Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 7
A Beleza da Escuridão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185286/chapter/7

Finalmente. Finalmente o dia não tinha terminado de modo trágico. Muito cedo pra comemorar? Talvez, mas não importa. Eu estava andando por aquela casa, que lembrava muito a pensão dos Salvatore. Os soldados de Klaus me observavam, mas não diziam nada. Um deles eu reconheci, era um garoto que estudava comigo, algumas séries à frente. Ele sorriu quando viu o reconhecimento em meus olhos. Daniel. Daniel Finnigan, era esse o nome dele.

Abri a porta e olhei para trás. Nenhum dos guardas de Klaus me impediu, o que devia significar que havia mais guardas cercando o jardim. Tentei não me importar e continuei a andar. Havia uma floresta, no canto esquerdo da propriedade. Fui pra lá.

Você deve estar achando que eu sou muito idiota por entrar em uma floresta à noite. Você não deixa de ter razão. O fato é que eu gosto de florestas e não tenho medo de entrar nelas. Sim, a garota triste do cemitério ainda vive em mim.

Havia uma espécie de trilha, serpenteando pelo meio da floresta, o que tornava ainda mais fácil não se perder. As árvores eram muito grandes, mas a maioria estava seca ou com pouquíssimas folhas, me dando uma visão privilegiada do céu. Estava frio e uma névoa de uns trinta centímetros de comprimento cobria o chão. Estávamos no Maine.

O bom de andar numa floresta sozinha é que você tem muito tempo pra pensar. Tudo o que eu havia descoberto sobre mim mesma estava voltando à tona na minha cabeça. Eu podia pensar com clareza agora, o que não significava que eu estava mais lúcida; porque, se eu sinto o que eu acho que sinto, só posso estar louca.

Achei uma árvore caída, que dava um bom banco, e sentei nela. Peguei meu celular e os fones de ouvido e coloquei Angel With a Shotgun, do The Cab, no volume 15, o que era bastante alto. Conhecia a letra de cor e comecei a cantá-la. Quem havia me mostrado a música foi Damon. Eu me lembro da cena. Ele estava na minha casa, entediado, então ligou a rádio e procurou por uma música. Quando achou essa, ele começou a dançar, cantar e imitar um rockeiro em seu show, em cima do sofá e me obrigou a fazer o mesmo. Desde então, a música era uma das favoritas no meu celular.

Sem falar da vez em que...

Damon está no meu passado agora. Não podia me permitir ficar lembrando dele. Já era doloroso demais, sem que eu ficasse me tripudiando. Ótimo, agora estava chorando. Tirei os fones e coloquei no modo auto-falante. Ao menos assim eu não poderia me ouvir chorar.

Mas ouvi um barulho atrás de mim, como algo se arrastando pelas folhas secas. Olhei para trás, mas, ou não havia nada ou a coisa era muito rápida. Preferia ficar com a primeira opção, mas meus instintos me diziam que a segunda opção era a correta.

Percebi que estava silencioso demais. Meu celular havia sumido. Eu estava completamente sozinha e nem Klaus poderia me escutar dali. Vi uma sombra se mexer à minha direita. Havia um cara lá. Ele saiu correndo atrás de mim. E eu, bem, não fiquei parada.

A notícia boa: ele não era um vampiro, não era tão rápido quanto um.

A notícia ruim: ele ainda assim era muito rápido.

A notícia horrível: ele era um lobisomem! Os olhos dele não eram humanos. Eram como os de Tyler.

Eu corria o mais rápido que podia. Meus músculos estavam queimando e eu não conseguia respirar direito. Ia ser pega logo. Foi aí que eu vi que o cara não estava sozinho. Havia um garoto com ele, de talvez uns 14 anos, com os mesmos olhos. Ele saiu atrás de mim também.

Corri mais ainda. Lembrei-me do que Damon havia dito. “Você sempre vai ser menor do que seus inimigos. O que faz de você mais leve”. Certo, eu podia. Se chegasse perto o suficiente da casa, Klaus poderia me ouvir. O problema é que eu estava entrando cada vez mais pra dentro da floresta.

Comecei a correr na diagonal, pronta para dar a volta pelas árvores e ir em direção a casa. Mas o garoto percebeu o que eu queria fazer. Correu até mim, e poucos centímetros nos separavam. Só que ele era mais novo do que o outro, e seu preparo físico era similar ao meu. Eu tinha que vencê-lo.

A casa estava a apenas cem metros quando ele pulou em mim. Nós rolamos um em cima do outro. Consegui me afastar, mas o garoto estava se recuperando. Então eu vi. Havia um galho, trifurcado, ao meu lado. Quando o garoto pulou em mim, eu enfiei o galho no coração dele. E puxei de volta. O coração veio junto. Ele caiu aos meus pés.


– KLAUS! – berrei – KLAUS!

Em poucos segundos ele estava lá. Foi até a floresta. Fiquei uns dois minutos sozinha e então ele voltou, com as mãos manchadas de sangue. Klaus olhou para o garoto ao meu lado. E me abraçou. Sim. Ele me abraçou. Então eu desabei a chorar.

Ele me levou até o quarto dele, que eu nunca tinha visto. Era bonito, com um toque antiquado. Como ele. Sentei-me na cama e enxuguei as lágrimas.

– Eu... – comecei – Obrigada por me salvar.

– É o mínimo que eu te devo – respondeu ele.


Eu o abracei novamente. Ele olhou para mim.


– Tudo vai ficar bem. - falou


Nossos rostos estavam muito próximos. Dava pra sentir a respiração dele. Meu coração acelerou. Klaus olhou na direção dele, como se pudesse ouvi-lo. O que ele podia.


– Klaus... – sussurrei.

– Elena – falou ele, passando a mão pelo meu rosto.


Ele me beijou. Suavemente. Eu correspondi. O mundo havia parado. À minha volta, tudo pareceu se acalmar. Por dentro também. Era como estar em casa depois de anos fora. Aquele era meu lugar.

Os lábios dele eram surpreendentemente macios. Tocavam-me como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo dele.

Então, tudo mudou. Havia fome nele. Não de sangue. Mas de mim. Ele me beijou mais avidamente, e foi como se eu estivesse pegando fogo. Era como encontrar tudo o que eu queria. Era a cura. Era meu complemento. Era o que sempre me faltou.

Eu... Eu o amava.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!