel barato, morreu.

E cá estava eu, me arrumando pra minha garota. Kurt estava na casa do Zach e me mandou um sms dizendo que iria de lá. Aposto que vão chegar atrasados ainda. Vestido vermelho com o comprimento no meio da coxa, frente única com um razoável decote na frente. Sim, eu estava vestida pra matar, e sim, seria Quinn que me mataria por eu andar assim.

Terminei de passar rímel e eu reconheci o toque de meu celular, que era o de Quinn, e então me virei pra tela que mostrava uma foto engraçada dela. Sem mais demoras. "Hey baby."

"Oi, Rach. Tudo pronto?" Eu conhecia esse tom de voz, não era normal.

"O que aconteceu, Quinn?" Perguntei enquanto calçava meus saltos.

"Ah, nada Rach, é só que... Tem como você vir pra cá antes de irmos?" Ela disse num sussurro e tenho certeza que ouvi a risada escandalosa de Santana atrás dela.

"Fala logo, Quinn, o que aconteceu?" Peguei minha bolsa de mão antes de sair trancando o dormitório. Ouvi assobios de alguns engraçadinhos, mas nem liguei.

"Só vem pra cá, por favor." Sua voz estava amolecida e quando eu ia desligar, sua respiração mudou e ela continuou. "E diga ao idiota que assobiou pra você que eu ouvi e que nós teremos uma conversinha quando eu for ai." Gargalhei e murmurei um 'não irei fazer isso', antes de desligar e entrar no elevador.

Não demorou muito e eu já estava dentro do táxi que me esperava na portaria de Julliard. "Pra onde, senhorita?" Notei que ele fitava meu decote descaradamente, sorri pra ele me ajeitando no banco.

"Columbia, portaria central." Ele assentiu e voltou a olhar pra frente, dirigindo.

Não demorou muito e estávamos em frente ao prédio onde era o dormitório da minha namorada. Dei-lhe uma nota de vinte dólares e ele trancou a cara, esperando mais de troco. Revirei meus olhos e sai do carro deixando-o reclamar sozinho.

Peguei o elevador e notei algumas mulheres me encarando antipaticamente, provavelmente sabiam que eu era a namorada de Quinn agora e deveriam ter ódio mortal de mim. Não pude conter meu sorriso, quem diria que eu ia chamá-la de minha namorada assim, tão abertamente?

Bati na porta de Quinn e Santana e uns segundos depois a latina abriu, estava linda num -vestido curtinho verde musgo até a coxa, com mangas e um decote que não mostrava tanto o vale dos seios da latina. Um pequeno colar prata no pescoço com um coração, lembrava-me daquela ser a aliança dela com Brittany, uma sandália de tiras creme.

"Vai ficar parada aí admirando minha beleza ou vai entrar e rir comigo da sua namorada que não sabe usar um vestido?"

"Eu até tento gostar de você, Santana, mas quando você abre a boca, eu lembro que existe o Satan aí dentro e isso acaba com o encanto do momento." Murmurei entrando na sala das duas enquanto ouvia a gargalhada de Santana atrás de mim.

"É recíproco, anã." Ela disse num baixo tom de voz atrás de mim. "Berry, você está gostosa nesse vestido hein?!" Me virei pra ela e a olhei, incrédula. Ela piscou pra mim se aproximando e eu fui me afastando.

"Repete Santana, repete e eu parto a sua cara e assim nós relembramos os tempos do ensino médio onde eu sempre acabava com você." Quinn apareceu mais que furiosa na sala e eu pude notar como ela estava linda num vestido tomara que caia azul escuro, coladinho na cintura e rodado nas pernas, deixando a mostra grande parte de sua pele quase translúcida das pernas. Uma pulseira dourada no braço direito e uma sandália meia pata branca com um salto pequeno.

Linda, sem palavras pra descrevê-la. Até me esqueci que elas estavam 'brigando'.

"Não precisa meu bem. O ensino médio está passando bem diante dos meus olhos com a visão de Quinn Fabray num vestido." Santana gargalhou e eu não pude deixar de rir junto, vendo Quinn corar e sua expressão ficar emburrada, com ela a cruzar os braços. A latina caminhou até ela e beijou sua bochecha, num tom de provocação e depois saiu correndo antes que minha namorada a matasse.

Ela levantou a cabeça, envergonhada pra mim e eu gargalhei da situação. Nunca imaginei que a veria de vestido assim, tão fofa e lembrando aquela Quinn que fora somente minha amiga um dia. Revendo as coisas, admiração não era só o sentimento que eu sentia por ela há anos atrás.

"O que foi, também veio pra rir de mim?" Soltei uma gargalhada parecida com a de Santana e ela fechou mais ainda a cara. Me aproximei, antes que ela corresse e sumisse dali como eu sabia que ela queria tanto fazer, pegando em seus pulsos fazendo-a olhar pra mim ou, pelo menos, suportar minha presença ali.

"Não, eu vim porque certo alguém me chamou pra vir... Tá lembrada?" Ainda emburrada, ela fez que sim com a cabeça, me dando liberdade pra descruzar seus braços e abraçar seu pescoço e mesmo assim, ela se recusava a olhar pra mim ou me dar total atenção. "Ah, qual é Quinn, você está linda nesse vestido e nesse salto." Seus olhos vieram em minha direção, totalmente incrédulos e frios, exatamente da forma de quando ela não gostava de algo no colegial. Beijei sua mandíbula e a vi sorrir, desmanchando seu disfarce.

"Ok, eu me rendo. Com você toda linda e gostosa nesse vestido não tem como eu ficar assim por muito tempo." Eu bati em seu ombro depois dela dar uma grande checada em mim, corei. Senti seu corpo se aproximar do meu e suas mãos rodearem minha cintura. "Mas fique sabendo que mesmo que você esteja toda linda, eu não concordei com a idéia do vestido ok?!" Senti seus dentes cravarem em meu pescoço e automaticamente eu gemi roucamente em seu ouvido, o que a fez aumentar a intensidade do aperto de sua mão, que já tinha descido pra minha bunda. "E você irá pagar por isso." E mordeu meu lábio antes de parar com seu joguinho e me beijar.

"Acabou a putaria." Santana era tão sutil. "Você." Apontou pra mim. "Vai esperar sentada na cadeira, AGORA!" E virou-se pra Quinn. "Fabray, quarto, já. Preciso terminar sua maquiagem e arrumar esse cabelo." Mas ela parecia não intimidar mais como deveria, pois Quinn revirou os olhos e continuou me beijando. Abri um olho e vi Santana se aproximar com uma almofada e me afastei bruscamente, mas mesmo assim a latina acertou uma almofada na minha loira. "Eu disse cadeira, anã." E pegou em meu braço, me forçando a sentar na cadeira. Fechei a cara e vi que Quinn não ficou muito contente ao ser empurrada pro quarto.

Liguei a TV como um auxílio para o tempo passar mais rápido, porém, obviamente, foi inútil. Minha diversão no momento era passar os canais com o controle remoto e brincar com o botão mudo enquanto Santana terminava de arrumar Quinn em seu quarto. Bufei irritada e impaciente, mas só de pensar que esse era um dos poucos dias que eu iria ver minha garota de vestido e salto, valia a pena a espera.

Achei que ia morrer ali, sentada naquela cadeira, mais que entediada esperando aquelas duas terminarem. Até que Quinn aparece na sala, braços cruzados na frente do peito, uma cara emburrada ao extremo e Santana logo atrás, com o sorriso do Satan estampado no rosto. "O que você fez dessa vez Satan?" Ela fez uma expressão de não estar entendendo e passou por Quinn, mandando-lhe um beijo.

"Nada, Rach. Talvez Quinn te conte mais tarde... Ou talvez ela nem vai precisar contar, né?!" Santana murmurou ácida e eu continuei sem entender, abraçando Quinn de lado lhe dando um selinho, tentando melhorar sua carinha.

"Ai, não liga pra ela. Ela é a Santana sem coração e está sem sexo por um bom tempo." Pisquei pra ela que riu e fez a atenção da nossa querida amiga latina se voltar para nós duas, apesar de estar no celular. Seu olhar era fuzilador e eu lhe devolvi exatamente igual. "Está chamando o táxi?" Ela fez que sim enquanto caminhava pra dentro de seu quarto.

"Acho que finalmente ela se foi, pelo menos por alguns segundos." Nós rimos e automaticamente nossos corpos se aproximaram e após isso, eu senti Quinn morder meu lábio inferior, num convite pra continuar. Abri meus olhos e vi que ela olhava pra mim e isso me fez sorrir e finalmente selar nossos lábios.

