-        Encontro, no mesmo lugar de sempre. – avisou tendo em vista meu choque – Não se atrase. Em três dias.

-        Três dias. – repeti quando ele desligou.

-        Eva? – chamou Dark observando-me atentamente – Eva? O que houve? Você está bem?

-        Estou. – sussurrei ainda em choque, tentando voltar ao presente – Estou bem, esta tudo bem.

-        Certeza E? – chamou Sarah também.

-        Sim, vamos logo, pois preciso ir ver Harry. – disse pensativa – A prova vai ser rápida, só temos que ajustar alguns detalhes, não se preocupe Dark, a entregarei ate o final da manha.

-        Eva. – parou-me ele olhando no fundo dos meus olhos – Por favor, diga que não esta metida em encrenca.

-        Não estou. – menti tendo a total certeza que ele percebeu – Nada vai dar errado, eu prometo, vou me cuidar.

-        Toda vez que você diz isso acaba se machucando. – afirmou virando o rosto cansado – Não quero que isso aconteça novamente com você.

-        Não vai acontecer.

-        Do que vocês estão falando? – perguntou Sarah aparecendo com a bolsa em mãos.

-        Nada. – disse usando a mascara de felicidade – Vamos ver como sou de estilista meu bem, sua roupa é de arrasar.

-        Tenho a total certeza que vocês estão me escondendo algo. – desconfiou a morena cruzando os braços, séria.

-        Não é nada! Porque todo mundo acha que estou conspirando algo? – perguntei com um tom de ironia, mal sabendo eles da verdade.

-        Porque você sempre esta tramando algo. – afirmou Dark sério – Não faça nada do que possa se arrepender depois.

-        Eu garanto disso eu não vou me arrepender. – afirmei caminhando pra saída.

-        Certo. – disse Dorian ao celular – Estarei indo pra lá neste exato momento.

-        Algo esta errado Dorian, ela esta escondendo alguma coisa, eu percebi isso, não quero que Eva se machuque de novo. – comentou Daniel Dark do outro lado da linha – Ela disse um nome, Noel.

-        O faz lembrar algo ou alguém? – perguntou Dorian também puxando na lembrança esse nome, essa pessoa.

-        Não, nós nunca conhecemos um Noel antes...

-        Ao menos uma vez, quando a princesa encontrou um homem em um bar, ela o chamou de senhor Noel, um trocadilho ao Papai Noel. – disse Dorian pensativo – Ela esta tendo um caso?

-        Não que me diga ultimamente ela anda muito calada, apagada. – sussurrou Daniel melancólico – Parece que aquele brilho antigo que tinha no olhar, há algo de errado nela, não sei, só não consigo identificar o que é.

-        Vou inspecionar o ocorrido. – disse Dorian tratando logo de desligar.

-        Proteja-a e a minha Sarah também, elas são tudo pra mim nessa vida. – pediu honestamente.

-        Farei isso meu senhor, elas estarão em segurança de volta as suas casas. – afirmou Dorian desligando.

O que quer que Eva faça a deixava em perigo, e ele era o motivo pra tal mudança, se soubessem o que acontecera entre eles, descobririam o porquê de tanta transformação da garota em princesa, e mesmo não percebendo Dorian perdia Eva a cada instante que o tempo corria, pois alem do perigo que a rondava, o destino se transformava.

-        Ó meu Deus! Eva é tão... Lindo! Maravilhoso! – dizia Sarah quando saímos do ateliê.

-        Eu sei fui eu que fiz detalhadamente, agora só falta os retoques finais, o véu e a grinalda são tão delicados. – afirmei vendo-a rodopiar na rua – São perfeitos pra você.

-        Ó minha linda, claro que é, foi você que fez pra mim! – riu um riso fácil que só Sarah podia ter.

-        Então realmente gostaste? – perguntei quando um vulto chamou minha atenção.

-        Claro! É maravilhoso!

