Katie P.O.V on.

– Bom dia Katherine. – Denise minha psiquiatra me cumprimentou com um sorriso confortador.

– Bom dia Denise. – me sentei no sofá de sempre.

Desde o acontecido que o único lugar que freqüento, fazendo parte do meu cotidiano é aqui, a clínica de psiquiatras. Eu não gosto muito de sair de casa, e aqui é um dos poucos lugares onde eu me sinto segura de verdade.

– Como foi a semana, passou bem. – Denise ajeitou o óculos daquele jeito familiar e fez gestos com a mão pra mim me deitar no sofá. Denise era apenas minha psiquiatra, mais eu gostava dela. Assim como minha amiga ela parecia se preocupar comigo, eu era bem mais do que uma simples paciente.

– Nada de avassalador. – fiz careta com a boca e Denise arqueou as sobrancelhas.

– Anda saindo. – Denise escreveu algumas coisas no seu caderninho de anotações e continuou olhando pra mim.

– Não, eu andei tendo pesadelos essa semana...preferi ficar em casa por precaução. – suspirei fundo. Na verdade, com pesadelos ou não eu não saia de casa.

– Você sabe que precisa enfrentar seus fantasmas Katherine. – Denise falou calma, a forma como ela falava parecia minha mãe falando.

– Eu vou sair sábado, Jessy quer apresentar o namorado novo. – falei revirando os olhos, era importante pra Jessy que suas amigas conhecessem o cara com que ela estava saindo, mais pra mim ter que sair de casa, era assustador.

– Isso é bom Katherine, vamos você precisa se esforçar. – Denise se ajeitou e tirou o óculos depositando na mesa do lado.

– Você precisa fazer coisas que garotas da sua idade fazem, é muito nova pra desistir. – Denise tampou a caneta e assim como o óculos colocou caderninho no mesmo lugar.

– Eu sei Denise, eu sei de tudo isso.

– Mais é tão difícil pra mim, eu não consigo ignorar tudo e tocar a vida. Eu sou fraca. – fechei os olhos pra que nenhuma lágrima caísse.

– Você não é fraca Katherine, você só precisa se esforçar mais. Eu acredito em você menina. – Denise tinha a voz baixa.

Depois de 2 horas de consulta, minha sessão havia terminado. Como sempre Jessy vinha me buscar, eu não dirijo. Eu sei dirigir mais nunca mais peguei em um volante.

– Katie uma roupa melhor vai, por mim. – Jessy praticamente me implorava pra mim mudar de idéia, e eu ria da cara dela.

– Sem ironias Katherine. – Jessy colocou a mão na cintura.

– Tudo bem, eu vou pensar em outra roupa. – falei sentada no sofá pra ela. Jessy havia falando a semana inteira sobre esse churrasco na casa do Jimmy, onde ela apresentaria o namorado Harry Judd. James Bourne mais conhecido por Jimmy era nosso amigo de anos, foi ele quem apresentou Harry pra Jessy, depois disso os dois começaram a namorar.

Eu ainda achava que calça-jeans, all star e camiseta era uma boa opção, mais não custava nada eu me arrumar um pouco mais pra Jessy ficar feliz, ela faz tanta coisa por mim.

– Harry vai levar uns amigos, um deles está solteiro. – Jessy se sentou ao meu lado.

– Bom pra ele, pessoas solteiras são bem mais felizes. – falei fria.

– Katie por favor não começa. Você sabe muito bem que isso é uma grande mentira. – Jessy revirou os olhos.

– Eu posso estar mentindo, mais eu prefiro continuar assim. – fui franca.

– Katie você precisa se envolver com alguém. – Jessy falou calma.

– Eu não preciso de nada Jessy, além do mais eu não quero que ninguém se envolva comigo. – Levantei fui em direção a cozinha, pra assim aquele assunto terminar.

Jessy sempre foi muito boa comigo, ela sempre aturou minhas neuras, minhas crises, ela sempre segurou minha mão quando eu precisei, é por isso que eu moro com ela.

– Anda Katie, me peça misericórdia. – Jesse segurava a fava e passava os dedos mostrando o quanto afiada ela estava.

– Eu odeio você Jesse, você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. – falei entre lágrimas, o medo era tanto que minha cabeça doía.

– Não seja malcriada Katie, se você me pedir eu juro que serei rápido. – Jesse se aproximou com aquele sorriso sarcástico.

– É você quem pede amor. – Jesse se aproximou com a faca apontada pra minha direção.

Eu já estava preparada pra dor...

– Não! – foi a única coisa que eu consegui pronunciar. Meu corpo tremia, minha cabeça doía, eu estava soada e eu sentia um frio enorme.

– Katie o que aconteceu? – Jessy entrou correndo no meu quarto.

– De novo Jessy, eu tive outro pesadelo. – falei entre lágrimas. Os pesadelos me assombravam durante anos, e com o pesadelos o medo voltava pra me deixar pior.

Era como se eu nunca fosse me libertar daquilo, a cada pesadelo eu ficava desesperada, me mostrava como eu nunca iria melhorar. Eu sempre ficaria presa em meus fantasmas.

– Calma, eu estou aqui. – Jessy me abraçou forte.

– Nada vai ser como antes, eu te prometo. – Jessy olhou nos meus olhos e por um segundo aquilo me acalmou. Mais no fundo eu sei que nada muda.