"¡Dios mío! Será possível que vocês duas não conseguem ficar separadas por dois segundos?" Mordi seu lábio no fim do beijo e ela apoiou sua testa na minha antes de se virar para Santana que tinha uma pequena bolsa de mão embaixo do braço e tinha uma cara irritada no rosto. Apertei sua cintura e Quinn riu antes de comentar. "O táxi já está lá em baixo, anda vamos, depois vocês fazem o filho de vocês, ou pelo menos tentam."

"Fala isso porque Brittany não está aqui e você está na seca há tempos, se ela estivesse nem ligaria pra essas coisas e nem estaria indo nessa festa." Satan veio à tona e eu me segurei pra não rir e piorar a situação. Quinn pegou em meu braço e me virou, abrindo a porta para nós sairmos antes que Santana nos batesse.

Ouvimos o barulho da porta fechar atrás de nós e antes de entrarmos no elevador, a voz de Santana foi ouvida. "Calada Juno." E segundos depois ela já estava dentro do elevador, apontando o dedo na cara de Quinn, como ela sempre fazia com aquele ar de Lima Heights, mas a diferença é que agora todas nós ríamos.

****

O prédio da festa era bem localizado, em algum bairro nobre do Queens. Não era tão sofisticado pra chegar a ser chamada de festa gala, porém se viéssemos de jeans iríamos passar vergonha. Quinn cumprimentou algumas pessoas ao passarmos pelo salão, e logo encontramos o bar, mas dessa vez, não era Zach que trabalhava. E por incrível que pareça, ele foi chamado, mas dessa vez iria estar lá como convidado e eu espero que eles venham logo.

Havia um Dj no canto nordeste e a pequena pista de dança, estava montada no centro do salão. Mais pra frente podíamos desfrutar de um pequeno espaço descoberto onde haviam alguns casais ou futuros lances de uma só noite.

"Quando você vai parar de cumprimentar todo mundo, Q? Quero dançar com você!" Murmurei em seu ouvido depois de passarmos pela vigésima pessoa em menos de 5 minutos e o que mais me irritou era que ela me apresentava como Rachel, só. Quando alguma pessoa em bom senso e que conhecia Quinn, ao menos de vista, saberia que ela é lésbica e que eu era sua garota. Santana não agüentou o social demais e foi sentar, esperando nosso casal gay preferido.

"Meu amor, você sabe que essa festa é quase pra mim não sabe?" Balancei a cabeça afirmando e ela se virou pra mim, me obrigando a parar de caminhar. "Então, logo, sabe que as pessoas estão aqui pra, digamos, me prestigiar, certo?" Eu sorri e percebi o furo que tinha dado, e logo depois sussurrei um pedido de desculpas. "Eu prometo dançar com você, mas deixa eu pelo menos terminar de dizer oi, pelo menos aos professores. Por favor?" Eu fiz que sim e já ia caminhando na direção contrária de Quinn quando senti suas mãos me puxarem para o seu lado novamente. "Eu disse que preciso fazer o social, mas isso não incluía você sair de perto de mim." E me deu um rápido selinho, me fazendo sorrir.

Andamos mais alguns metros e Quinn foi mais simpática com algumas pessoas randômicas, quando eu só sorria e era educada e falava quando era necessário. "Ora, ora. Achei que nunca veria essa cena. Fabray de vestido." Minha loira tremeu de raiva do meu lado e eu estranhei isso, eu nunca havia visto aquele cara e muito menos sabia quem ele era, mas pelo jeito não era boa pessoa. Nos viramos e o dono da voz era um moreno um pouco mais claro de pele que eu, de cabelos curtos, nem tão grande e nem tão forte, olhos verdes. Vestia uma camisa social azul clara de manga longa, com alguns botões abertos, uma calça social preta e um sapato da mesmo cor. "Prazer, Ashton Knight." Se voltou pra mim me cumprimentando e pelo canto do olho eu vi Quinn se retesar. "E quem é essa? Sua namoradinha ou uma casual?" Agora eu entendi o porquê de toda a tensão.

"Quem você pensa que é?" Me exaltei, mas ela me parou, colocando a mão num ponto perto do meu diafragma.

"Rachel Berry esse é o filho da puta que adora me irritar, Ashton Knight. Ashton essa é Rachel, minha namorada." Quinn se curvou pra mim e eu o vi torcer a expressão, revirando os olhos, porém permanecendo ali. Sua mão pegou a minha e Quinn estufou o peito.

"Ah, essa é a famosa. Muito prazer em conhecê-la. Sua namoradinha não fala muito sobre você, porque como você viu, ela me odeia. Mas você é a famosa menina que sossegou Quinn Fabray. Parabéns. Só cuidado que ela não é tão fiel quanto parece, mesmo parecendo ser." Ele sorriu torto antes de sair caminhando pelo salão e nos deixando irritadas.

"Eu. Me desculpa, ele é um babaca e..." Coloquei meu dedo indicador nos seus lábios impedindo-a de falar. Sorri e acariciei seus cabelos, que estavam meio ondulados nas pontas.

"Eu não acreditei em nenhuma palavra que esse idiota disse, ok? Afinal, eu te conheço muito melhor do que ele, acho que ele não vai querer discutir, certo?" Ela afirmou com a cabeça, mas mesmo assim não deixou a tensão de lado. "Te amo e sei que você também sente o mesmo. Nem ele e nem outro ou outra vão mudar isso." Lhe dei um selinho e ela relaxou em meus braços. E nós voltamos a circular entre os passantes que pareciam reles mortais, diante da beleza da minha namorada.

*****

"Então, Fabray, essa é a famosa que todos andam comentando?" Uma professora de Quinn conversava com ela ao meu lado. Estreitei meus olhos ao olhar a loira que beirava os quarenta anos.

"Eu não sei o que andam comentando, mas essa é minha namorada. Rachel Berry, Ms. Powell. Ms. Powell, Rachel Berry." Senti o olhar da senhora, parada em minha frente, descer por mim  enquanto ela me cumprimentava. Sorri, a controvérsia, para a loira em minha frente e antes que eu ficasse cansada de ter que continuar sorrindo, Quinn engatou numa conversa sobre a política protecionista da Europa no século XV.

Por Deus, quem iria querer falar sobre políticas protecionistas que aconteceram há anos atrás? E ainda por cima numa festa onde era open bar. E eu? Eu queria sair o mais rápido dali, não entendia nada sobre essas coisas. História e Geografia eram matérias que eu fiz porque não tinha outro jeito. Meu olhar vagou sobre o salão e eu encontrei o olhar de Santana e, discretamente, fiz um movimento de querer me matar. A latina gargalhou da cadeira e eu voltei meu olhar para a conversa das duas. "Quinn, aqui não é hora de termos discussões econômicas... Vá dançar com sua garota, ela é linda demais e Ashton está a olhando desde o começo da festa." Corei. Porra, Quinn iria me matar. Ainda mais o tal de Ashton. Agradeci a loira mais velha com o olhar e ela pareceu entender, pois sorriu antes de nos deixar sozinhas.

"Eu não fiz nada." Murmurei antes que Quinn falasse qualquer coisa, a vi revirar os olhos e me puxar pra um canto mais sossegado. Vendo por cima do ombro dela, notei o tal Ashton olhando para nós duas.

"Puta merda, Rachel. Na frente da Ms. Powell não né." Ela me bronqueou e eu peguei em sua mão, num pedido de desculpas mudo. Ela torceu a boca e eu me aproximei lentamente e antes que ela se desse conta, eu já estava próxima demais pra ela negar qualquer toque. Aproveitei a diferença de altura que, agora, não era tanta, pra morder seu pescoço. "Rach, depois você faz isso, aqui não." Parei abruptamente e quando estava me afastando, sinto suas mãos rodearem minha cintura, me puxando contra seu corpo. "Eu não estou brava, é que eu fico sem graça. Só isso." Me deu um selinho e deslizou sua mão pela minha, antes de voltar a caminhar no salão comigo ao seu lado.

"Quinn?" Seus olhos verdes viraram em minha direção e eu os vi sorrir, sua alegria era palpável e eu não ia destruí-la agora. "Nada, é bobagem."

"Fala logo, Rach." Peguei um copo de água da bandeja do garçom que estava passando. Voltei meu olhar pra Quinn que ainda estava esperando uma resposta. Droga.

"É só que seu 'amigo' ali, tá olhando pra cá toda hora." Ashton nem disfarçou quando Quinn virou pra ver quem estava nos olhando. De fato, ele continuou nos encarando e ainda cruzou os braços, o que fez a loira quase urrar de nervoso.

"Culpa sua." A frase saiu quase como um rosnado e eu achei não ter entendido.

