Friends With Benefits escrita por Fernanda Redfield, Rainha de Copas


Capítulo 5
Propostas x Soluções


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas lindas!
Eu e a Mari agradecemos aos comentários e as recomendações. De verdade, vocês nos estimulam a escrever cada vez mais.
E gostaria de fazer um adendo aqui: esse capítulo foi quase todo da Mari. Eu só tive que escrever o POV da Quinn, porque ela fez praticamente tudo kkk
Ah e acho que deveriam escutar "One and Only" da Adele, just saying...
Quinn - Fer Redfield
Rachel - MaariCoeelho



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Quinn’s POV

Duas semanas. Era esse o tempo que tinha passado desde aquele Valentine’s Day e desde o dia que Rachel se propôs a me deixar conhecer a ‘verdadeira’ Rachel Berry.

Pode ser clichê e idiota, mas se eu era apaixonada pela Rachel Berry sexy, sensual e que me enlouquecia com um beijo... Eu estava perdida com a Rachel Berry sonhadora, intensa e muito, muito inteligente. Nas semanas que precederam a nossa volta às aulas, Rachel e eu fizemos programas que promoveram o nosso ‘autoconhecimento’. Ela ficou realmente aborrecida quando a obriguei a assistir um filme trash de terror (o que eu, sinceramente, amei porque ela passou a maior parte do filme escondendo o rosto em meu peito) e Rachel me surpreendeu quando me chamou para ir a um show de rock pesado (confesso que fiquei ainda mais apaixonada por ela depois disso). Avenged Sevenfold era uma banda freqüente no iPod dela, mesmo escondido embaixo de pastas e mais pastas de Barbra Streisand e musicais. 

Só que agora, nós duas estávamos distantes uma da outra por causa das faculdades e ficar sem a minha dose diária de Rachel Berry estava tornando-se sufocante. Claro que nos víamos nos finais de semana ao sairmos com Zach, Kurt e Santana... Mas eu sentia falta. Rachel era meu calmante e tudo que eu precisava no momento, era calma.

As coisas começaram a ficar fora de controle quando eu cheguei em casa, depois de voltar do dormitório dela, e me deparei com um aviso colado em meu mural de recados. Santana deixara ali e dizia claramente ‘Oportunidade única de estágio no consulado norte-americano de Londres’ em letras garrafais e extremamente chamativas. Eu tinha que conseguir aquele estágio, iria contar muito no meu currículo. Mas era em... Londres.

Londres significava 3 meses longe de Rachel e de New York, significava passar 3 meses fora e deixar Rachel para os abutres interesseiros daquela cidade.

Se eu estava surtando? Imagina, estava tão louca quanto a Rachel estaria em meu lugar. Então, sim... Eu estava surtando.

Acho que só o meu surto e meu desespero explicavam porque eu me joguei nos estudos e desapareci dela por alguns dias. Mas eu também sabia que teria que contar, Rachel era muito perspicaz e essa era uma das coisas que eu mais admirava e gostava nela... Há bastante tempo que Rachel não deixava suas emoções tomarem conta de suas atitudes, ela podia se esconder atrás de seus medos, mas ela ainda era a Rachel. Ela perceberia.

E talvez fosse meu medo que me deixou enfurnada, naquela biblioteca, hoje. Meu celular vibrou por várias vezes, mas eu desliguei assim que vi o nome dela no identificador de chamadas. Passei meus livros pelo fiscais, alguns que tratavam de Políticas Britânicas e Economia Britânica e saí da biblioteca. Atravessei quase todo o campus a pé antes de, finalmente, chegar em meu dormitório.

Quase arrombei a porta e me deparei com Santana debruçada sobre algumas plantas em sua escrivaninha. Eu ainda me segurava para não rir naquela cena: Santana segurando uma régua em uma mão e uma lapiseira na outra, os óculos na ponta do nariz enquanto observava para os livros abertos diante de si. Ela franziu o nariz com o barulho que fiz. “Silêncio costuma me ajudar a estudar, Fabray.” Ela que não soubesse, mas parecia 10 anos mais velha daquele jeito. “Meu curso exige silêncio e concentração, são pré-requisitos. Ao contrário do seu que envolve debates muito prodigiosos sobre coisas que ninguém quer saber.”

Depois dessa, eu fiz ainda mais questão de fazer barulho. Joguei minha pasta em cima da cama e coloquei os livros, com força, em cima da minha escrivaninha. Sem nem tirar os olhos da planta, Santana ergueu a mão e mostrou o dedo do meio para mim, eu gargalhei e me joguei em minha cadeira. Liguei o notebook e procurava o assunto que eu queria no índice do livro de Políticas Britânicas enquanto dizia.

“Cala a boca, quatro olhos... Não desmereça meu curso.”

“Não estou desmerecendo o seu curso, só não acho legal bancar a Madre Teresa quando brigar é tão ou mais divertido que ajudar.” Santana respondeu sarcástica, antes de colocar a lapiseira entre os dentes e apanhar um compasso em seu estojo. Foi a minha vez de revirar os olhos para ela, respirei fundo e comecei a pesquisar alguns artigos-chave que tinha encontrado na biblioteca. “É sério, sua habilidade para fazer o mal é maior do que para fazer o bem, Fabray.”

“Eu tenho medo de suas obras, sei lá... Vai saber se você não faz Engenharia para matar as pessoas? Nunca se sabe e eu tenho quase certeza que você é uma psicopata!” Respondi de mau agrado, apanhando minha pasta e tirando meu caderno e alguns manuscritos que eu tinha feito naquela tarde. Senti uma bolinha de papel bater na lateral da minha cabeça e me virei irritada para Santana. “Puta que pariu, Santana! Me deixe estudar!” A filha da mãe morreu de rir da minha cara e, finalmente, levantou os olhos da planta. Ela ajeitou os óculos sobre o nariz e me deu um sorriso sarcástico.

“Fabray... Eu não seria eu se eu te deixasse quieta por mais de alguns minutos.”

“Eu não vou nem te responder, porque tenho muita coisa para fazer.” Minha voz saiu irritada e eu me voltei para a pilha de papéis e para a tela do notebook a minha frente. Respirei fundo e passei a digitar freneticamente enquanto confirmava algumas informações nos livros que tinha diante de mim. Santana saiu, alegando que precisava buscar alguns materiais com um colega de turma e eu continuei meu trabalho.

Em algum momento, minha vista se cansou e eu salvei o material no Word antes de baixar a tela do computador. Escondi meu rosto em meus braços e fechei os olhos, tentando sair, mesmo que brevemente, daquela confusão. Rachel, Londres, faculdade... Céus, desde quando as coisas pareciam tão difíceis de resolver?

Senti duas mãos envolverem e massagearem meu pescoço, ok, aquilo não era Santana, NUNCA. As mãos desceram pelas minhas costas e logo depois, senti um leve aperto em meus ombros e um beijo na minha nuca, eu gemi. Senti o ar quente vindo de uma pequena risada e mesmo de cabeça baixa e de costas, eu sabia quem era. Eu reconheceria aquele toque em qualquer lugar.

“Quinn...” Aquela voz rouca e saudosa em meu ouvido quase quebrou meu coração, saí do meu esconderijo e me virei na cadeira para ela. Rachel estava parada ali e movimentou-se para sentar em minha escrivaninha. Ela tinha um sorriso feliz no rosto e trajava jeans e uma regata, segurava uma jaqueta leve nas mãos. Eu fiquei em pé e me movimentei, ficando entre as pernas dela e jogando meu corpo cansado sobre o dela. Rachel me recebeu e afagou meus cabelos enquanto eu afundava meu rosto em seu pescoço. “Não está feliz por me ver aqui?”

“Posso não fingir muito bem, mas estou surpresa...” Murmurei roucamente em seu ouvido e ela apertou a minha cintura, arranhando a minha nuca e dando leves beijos em meus ombros e pescoço. Senti quando a postura dela ficou tensa, mas eu não queria ficar longe daquele corpo pequeno e cheirando a baunilha. Aquilo só tornava a minha decisão de ir ou não para Londres ainda mais difícil. “Só estou cansada.”

Rachel se afastou de mim e pela primeira vez, desde que ela chegara, nossos olhares se encontraram. Eu vi quando a expressão dela se fechou em preocupação, os olhos castanhos vasculhavam meu rosto a procura do que tanto me preocupava. Eu baixei meus olhos e ela ergueu meu rosto, roçando nossos lábios enquanto eu apertava a sua cintura e fechava meus olhos. Rachel me beijou, delicadamente e disse com um ar engraçado.

“Eu sei, foi Santana que me mandou vir aqui dar um jeito em você. Mas não diga que eu te disse isso.”

“Porra Berry, você não consegue guardar segredo não?” Santana entrou no dormitório exalando simpatia, como sempre. Ela passou por nós e me empurrou em cima de Rachel e eu caí de costas nela, minha morena envolveu a minha cintura rapidamente e eu escutei a gargalhada gostosa. Meu coração apertou, mais uma vez. Puxei as mãos dela que envolviam a minha cintura e as beijei enquanto Rachel dizia autoritária.

“Calada, Lopez. Admita que você nos ama e se preocupa conosco!”

“Amar, Berry? Eu só amo uma pessoa nesse mundo.” Santana desdenhou da nossa cara e eu revirei os olhos, antes de me virar para a minha morena e apertar a cintura dela, dando leves beijos em sua face. Rachel ronronou e deu um sorriso malicioso, Santana jogou uma almofada em nós e eu me virei, irritada dando de cara com a latina filha da mãe, emburrada. “Puta que pariu, vocês não conseguem ficar mais de 1 minuto separadas?”

