Abri os olhos e a claridade me ofuscou por meros segundos, conseguindo ver onde estava observei um homem lendo um livro de velho oeste, sua beleza rústica e sensual o que me fez pressionar os lábios para não sorrir em tentação. Quando este se virou pra mim, largou o livro ajoelhando-se ao meu lado, beijando minha mão, enquanto eu era mera confusão.

– Desculpe-me Eva, por favor, perdoe-me! – disse implorando.

– Calma ai cowboy. – sussurrei tirando minha mão.

– Eva, eu não queria te fazer sofrer... Eu te...

– Ei! Para! – gritei afastando-me – Quem é você? Onde estou?

– Princesa. – chamou levantando-se.

– Princesa? – ri agora olhando ao redor – Eu não sou nenhuma princesa, sou só Eva, e quero saber onde esta minha mãe, e meu namorado.

– Príncipe Harry?

– Não, John. – afirmei decidida – Olha cara eu não te conheço e espero que minha mãe tenha uma explicação plausível para deixar um estranho cowboy como cão de guarda aqui.

– Eu... Você...

– Eva. – chamou alguém aparecendo na porta.

– Graças a Deus mamãe. – suspirei aliviada – Diga-me que não acabei com o carro novamente, se papai estivesse aqui ele me mataria.

– Que bom que esta bem filha. – sussurrou sentando-se ao meu lado olhando confusa para o cowboy no quarto.

– Mãe. – chamei estranhando – Quem é ele? E porque John não esta aqui?

– Sobre o que esta falando Eva?

– John, meu namorado. – afirmei tentando sentar firmemente – Ele foi jogar fora, deve voltar hoje, a propósito quantos dias passei inconsciente?

– Em que anos estamos? – perguntou o medico entrando no quarto.

– 2009.

– Faça um resumo da sua vida. – mandou sério.

– Evangeline Evans, garota modelo da escola, além de modelo profissional, dezesseis anos, loira, olhos azuis, filha de Barth e Claudia, atualmente no ultimo ano do ensino médio. – disse com a cabeça começando a latejar – Meu pai faleceu há dois meses, acidente de carro, ficamos somente minha mãe e eu. Tenho dois amigos, Clara e Dark, como gêmeos pra mim, basicamente é um casal, mas ela é cabeça dura e não se dá por vencida pra ficar com ele, John é meu namorado a... Droga!

– Dor. Onde?

– Cabeça, corpo. – sussurrei tentando fazer passar – Tudo dói.

– Vou passar um anestésico, princesa, a senhorita teve duas paradas respiratórias, três costelas quebradas e ficou um mês em coma, agora precisa descansar. – afirmou quando não abri os olhos para responder.

– Quero John. – disse baixinho – Quero-o aqui.

– Perda de memória. – escutei o doutor falar – Pode ser temporário.

– Mas o que causou isso? – mamãe disse.

– Aparentemente ela sofreu um grande trauma, e o celebro após o acidente fez com que as memórias fossem apagadas, como uma medida preventiva para a dor que viria ao acordar. – afirmou fazendo-me pensar – A mente controla o corpo e todo o resto, o celebro guardou apenas as informações que a deixam feliz, ao que tudo indica os últimos três anos não existem na mente dela.

– Esta dizendo que ela não se lembra de nada? – perguntou mamãe chorando.

– Sim, faremos exames e ao que tudo indica essa perda é temporária.

– Como podemos fazer para voltar ao normal? – questionou o homem cowboy.

– O melhor agora é contar aos poucos o que aconteceu, ela sofrera outro baque se descobrir toda a verdade de uma vez, não podem pressionar o celebro, porque pode haver danos definitivos.

– O que eu deveria lembrar? – perguntei observando-os com os olhos semisserrados tanto em dor quanto em desconfiança.

– Não há nada minha querida, descanse. – disse minha mãe com lagrimas nos olhos.

– Vocês estão me escondendo alguma coisa. – suspirei sentindo o corpo ficar dormente – Mãe...

– O que houve Eva?

– Quero esse homem fora daqui. – afirmei apontando para o cowboy.

– Mas Eva...

– Eu não conheço você, nem o quero aqui. – decretei decidida.

– Como queira princesa. – sussurrou abaixando os ombros.

– Porque todo mundo esta me chamando de princesa? – questionei focada em minha mãe novamente – Odeio quando vocês escondem as coisas de mim, sofri um acidente apenas, estou bem, e agora que acordo todo mundo age estranho, e vejo pessoas que nunca vi antes em minha vida, pra completar aonde esta meu namorado?

– Filha, John não vem. – soprou baixinho.

– Por quê?

– Porque ele morreu, em 10 de julho de 2009. – suspirou erguendo os olhos – Em um acidente na estrada, no dia em que voltava pra casa...

– No dia em que voltava pra mim. – afirmei lembrando.