"Oi?" Ela saiu caminhando pelo salão, quase me deixando sozinha no meio de gente desconhecida. E só parou quando chegou ao bar.

"Uma tequila pura, por favor." Sentei-me do seu lado e ela pareceu não se importar com isso, até virar seu rosto pra mim. "Culpa sua, Rachel. Vestida assim, como Julia Roberts em 'Pretty Woman' e ainda não quer chamar atenção." Gargalhei e antes que ela tomasse a tequila que o barmen acabara de deixar em cima do balcão, voei em cima do copo e bebi a pequena dose assim mesmo. "E ainda rouba minha tequila. Ah, por favor, Berry."

Ela foi saindo do bar e eu a puxei pelo braço e quando ela olhou pra mim, senti os pelos de seu braço se arrepiarem. Eu tinha tequila escorrendo no canto direito da minha boca e pude vê-la lamber os lábios com a visão. "Simplesmente amo quando você fica enciumada." A senti arfar quando eu me aproximei, puxando sua cintura pra perto e murmurando as palavras perto de sua boca. "Parece um leão defendendo seu bando ou sua leoa." Ela gargalhou antes de revirar os olhos e me beijar, parecendo não se lembrar e nem se importar de que estávamos em público.

"Você sabia que os leões são uma das espécies de animais que só se relacionam com o sexo oposto somente para reproduzir? Manutenção da espécie, acho que você compreende." Ela interrompeu nosso beijo e eu não acreditei.

"E você nem bebeu ainda, cala a boca Quinn. Volte a me beijar, é o melhor que você faz." Murmurei mordendo seu pescoço e ela afrouxou o aperto em minha cintura, desviando seu rosto e procurando meu olhar.

"Eu to falando verdade, Rach." Acabei gargalhando com o tom inocente que ela usara e a encarei, arqueando uma sobrancelha, procurando por mais informações. "Para de fazer essa cara, por favor. Parece que você não me leva a sério, nunca." Nos encaramos por alguns segundos até que ambas caímos na gargalhada e eu balancei minha cabeça, vendo seus olhos lacrimejarem de tanto rirmos.

"Eu te amo." E mais uma vez nós voltamos a sorrir, porque dessa vez a frase saiu em um uníssono.


Quinn's POV

Fim de festa. Tédio.

Tudo o que eu queria era ir embora para o dormitório de Rachel, já tinha me informado e Kurt dissera que ia passar a noite com Zach. Eu precisava de um tempo sozinha com a minha morena e, principalmente, eu precisava arrancar aquele vestido. Sério. Eu tinha me esquecido como era a sensação se usar saias e vestidos, estava incomodada, mas não perderia a elegância. Era o mínimo que eu podia fazer.

Ser elegante E paciente, principalmente. Porque minha namorada estava dançando todas com a minha melhor amiga enquanto eu me afogava em pequenas doses de vodka, não me levem mal, eu estou sóbria. Só estou irritada com Santana esfregando-se em Rachel e com Rachel que estava se acabando de dançar.

Minha morena olhou para mim entre as batidas da música e deu um daqueles olhares que me faziam esquentar todas as partes do corpo. Engoli em seco, pelo menos o olhar dela era só meu, porque as pernas tinham virado objeto de comum acesso na festa. Estavam todos olhando. Ouvi as risadinhas infames de Zach e Kurt ao meu lado, imediatamente olhei para os dois com raiva. Kurt pigarreou e murmurou calmamente.

“Relaxa Fabray, deixe Rach se divertir um pouco.”

“Tudo bem se divertir, só acho que não precisa se esfregar em Santana para isso.” Respondi amargurada e virando outra dose de vodka, o líquido desceu queimando em minha garganta e eu balancei a cabeça para tirar um pouco do efeito da bebida. Estava para pedir outra quando Zach tomou meu copo, me passando uma taça com água. O maldito ruivo arqueou a sobrancelha e disse repreensivo.

“Ela não estaria se esfregando em Santana se você tivesse aceitado a dança com ela.”

Olhei revoltada para Zachary e tomei todo o conteúdo da taça que ele tinha me oferecido. Respirei fundo e olhei para Rachel que estava apoiando-se na cintura de Santana e dando uma daquelas gargalhadas contagiantes, perigosamente próxima ao pescoço da latina filha da mãe, fiz uma careta e ela virou-se para mim, lambendo os lábios. Involuntariamente, bati meu braço em Kurt e senti um arrepio em minha nuca. Maldita Berry. “Mudou de lado, Clark?”

“Era você que estava apresentando-a como amiga para as pessoas, acho que a Rachel está no direito dela de seduzir toda a festa.” Zachary tinha um sorrisinho irônico no rosto e Kurt estava sufocando as risadas, aquelas duas bichas estavam me enchendo o saco. Revirei os olhos e dei as costas para a pista de dança, Santana era minha amiga, mas se eu visse mais proximidade, iria cometer um homicídio ali. Ouvi as risadas de Kurt e Zach e me recolhi a minha insignificância, baixando a cabeça e estudando a minha taça vazia.

A música parou e houve alguns aplausos tomara o ambiente, não sei por quê. Até a seleção do meu iPod era melhor do que as músicas que o DJ estava tocando. Me virei para ver se Lopez e Berry iriam dar a honra da presença em nossa conversa quando senti uma mão em meu pescoço e unhas correndo pela nuca. Me arrepiei a tal ponto que até tencionei o pescoço, escutei a risada rouca de Rachel em meu ouvido. Tentei ignorá-la com o corpo próximo ao meu, ela estava praticamente colada em minhas costas. Respirei fundo e me virando para Zach, respondi mal educada.

“Eu apresentei Rachel como minha namorada em vários momentos, Clark.”

“Rachel é bonita, acho que ela tem o direito de mostrar isso para todo mundo.” Santana comentou disfarçadamente enquanto sentava-se no colo de Kurt, o moreno deu uma risadinha sufocada e começou a colocar os cabelos de Santana no lugar. Céus, estavam todos contra mim? Olhei furiosa para Santana e respondi.

“Rachel pode ser bonita, até porque é impossível ela ficar feia. Mas ela não pode sair seduzindo todo mundo na festa. E você, fura olho, não pode ficar pegando nela o tempo todo.”

Foi inevitável, todo mundo riu de mim e Rachel aplicou um beijo em minha nuca. Santana tinha uma das suas expressões de bitch no rosto e Zachary estava observando a cena, entediado, Kurt ria sem parar e já estava vermelho. Rachel desceu a mão pelas minhas costas e eu senti o seu toque mesmo por cima do vestido. Mordi o lábio e fechei os olhos, escutei um muxoxo de Rachel e sorri vitoriosa diante da perturbação da minha namorada.

“Dá para você parar de ser filha da mãe e dar atenção para sua mulher, Fabray?” Zachary perguntou indignado e eu olhei sofrida para ele, aquele ruivo estava me traindo! Todos estavam contra mim! Santana balançou a cabeça em sinal afirmativo e Kurt fez um sinal positivo erguendo o polegar. Eu bufei derrotada e me virei para Rachel, ela tinha uma expressão séria ao brincar com meus cachos.

Lutando contra nossos vestidos, ela se aproximou e me abraçou. Depois nos afastamos e eu fiquei olhando para a carinha pedinte dela e beijei-a na bochecha. Rachel não deixou que eu me afastasse e apertou os lábios contra a minha orelha, dizendo ao meu ouvido.

“Também acho que a senhorita tem que me dar atenção, porque eu estou te querendo loucamente depois de te ver enciumada.”

Arqueei a sobrancelha para ela e apertei a sua cintura, Rachel deu um dos seus melhores sorrisos e colocou as mãos dela sobre a minha, pincelado nossos narizes e brincando de morder meus lábios. Santana e Kurt fizeram um “own” em uníssono e Rachel riu dos dois antes de me dar um selinho, permanecemos de lábios juntos até que Zach nos separou. O ruivo maldito sorriu malvado enquanto puxava Rachel e dizia.

“Querida Quinn, me agradeça depois, mas eu acho que você deveria levar sua morena para algum lugar reservado. Estou sentindo a excitação dela daqui.”

“Acho que você está confundindo a excitação da Rachel com a sua frustração sexual, Clark.” Santana comentou maldosa e em conspiração com Kurt, foi a minha vez de rir junto com Rachel. Ela se aproximou mais de mim e se encaixou ao lado de minhas pernas cruzadas, afaguei sua cintura e ela fez carinho em meu pescoço. Sorri para ela e encostei a minha cabeça em sua barriga, Rachel remexeu em meus cabelos a partir daí. Zachary estava vermelho e Santana ria sem parar. “Estou apenas dizendo, pelo que eu saiba, Kurt fez uma greve de sexo esses dias, não?”