Rachel abriu a boca para responder, mas eu coloquei o indicador sobre seus lábios, dando um sorrisinho de lado. Ela mordeu a ponta dos meus dedos e eu me virei para Santana que observava a cena com a expressão fechada e os braços cruzados. Rachel começou a chupar meu pescoço e murmurar algumas coisas obscenas no meu ouvido, com todo meu auto controle, disse a Santana.

“Não conseguimos, Lopez. Por isso que você nos manda ir para o motel de 10 em 10 minutos.”

“E estou mandando agora... Eu preciso terminar essa planta e não conseguirei me concentrar com gemidos e suspiros.” Santana disse despreocupada e voltando-se para a planta, Rachel mordeu o lóbulo da minha orelha e me voltei para ela. Pela cara que a minha morena fez, eu devia estar com o olhar mais cafajeste do mundo. Eu a puxei pela cintura e ela deu uma pequena risadinha, em seguida, ataquei o seu pescoço e ela gemia e puxava meu cabelo, deixando as coisas mais quentes. Mais uma almofada de Santana me atingiu, na bunda, dessa vez. “PORRA! Que parte de ‘eu não quero ouvir gemidos’ vocês não entenderam?”

Eu e Rachel sufocamos as risadas e eu me virei para apanhar minha jaqueta antes de sairmos. Só que Rachel me puxou pelo cós da calça e passou a mão pela minha virilha, eu tentei sufocar o gemido, mas ele acabou saindo e Santana levantou os olhos novamente. Quando ela ia falar, Rachel me pegou num beijo de tirar o fôlego. Quando tentei me separar por falta de ar, ela mordeu meu lábio e apertou minha bunda. Caramba, eu tinha forças para deixar aquela mulher ali?

Mais um gemido e agora, Santana segurava o compasso em mãos.

“Isso é por todas as vezes em que eu e Quinn tivemos que agüentar você e Brittany. Não me venha falar de gemidos se eu já te ouvi tendo um orgasmo, Santana.” Rachel estava se impondo de novo e quando ela fazia isso, nem mesmo Santana Lopez era capaz de resistir. Eu dei um sorrisinho vitorioso e apanhei a minha carteira antes de sairmos. Assim que fechei a porta do dormitório, pude ouvir uma profusão de xingamentos em espanhol. Eu e Rachel acabamos caindo na gargalhada, no meio do corredor.

Rachel saiu caminhando a frente, piscando e sorrindo para mim. Eu revirei os olhos, mas sorria para o jeito meigo e fofo dela. Aquela morena conseguia sair da sedução para a fofura em questão de segundos e talvez, fosse aquele aspecto da personalidade dela que mais me seduzia. Rachel podia ser tudo, mas o mais importante era que enfim, ela era minha. E eu estava querendo abrir mão dela por causa de um estágio?

Apressei o passo e entrelacei nossos dedos ao apanhar sua mão, rapidamente, Rachel se pendurou em mim e encostou a cabeça em meu ombro enquanto caminhávamos. Esbarramos em alguns estudantes aleatórios no meio do caminho e eles olhavam para nós com surpresa, talvez, fosse o fato de eu estar com a mesma menina há mais de 2 meses...

“Eu ainda morro de rir da cara das pessoas quando nos vêem juntas... Será que mereço um prêmio por conquistar Quinn Fabray?” Rachel perguntou tímida enquanto entrávamos no elevador, alguns garotos do time de futebol saíram e olharam para ela. Eu fuzilei os três garotos e a puxei mais para perto, Rachel terminou por me abraçar enquanto eu apertava o botão para o térreo. Olhei para ela que me observava corada, dei um beijo em sua testa e respondi com um sorriso.

“Você nunca precisou me conquistar, sempre fui sua, afinal...”

“Continue a ser romântica desse jeito, Fabray. Vou fingir que você nunca ficou com ninguém enquanto tínhamos os nossos benefícios.” Rachel respondeu brincalhona e eu apertei a sua cintura, indicando que não tinha sido engraçado. Ela mordeu meu pescoço e aterrissamos no térreo, fomos até o estacionamento, ainda abraçadas e eu suspirei feliz pelo tempo estar mais ameno. Estendi o capacete para ela e ela apanhou com um sorriso, enquanto ela se arrumava, eu observava pelo retrovisor.

Rachel era linda e eu estava querendo deixá-la... Por alguns instantes, o intercâmbio não pareceu tão importante como deveria ser.

Rachel’s POV

Quando eu recebi a ligação de Santana, mais cedo, pensei que o que estava acontecendo com Quinn era só devido ao stress da faculdade, mas ao ver a maneira como eu fui tratada por ela. Meio que me incomodou e me deixou preocupada. Havia algo e Quinn estava escondendo e pela sua cara, era algo importante.

E somente a idéia de não saber me perturbava. Talvez fosse só mais um de meus surtos por pouca coisa... Mas algo me dizia que estava longe de ser.

Mas somente estar assim, perto dela, me trazia uma calma. Eu não consigo pensar em coisas ruins quando estou ali, talvez isso seja uma coisa boa. Quinn é alguém que eu estava esperando há tempos atrás, por mais que eu tenha demorado dois anos pra admitir isso.

“Para ali, naquela loja de CDs!” Elevei o volume em minha voz devido ao trânsito atrás de nós, ela assentiu e foi cortando os carros antes de estacionar. Ouvimos alguns palavrões dos motoristas, porém educação não era o forte por aqui, em todos os aspectos sociais.

Ela me ajudou a descer guardando nossos capacetes em baixo do banco. Tá vendo? Eu já estou até achando que suas coisas também eram minhas. “Acho que meus cadernos ficarão largados por umas boas horas, não é, Berry?” Quinn comentou passando seu braço esquerdo em volta do meu pescoço.

“Está reclamando, Fabray? Posso muito bem fazer uma saída dramática e te deixar aqui plantada.” Ela gargalhou revirando os olhos, apertando meu braço. Me virei puxando-a pela gola da jaqueta, encostando nossos narizes.

“Não, baby. Eu deixo você ficar.” Ela deu seu sorriso semelhante ao da Santana e me deu um rápido selinho e eu me virei, entrando na loja ao seu lado. Olhei pras placas acima de mim e rumei pra seção que marcava os musicais. Meu paraíso. Puxei Quinn pela mão, que havia parado no caminho ao ver pra onde estávamos indo. “Ah, Rach, o que aconteceu com Avenged e todos os outros rocks que eu encontrei em seu iPod?”

Eu gargalhei apertando sua mão e puxando-a pra me acompanhar. “Não aconteceu nada, eles continuam lá, mas você sabe das minhas paixões por qualquer coisa com o nome ‘Broadway’ envolvido.” Ela sorriu pra mim, me abraçando por trás enquanto eu olhava alguns CDs. Senti seus lábios roçarem em meu pescoço e seus braços me apertarem mais.

“E como eu sei.” Ela deu uma risadinha antes de me dar um beijo na bochecha. “Vou adiantar nosso pedido, quer alguma coisa em especial?” Me virei pra ela lhe lançando um olhar atrevido, passando a língua nos lábios. Ela virou os olhos, droga. Preciso melhorar meu autocontrole e meu jeito de entender as coisas. “Eu realmente estou falando do café que vou comprar agora, Rach.” Disse baixo se aproximando mais. “Mas sobre a outra coisa em especial, nós podemos providenciar.” Bati em seu ombro e ela gargalhou, me abraçando.

“Cretina.” Murmurei perto de seu pescoço, aproveitei pra morder a região. “Chá gelado de pêssego e sanduíche natural de frango.” Bati em sua bunda e ela piscou pra mim, antes de virar e ir em direção ao balcão.

Continuei a procura de alguns CDs e DVDs que eu não tinha e fiquei frustrada em não achar algum. Se não era eu quem tinha, era o Kurt. Acabei deixando pra lá e voltei a caminhar entre as seções até chegar perto das mesas. Encontrei Quinn sentada no canto do café, encostada na vidraça e esparramada no pequeno sofá que ali havia, sorrindo pra mim.

Eu revirei os olhos e fui guiada pela intensidade daquele sorriso, enquanto sorria também. Ela se arrumou quando eu cheguei, passando pra frente o que havia comprado pra mim. “Obrigada.” Ela agarrou a minha mão por cima da mesa e eu levantei meu olhar pra ela que tinha o sorriso morrendo nos lábios. “Eu sabia que tinha algo esquisito com você, quer conversar?” Ela abriu a boca, mas as palavras simplesmente não saiam. Apertei sua mão e ela entendeu que era a hora de tentar parar de falar. “Depois conversamos, Q. Sem pressa.” Ela fez que sim com a cabeça e eu sorri pra ela, tentando tranqüilizá-la.

Eu comecei a comer meu sanduíche e notei Quinn brincar com seu café, olhando-o como se fosse realmente interessante movimentar a colher de um lado para o outro dentro da xícara. Parei no mesmo instante o que eu estava fazendo, precisava ter uma ‘foto’ desse momento. Guardar na memória esse, junto com tantos outros, momentos que passamos juntas. Pisquei como se eu realmente tivesse tirado uma foto dela com uma câmera. Sorri boba, estava ficando apaixonada demais. E quer saber, não irei fugir dessa vez, não com ela. Porque eu sei que Quinn não seria capaz de me machucar, pelo menos, não propositalmente. Esses olhos diziam tanto quando ela estava quieta e eu sabia que eles eram a nossa garantia.

“Eu vou me inscrever pra passar três meses em Londres, num intercâmbio.” Ela levantou a cabeça dizendo. Seus olhos me fitavam pedindo desculpas, eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas ela me pegou de surpresa, as palavras simplesmente não saíam dessa vez. “Rach, fala alguma coisa. Eu não quero arruinar o que demoramos tanto tempo pra construir ou enxergar, por favor, me desculpa.” Eu segurei sua mão, pedindo mudamente pra ela prestar atenção em mim e me deixar falar, mas ela estava surtando agora e parecia não querer parar de falar. “Eu sei, pode me chamar de idiota, filha da puta, cachorra, de qualquer coisa, mas, por favor, fale. Eu não suporto a idéia de você quieta, sem falar nada. Me assusta isso tudo.”