Senti antes mesmo de acontecer, em um momento Sarah estava rindo, no outro a pegaram por trás tampando sua boca, conforme uma arma era apontada contra as minhas costas. Podia ver o terror nos olhos dela, e nesse momento eu não me deixei abalar por nenhum cara, precisava de distração, há essa hora não tinha ninguém na rua, e tudo estava barulhento na outra rua, tanto que me ateliê era em um lugar calmo pra não afetar meu trabalho.

-        Sarah eu quero que você fique calma. – pedi sentindo o cara me apertar ainda mais contra o cano da arma, podia perceber que era um silenciador.

-        Ouça o que ela diz gatinha. – riu o homem cheirando o pescoço dela, fazendo-a engasgar com nojo.

-        Agora você princesinha, você vai conosco, sem reclamar e vamos levar a gatinha junto, só por garantia. – avisou o cara que estava segurando a arma contra mim.

-        Uma coisa é levar a mim, outra é pegar a Sarah também, levem-me apenas e deixe-a aqui, sei que vão me torturar e me matar, mas não precisa fazer isso na frente dela. – disse forçando a mão no bolso da minha calça – E porque não me matam logo? Ficam enrolando só pra ter prazer, termine logo com isso.

-        Eva! – gritou Sarah debatendo-se contra o sequestrador.

Esse foi o momento certo de distração, peguei a adaga do bolso e virei no momento que o cara se afastou alguns centímetros, lancei-me contra ele apunhalando-o no estomago, abaixando-me quando ele me puxou junto enquanto caia no chão, com a arma apontada pra mim, com velocidade joguei sua arma longe quando o outro cara me atacou no chão, batendo minha cabeça no chão, três vezes até eu conseguir dar-lhe uma rasteira levando-o no chão com um golpe, Sarah gritava pra dificultar ainda mais a situação, mas eu não podia me concentrar nela agora, precisava nos salvar, me salvar. Peguei a adaga novamente tirando-a do corpo do cara ferido enquanto o que havia preso Sarah puxava meus cabelos trazendo-me pra perto novamente, não sei por que, mas minha visão estava vermelha e naquele momento eu só agi, peguei a arma que estava mais perto e atirei pra trás tentando alcançá-lo, mas antes mesmo de disparar ele pegou meu pulso virando-o e pude perfeitamente escutar meu osso quebrar com o movimento, gritei de dor e raiva e ordenei que Sarah fosse procurar ajuda, que saísse dali agora, mas ela não me ouviu, como sempre, e agora eu estava sufocando, ele estava me sufocando e toda a consciência estava se esvaindo de mim, só que eu precisava lutar, tinha que me salvar. Com ultimas forças, levantei o pé chutando no meio das pernas do cara, fazendo-o gemer e aliviar a pressão, quando escutei mais alguém chamar meu nome, sentindo uma bala passar de raspão pelo meu rosto, trespassando o corpo do cara fazendo-o cair em cima de mim, morto. Respirei aliviada quando pude jogar para o lado o corpo do meu sequestrador, estava com um pouco de dor de cabeça, mas pude sentar e sentir tudo girar, quando Sarah correu até mim, com os cabelos dourados completamente bagunçados, a roupa amassada e rasgada em pequenas partes onde haviam puxado-a para que parasse no lugar, mas o que mais me chamou atenção foram seus olhos, era de um medo profundo, um medo que eu havia visto em Clara quando ouve um mesmo ataque há mim meses atrás, quando eu havia sido baleada e quase morta por um dos sequestradores, essa era a palavra errada para descrevê-los, eles eram assassinos, e queriam minha morte, a todo custo, e quase conseguiram, mas não era minha hora de morrer, como agora ali, tão distante minha mente do que ocorria ao redor, tão fria e gélida que poderiam dizer que eu estava em choque, que não sentia nada, isto era fato, eu não sentia nada, nem dor, nem remorso, nem medo, eu tinha virado uma mulher de gelo, um coração de pedra.