Zachary fuzilou Kurt com os olhos e o moreno tomou uma dose de vodka, tentando fingir que Santana não o entregara. Pela cara do trio, aquele jogo de trollagens ia ficar pelo resto da noite. Rachel estava rindo sem parar e a vibração do abdômen dela estava me divertindo, Santana estava com uma das suas melhores bitches faces enquanto Zach corava e abaixava a cabeça. Santana Lopez realmente é terrível, ela calou Zachary Clark!

“Ok, bando de frustrados. Ao contrário de vocês, eu tenho uma namorada linda para me manter feliz.” Rachel murmurou safada e arranhando minha nuca novamente, eu corei e acabei ronronando, Santana fez uma expressão de nojo e Kurt nos mostrou o dedo do meio. “Nós duas vamos deixar a creche aqui e vamos tomar um ar. Se cuidem e nada de nos interromper, ok?” Nossos três muy amigos afirmaram obedientes com a cabeça e Rachel me puxou para fora do espaço, conduzindo-me para os jardins enormes e desertos do lado de fora.

Caminhamos de mãos dadas para as enormes portas que davam para os jardins, quando a brisa fresca da noite tomou nossos ombros e o cheiro de álcool sumiu de nossos narizes, eu me aproximei um pouco mais dela. Segurando seus ombros, a empurrei delicadamente entre as rosas e arbustos bem montados. Uma das mãos de Rach encontrou as minhas e ela me puxou mais para perto, me intimando a segurar sua cintura. Assim o fiz e murmurei em seu ouvido.

“Desculpa pela crise, amor.”

“Leão, incontrolável... Lembra?” Rachel respondeu satisfeita, a risada dela me fez sorrir também e eu cheirei seus cabelos enquanto caminhávamos juntas. Meus olhos encontraram o contorno de um pequeno coreto à frente. Nos conduzi até lá e Rachel me puxou, colocando-me escorada na grade enquanto me abraçava pela cintura e afundava o rosto em meu peito. Beijei seus cabelos e a apertei em meus braços.

Olhei para o jardim escuro e respirei fundo, Rachel deslizou as mãos para minhas costas e apertou ali. Era quando ficávamos em silêncio que eu temia minha viagem, Rachel estava sendo uma namorada fora do sério, me apoiando e não me deixando lembrar que, meu vôo seria dali a 5 dias... Mas em silêncio, as imagens de minhas malas praticamente arrumadas e de meus livros encaixotados vinham a minha mente. E a ideia de deixá-la ali, em NYC com abutres como o Ashton, me fazia quase vomitar.

Céus, eu só estava indo para Londres porque ela me apoiava.

Rachel, com sua intuição fora do normal, pareceu ver que meus pensamentos estavam indo. Minha morena levantou o rosto e mordeu meu queixo, exigindo atenção. Sorri para ela e nossos lábios se tocaram gentilmente. Rachel apertou meus ombros e eu me inclinei para trás quando o beijo se aprofundou. Rach mordeu minha bochecha quando se separou e eu sorri de lado, ela afagou meu rosto, preocupada. “Para de pensar bobeira, amor.” 

“Desculpe, eu não posso evitar.” Respondi um pouco decepcionada e mordendo meu lábio, segurando minhas lágrimas e apertando ainda mais o laço em sua cintura. Rachel continuou a me olhar e passou as mãos pelos meus ombros, massageando-os inutilmente, eu já estava tensa. Olhei para as luzes da festa e suspirei. Rachel entrou em meu campo de visão com aquele sorriso iluminado e me deu uma sequência de beijos que provocou minhas risadas lá pelo quarto ou quinto.

Rachel estava lá, sorrindo e me consolando quando deveria ser o contrário. Minha namorada, minha diva estava sendo mais forte do que eu, a Ice Queen. Era ela quem segurava a barra enquanto eu estava insegura, tentando adiar mais e mais a viagem... Rachel Berry não existia, ela era boa demais e perfeita demais para alguém como eu. Consegui abrir um sorriso diante do meu surto, acho que os papéis estavam se invertendo ali.

Rachel suspirou aliviada e brincou com os cachos dos meus cabelos, acho que ela adorou o penteado. Ela escondeu o rosto em meu pescoço e exalou o ar quente ali, ri das cócegas e Rachel mordeu meu pescoço, senti a língua dela deslizar pela minha pele e me arrepiei. A morena percebeu meu incômodo e gargalhou satisfeita. Depois, ela puxou meu queixo, forçando nosso contato visual e murmurou sensualmente.

“Acho bom a senhorita ficar bem de boa hoje à noite... Temos o dormitório só para a gente.”

“Fique tranqüila. Você sabe que nada atrapalha minha performance, Miss Berry.” Murmurei roucamente próxima aos seus lábios, Rachel sorriu satisfeita e se aproximou, exalando aquele ar quente em meus lábios. Fechei os olhos e respirei fundo. As mãos de Rachel chegaram até a minha nuca e ela segurou firmemente meu pescoço, se aproximou lentamente e traçou um caminho de beijos pela minha mandíbula até meu ouvido. Envolveu o lóbulo da minha orelha em um beijo e suspirando, disse.

“E eu realmente espero que nada nos atrapalhe hoje. Temos muita coisa para fazer e descobrir juntas.”

“Se você continuar dessa forma, eu não vou nem esperar chegar em seu dormitório, Berry.” Minha voz saiu mais rouca do que eu queria e a gargalhada melodiosa de Rachel em meu ouvido me fez sair do controle. Apertei seu corpo junto ao meu e mordi seu ombro, Rachel se encolheu enquanto eu passava a língua pelo local. Ela estava ofegante, eu ri maldosa. “Lembre-se: nunca brinque com um leão faminto.” Troquei nossas posições e a prensei de encontro a grade do coreto, Rachel soltou um curto gemido e eu ri vitoriosa. Arqueei a sobrancelha para ela, mas ela me surpreendeu ao envolver uma perna em torno de mim e sibilar maliciosa.

“Ah não, Fabray. Vamos ter que chegar ao dormitório, não quero mais ficar desconfortável enquanto faço amor com você.”

“Você não parecia se preocupar com isso antes, Rachel.” Minha voz acabou saindo um pouco decepcionada e Rachel acabou dando um sorriso, fazendo aquela carinha fofa enquanto eu revirava meus olhos. Bufei impaciente e soltei o corpo dela, cruzando meus braços e franzindo a testa. Rachel riu e segurou meus braços, balançando-os infantilmente enquanto cantarolava.

“É que antes, eu transava com você, Quinn. Como fazemos amor agora, as coisas tem que ser diferentes.”

“Ah é? Seu apetite sexual continua o mesmo.” Um sorriso sacana estava em meus olhos agora e foi a vez dela de fechar a expressão. Olhei para ela com a sobrancelha arqueada e um sorrisinho cínico. Rachel revirou os olhos e se virou para voltar a festa. A puxei de volta para mim e mordi a sua orelha, Rachel gemeu e bateu em meus braços que rodeavam sua cintura. “Tudo bem, pequena. Vamos fazer amor loucamente hoje a noite.”

Rachel se virou apenas para sorrir sexy, eu engoli em seco. A noite hoje prometia ser incrível e muito, muito cansativa.

***

Chegamos ao apartamento dela só duas horas depois, Santana e Zachary estavam envolvidos em um campeonato de apostas. Aparentemente, Santana tinha que conseguir o telefone de 30 mulheres em um intervalo de tempo de 1 hora. S ganhou a primeira, Zach pediu revanche, mesmo Kurt dizendo que ele ia perder mais 100 dólares.

Resultados: Santana vitoriosa com 200 dólares no bolso e 60 telefones femininos (em outras épocas, ela me daria os telefones com as donas mais bonitas e pediria que eu saísse com elas), Kurt rindo e tentando acalmar o namorado, Zach emburrado e bebendo todas (espero, sinceramente, que ele tenha uma das piores ressacas da vida dele) e eu e Rachel responsáveis pelo trio de patetas.

Resumindo: eu estava cansada e com dor de cabeça, Rachel estava furiosa porque tivemos que bancar a ida dos três para seus respectivos dormitórios, já que tínhamos convidado todos para a festa.