Eu apertei mais sua mão e ela voltou a olhar pra mim, erguendo sua mão pela mesa, acariciando meu rosto. Eu vi uma lágrima descer ali e eu não me contive, levantei de onde eu estava e ela me olhou desesperada, mas eu não ia embora. Contornei a mesa e me sentei do seu lado. Ela sorriu menos tensa e eu a abracei, lhe dando um selinho. Segurei seu rosto em minhas mãos e tomei coragem pra falar. “Eu não vou te xingar. Eu entendo que isso faria bem pros seus estudos e pra sua carreira, no futuro, e eu jamais deixaria de te apoiar nessa escolha, mas eu sou a Rachel e alguma hora eu vou surtar. Não estou dizendo que farei isso, porque alguém tem que ser racional agora, mas eu vou e me desculpe se for com você tá?” Ela balançou a cabeça, entendendo o que eu havia dito e ela ia falar, porém eu coloquei meu dedo indicador na sua boca, indicando que eu não havia terminado. “Eu não sei o que isso vai significar pra nós duas, mas eu estou com você, Quinn, e eu não quero deixar de estar.” Ela sorriu e afagou meu rosto. “Eu não sei o que aconteceu e quando eu fiquei assim, só sei que você vai ter trabalho pra se livrar de mim.” Nós rimos e eu sequei uma lágrima sua. “Quando você vai?”

“Eu nem sei se eu vou, Rach. Acho que seria incapaz de te deixar aqui.” Ela murmurou beijando minha mão.

“Eu adoro demonstrações de afeto e ser o motivo de alguém, principalmente o seu, Fabray, mas eu jamais te perdoarei se você perder uma oportunidade assim por minha causa.” Eu disse mole em seus braços, fazendo carinhos desregulares em sua nuca. Ela riu tímida antes de esconder a cabeça e falar próxima ao meu ouvido.

"Mas eu não posso simplesmente te deixar aqui, Rach. Se quando você está comigo ainda tem pessoas te querendo, imagine sem mim?" Eu me afastei um pouco e olhei quase magoada pra ela.

"Eu entendo sua preocupação e eu penso do mesmo jeito, sobre você ir pra lá, mas acho que é uma questão de confiança, concorda?" Ela balançou a cabeça em concordância e me apertou mais ainda em seu abraço. "Quando você vai?" Perguntei de novo, tirando uma mecha de cabelo e colocando atrás de sua orelha. Ela odiava quando faziam isso, eu sabia, mas não era sempre que se tinha oportunidade de ver uma Quinn Fabray fragilizada e carinhos assim mudavam qualquer ser.

"Eu não sei se vou, Rach. Tenho que me inscrever e é só uma vaga." Ela murmurou devagar enquanto eu lhe fazia carinhos.

"É claro que vai, Quinn, você é a melhor da sala." Eu terminei dando um beijinho em seu pescoço e me distanciei a tempo de vê-la corar. Gargalhei com a cena e ela virou o rosto pra tomar seu café. Entendi aquele sinal e a esperei pensar, nada poderia ser dito pra reverter àquela situação, mas mesmo assim, três meses são muita coisa.

"As inscrições vão até a próxima quarta, eles vão selecionar o candidato perfeito e no fim do bimestre, provavelmente, vão mandá-lo pra lá." Ela disse ainda olhando pro lado de fora da janela e eu engoli em seco. Fim do bimestre? Mas faltavam 3 semanas pra isso acontecer, muito pouco tempo. Peguei meu chá e sanduíche e voltei a comê-los, pensando em como eu ainda não surtei. "Desculpa despejar todas essas coisas em você, mas... acho que é isso que as pessoas fazem quando estão juntas, né?" Ela virou pra mim sorrindo sem jeito e eu confesso acabei sorrindo do jeito que ela tanto gostava quando escutei 'acho que é isso que as pessoas fazem quando estão juntas, né?' Ela me beijou a bochecha e eu fechei os olhos, prolongando a sensação. Doía só de pensar que eu não terei mais toda a fofura e todo o furacão que era ter Quinn Fabray, e isso terminaria em três meses. "É por isso que eu não posso ir, Rach."

"Você vai, Quinn e sem discussão sobre isso ok?" Ela sorriu, me puxando pra um abraço de lado e eu senti uma maldita lágrima escorrer enquanto repousava minha cabeça em seu peito. Ficamos em silêncio, somente nos sentindo. Ela passou a fazer carinho em meu rosto com a mão esquerda e eu passava a mão lentamente em sua coxa. Outra lágrima. "Que droga, Quinn agora que eu estou me apaixonando." Murmurei doída e ela me olhou surpresa.

"Está é?" Ela arqueou uma sobrancelha no melhor estilo Quinn Fabray e eu balancei a cabeça afirmando, envergonhada. "Não tem problema, você sabe que é recíproco."

"Claro que tem problema. Você é toda romântica e admite essas coisas pra mim no Central Park praticamente no nosso 'primeiro encontro' e eu? Eu faço isso aqui, no meio de uma espelunca qualquer de alguma rua perto da Quinta Avenida e ainda pra melhorar minha situação, estou chorando." Ela gargalhou ao ver que eu estava surtando e que havia elevado minha voz em alguns tons, o que me fez quase gritar.

"Rach, a Quinta Avenida é famosa e romântica também." Seu tom era brincalhão e eu acabei tentando bater nela, mas era impossível fazer isso tendo mãos minúsculas e uma força quase inexistente. "Ah, Berry, se eu pudesse fazer o que quero aqui, pararia com esse chilique imediatamente." Ela gargalhou e eu arqueei uma sobrancelha e seu sorriso foi morrendo enquanto eu ia crescendo naquela pequena discussão. "Já te disse que você fica linda, achando que vai me ganhar arqueando a sobrancelha pra mim?" Eu estava corada, provavelmente, e ela colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha enquanto eu tomava meu chá, o que me fez esquecer por algum momento a situação e voltar à posição original, encostada em seu peito.

Não demorou muito e nós nos levantamos, já terminando de comer nossos pedidos e Quinn fora se dirigindo a saída, porém eu fui na direção contrária. Voltei às seções de CDs, dessa vez, nos de rock, procurando o novo álbum da minha mais nova banda favorita descoberta por ela. Puxando CDs e passando alguns, encontrei um que ela não tinha da banda que gostava. Escondi atrás do novo de Avenged Sevenfold ao perceber que ela estava próxima. Sorri pra ela que não parou pra olhar as prateleiras.

"Não vai olhar?" Ela negou com a cabeça e eu achei estranho. "Por quê?"

"Se não, vamos demorar mais tempo ainda. E eu pretendo ficar mais um tempo com você em seu dormitório, achando que Kurt não estará lá pra nos atrapalhar, e depois voltar aos meus estudos." Ela encostou em uma pilastra ali, que sustentava o segundo andar que era uma livraria, e eu me aproximei, pondo as mãos um pouco abaixo de seus ombros e lhe beijando.

"Parece um ótimo plano, só me deixe pagar esses aqui." Murmurei entre os beijos e fui saindo antes que ela pegasse os CDs da minha mão. "Falando em Kurt, não, ele não estará lá." Pisquei antes de virar no próximo corredor em direção ao caixa. Vi Quinn fazer o caminho pra fora da loja sorrindo.

Vi a caixa 2 da loja prestar atenção, desnecessária, na minha loira e eu revirei os olhos quase dizendo que ela tem dona. Que mania feia das pessoas! As vêem acompanhada e ainda acham que tem chance. Tudo bem, algumas realmente tem, porém eu não acredito que a Quinn faria isso. Não do jeito que as coisas estão agora. "Quer mais alguma coisa?" Ela perguntou nem se tocando que eu era a morena que estava com a Quinn há poucos minutos.

"Quero que você embrulhe em papel de presente esse aqui, é pra minha namorada que está bem ali." Apontei pra Quinn que estava sentada na moto segurando nossos capacetes e a moça do caixa arregalou os olhos. "É nosso aniversário de namoro daqui a uns dias e eu queria presenteá-la com esse cd pra ser a nossa trilha sonora de noite, se é que você me entende." Levantei as sobrancelhas pra moça, que por pouco não revirou os olhos, terminando o que eu havia pedido e eu fiz questão de sorrir à lá Santana e dizer o ‘obrigada’ mais cínico que eu já disse em toda a minha vida.

"Achei que teria que ir lá dentro te buscar." Ela disse ao me ver saindo. Estava tão sexy nos couros e no ray-ban. "Por que demorou tanto?"

"Estava mostrando a uma menina lá dentro que você tem dona." Eu murmurei me aproximando e ela sorriu cafajeste do jeito que eu gostava. Arqueou uma sobrancelha numa pergunta muda de 'sério?' e eu afirmei com a cabeça, deixando minha sacola em cima do banco da moto e pegando-a pela gola da jaqueta, pincelando nossos narizes, encostando levemente nossos lábios enquanto ela descia as mãos pra minha cintura e apertava ali. Mordi e lambi seu lábio inferior antes de sair rapidamente de seu abraço e bater em sua perna. "Vamos?" Cruzei meus braços esperando que ela se mexesse.

"Você é muito má, sabia?" Pisquei pra ela antes de colocar o capacete e subir no carona. A vi revirar os olhos e dar a partida. "Tem certeza que o Kurt não está lá? Porque uma vez que eu entrar naquele apartamento com você, eu não vou parar e nem você. Nem mesmo pra expulsar aquela bicha atrevida de lá." Nós gargalhamos e eu bati em seu ombro.

"E vai expulsá-lo como? Grudada em mim?" Paramos em um sinal vermelho e eu fiz carinho em sua nuca exposta, puxando levemente seus cabelos.

"Se for preciso, sim." Um ‘oh céus’ saiu da minha boca antes de virarmos na Quinta Avenida. "E se você não parar de puxar meu cabelo, eu vou ser presa por assédio ao pudor." Eu gargalhei de novo e parei com o carinho, apertando somente sua cintura.

E que venham essas três semanas...

Quinn’s POV

Rachel não surtou.

Eu estava digerindo essa informação ainda. Fazia 2 dias que nos vemos e eu já fiz a prova e entreguei a resenha que precisava para me candidatar a vaga do intercâmbio. Eu estava insegura e acreditava que não tinha passado... Honestamente, eu sei quando não faço uma boa prova. E como eu estava preocupada com Rachel e com a nossa relação, eu não consegui me concentrar. Aliás, eu não conseguia me concentrar. O resultado deve ter sido deprimente. Rachel Berry estava destruindo até minha carreira acadêmica. Brincadeira!

Rachel não tinha surtado, mas ela ainda era a Rachel. Uma hora ela ia entrar em parafuso e ia jogar as coisas em cima de alguém e se fosse em cima de mim, céus... Eu ia largar tudo. Eu demorei 2 anos para colocar naquela cabeça dura que a gente podia dar certo e eu prometi que não a faria sofrer como Finn fez. Portanto, se ela surtasse em mim, eu faria tudo que ela pediria em questão de segundos.

Santana estava quase me matando naqueles dias. Eu andava estressada e estava sobrando pra ela. Mas também, ela não tinha nada que reclamar. Quando a Brittany fez greve de sexo com ela nas férias de verão, eu que tive que agüentar o mau humor. Portanto, ela que lide com meu surto e com meu desespero. Para isso que servem os melhores amigos, afinal. Só que Santana Lopez não era tão paciente quanto eu e eu estava vendo aquele compasso parar na minha testa a qualquer momento.

Enfim... Eu estava por um fio e a única coisa que me segurava era pensar em Rachel. Como eu disse, ela era meu calmante e eu sempre voltava a respirar fundo. Só que agora, no meio dessa aula estranha de Ciências Políticas, não estava funcionando. Mrs. Powell era uma excelente professora (e gostosa, eu dei em cima dela em algum momento nesses 2 anos... Mas honestamente? Eu gosto de morenas e essa loirice dela me broxava), mas, por favor, falar que os EUA não tem uma política imperialista, me irrita.

“O que eu quero deixar claro é que nós ainda somos um dos pesos-pesados na política mundial e temos que exercer nossa hegemonia e... Srta. Fabray?” Puta que pariu, ninguém queria me deixar quieta, não? Qual era o problema de bater o lápis sobre a carteira e revirar os olhos com cada besteira que ela dizia? É sério, eu sou transparente. Se eu não gosto, eu fico entediada mesmo. Tanto é que eu consegui dormir em Cats com Rachel chorando do meu lado, porra... Qual a lógica em gatos cantando? Enfim, eu parei de bater o lápis e ergui os olhos para ela. Mrs. Powell me observava por cima dos óculos, com um ar irritado. “Pelo que eu sei, a senhorita não é hiperativa para ficar batendo o lápis.” Ah minha cara, sou hiperativa em outros lugares, Rachel bem sabe disso. “Tem algo que não lhe agrada no momento?”

Eu passeei meus olhos sobre a sala e todos, eu disse ‘todos’, estavam me encarando. Alguns tinham sorrisinhos presunçosos esperando que eu me ferrasse, bando de povo invejoso. Queria ver a cara desses barbados quando vissem a namorada linda que eu tenho. Depois, voltei a olhar para a professora e respirei fundo, me arrumei na cadeira e coloquei o lápis de lado, depois respondi educadamente sarcástica.

“Eu não concordo com sua posição a respeito da nossa condução política.”

“Ora, Srta. Fabray... É qual é o seu ponto?” Mrs. Powell parecia satisfeita com a minha opinião, pois um breve sorriso passou em seus lábios. Eu arqueei a sobrancelha e revirei os olhos, sem... Eu não tinha medo de professor nenhum, nunca tive. Sue Sylvester me ensinou a ser assim. Eu fingi olhar minhas anotações e depois, respondi.

“Não impomos nosso padrão de vida e a nossa suposta democracia porque somos um dos exemplos a ser seguidos no mundo e sim... Porque somos imperialistas. Nossa história reflete isso. Desde a nossa Independência, nós temos nos esforçado para impor o que somos. E não porque somos bonzinhos e sim, porque queremos e precisamos dominar. Experimentamos a opressão por um bom tempo e agora, estamos oprimindo também.”

“Se o ponto é esse, Srta. Fabray... Não acha que um país fundado em bases teológicas tão firmes e igualitárias, não seria contra esse tipo de suposta opressão que a senhorita cita?” Mrs. Powell estava inflamada pela discussão e eu tive que respirar fundo. Eu estava acostumada a ganhar discussões, eu namorava Rachel Berry, afinal. Portanto, coloquei meus argumentos em ordem enquanto raciocinava. Ela me observava com afinco e eu podia ouvir burburinhos na sala. Olhei para ela e respondi simplista.

“Bases teológicas podem significar alguma coisa na época em que elas realmente importavam. Mas no nosso mundo, não. Vivemos em um sistema onde o dinheiro e os interesses pessoais contam mais do que teologias, filosofias e doutrinas. Somos imperialistas, pisamos em quem pisa em nosso caminho. Só que somos sutis o bastante para fazer isso impondo nossa política e nosso padrão de vida, destruindo toda e qualquer identidade cultural e política dos países mais fracos que nós.”

Mrs. Powell parecia impressionada e eu sorri orgulhosa de mim mesma, modestamente, eu posso estar entediada... Mas eu penso nas coisas antes de falar besteira. Eu quero fazer a diferença e não estou fazendo Políticas Internacionais para ser só mais uma representante comercial de uma multinacional. Todos se calaram com minhas palavras e Mrs. Powell sorriu. “Estão vendo, garotos? A Srta. Fabray podia estar entediada e me incomodando com suas manifestações de desacordo, mas ela ainda estava pensando no que eu dizia. Acho que alguns aqui nessa sala podiam levá-la como exemplo.” Depois, ela se virou para o quadro e eu fiquei sorrindo para meus botões.

Uma bolinha de papel bateu em minha cabeça e eu até sabia quem era o ‘adulto’ que fez isso. Me virei e dei de cara com Ashton e os amiguinhos ricos dele rindo da minha cara. Abri o papel e revirei os olhos para o que estava escrito.

Tá comendo a Mrs. Powell, por acaso? Sua namoradinha iria odiar isso.

Além de ser péssimo em insultos, Ashton tinha a letra parecida com hieróglifos. Aliás... Eu iria ensinar o que eram insultos, porque ninguém falava de Rachel e ficava na boa (sem mencionar que eu fui praticamente criada com Santana Lopez, insultar era necessário). Apanhei meu lápis e rabisquei no verso (com direito a um desenho bastante obsceno).

Ah e eu posso contar para sua namorada que você anda comendo o Ryan. Aliás, isso explica a fome dela toda vez que nos encontramos no dormitório, à noite.

Eu joguei o papel, mas não tive tempo de ver o resultado de minhas palavras, porque a sineta tocara. Eu apanhei minhas coisas, ainda rindo da minha própria piada. Estava quase saindo da porta e Ashton esbarrou em mim pelo caminho, meus livros caíram e eu bufei para apanhá-los. “Srta. Fabray... Gostaria de falar com a senhorita.” Eu ergui meus olhos, alarmada. Será que ela tinha visto a adorável interação entre eu e Ashton? “E fique tranqüila. Não tem nada a ver com você e Ashton Knight. É sobre o programa de intercâmbio.” Eu engoli em seco, céus... O que ia acontecer comigo? Demorei o máximo que pude com meus materiais, na verdade, eu estava segurando nos meus materiais como se eles fossem me salvar de alguma coisa. Me aproximei da professora e fiquei em frente a mesa dela, ela me observou sobre os óculos. “Por que o nervosismo, Fabray? Onde está a coragem de minutos atrás?”

Eu sorri desconfortável, a coragem se fora e não era por sua causa e sim, porque eu podia perder a minha namorada dependendo da resposta que você me desse. “É uma bolsa de estudos, professora...” Mrs. Powell me olhou com um ar divertido enquanto puxava uma pequena pasta de dentro de sua maleta. Eu me vi ofegando e a observando com ganância. A professora estendeu para mim e disse.

“Uma bolsa de estudos que é sua, Srta. Fabray. Daqui a algumas semanas, a senhorita estará em um avião para Londres.”

Eu abri um sorriso maior que a minha boca, confesso. Agradeci com um aceno desajeitado de cabeça e Mrs. Powell acabou rindo da minha euforia, antes de fazer um sinal para que eu saísse dali. Andei calmamente até a porta, mas assim que me vi fora do corredor, eu corri até a minha moto. Eu poderia me dar ao luxo de faltar a aula restante de Ética Profissional.

***

Em algum momento no trajeto entre o campus de ciências humanas e o de ciências exatas, eu levei uma xingada porque quase atropelei alguém. Mas eu estava feliz demais para dar atenção. PORRA, EU IA PARA LONDRES!

Eu parei em frente ao prédio dos laboratórios de Santana. Ela saiu carregada de plantas e livros, tentando se equilibrar e com uma cara fechada, ainda estava de óculos e eu não pude deixar de rir dela. Aquele mau humor, aquele sarcasmo e aquele humor negro me fariam falta. Eu ria enquanto tirava o capacete, travei a moto e saí correndo até ela.