Era madrugada, 2 ou 3 horas... Nem me preocupei com o horário quando Rachel girou a chave na fechadura do dormitório. Dei um beijo em sua bochecha e arrastei meus pés descalços até o banheiro, meus pés doíam por ter que andar a festa toda cumprimentando o pessoal da faculdade. Joguei os sapatos em um canto assim que cheguei ao quarto de Rachel, tirei o vestido e o deixei cair pelo caminho, estava cansada daquele monte de pano. Não me entendam mal, eu realmente gostava deles quando estava no colegial... Mas meu atual estilo de vida não permitia vestidos, cardigans e sapatilhas. Era preciso ser rápida em NYC e isso incluía um guarda-roupa flexível.

Tirei os brincos e aquele monte de badulaque brilhoso que Santana me mandou usar, largando-os sobre a penteadeira de Rach. Arranquei minha roupa íntima e quase pulei dentro do chuveiro quente. A água e o vapor ajudaram meus músculos a relaxarem e eu fechei os olhos, molhando minha cabeça e deixando a água escorrer.

Eu realmente esperava que Rachel cumprisse suas promessas e aparecesse naquele chuveiro imediatamente. Porque eu estava precisando de todos os mimos do mundo depois de uma noite agitada e trollada com meus muy amigos. Só que a minha morena parecia estar furiosa comigo, porque ela não apareceu lá no chuveiro.

Shit, Rachel sabia como eu gostava de nossas aventuras no banheiro.

Passaram 15 minutos e eu finalmente decidi tomar banho. Acho que minha frustração foi tanta que eu quase arranquei minha pele enquanto me esfregava. Lavei meus cabelos e apanhei a toalha de Rachel para me secar, estava com o cheiro dela e eu tentei memorizá-lo... Precisaria de tudo no mundo para sobreviver em Londres sem ela.

Voltei ao quarto e coloquei uma camisa de Columbia que eu tinha deixado ali para quando ficasse a noite ali, ajeitei minha calcinha e caminhei para fora do quarto à procura de Rachel e pronta para rezar uma boa bronca nela. Será que ela não percebeu a crise na segurança pública ali? Eu precisava dela no momento.

O dormitório estava escuro, exceto por algumas velas aromáticas no corredor e na sala. A luz não tinha acabado porque eu acabara de sair de um banho quente. O que Rachel Berry estava planejando? Olhei em volta de mim e o ambiente fracamente iluminado me deu arrepios, tossi um pouco por causa do cheiro doce das velas e a chamei.

“Rachel? Amor?”

Rachel não apareceu e eu revirei os olhos. Atravessei a sala a ritmos rápidos, disposta a ligar o interruptor. Mas no meio do caminho, senti as mãos pequenas de Rachel em minha cintura. As mãos dela estavam frias e tocaram em minha pele parcialmente exposta, arqueei meu corpo enquanto ela me puxava, colocando-me sentada na cadeira giratória de Kurt. Senti quando ela se aproximou de meu pescoço, Rachel aplicou um beijo molhado ali e puxou meus cabelos e depois suspirou pesado antes de sussurrar.

“Por favor, loira... Não estrague a surpresa.”

Depois desse pequeno orgasmo auditivo, Rachel girou a minha cadeira e eu a observei caminhar de costas até o aparelho de som. Ela estava descalça, com o vestido da festa e rebolando sem a menor vergonha. Assim que o ligou e uma batida gostosa preencheu o ambiente, Rachel tornou a se virar para mim. Eu engoli em seco porque ela estava me devorando com os olhos. Rachel deu um daqueles sorrisos infames que só ela sabia dar, se aproximou e apoiou uma das pernas entre as minhas, debruçou-se sobre meu corpo e passou a mão sobre minha blusa, as unhas arranhando o tecido e me fazendo gemer. Ela sorriu vitoriosa e se afastou brevemente.

“Eu não acredito que você está fazendo isso, Rachel.” Murmurei rouca quando percebi que ela estava dando vazão a uma das minhas fantasias, ela gargalhou rouca e tornou a se aproximar. Roubou um beijo meu, excessivamente intenso e mordeu meus lábios, descendo até a orelha e murmurando rouca.

“Eu acho que não te deixei falar, Fabray.”

Engoli em seco e Rachel virou-se de costas para mim, ela remexeu os quadris sensualmente e eu ergui minhas mãos para tocá-los. Ela bateu em meus braços e a voz dela preencheu o ambiente. Rouca. Intensa. Forte. Sexy.

You want my love

So take it all

You want to watch it all come off

Take it all

Come on now

Show me how

You take it all

Eu acabei me perdendo em seus movimentos que eram sutis e sexys. As mãos dela deslizaram sobre o próprio corpo, desde o pescoço até os quadris. Assim que chegaram ali, ela rebolou e virou-se para mim, séria, quase que sentindo dor. A região entre minhas pernas se incomodou e Rachel rompeu a distância entre nós com passos largos, apoiou o pé entre minhas pernas. Eu deslizei um dedo lentamente pela porção exposta de sua coxa, Rachel jogou a cabeça para trás e quando eu fui tocá-la novamente... Ela exerceu força e me empurrou, a cadeira deslizou sobre o piso de madeira, encontrando a parede que separava a sala da cozinha. Rachel sorriu e bateu nos quadris, continuando a se tocar. Os lábios entreabertos, a respiração ofegante. Rachel Berry estava me torturando.

You want my glove

Are you enthralled?

You want to see it slip away and

Watch if fall

Oh we know

It's your show

So take it all

Apertei meus dedos na cadeira de plástico. Rachel sorriu descaradamente quando caminhou lentamente até mim. Ela virou-se de costas e deslizou o zíper lentamente, até o meio das costas. Mordi o lábio em excitação, mas a sua pele dourada nunca apareceu. Rachel parou e sentou-se em meu colo, rebolando assim que nossos quadris se encontraram. Aproveitei a proximidade e apertei suas coxas, ela arqueou o pescoço e eu suguei a porção pulsante de seu pescoço. Rachel gemeu em meio aos sons do saxofone da música. Ela virou-se de frente para mim e puxou meus cabelos, tomando um beijo sôfrego de meus lábios. Depois tornou a ficar em pé, deslizando as mãos dos tornozelos até os seios e jogando os cabelos morenos para trás.

Eu perdi a racionalidade e o fôlego em algum momento a partir daí.

You want the movement to

See what the hips can do

Come watch the slinky girl

See how the pasties twirl

To make your bells all ring

Fullfilling everything you ever wanted

Rachel rebolou no ritmo da música e fez sinal para que eu me aproximasse. Eu me levantei, as pernas trêmulas e o meu centro latejando. Suspirei enquanto caminhava até ela, Rachel deu um sorriso extremamente predatório quando me puxou pela cintura, juntando nossas cinturas e dançando com corpos colados no ritmo da música. Foi a minha vez de arquear o pescoço para trás e ela beijou ali, descendo os beijos até meu colo e apertando minha bunda em seguida. Depois sorriu maliciosa e colocou as minhas mãos sobre o zíper, virando-se de costas para mim e puxando a minha cabeça para afogar em seus cabelos cheirosos e macios.

So go ahead and take it all

Engoli com dificuldade e, orientada pelas suas unhas que cravavam e arranhavam qualquer pedaço da minha nuca, eu deslizei o zíper até a base de suas costas. Tracei beijos por todo o caminho e minhas unhas deixaram marcas em sua pele. Rachel riu e tornou a se virar e quando eu fiz menção para tirar seu vestido por completo, ela me parou e começou a fazer tudo sozinha. Demorando-se em seus movimentos, me fazendo praticamente implorar por rapidez.

You want my soul

Take it all

It's time to leave

If I'm to live

Because I have no more

There's nothing left to give

Em algum momento, eu notei que a batida da música mudou. Rachel também, os movimentos dela tornaram-se ainda mais animalescos. A morena saltou para fora do vestido, rebolando ao passá-lo pela própria cintura. Ela tocou meu pescoço e o apertou para depois me empurrar até o sofá e montar sobre a minha pelve. Coloquei minhas mãos em sua cintura e ela jogou o cabelo para trás com uma das mãos, erguendo minha camisa e arranhando-me no abdômen com a outra. Mordi o lábio enquanto ela lambia os próprios. Seus olhos estavam escuros quando ela aproximou nossos rostos e cantou.

I watch you rise

I watch you fall

While I am standing with my back against the wall

Now it's your turn to finally learn

You had the world

You had your fling

You wanted more than everything

You got your wish

You got your prize

Now take it right between your thighs

You grabbed for everything, my friend

But don't you see that in the end

There will be nothing left of me

Ela executou leves movimentos de cavalgada enquanto cantava, sua voz foi tornando-se mais forte a medida que nós duas chegávamos a um orgasmo sem nem mesmo nos tocarmos ou tirarmos a roupa. Eu fechei meus olhos, mas os abri assustada quando a música acabou com uma cortada seca no ritmo e ela parou seus movimentos em cima de mim. Rachel me puxou bruscamente pela gola da camisa e me beijou com fome enquanto eu apertava a pele de seu abdômen, deixando as unhas arranharem-na. Rachel se separou de mim apenas para tomar ar e quando eu a ergui do sofá, com as pernas entrelaçadas em minha cintura e ofegando, ela ainda arrumou forças para tirar a minha camisa e murmurar rouca em meu ouvido.