“Puta que pariu, Fabray! O que tá fazendo aqui?” Santana perguntou assustada, jogando as plantas que segurava em mim enquanto eu, silenciosamente, torcia para que elas não valessem nota. Eu comecei a apanhar as plantas enquanto ela me batia com os livros, as pessoas estavam olhando para a gente. Eu comecei a bater nela também e disse entre gargalhadas.

“Porra Lopez, calma!”

“Você me assustou, sua filha da mãe!” Santana ainda me batia e dessa vez ela me acertou com força na cabeça, eu me levantei irritada e joguei as plantas nela. A latina segurou os óculos que caíam e depois riu da minha cara. Eu olhei sem entender nada e ela caminhou até a minha moto, ficou séria por alguns instantes, me observando. “Você conseguiu, não foi?” Eu acenei com a cabeça e encolhi meus ombros, envergonhada. Santana deu uma gargalhada e colocou as coisas que segurava sobre a minha moto. Sorriu e eu me encolhi, de medo, dessa vez. “Larga de ser modesta, vem cá.” E se aproximou, me pegando em um abraço de urso. Eu apertei a minha amiga e a ergui do chão, entre risos. Mau ato. Ela começou a me socar nas costas, ela ainda era Santana Lopez, afinal. “VAI ERGUER A SUA ANÃ, FABRAY!”

“Para de me bater, sua louca!” Eu protestei indignada enquanto a colocava no chão. Ela começou a me fuzilar quando nos separamos e eu retribuí o olhar com intensidade. As pessoas ainda nos olhavam e eu tinha certeza que se perguntavam como a gente se amava tanto diante de tantas demonstrações de carinho. Santana me mostrou o dedo do meio e eu dei de língua, mas depois voltei a rir quando o ar nerd falou mais alto e ela apanhou suas coisas de volta. Mas quando ela voltou-se para mim, tinha um sorriso estranho, uma sombra triste naqueles olhos escuros que costumavam ser tão venenosos... Eu dei de ombros e me aproximei, insegura. San segurava as lágrimas e com um pesado livro de Cálculo IV (ou seja lá que número era) me bateu no ombro e disse ofegante.

“Vá contar para a sua garota. Não se preocupe comigo.”

Eu me aproximei e dei um beijo na testa dela antes de ela chutar a minha canela e me xingar em espanhol. Voltei a subir na moto e corri, tinha que chegar a Julliard hoje.

Rachel’s POV

Eu estava morrendo de preocupação se Quinn havia ou não conseguido a vaga em Londres. Eu sei, eu sou totalmente egoísta, mas aquele intercâmbio tinha quebrado minhas pernas. Eu não queria que ela fosse, três meses é muito tempo. Porém, não temos somente as coisas que queremos nessa vida.

E eu ainda tinha minha faculdade pra pensar. Provas finais, teóricas e práticas, trabalhos e atividades extras. Céus, eu precisava de mais férias ou da Quinn. Eu simplesmente não conseguia me concentrar nos trabalhos agora. Tanto que há mais de 10 minutos eu estava discutindo com Elizabeth Hastings e o resto de meu grupo, estávamos em nossa aula de Técnicas de Dramaturgia III, todos sentados no chão com nossas roupas de aula prática. Olhei no relógio em meu pulso, estava longe desse dia acabar.

“Eu estou dizendo, Elizabeth, que eu estou sem criatividade pra criar um roteiro agora. Minha vida está uma bagunça e eu simplesmente não estou conseguindo pensar em nada que faça a diferença nesse momento.” Eu a vi revirando os olhos e eu bufei impaciente.

“Então eu acho que você vai ter que sair desse grupo e pedir ajuda em outro, talvez até fazer sozinha.” Ela disse ríspida se levantando antes de ir fazer o alongamento final. Corri e peguei em seu braço, puxando-a. Mentalizei as expressões da Santana e corrigi minha postura, se tinha que bancar o Satan nesse momento, eu atuaria perfeitamente.

“Ah é, Beth? E das vezes que eu te acobertei para os professores, fiz seus trabalhos, te ajudei com os seus métodos de atuações? Que, aliás, eu não queria falar, mas são horríveis.” Ela entortou a cara, sabia que eu estava falando a verdade. Uma vez fiquei mais de 20 minutos com ela treinando expressões simples, SIMPLES. “E você quer vir falar pra mim que eu estou fora do grupo que sempre formamos porque eu estou com problemas pessoais e não consigo pensar em nada no momento? Primeiro seja melhor que eu em uma coisa pra depois tentar me tirar do jogo.” Ela encolheu, eu estava ganhando a discussão e só foquei ainda mais em Santana. “Então, você e o grupo vão fazer essa merda de trabalho e vão entregar. COM O MEU NOME ALI. Estamos entendidas?” Eu soltei seu braço e ela afirmou com a cabeça antes de ir em direção ao pequeno banheiro que tínhamos ali.

Sacudi minha cabeça organizando meus pensamentos. Mentira, eu queria era tirar o Satan dali. Ri sozinha enquanto voltava ao chão pra juntar minhas coisas espalhadas. Ouvi aplausos atrás de mim e eu me virei imediatamente. “Você acabou com aquela ali. Quem é?” Quinn estava encostada no batente da porta com seu habitual sorriso estampado no rosto, mas eu poderia jurar que ele tinha um toque a mais de felicidade. Enfiei tudo dentro da minha mochila e fui em sua direção.

“Alguém que não precisa de atenção nesse momento, ela teve o que merecia e eu a coloquei em seu lugar.” Eu me aproximei lhe dando um selinho.

“Realmente, acho que ela não vai te perturbar tão cedo. O que baixou em você?” Ela murmurou contra o meu ouvido, segurando minha cintura, nos rodando fazendo com que eu me encostasse ao batente. Puxei seu rosto próximo ao meu de novo e rocei meus lábios nos seus. Ela foi má em resposta, pressionou seu quadril no meu enquanto buscava meus lábios.

“Posso dizer que foi o Satan.” Disse entre pausas, numa brincadeira perigosa. Ela se aproximava e eu fugia. Por fim ela se afastou, finalmente se dando conta do que eu falara e  arqueou uma sobrancelha. “Santana nunca vai ficar sabendo disso, ok? Se ela souber, greve de beijos, sexo, toque, olhares. TUDO.” Quinn gargalhou muito alto devido ao meu tom de voz que era, digamos, desesperado e ameaçador no final. Ela assentiu com a cabeça e voltou a se aproximar, dando beijos e mordidas em meu ombro.

“O que você tá fazendo aqui?” Perguntei enquanto ela se afastava, arrumando seu cabelo e ajeitando sua roupa. Estávamos ridiculamente apaixonadas e parecíamos adolescentes. Me arrumei também e ela parou no corredor, antes de voltar a olhar pra mim e estender a mão.

Revirei meus olhos debochando de nós duas, ela riu balançando a cabeça e eu me aproximei, aceitando sua mão. “Precisamos conversar.” Ela murmurou antes de virarmos pro furacão que passara atrás de nós, fechando a porta com tudo. Elizabeth Hastings. Revirei meus olhos e ela voltou a olhar pra mim, dessa vez séria. “Rach, precisamos conversar.”

Senti um puxão em meu estômago ao ouvir suas palavras, quase duras. Continuei olhando-a até que sua máscara caiu. Ela sorriu e eu logo entendi tudo. A minha surpresa não era tanta, eu confesso, mas o aperto no peito me incomodava. Sorri feliz de volta, pulando em seu pescoço. “Parabéns, Quinn. Você conseguiu.” Ela afirmou com a cabeça enquanto me equilibrava em seu colo. “Parabéns, amor.” E quando eu vi, tinha saído. Corei e ela pareceu não se importar com isso, em resposta eu recebi um beijo na bochecha.

Ouvimos protestos de algumas pessoas idiotas e ela me colocou no chão, me afastando lentamente. Afinal ainda estávamos na escola. Ela estava tão feliz, não parava de sorrir e eu vi seus olhos sorrirem também. A abracei ainda parabenizando-a, mas por dentro eu estava morrendo de medo de tudo. Precisava parecer forte, porque há 2 dias atrás ela estava fragilizada. Quinn Fabray fragilizada, era demais. Por isso eu estava assim, me segurando em sua frente e não revelando o que eu realmente sentia: o drama. Afinal se ela não era forte nesse momento, eu precisava ser por nós duas. Me apertei mais em nosso abraço e ela pareceu entender, senti sua respiração puxar o ar fortemente e ela me distribuir beijinhos pelo meu pescoço. "Obrigada, Rach. De verdade. Obrigada por ficar do meu lado e não desistir assim." Ela murmurou em meu ouvido antes de se virar, puxando minha mão e eu me deixei levar.

Quando vi estávamos no estacionamento perto de sua moto. Sentirei falta de andar sem rumo com ela e a Harley Davidson. Deixei minhas coisas em cima de sua moto e me virei pra ela, que fitava a entrada do meu dormitório. Suspirei e me aproximei, passando os braços por sua cintura. Ela virou pra mim e eu pude ver lágrimas em seus olhos. "Que droga Quinn, para com isso. Já conversamos lembra?" Ela deu um sorriso fraco beijando uma de minhas mãos, beijando-a.

"Conversamos, mas não parecia tão real quanto agora." Ela disse devagar, dificultando minha vontade de deixá-la ir. Sufoquei minha vontade de pedi-la pra ficar. Como eu disse, teria que ser forte por nós duas. Peguei seu rosto entre as mãos e a forcei olhar pra mim. Ela quase rosnou com raiva quando eu fiz isso e tentou até secar suas lágrimas, porém eu a impedi. "Não gosto quando você me vê assim, toda frágil e chorosa."

Sorri antes de te dar um selinho. "Lembra daquele dia, no parque? Que você me pediu pra deixar você me conhecer? Eu perguntei qual parte de mim e você disse 'todo o resto' lembra?" Ela afirmou com a cabeça e eu continuei. "Pois é, eu pedi o mesmo que você, mesmo que tenha feito isso mudamente. Então não tente fingir pra mim que você não está frágil agora tá?" Ela riu, afirmando e me deu um beijo na testa se afastando e indo em direção a moto. A acompanhei com os olhos antes mesmo dela soltar nossas mãos. "Aonde você vai?" Minha voz saiu fraca enquanto me aproximei, pegando minhas coisas. Ela sorriu pra mim com o capacete nas mãos.

"Acho que eu preciso pensar, sozinha, dessa vez." Ela montou na moto me puxando pela mão. "Porque se eu ficar aqui, serei capaz de dizer 'não' ao lugar que eu tanto quero ir pra ficar com quem eu tanto quero e preciso estar." Ouvir aquelas palavras saindo da boca de Quinn era como deixar cego em tiroteios, tirar a muleta de pernetas, maltratar velhos e crianças: uma verdadeira covardia. Ela sorriu fracamente e eu me aproximei, beijando sua testa e logo depois ajudando-a a arrumar o capacete.

“Dirija com cuidado.” Ela piscou sorrindo dando a partida. Sorri e me afastei, ouvindo o ronco da moto e logo depois a vi saindo e só quando ela virou na esquina eu me virei, em direção ao meu dormitório, mas parei na escada que dava acesso aos mesmos. Pelo jeito não era só ela que precisava pensar sozinha.

****

Eu até pensei em ir pra próxima aula que teria, porém as coisas estavam bagunçadas demais. Precisava pensar e o campus lotado não era um bom lugar pra isso, vou matar aula mesmo. Eu necessitava disso. Ajeitei minha mochila em minhas costas e levantei da escada, limpando minha roupa e subindo em direção ao quarto que dividia com Kurt.

Cruzei com alguns conhecidos e acenei algumas vezes, sem a mínima vontade. Peguei a chave no bolso dianteiro de minha mochila e abri a porta, fechando-a em seguida assustada. Pensei que Kurt estaria em aula. Voltei a entrar e bati a porta ao fechar dessa vez, me virando pra ver a cena mais linda do dia. Kurt e Zach, nus, em meu sofá, ambos se tampando com almofadas, revirei os olhos. Kurt tinha ficado vermelho e correu pra seu quarto enquanto Zach estava lá com aquele habitual sorriso que me enganara aquele dia no bar da festa de ano novo. Gargalhei maliciosa e ele retribuiu, virando de costas vestindo suas roupas.

Joguei minha mochila no balcão da nossa pequena cozinha e peguei uma maçã, mordendo-a em seguida. “Pode virar, Rach.” Ele disse sentando no sofá, ainda com a almofada tampando sua vergonha. Revirei os olhos e ele abriu o sorriso que eu tanto gostava.

“Enfim eu dei o troco.” Ele sorriu presunçoso e eu pisquei.

“Gostou da vista?” Logo depois gargalhou e eu engasguei com o pedaço de maçã, porra Zachary. Ele contorcia a barriga de tanto rir e aqueles cachos ruivos balançavam conforme seu movimento. Eu adorava aquele cara.

“Não vou nem comentar, Clark.” Nós rimos e eu vi Kurt voltando, devidamente, vestido pra sala, vermelho até o último fio de cabelo. Arqueei uma sobrancelha pra ele e ele me mostrou um dedo do meio e foi sentar-se no sofá com o ruivo.

“O que faz em casa tão cedo, Berry? Foi dispensada das aulas? Ou estava na casa da Quinn, atuando?” Ele perguntou irônico, se referindo ao fato de eu estar estudando com Quinn semana passada. Eu realmente estava estudando, ela me ajudou a decorar minhas falas e melhorar minhas expressões. Lançou aquele típico olhar de Kurt Hummel pra mim e eu revirei os olhos, que audácia.

“Sem ironias e falsos espantos agora, Kurt. Pra começar não era nem pra você estar aqui, deixando seu namorado te comer no meio do sofá. Sua moral está baixíssima agora. E não eu não estava na Quinn, ela veio aqui me dar uma notícia e nós precisamos conversar sobre isso. E depois disso eu não consegui ir pra aula que eu teria agora e vim pra cá, querendo paz pra pensar e quando abro a porta... eis que me deparo com uma cena que nunca quis ver.” Kurt encolheu no abraço do ruivo que chorava de dar risadas. Me virei pra ele, apontando meu dedo indicador. “E você, não tem aula não?”

Ele fez que não com a cabeça, debochando e eu revirei os olhos, jogando o resto da maçã no lixo. Bebi água antes de fazer o caminho e sentar no outro sofá, que eu espero que não tenha sido usado também. “Desembucha, Rach.” Zach despertou minha atenção e eu levantei meu olhar. Ok, aqueles dois eram lindos juntos, principalmente agora que Kurt tinha saído da adolescência e tinha assumido boa parte de sua masculinidade, não se escondendo mais em estilistas famosos e usando roupas mais masculinas.

“Quinn ganhou a oportunidade pra fazer um intercâmbio em Londres, com duração de três meses, devido às coisas relacionadas ao curso. Eu não surtei com ela em nenhum momento e disse que iria ser forte por nós duas porque ela surtou, mas eu sou quem sou e preciso disso, então meus amores, sobrou pra vocês.” Eu fitava minhas mãos, brincando, entrelaçando meus dedos. Levantei meu olhar e vi um Kurt possesso de raiva e um Zach me olhar compreensivo, talvez seu olhar era semelhante ao daquela noite do bar. Mãos juntas e o corpo arqueado pra frente.

“Eu vou matar a Fabray. Eu deixei bem claro que se ela te machucasse eu a mataria.” Zach puxou seu braço, fazendo-o sentar no sofá. “Não vai me dizer que você está do lado da Fabray?” O ruivo negou com a cabeça e colocou uma mão em seus cabelos.

“Deixa que eu assumo a partir daqui.” Eu sorri ao ver meu amigo de tantos anos se acalmar com aquele cara. Sério, vai fazer três anos que moramos juntos e eu nunca consegui acalmar o Kurt. O moreno negou com a cabeça ainda com raiva em seus movimentos. “Então você vai ficar quieto, ok? Não preciso de dois surtando.” Kurt afirmou em contragosto, mas fez o que o namorado pediu. “Continua, Rach.”

“Eu estou assustada, angustiada, com medo, saudade. Eu quero que ela vá, não sou egoísta ao ponto de não querer que ela melhore sua carreira, porém... Foram dois anos pra eu admitir que gosto dela, imagina. Meses depois, sua namorada ou sei lá como devo nomear isso, chega pra você dizendo que quer ir, porém não pode me deixar aqui.” Eu só queria um buraco pra eu me enfiar e fugir dos meus problemas. Meus sentimentos a tanto tempos escondidos, algo que eu só tinha controle agora estava assim.. Na mão de muita gente. Eu sabia que Quinn era incapaz de me machucar, mas doía. E doía mais ainda essa coisa que gritava ‘eu preciso dela’.

Eu vi Kurt levantar de seu lugar no sofá e se aproximar de mim, estendendo sua mão. Fiquei confusa a princípio, mas ele tombou a cabeça e eu aceitei. Me puxando pela mão, acabou me fazendo sentar no sofá, no meio dos dois. Sorri não sabendo como agradecer o que eles estavam fazendo por mim. Encostei minha cabeça no peito de Kurt que fazia massagens em meu cabelo e encarei Zach que nos olhava com admiração. “Eu não vou falar que três meses passarão rápido, porque não vão passar. Porém, vocês estão apaixonadas, Rach. O que te preocupa é infidelidade?”

“Não, claro que não, eu seria incapaz e ela também. O problema é estarmos apaixonadas e ela ter que ir pra outro lado do mundo justo agora. Não é nem uma novidade o quanto eu demorei pra enxergar que ela não ia me fazer mal e deixá-la entrar... E agora surge isso, assim do inferno pra nos perturbar. Pra perturbar o que estamos construindo aos poucos.” Kurt me apertou em seus braços e eu desabei, não ia ficar bancando a durona por muito tempo. Senti meus soluços ficarem próximos, droga, eu ia chorar de soluçar agora? Era só o que faltava. “Eu acho que eu a amo.” Eu murmurei e vi Zach abrir um sorriso.

“Então eu acho que já sei como te ajudar a contar pra ela, Berry.” Eu o fitei, interessada enquanto ele e Kurt se olhavam cúmplices.

****

Prepare-se Quinn Fabray, pois você receberá a melhor surpresa de todos os tempos.

Quinn's POV

A felicidade que me tomara quando eu soube que tinha sido escolhida para o intercâmbio não conseguia superar a minha angústia e a minha irritação agora. O por que de tudo aquilo? Claro que tinha que ser a Rachel. Aliás, a Rachel tem ocupado a minha mente desde então.

Eu tinha pensado, repensado, chorado... Eu sabia que tinha que ir, eu sabia que ia ser bom para a minha futura carreira. Mas eu tinha medo de deixá-la aqui. Não tinha medo que Rachel me traísse, até porque, a única que tinha experiência com infidelidade ali era eu. Mas eu tinha medo que o sentimento enfraquecesse. Eu tinha medo que Rachel encontrasse alguém melhor do que eu nessa cidade. Ainda mais porque eu realmente não sabia o que ela fazia comigo.