“Não vai restar nenhuma peça entre nós, Fabray.”

Eu tentei levá-la até o quarto, mas ela me puxou para o balcão da pia, me prensou ali e em meio à luz fraca das velas, eu a vi começar a despir-se lentamente, minha inspiração saiu do ritmo e eu me vi apertando o mármore frio. As peças da lingerie preta foram caindo e quando ela finalmente tirou o sutiã, ela se aproximou rápida e colocou a perna entre as minhas com violência. Seu joelho atingiu meu centro dolorido e molhado e eu gemi, ela mordeu meu lábio inferior e disse.

“Acabou a brincadeira, Fabray.”

Rachel's POV

"Santana estava certa, como sempre." Quinn murmurou em meu ouvido e eu descruzei nossas pernas e me virei pra ela, preguiçosamente, e arqueei uma sobrancelha.

"Santana? Você realmente se lembra dela, nesse momento? Jura?" Ela gargalhou antes de morder meu queixo, me fazendo soltar um gemido quase inaudível.

"Não, mas é que ela está certa sobre o que acabou de acontecer." Arranhei seu braço quando senti sua língua deslizando por toda a extensão do meu pescoço exposto. "Ela disse algo sobre os papéis se inverterem hoje a noite." Já era difícil me concentrar em alguma coisa quando estava perto da Quinn nua, imagina quando ela começa a falar coisas que eu preciso pensar?

"Q, seja rápida e vá direto ao ponto, por favor. Essa conversa está confusa demais pra mim, agora." Sussurrei apertando sua cintura e revirei meus olhos quando senti seus dentes tocarem, quase imperceptivelmente, o lóbulo da minha orelha esquerda.

"Hm, quer que eu seja rápida e vá direto ao ponto?" Sua mão que vagava por meu corpo, desceu direto para minha parte íntima, coberta pelo fino lençol que usávamos, pressionando meu clitóris, me fazendo arquear a cabeça pra trás e não conseguir segurar um gemido.

"Não é esse o ponto, Q..." Ela não moveu a mão para retirá-la dali, mas de fato, começou a fazer movimentos circulares em minha intimidade. "Na realidade, esse também, mas..." Minha voz começou a falhar e a senti sorrir em meu ouvido, me causando ainda mais arrepios com seu toque em mim. "Santana, ela falou alguma coisa. Você deveria me contar." Ela gargalhou e meu corpo tremeu, sentindo todo o calor de sua risada queimar em minha pele.

"Ah, é mesmo. Tinha me esquecido desse mero detalhe." Sua boca encontrou a minha após ela ter dito sua frase e, sendo honesta, eu nem me importava com o que Santana tinha dito agora, só precisava de mais contato com minha namorada. "Ela disse que hoje você me comeria, pois eu estava bem menininha pra fazer alguma coisa."

Corei. Corei tanto que pela primeira vez, pude sentir o rubor tomar conta de meu rosto e arder como nunca havia ardido. Quinn gargalhava e eu amaldiçoava o Satan, mas não tinha como pois era o Satan, mais amaldiçoado impossível. Bati meus braços contra Quinn que já havia subido em cima de mim. Ela distribuía vários beijos em meu rosto e quanto mais ela tentava fazer isso, mais eu me esquivava. Ou tentava, pois não podíamos comparar nossas forças.

"Você não vai falar nada? Vai me deixar morrer de rir? Mesmo?" Ela perguntou ainda rindo marota, estreitei meus olhos e ela começou a rir novamente, na curva do meu pescoço. Apertei sua cintura e ela levantou o olhar.

"Não, eu não vou nem comentar o que você e o Satan falam sobre mim quando não estou perto. Não vale a pena." Senti seus lábios colarem nos meus e eu os mordi, olhando em seus olhos, de uma forma absurdamente sensual. Eu fico me perguntando de onde sai essa Rachel poderosa e sensual quando estou com ela. "Talvez, agora você possa fazer 'jus' a seu nome e voltar a posição que sempre pertenceu a você." Murmurei roucamente em seu ouvido e senti seu corpo remexer em cima de mim. Sutilmente ela separou minhas pernas e se posicionou aonde tanto gostava. 

E posso dizer que a noite seguiria assim, até cansarmos. O que demorava muito pra acontecer.

*****

"Rach, eu estou com fome. Tem algo pra comer?" Ouvi sua voz, mais como um sussurro ou um projeto em minha mente, como num sonho. Mas então, tive certeza de que era realidade quando a senti morder meu ombro.

"Hmm, você já comeu demais, Q. Amanhã acordarei dolorida." Sua gargalhada preencheu todo o meu quarto e eu 'despertei' do estado em que estava devido a isso. Abri meus olhos e a vi sorrir pra mim.

"Me desculpe por isso, é que eu não consigo resistir a você." Seus dedos percorriam o vale dos meus seios até meu umbigo, aonde ela sempre parava e cutucava ali, me fazendo algum tipo de cócegas. "Mas eu estava falando de comida, alimento, fonte de energia e afins. Tem aqui ou eu terei que sair pra comprar?" Ela começou a se levantar da cama e, instantaneamente, tudo começou a ficar gelado. Passei minhas mãos pelo lençol lilás e depois comecei a me levantar, em busca de uma calcinha e a camiseta de Quinn jogada no chão.

Fui até a cozinha e a vi fuçar os armários. Sentei num banquinho que mantínhamos ali enquanto a vi pegar alguns pães, manteiga e uma frigideira e os ingredientes para fazer café e colocá-los em cima do balcão. "Você vai querer pão frito também ou eu precisarei elaborar algum prato sofisticado para a senhorita? Nós gargalhamos enquanto ela preparava sua comida. "Aliás, eu adoro seu café. Poderia fazer?" A vi piscar os olhos numa forma frenética e eu revirei os meus, levantando de onde estava e indo fazer o que ela havia me pedido. "Sem cara feia, por favor, se não, não sai gostoso."

"Idiota." Lhe dei uma cotovelada e ela fez uma careta de dor por ter pego em sua cintura. "Muito melhor." Gargalhei ao ver sua cara de 'what a bitch' pra mim. "Agora, meu café sairá maravilhoso." Eu terminei de colocar a água no fogo e me aproximei, sorrateiramente, dela, que passava geléias nas torradas, abraçando-a por trás e beijando sua nuca.

Ela continuou fazendo o que fazia sem que o meu ato tirasse sua concentração. Desci minhas mãos para o elástico de sua calcinha e comecei a procurar, com meus dentes e língua um ponto específico abaixo de sua orelha. E até assim, nada. Nem um movimento de aprovação ou gemido. Me afastei, quase mandando-a ir a merda. Resolvi ir olhar a água do café, mas ela me parou no meio do caminho. Pegando-me pelos pulsos e me prensando no balcão, enquanto sugava meus lábios como se não houvesse amanhã. Sorri no meio do beijo e movi minhas mãos para os lados de seu rosto, puxando-a pra mim, enquanto as suas, haviam descido e agora apertavam minha cintura.

"Amor, a água." Murmurei entre os dentes quando senti uma pequena mordida em minha clavícula. Quinn fazia de propósito, droga. Me remexi me desvencilhando de seus braços, com muito pesar, claro, mas precisávamos comer. Já estava quase amanhecendo e nós ainda não tínhamos ingerido nada depois de todo o esforço físico. "Quinn, por favor." Ela bufou quando eu belisquei seu braço e acabou me soltando, se virando para os pães.

Tão infantil às vezes, mas nunca perdia o jeito meigo. Revirei meus olhos rindo dela que me olhou de soslaio, totalmente brava. Terminei o café e servi dois copos pra nós e me escorei no balcão atrás dela, onde estávamos há pouco tempo atrás.

Não demorou muito e um prato contendo um pão requentado apareceu em minha frente. Sorri agradecendo-a enquanto esperava ela terminar o seu. "Não vai comer?"

"Estou te esperando, baby." Ouvi seu risinho abafado e tomei um gole do meu café em seguida, estava bom. E quando ela terminou de cozinhar, caminhou até pronta pra comer em pé do meu lado. "Está amanhecendo, não quero perder isso, vem." Peguei minhas coisas e ela me seguiu e fomos até a janela que tinha no meu quarto. "Queria mesmo uma sacada, mas aqui não tem."