Ela era Rachel Berry. A aluna brilhante da Julliard, com uma voz incrível, dona das melhores pernas de New York e também, dona do sorriso mais iluminado que eu já vi. Isso porquê eu não mencionei seus incríveis olhos castanhos e a sua beleza que, fora do convencional, era hipnotizante. Enquanto eu era a Quinn Fabray. Insegura, traidora, cafajeste, medrosa... Tinha tanta gente melhor do que eu ali, por que ela escolhera justo eu? Na verdade, ela não me escolhera e eu que insistira. Uma hora ou outra, aquilo podia acabar.

Eu sei, eu não podia duvidar do que ela sentia... Ela demonstrava melhor do que ninguém que estava se apaixonando por mim. Cheguei à conclusão que esse estágio chegara em péssima hora e que eu perdera o jeito no Resident Evil, tinha morrido de novo pelas mãos do mesmo zumbi desgraçado.

“Porra Fabray, ainda não entendeu que não dá pra abrir o caminho a bala nesse jogo?” Eu me virei e dei de cara com Santana Lopez enfurecida, ela levantara os olhos dos cadernos e me fuzilava enquanto eu encolhia no sofá. Dei de ombros e esperei o jogo voltar ao último checkpoint, entediada. Santana se levantou da escrivaninha e sentou ao meu lado na minha cama, em frente a TV e ao console. “Até eu percebi que tem uma rota alternativa.” Ela tomou o controle da minha mão assim que o jogo recomeçou e incrivelmente fácil, passou pelo armazém cheio de zumbis onde eu estava morrendo a meia hora. “Pronto, cabeça oca.” Respirei fundo e continuei a guiar o protagonista com um ânimo que olha, era contagiante.

“Eu não tinha visto esse caminho alternativo, S. E não uso detonados como você para finalizar os jogos” Respondi irônica e recebi um bufo impaciente em seguida. Tornei a morrer e dessa vez, foi por causa de uma granada de mão lançada por um zumbi. Puta que pariu, desde quando zumbis jogam granadas? Qual o problema dessas pessoas? Santana interrompeu meu surto imaginário, dizendo maldosa.

“É só olhar no mapa, gênio. Apesar de que, no estado emocional que você está, nem um mapa vai te ajudar a finalizar esse jogo.”

“O que você quer dizer com isso, Lopez?” Perguntei irritada e pausando o jogo, Santana arqueou a sobrancelha e fez a melhor bitch face que podia fazer. Me virei na cama e fiquei de frente para ela, ela revirou os olhos e eu vi ali que estava perdida. Ela ia começar uma discussão.

“Não adianta ficar se refugiando em video games. É sábado à noite, você não deveria estar com a Rachel?”

“Deveria, só que eu cansei de ligar para ela nessa semana. Deixa que ela descubra por si só que temos menos de 1 mês juntas.” Respondi de mau grado e desviando os olhos de Santana, porque eu tinha certeza que ela estava com aquela cara de ‘você está sendo cretina, Fabray’. Eu respirei fundo enquanto brincava com as listras da minha calça do pijama, Rachel dissera que não ia surtar. Mas surtara, fazia 2 dias que eu não falava com ela. Ela sequer respondia minhas mensagens! Santana apanhou a minha mão e apertou com tanta força que eu mordi a língua para não xingá-la, ela me olhou severa e disse.

“Fabray, você vai ficar 3 meses fora. Deveria se esforçar para que ela sinta sua falta e não pule a cerca na primeira oportunidade.”

“Rachel não é assim, ok?” Disse furiosa agora, quem era Santana pra falar de fidelidade? Ela revirou os olhos para mim e eu puxei a minha mão, baixei os olhos porque eu estava com uma vontade incrível de chorar. Santana bufou de novo e se levantou, ela abriu a porta do guarda-roupa e o rangido na porta me fez erguer os olhos. Ela jogou um jeans escuro na minha cara enquanto apanhava uma camisa xadrez e jogava em minha direção. Me levantei e a parei. “O que está fazendo, Lopez?”

“Eu não vou te deixar trancada nesse dormitório no sábado à noite. Sou insensível, mas nem tanto. Se vista que nós vamos sair pra beber.”

“Eu não vou beber com você.” Respondi entediada e voltando a me sentar na cama, quando tornei a olhar para Santana, ela já estava tirando o pijama e colocando uma calça colada com uma blusa qualquer. Tudo isso na minha frente, cadê a vergonha? Ah claro, esqueci que ela é Santana Lopez e ‘vergonha’ não existe no vocabulário dela. Voltei pro jogo e tentei me focar em armas e zumbis, sem pensar em Rachel e Santana. Porém, a latina arrancou o fio da tomada. Eu me levantei emputecida, estava chegando no chefão. “Você é maluca, Lopez?”

“Não, só estou preocupada com você.” Santana disse tão séria e exalando tanta sinceridade que quase me convenceu. Eu revirei os olhos e joguei o controle sobre a cama, respirando fundo. Santana se aproximou e jogou a calça e a camisa na minha cara de novo, porra. “Anda logo, Fabray. Veste seu disfarce de caminhoneira e vamos!” Eu olhei para ela, mas agora ela ria e eu acabei rindo também. Troquei a calça e coloquei a camisa por cima da minha regata, apanhei a jaqueta de couro e as chaves da moto, antes de sairmos, parei na porta e disse convencida.

“Só não me agarre muito na moto, Rachel morreria de ciúmes.”

Santana me deu um tapa na cara antes de me empurrar porta a fora enquanto eu gargalhava.

***

Santana me trouxe para um bar universitário que ficava perto de Julliard. Eu revirei os olhos quando vi onde tínhamos estacionado, ela realmente achava que eu precisava ficar bêbada para ir atrás de Rachel? A empurrei para dentro enquanto ela ria, provavelmente ela pensava a mesma coisa que eu. Latina filha da mãe.

Santana me puxou em direção ao bar e bateu na madeira para chamar o barman. Eu comecei a observar o local que era agradável, mas cheio de tipos estranhos. Uma luz baixa, com uma banda de jazz composta por alunos da Julliard estava tocando (só isso explicava os arranjos estranhos das músicas). Algumas garotas se exibiam na pista e eu revirei meus olhos.

Eu tinha gostado dali, era aconchegante. Com todo aquele ar clássico e ao mesmo tempo, desleixado. Parecia o lugar que Rachel viria com aquelas mesas com sofás bem acolchoados e cadeiras distribuídas pelo espaço. Santana me cutucou e eu me virei para perguntar o que era quando encontrei uma cabeleira ruiva me olhando com um sorriso, arqueei a sobrancelha e perguntei.

“O que está fazendo aqui, Zach?”

“Eu começo a achar que esse cara aqui conhece todos os bares e pubs de New York.” Santana disse com um sorriso agradável, virando a dose de vodka que Zach acabara de sorrir. Sério, como Zachary Clark conseguiu que Santana Lopez fosse simpática com ele? Rachel estava certa quando disse que esses dois se pareciam mais do que nós imaginávamos. Zachary deu um sorriso e disse animado.

“Boa noite, Q... O que vai querer hoje?”

“Honestamente?” Perguntei com um sorrisinho triste e Zach me entendeu, remexendo nos meus cabelos e bagunçando-os, num sinal claro de apoio. Santana olhou ofendida, eu nunca a deixava fazer isso. Zachary sumiu lá para dentro e voltou com uma garrafa de whisky. Ele checou se alguém precisa dele, mas parecia que os artistas não bebiam tanto quanto os loucos de Yale, depois, virou-se para mim e eu abaixei a cabeça. “Eu só queria uma dose da Rachel agora.”

“Oh céus, pare com esse melodrama, Quinn!” Zachary disse ofendido e eu bati na mão dele, ele riu e fez um malabarismo com a garrafa antes de colocar uma garrafa de cerveja na minha frente e encher o copo de vodka de Santana de novo. A latina olhou para mim e disse enciumada.

“Da onde vem toda essa intimidade com o ruivo?”

“Zachary é barman, Lopez. Quem é que não tem intimidade com ele depois de um porre?” Eu perguntei entre risadas antes de tomar um gole da minha cerveja, Zach fez um positivo com a mão e foi atender um casal que o chamara num canto do bar. Santana riu e propôs um brinde, tomamos um gole de nossas bebidas e Zach voltou. Ele serviu Santana novamente (essa latina era movida a álcool, caramba) e disse.

“Kurt também está aí.”

Eu engoli em seco e me voltei imediatamente para a pista de dança, estava vasculhando o local porque eu sabia que Kurt nunca sairia de casa sem Rachel, ainda mais depois de tudo que acontecera. Eu respirei fundo e me virei para o bar novamente. Santana me observava e antes de levar a garrafa aos lábios novamente, perguntei.

“O que foi, S?”

“Acho que ela não está aqui.” Santana disse atenciosa e me puxando para encará-la. Eu dei de ombros e sorri cansada, antes de me escorar no bar. Vasculhei a pista de novo e algumas garotas olharam para mim com segundas intenções, Santana tratou de pegar a minha mão que repousava em minha perna, olhei para ela enquanto ria, ela revirou os olhos. “Qual é? Você sabe que a anã é melhor do que essas piriguetes aí.”

“Verdade, minha amiga é melhor que qualquer uma nessa espelunca!” Kurt se materializou-se na nossa frente e eu ri da cara de nojo dele para as garotas que nos olhavam, as meninas acabaram sumindo depois, claramente ofendidas. Kurt deu um beijo em minha bochecha e outro em Santana, depois se afastou com um sorriso. Eu arqueei a sobrancelha, ele parecia um maluco e perguntei.

“Por que a carinha de animação, Hummel?”

“Animação? Imagina Fabray, é muito mais que isso.” Kurt respondeu misterioso e sentando-se ao meu lado do bar, Zachary piscou para Kurt enquanto limpava um copo e meu amigo quase ficou da cor do cabelo do namorado. Eu e Santana rimos e Zach se aproximou de novo, chamando Kurt com um gesto e conversando ao pé do ouvido dele. Santana olhou confusa para mim e meio alta, gritou.

“Qué pasa?”

Eu estava gargalhando, Santana estava embromando o espanhol. Zach arqueou a sobrancelha e se afastou de Kurt com aquele sorriso pervertido, Kurt saiu dali enquanto o ruivo sem vergonha respondia.

“Ora Lopez, iria gostar que os outros soubessem sobre as ‘cosas malas’ que você faz com Brittany?”

Santana começou a xingá-lo em espanhol enquanto eu erguia a garrafa, indicando que apoiava o que ele fizera. A latina viu e me deu um murro no braço, quase engasguei com o que bebia. Zach começou a rir da nossa interação e a música estranha da banda de jazz se cessou. Suspirei e comecei a brincar com a água que escorria pela garrafa gelada enquanto ouvia os aplausos e percebia a luz baixar. Por que esses músicos tinham que ser tão performáticos?  

Ouvi um pequeno chiado no microfone e Zach observava o palco interessado agora, estranhei, aquele ruivo não ligava pra ninguém. Eu tomei mais um gole da cerveja enquanto escutava Santana reclamar de algo. Um piano agora, algumas notas e uma respiração pesada. Eu também respirei pesado, fechei os olhos e a imagem de Rachel me veio à mente.

You've been on my mind,

I grow fonder every day,

Lose myself in time,

Just thinking of your face,

God only knows why it's taken me so long to let my doubts go,

You're the only one that I want,

Eu sorri diante da ‘trilha sonora’ inesperada que se encaixava com o meu estado emocional. O timbre de voz era incrivelmente parecido com o de Rachel e como eu queria que a minha pequena estivesse aqui para começar a brigar com a pobre moça que cantava. Zach olhou para mim e fez uma careta, intrigado enquanto observava a meu sorriso. Fiz um sinal com a mão e ele riu.

I don't know why I'm scared,

I've been here before,

Every feeling, every word,

I've imagined it all,

You'll never know if you never try,

To forgive my past and simply be mine,

Aquele timbre... A melodia continuava, mas eu já largara a garrafa de cerveja e me virava no banco. Santana fez um sono estranho, mas eu sequer estava conseguindo ver ou ouvir alguma coisa no momento. Eu fiquei em pé instantaneamente. Rachel estava sentada em um banquinho, no centro do palco escuro. Ela estava sendo iluminando por um feixe de luz solitário. Meu coração se apertou e nossos olhares se encontraram, ela moveu os lábios e parece que tudo ficou mudo. Menos a voz dela.

I dare you to let me be your, your one and only,

Promise I'm worth it,

To hold in your arms,

So come on and give me a chance,

To prove I am the one who can walk that mile,

Until the end starts,

Ela fechou os olhos enquanto respirava, um sorriso passou pelos lábios dela e eu mesma não pude deixar de sorrir. Meu coração estava quase saindo pela boca. Eu realmente não tinha noção da mulher que tinha em mãos... Rachel era perfeita e agora, estava perguntando se podia ser minha. Meu sorriso aumentou e eu tinha certeza que algumas lágrimas brincavam em meu rosto. Eu que tinha que perguntar se ela me queria.

If I've been on your mind,

You hang on every word I say,

Lose yourself in time,

At the mention of my name,

Will I ever know how it feels to hold you close,

And have you tell me whichever road I choose, you'll go?

Rachel se levantou do banquinho e a meia-luz diminuiu. Ela olhou para mim de novo e agitou a cabeça levemente, sorrindo. Provavelmente ela sabia como era estar comigo. Provavelmente, nossos beijos, brigas, conversas e até mesmo, ciúmes estavam passando pela mente dela nesse momento. E como eu sabia? Porque era exatamente isso que estava acontecendo comigo. Tudo começara com aquele beijo no Valentine’s Day e não terminaria com a minha ida para Londres.

I don't know why I'm scared,

'Cause I've been here before,

Every feeling, every word,

I've imagined it all,

You'll never know if you never try,

To forgive my past and simply be mine

As pessoas já estavam aplaudindo agora e pela primeira vez, eu não vi Rachel sorrir diante dos aplausos. Ela abaixou a cabeça e desceu do palco. Caminhou lentamente até onde eu estava, me lendo inteira com aqueles olhos castanhos. Conforme se aproximava, as luzes a acompanhavam e o sorriso voltava ao seu lábio. Ficamos próximas e ela acenou com a cabeça. Ela estendeu a mão e eu não neguei. Eu nunca negaria Rachel. Ela apertou minha mão entre a sua e olhando nos meus olhos, cantou.

I dare you to let me be your, your one and only,

I promise I'm worth it, mmm,

To hold in your arms,

So come on and give me a chance,

To prove I am the one who can walk that mile,

Until the end starts,

Eu olhei para ela, entre lágrimas e sorrisos. Rachel inclinou a cabeça e limpou meu rosto com a ponta dos dedos e enquanto eu tentava me afastar, ela me puxou para perto e a mão dela foi para a minha nuca. Ela colocou um dos meus braços inutilmente imóveis em sua cintura e me puxou para uma dança lenta, acompanhando a batida gostosa da música. Eu ri em seu ouvido e ela beijou meu pescoço, me puxando para baixo e cantando próxima a mim.

I know it ain't easy giving up your heart,

I know it ain't easy giving up your heart,

Nobody's perfect,

Eu me arrepiei e ela se afastou de mim enquanto eu apertava sua cintura. Ela juntou nossas testas e me deu mais um daqueles olhares que me amoleciam e me faziam crer que nada, nem ninguém podia nos separar. Ela me deu um daqueles olhares que diziam claramente que ela me pertencia.

Trust me I've learned it,

Nobody's perfect,

Rachel se afastou de mim com um sorriso. Ela segurou nossas mãos até onde deu, até que soltou meus dedos levemente e ficou no centro da pista. A luz tornou a baixar e dessa vez, iluminava apenas nós duas. Rachel se virou e dessa vez, eu vi algumas lágrimas nos olhos dela. Ela respirou fundo e me olhou, sorriu.

So I dare you to let me be your, your one and only,

I promise I'm worth it,

To hold in your arms,

So come on and give me a chance,

To prove I am the one who can walk that mile,

Until the end starts,

Eu inclinei a cabeça e baixei a cabeça, ela não tinha que perguntar. Ela era a única que me fazia cometer loucuras como sair correndo de moto por uma NYC coberta de neve, como bater em um cara que sequer merecia meu desprezo, como largar os estudos só para ficar mais perto dela e até mesmo... Ela era a única que eu amei e portanto, isso fazia dela minha. Eu agitei a cabeça levemente e corei diante dos meus pensamentos, Rachel sorriu e olhando em meus olhos, terminou a música.

Come on and give me a chance,

To prove I am the one who can walk that mile,

Until the end starts.

A música terminou e eu tenho certeza que ouvi aplausos. Mas eu não via nada porque eu olhava somente para Rachel, ela encolheu os ombros e entregou o microfone a banda antes de se virar e correr para meus braços. Eu a recebi em meus braços, quase caindo em cima do banco. Ouvi choros e achei que fosse Rachel, mas era Santana que estava sendo arrastada por Kurt dali.

Rachel me apertou pela cintura enquanto eu afagava seus cabelos e respirava aquele cheiro deliciosamente doce que ela exalava. A pista estava sendo ocupada por casais que dançavam animados enquanto eu continuava presa em minha bolha com ela. Rachel ergueu os olhos para mim e eu continuei olhando para frente. Ela mordeu meu queixo, exigindo atenção que eu concedi com um sorriso enorme. Me aproximei dela e a beijei com saudade, Rachel arranhou a minha nuca e escondeu o rosto em meu pescoço. Eu baixei meus lábios até o seu ouvido.

“Você não precisava pedir uma chance, eu nunca negaria uma a você e eu acho, que de certa forma... Eu sempre fui sua.” Ela ergueu os olhos para mim e eles estavam marejados, Rachel fez menção de falar e eu encostei meu dedo em sua boca, impedindo-a. “Eu sei que você tem medo, mas isso não é um fim... É um ‘até logo’. Eu não vou te deixar agora que você pediu para ser minha.” Rachel deu uma risadinha e me apertou ainda mais, olhei para ela e limpei as lágrimas enquanto beijava sua bochecha e foi ali que ela me surpreendeu. Rachel me olhou tão intensamente que eu quase não mantive o contato, ela apertou minha camisa e disse.

“Quinn, eu... Eu te amo! É por isso que esse ‘até logo’ está doendo como se fosse um fim?”

Eu me peguei tentando entender as palavras dela e foi a minha vez de chorar. Mas eu chacoalhei a cabeça e expulsei as lágrimas de meu rosto enquanto a erguia e girava seu corpo, colocando-a em cima do banco e ficando entre suas pernas. Rachel afagou a minha face e eu senti meu coração acelerar, fechei meus olhos, sentindo o toque dela em minha pele como se fosse a primeira vez... Depois, a olhei com carinho e beijei seus lábios levemente. Ainda próxima a ela, sorri e disse.

“Rachel, eu também te amo. E me desculpe, mas eu te amo demais para colocar um fim nisso. Nós vamos fazer dar certo.”

Ela sorriu aquele meu sorriso preferido enquanto me puxava pelo cós da calça e me beijava. Como se fosse a primeira vez. 


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Notas finais do capítulo

Acredito que alguns estão nos apedrejando nesse momento .-.
De qualquer forma, queremos saber o que acharam da Rachel, do Zach e Kurt, da Santana nerd... Enfim, merecemos comentários? kkkk
Até a próxima.