Senti seus braços abraçarem minha cintura e seu queixo repousar em meu ombro, depois de dar uma mordidinha, claro. "Aqui é perfeito." Escondi meu sorriso dando uma mordida no pão e senti que ela fazia o mesmo, mas nem por um segundo desgrudou seu corpo do meu.

E ficamos assim, até o sol nascer completamente. "Eu não quero estragar nosso momento romântico pós-sexo, mas eu estou ficando com sono... Poderíamos voltar pra cama?" Falei me virando e passando meus braços por seu pescoço. Ela fez um sim com a cabeça e cheirou meu pescoço, aplicando um pequeno beijo ali, antes de nos guiar para minha cama.

Deitamos e não demorou muito escutei o ressonar de Quinn. E droga, eu não queria admitir, ou talvez, não pensar assim tão abertamente... Mas ela faria uma falta do caralho...

E quando eu menos esperava, senti uma lágrima escorrendo por meu rosto. Maldita Fabray, eu te amo e não quero te deixar ir, mas como te parar agora?

Quinn's POV

Eu nunca entendi muito bem como o tempo funciona. Em alguns momentos, ele é o seu melhor amigo e em outro, só serve para desorganizar as coisas. Os meses e semanas antes da viagem demoraram a passar, Rachel fez o máximo para me distrair com saídas, festas e momentos juntas. Mas quando a semana da viagem chegou, tudo passou tão rápido que eu mal percebi. Quando dei por mim, já estávamos na véspera da viagem. Eu estava ansiosa, mas um lado meu parecia destruído e abalado.

Eu queria ficar, eu queria Rachel... Tudo que eu precisava estava ao meu alcance. Londres não parecia certo e juro, eu estava quase jogando as coisas para cima e ficando.

Saí do meu banho e chacoalhei meus cabelos molhados, fui até o espelho e remexi nos fios. Dei um sorriso porque Rachel adorava quando eu saía do banheiro daquela forma, ela dizia que eu ficava mais linda (me deixando absurdamente corada e sem graça). Respirei fundo e joguei a toalha sobre a cama, apanhei uma calça jeans na mala e uma baby look do Avenged Sevenfold. Me troquei e apanhei a jaqueta de couro, enquanto calçava meus all stars e apanhava a chave da moto e o capacete.

Saí do dormitório e não pude deixar de olhar um pouco saudosa, estava indo embora. Eu sei que eram só 3 meses, mas eu ia deixar tudo que conhecia para trás... Eu estava com medo, mas entusiasmada. Podia dar certo, podia me fazer crescer na carreira. Mas eu teria que ser forte, coisa que eu desaprendera a ser desde que deixara o McKinley.

Eu amadureci e me tornei mais humana. Minhas ânsias e desejos pareciam pequenos quando comparados a Rachel. Eu queria aquela morena perto de mim e a levaria para Londres se pudesse... Mas ela tinha os sonhos dela e eu não estaria sendo diferente de Finn se a arrastasse comigo.

Portanto, eu bati a porta do dormitório e o tranquei. Joguei os cabelos para trás e caminhei para as escadas. Rachel me esperara, assim como Santana, Kurt e Zach. Éramos nós naquela noite. E eu, estranhamente, estava sentindo como se abandonasse meu lar... E eu nunca tinha sentido aquilo, nem quando deixei Lima há alguns anos.

***

Cheguei à Julliard alguns minutos depois, tinha uma garrafa de vinho nos braços e caminhei até o dormitório de Rachel. Meus passos estavam pesados enquanto eu ria das boas lembranças que se passavam em minha mente. Nosso primeiro beijo naquele Valentine’s Day, aquela virada de ano que mudou tudo entre nós, a festa de Finn, o ciúmes... Eu tinha boas lembranças comigo, mas melhores ainda eram as minhas sensações.

Meu coração acelerado, as mãos trêmulas, o sorriso bobo em meu rosto... Estava escrito em minha testa que eu estava apaixonada. E eu sequer me envergonhava disso. Rachel me mudara, assim como eu a mudara. Éramos duas malucas, disfuncionais, ciumentas, possessivas e ninfomaníacas... Mas, acima de tudo, éramos apaixonadas uma pela outra. Eu a amava e aquela explosão que rolava em meu peito no momento só me mostrava que o Atlântico Norte seria pouco para nos separar.

Subi as escadas e dessa vez, eu não ergui os olhos dos meus pés. Nenhuma menina parecia ser digna da minha atenção depois que certa morena apareceu abruptamente na minha vida. Eu cheguei em frente ao seu dormitório rapidamente, escutei a música através da porta e a voz dela em alguns momentos...

Damn, damn girl you do it well

And I thought you were innocent

You took this heart and put it to hell

But still you're magnificent

Abri um sorriso enquanto empurrava a porta delicadamente, esperando não chamar a atenção dela para a minha chegada. O dormitório estava estranhamente arrumado, havia uma toalha quadriculada vermelha sobre a mesa da sala, algumas almofadas coloridas sobre o sofá, velas em cima das mesinhas... Rachel estava caprichando. O cheiro doce dela vinha da cozinha, assim como a música.

Caminhei até lá, deixando o vinho sobre o balcão. Meus olhos foram atraídos magneticamente para o corpo dela. Rachel estava de costas, na ponta dos pés enquanto tentava apanhar algumas taças que se encontravam na última prateleira do armário. Sufoquei uma risadinha, mordendo os nós dos meus dedos. Me movimentei lentamente, sem fazer barulho e segurei a sua cintura, erguendo-a no ar.


Rachel deu uma risadinha e apanhou as taças enquanto eu a colocava de volta no chão. Minha morena deixou os vidros sobre a pia e se virou. Rachel abraçou meu pescoço e beijou a minha bochecha, mordendo-a em seguida. Senti o ar quente vindo de sua risada e o corpo dela vibrar como o meu. “Nunca mais faça isso, Fabray.” A voz dela estava risonha e eu apertei a sua cintura, enfiando meu rosto em seu pescoço, tentando memorizar seu cheiro doce e o seu calor contra o meu corpo. Dei um beijo próximo a sua orelha e disse em seu ouvido.


“Achei que gostasse de surpresas, Berry.”


“Eu adoro, Fabray... Ainda mais surpresas que envolvam você comigo.” Rachel respondeu manhosa ainda próxima ao meu rosto. Nós duas nos afastamos com sorrisos e ela tinha aquele brilho intenso nos olhos... O mesmo brilho que povoara seus olhos naquela semana. Não agüentando o aperto que quase me sufocou, me aproximei e juntei meus lábios ao dela. Senti que ela sorriu entre os selinhos e eu repeti. Mordi seu lábio levemente e murmurei.


“E eu adoro você assim, comigo. Me abraçando e com os lábios junto aos meus. Eu te amo, pequena.”

“Pare com isso, Quinn. Eu ainda tenho que terminar de arrumar tudo.” Rachel estava corada quando deu leves tapinhas em meus braços e se afastou de mim, dei uma pequena risada enquanto a observava caminhar de volta para a pia. Um cheiro bom vinha de dentro das panelas enquanto ela remexia o conteúdo dentro delas. Inclinei a cabeça e me sentei no balcão, rindo de lado. “Para de me olhar pervertidamente, por favor.” Rachel estava rindo agora e eu não agüentei, me aproximei e envolvi sua cintura por trás, beijando seu pescoço.

“Eu estava admirando, não estava sendo pervertida. Você é linda demais, faz qualquer um perder a cabeça, mas antes de ser gostosa... Você é linda.” Eu murmurei tudo em seu ouvido, com o tom baixo e dengoso... Senti Rachel remexer-se em meus braços e respirar fundo, enquanto jogava o braço para trás e afagava meus cabelos. Ficamos assim por alguns segundos, até que ela se virou corada para mim e com um sorriso lindo nos lábios. Beijei sua testa e ela afundou a cabeça em meu peito, dizendo.

“Eu te amo, Quinn.”

Fiz um coração com as mãos, sorrindo presunçosa, afinal, aquela morena linda era minha tão intensamente quanto eu era dela. Rachel deu uma gargalhada e desceu as mãos pelas minhas costas, acompanhando minhas vértebras e me fazendo arrepiar com seu toque. Assim que chegaram a cintura, ela apertou enquanto eu colocava minhas mãos em seu cabelo e a olhava. Rachel me roubou um beijo e chupou meu lábio inferior. Depois, me puxou até o balcão e me colocou sentada ali, ficando entre minhas pernas.

Rachel entregou a garrafa de vinho para mim, junto com o abridor. Abri a garrafa e servi vinho nas duas taças, deixei a garrafa ao meu lado e bati no mármore para Rachel sentar ao meu lado. Assim ela o fez, encostando nossos ombros e bebericando o vinho. Olhei de esguelha para ela e tomei um gole imensamente grande de minha taça.

Por que eu fiz isso?

Porque eu fui atingida por uma crise. Como eu ficaria sem aquele sorriso, aquela risada, aquelas pernas e aquele rosto perfeito? Pior do que isso, como eu ficaria sem o seu ego, seu humor matinal, suas crises de ciúmes, suas conversas sobre musicais? Como eu ficaria sem Rachel? Suspirei pesadamente, minhas mãos tremiam e eu coloquei uma delas sobre a mão de Rachel, desesperada. Minha morena olhou para mim e assim que percebeu minha expressão, desapareceu com o sorriso de seu rosto.

“Não fica assim, amor... Nós conversamos sobre isso. Está feito.” Rachel murmurou séria, mas eu a conhecia há tempo bastante para saber que ela estava se esforçando. Rachel Berry podia ser uma fortaleza quando queria. Olhei triste para ela e a morena agitou a cabeça, incomodada. Ela envolveu meu rosto em suas mãos e beijou minha bochecha, em seguida, rumou para meu ouvido. “Nada vai mudar o que temos, somos especiais e vamos durar para sempre ou até uma enjoar da outra.”

Eu não pude conter uma gargalhada rouca enquanto a puxava para mais perto de mim, Rachel sorriu em meu pescoço e eu afaguei seus cabelos. Nós duas ficamos em silêncio porque, há muito, palavras não importavam mais para a gente. Respirei fundo, tentando grudar aquele cheiro doce e gostoso que só ela tinha... Minhas mãos correram dos seus cabelos para suas costas e eu apertei ali, afundando minha cabeça em seu pescoço. Rachel puxou meus cabelos e aplicou um beijo demorado no topo de minha cabeça.

Como eu queria que o tempo passasse mais devagar naquela noite, como eu queria poder memorizar cada pedacinho nela para me lembrar depois... Aliás, como eu queria levá-la comigo. Eu não conseguia me imaginar longe dela, eu a amava e a distância iminente entre nós estava machucando tremendamente... Eu não duvidava de nada, mas eu temia. Temia as voltas que a vida podia dar e temia as surpresas que o destino podia nos dar.

Por favor, não a tire de mim.

Era a única coisa que eu praticamente implorava agora, não ao meu Deus ou aos meus anjos... Mas a vida e ao destino. Não tirem Rachel de mim, eu não sei do que seria capaz se ela fosse levada dos meus braços.

Rachel se afastou de mim e acariciou a minha bochecha com a ponta dos dedos, eu segurei a parte interna de seu pulso e sorri enquanto ela me olhava e eu fazia carinho em seu punho. Rachel se aproximou de novo... Mas a campainha tocou nesse instante.

Os malas que eu tanto amava tinham chegado.

“Suas lindas, atendam logo a porta!” Ouvimos a voz agitada de Kurt sendo abafada pela madeira, Rachel riu próxima ao meu rosto e aquele brilho nos olhos dela me fez sorrir também. Minha morena saltou do balcão e correu até a porta, eu corri atrás dela e a interceptei na metade do caminho, agarrando-me a sua cintura e beijando seu pescoço enquanto caminhávamos juntas. Rachel teve cócegas e gargalhou enquanto se encolhia de encontro ao meu corpo. “Porra, Fabray! Ao menos deixe que ela atenda a porta!”

Eu ainda estava com a sobrancelha arqueada e uma expressão de desdém quando Rachel abriu a porta aos risos e Kurt, Santana e Zach entraram pela porta. Eles estavam sorridentes, mas eu podia ver os olhos inchados da minha latina e ela foi a primeira que eu abracei, mas era ela Santana Lopez e não ia deixar barato.

“Me solta, Fabray! Eu não vou repetir!”

“Ah se a S não quer um abraço, eu quero.” Kurt comentou com um sorriso de orelha e me separando de Santana, a latina deu um sorriso vencido e me puxou de novo, gargalhando e quase esmagando meus ossos. Kurt teve que nos separar na marra enquanto Zach abraçava Rachel e murmurava algo em seu ouvido, minha morena apenas acenou com a cabeça e o ruivo deu um sorriso de lado. Estranhei a interação dos dois, mas antes que pudesse me manifestar, Kurt pulou em mim e ficou praticamente no meu colo.

“Eu não sabia que você me amava tanto, Hummel.” Comentei sufocada pelos braços dele em meu pescoço. Kurt gargalhou e aplicou um beijo em minha bochecha, eu corei furiosamente e Rachel veio em meu consolo, abraçando minha cintura por trás e beijando minha nuca. Meus olhos foram para Zach que estava calado e com uma expressão triste nos olhos, acenei com a cabeça para ele e ele baixou os olhos, respirando fundo. Eu fiquei confusa e Rachel puxou Santana e Kurt para a cozinha, deixando-me sozinha com aquele maldito ruivo que se tornara um dos melhores caras que eu conhecera.

Zach ergueu os olhos e suspirou, em seguida, colocou as mãos nos bolsos e deu um sorriso de lado. Por fim, ele abriu os braços e eu caminhei até ele, abraçando-o com força, ouvindo-o gemer irritado enquanto afagava meus cabelos. Zach beijou o topo da minha cabeça e baixinho, murmurou.

“Vou sentir sua falta, loira.”

“Ainda não é hora para isso, vamos aproveitar.” Murmurei incomodada e me afastando dele por breves momentos, apenas para olhar nos olhos verdes dele. Pela primeira vez, Zach estava com um olhar contido e calmo, o belisquei na cintura enquanto o abraçava ali e o puxava pela cintura. Encostei a cabeça em seu ombro e senti seu queixo apoiar na minha, dei um pequeno sorriso. “Quando chegar a hora, eu te deixo chorar e me implorar pra ficar.”

“Como se eu me importasse tanto, não é Fabray?” O Zach idiota de sempre (e que eu amava) tinha voltado, ele tinha me empurrado e agora, bagunçava meus cabelos enquanto eu batia em suas costelas. Chegamos brigando na cozinha e Rachel ofereceu uma garrafa de cerveja a ele, me sentei no balcão com Santana, Kurt e Zach a minha frente.

Rachel me ofereceu uma taça de vinho e antes que ela pudesse sentar ao meu lado, eu a puxei para minhas pernas e ela se aconchegou de bom grado ali. Tomei um gole da taça e ainda com os lábios manchados do vinho a beijei, ela, propositalmente, lambeu meus lábios com luxúria e eu ouvi a voz irritada de Santana se erguer.

“Puta que pariu, parem de se comer na minha frente!”

“Calada, Lopez. Você vai sentir falta disso!” Eu retruquei com um sorriso maldoso enquanto Rachel ficava de lado e beijava meu queixo, mas olhando de esguelha para Santana que sorria e acenava afirmativamente com a cabeça. Kurt revirou os olhos e Zach o puxou para perto, diante da cena, Santana bufou.

“Merda, vou ter que ficar de castiçal hoje, mesmo?”

“Quando é que você não fica de vela pra nós, Lopez? E apesar de ser uma vela incrivelmente atômica e inflamatória, repleta de comentários desnecessários sobre nossas vidas sexuais, nós te amamos.” Minha namorada linda e inteligente disparou, Santana mostrou o dedo do meio para ela antes de praticamente virar a cerveja garganta a baixo. Kurt riu e Zach bateu na mão de Santana quando ela fez o gesto obsceno, como se fosse o pai dela.

Enquanto nossas gargalhadas (até mesmo Satan estava rindo) preenchiam a cozinha, eu fui, lentamente, me calando e observando aqueles quatro. Nós éramos um grupo, estranho e completamente louco, mas éramos uma pequena família. Meu lar era ali com eles, porque ali estava meu coração. Apertei a cintura de Rachel e beijei seu pescoço, me acomodando ali a procura de consolo e ele, de certa forma, chegou...

Chegou ao som dos xingamentos em espanhol de Santana, da expressão falsa de tédio de Zach, da risada de Kurt e do toque de minha morena em meu couro cabeludo...

Seria difícil sem eles, mas eu voltaria, por eles.

***



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Notas finais do capítulo

Como perceberam, está muito difícil para mim e para Mari lidarmos com essa separação delas. Nós nos apegamos demais as duas, até as chamamos de "nossas lindas" haha
Mas espero que tenham gostado, o próximo capítulo será bastante forte, digamos...
Queremos comentários hein?
Beijos e até a próxima.